Autor: Dra. Veridiana Andrioli

  • Descubra como deve ser feita a higiene íntima dos meninos

    Descubra como deve ser feita a higiene íntima dos meninos

    Desde o nascimento até o fim da primeira infância, os cuidados com a região genital dos meninos são essenciais para evitar irritações, desconfortos e infecções. Isso porque o pênis passa por mudanças ao longo do crescimento — especialmente o prepúcio, a pele que recobre a glande. Compreender essas fases e saber como higienizar corretamente ajuda a manter a saúde íntima e a prevenir problemas.

    Conversamos com uma especialista para entender como deve ser feita a higiene íntima de meninos em cada fase — bebês, crianças e adolescentes — e como ensiná-los a cuidar sozinhos do próprio corpo de forma segura e natural.

    Como deve ser feita a higiene íntima dos meninos?

    A higiene deve ser sempre delicada e respeitar o desenvolvimento natural do prepúcio. A regra número um: nunca forçar a pele que cobre a glande.

    Nos primeiros anos, é comum que a pele ainda não retraia totalmente — isso se chama fimose fisiológica e é normal. A tendência é que ela se solte espontaneamente entre os 3 e 5 anos. Até lá, a limpeza deve ser apenas externa, com água morna e sabonete neutro ou glicerinado, sem perfumes ou conservantes.

    Com o tempo, conforme o prepúcio se solta naturalmente, será possível fazer uma limpeza mais completa, sempre sem puxar a pele à força.

    Higiene íntima de bebês

    Nos bebês, os cuidados envolvem trocas de fralda e o banho diário. A limpeza deve ser feita assim:

    • Trocas de fralda: use algodão com água morna ou lenços umedecidos sem álcool e sem perfume. Limpe com movimentos suaves e seque bem antes de colocar a fralda.
    • Banho: lave pênis e escroto com água e sabonete neutro apenas na parte externa, fazendo espuma nas mãos antes de aplicar.

    De acordo com a urologista pediátrica Veridiana Andrioli e o Ministério da Saúde, também é importante:

    • Trocar fraldas frequentemente;
    • Evitar produtos com perfume, álcool ou conservantes;
    • Usar roupas leves e não apertadas;
    • Lavar com sabonetes suaves e não aplicar o produto diretamente na pele;
    • Nunca tentar retrair o prepúcio — a limpeza interna não é necessária nessa fase.

    A especialista reforça: pomadas de assadura não devem ser aplicadas no interior do pênis, apenas na virilha e no bumbum.

    Higiene íntima de meninos

    Quando a criança cresce e deixa as fraldas, a higiene passa a ser parte da rotina de forma mais independente. É importante tratar o assunto com naturalidade e orientar sem constrangimento.

    Antes dos 3 anos, o prepúcio geralmente não retrai completamente, então a limpeza deve ser apenas externa. Já entre os 3 e 5 anos, ele costuma se soltar naturalmente. Quando isso acontecer:

    • Puxe o prepúcio delicadamente, sem forçar;
    • Lave a glande e a parte interna com espuma de sabonete neutro;
    • Enxágue bem;
    • Recoloque o prepúcio cobrindo totalmente a glande.

    Esse cuidado evita o acúmulo de esmegma, uma substância natural que, em excesso, pode causar irritação ou mau cheiro.

    Na pré-adolescência e adolescência, os meninos devem ser orientados a fazer a higiene diariamente, secar bem a região e usar roupas íntimas de algodão. É importante evitar sabonetes perfumados, buchas e qualquer prática que irrite a pele.

    Pode usar sabonete comum na higiene íntima dos meninos?

    Não. Sabonetes comuns costumam ter perfumes e substâncias que podem agredir a pele sensível. A recomendação é usar sabões neutros, glicerinados e próprios para crianças.

    Segundo Veridiana, o sabonete deve ser sempre usado na forma de espuma produzida nas mãos — nunca aplicado diretamente no pênis.

    Sinais de alerta para inflamação ou infecção

    Os responsáveis devem observar qualquer alteração na aparência ou no comportamento da criança, como:

    • Vermelhidão persistente;
    • Inchaço na ponta do pênis;
    • Dor ou ardência ao urinar;
    • Secreção branca ou amarelada com mau cheiro;
    • Dificuldade para urinar;
    • Febre sem causa aparente.

    Nesses casos, procure atendimento médico e evite aplicar pomadas por conta própria.

    Atenção: fimose não é doença

    A fimose é comum em bebês e crianças pequenas e costuma se resolver naturalmente. Segundo Veridiana, 80% dos meninos retraem o prepúcio até os 3 anos e até 95% até os 5 anos.

    Portanto, não é necessário tratar antes do tempo ou usar pomadas sem orientação. O pediatra ou urologista pediátrico deve acompanhar o desenvolvimento e orientar a higiene adequada.

    Leia também: Criptorquidia: o que é, causas, fatores de risco e cirurgia

    Como ensinar os meninos a fazer a higiene sozinhos?

    Quando a criança ganha autonomia, os pais devem ensinar passo a passo, sem tabu ou vergonha:

    • No banho: retrair delicadamente (sem forçar), lavar com espuma e enxaguar bem;
    • Ao urinar: expor a glande, fazer xixi e recobrir depois, secando se necessário;
    • No dia a dia: trocar cueca diariamente e mantê-la sempre seca;
    • Após atividade física: tomar banho ou trocar a roupa íntima.

    Explique que qualquer dor, coceira ou vermelhidão deve ser comunicada aos responsáveis. Esse aprendizado fortalece a autonomia e previne irritações e infecções.

    Confira: Criança que não consegue segurar o xixi: quando é normal e quando é problema

    Perguntas frequentes sobre higiene íntima de meninos

    1. Quais são os riscos da higiene íntima inadequada?

    Irritações, mau cheiro, acúmulo de secreções, balanite e, em casos extremos na vida adulta, maior risco de câncer de pênis. Mas o excesso de limpeza com produtos agressivos também irrita a pele — o ideal é equilíbrio.

    2. Pode puxar a pele do pênis para limpar?

    Não. Forçar pode causar fissuras, sangramento e cicatrizes. A retração deve ser natural. A limpeza interna só deve começar quando a pele se soltar espontaneamente.

    3. É necessário usar pomadas preventivas?

    Apenas com indicação médica. Pomadas dentro do pênis nunca devem ser usadas.

    4. Como saber se há infecção?

    Procure sinais como vermelhidão, dor, secreção, mau cheiro e febre. Em bebês, observe choro ao urinar.

    5. Quando o menino pode cuidar da higiene sozinho?

    Geralmente entre 4 e 6 anos, sempre com supervisão e orientação.

    6. É normal sair secreção branca?

    Pequenas quantidades podem ser esmegma, que é normal. Mas se houver mau cheiro, dor ou febre, deve-se consultar um médico.

    Veja mais: Criança engoliu um objeto? Veja o que fazer imediatamente

  • Criptorquidia: o que é, causas, fatores de risco e cirurgia

    Criptorquidia: o que é, causas, fatores de risco e cirurgia

    Comum em bebês, especialmente os que nascem prematuros, a criptorquidia é uma condição em que um ou ambos os testículos não descem para a bolsa escrotal. Ela pode se resolver espontaneamente, ocorrendo a decida testicular até o 6º mês após o nascimento. Se a partir dessa data não se confirmar a decida testicular, há a indicação de tratamento cirúrgico.

    “É uma das mais comuns alterações da genitália masculinas identificadas, acometendo cerca de 1 a 4% dos meninos nascidos de gestação a termo e até 40% dos meninos nascidos prematuros”, explica a urologista pediátrica Veridiana Andrioli.

    Esclarecemos, a seguir, as principais dúvidas sobre a condição, como ela é identificada e as medidas de tratamento.

    O que é criptorquidia?

    A criptorquidia, também chamada de criptorquidismo, é uma condição em que um ou ambos os testículos não descem para a bolsa escrotal (saco onde deveriam estar) durante o desenvolvimento do bebê.

    Normalmente, os testículos se formam dentro do abdômen e descem para a bolsa escrotal ainda na gestação. Quando isso não acontece, o menino nasce com o testículo “fora do lugar”, que pode estar na virilha, no abdômen ou em outra posição anormal.

    É um problema relativamente comum em recém-nascidos — especialmente em prematuros, e precisa ser acompanhado de perto por um médico, pois pode afetar a fertilidade no futuro e aumentar o risco de câncer de testículo se não for tratado.

    A criptorquidia pode afetar os dois testículos?

    Sim, a criptorquidia pode afetar os dois testículos. O tipo mais comum é o unilateral, em que apenas um testículo não desce para a bolsa escrotal — e representa de 75% a 90% dos casos. Já a bilateral, quando os dois testículos ficam fora da bolsa, é menos frequente, mas pode acontecer em até 25% dos meninos diagnosticados.

    Quais são as causas da criptorquidia?

    Não existe uma única causa para a descida dos testículos, que pode ser influenciada por fatores hormonais, anatômicos e genéticos. A Sociedade Brasileira de Pediatria aponta alguns fatores:

    • Alterações anatômicas: como ausência de musculatura abdominal ou defeitos no canal inguinal;
    • Deficiência hormonal: falhas na produção ou resposta a hormônios que estimulam a descida do testículo;
    • Fatores genéticos: mutações ou síndromes específicas que afetam o desenvolvimento reprodutivo.

    A criança pode desenvolver criptorquidia depois de nascer?

    Sim, a condição também pode surgir após o nascimento. Nesse caso, é chamado de testículo ascendente, em que o testículo estava normalmente na bolsa escrotal, mas “sobe” com o crescimento da criança.

    Ela acontece porque o cordão espermático não cresce na mesma proporção do corpo, puxando o testículo para cima ou mesmo por ficar limitado por uma cicatriz, como por exemplo uma hérnia corrigida precocemente.

    Quais são os fatores de risco para a criptorquidia?

    Algumas condições aumentam as chances de um bebê nascer com criptorquidia, como:

    • Histórico familiar de criptorquidismo;
    • Idade materna avançada;
    • Exposição a substâncias químicas na gravidez (como pesticidas, por exemplo);
    • Diabetes ou obesidade materna;
    • Apresentação pélvica no parto;
    • Síndromes genéticas e alterações cromossômicas;
    • Prematuridade ou baixo peso ao nascer;
    • Doenças hormonais;
    • Paralisia cerebral.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico de criptorquidia é clínico, feito durante o exame físico, em que o pediatra ou urologista verifica a presença dos testículos na bolsa escrotal. Quando apenas um testículo não é palpável, pode ser sinal de que ele não desceu ou de que se atrofiou.

    “Se a partir do 6º mês de vida após o nascimento (idade que deve ser corrigida para quem nasceu prematuro) o testículo não estiver localizado na bolsa, já está indicada a cirurgia”, conta a médica.

    “No caso de testículos não palpáveis, realiza-se a cirurgia por videolaparoscopia, buscando uma localização inguinal alta ou mesmo intra abdominal desse testículo. Por vezes, há a identificação de um cordão testicular pouco desenvolvido, o que pode corresponder a um testículo que atrofiou ou não se formou durante a gestação”, diz.

    Se nenhum dos dois testículos for palpável, a avaliação deve ser feita logo após o nascimento, para descartar alterações no desenvolvimento sexual. Se não houver problema hormonal ou genético, a laparoscopia também ajuda a localizar os testículos no abdômen e permite a correção cirúrgica.

    De acordo com Veridiana, não há indicação de exames de imagem como ultrassonografia ou ressonância, já que eles não conseguem confirmar a posição do testículo nem mudam a conduta médica.

    Quais são as opções de tratamento da criptorquidia?

    O tratamento da criptorquidia geralmente é feito com uma cirurgia chamada orquidopexia, que reposiciona o testículo dentro da bolsa escrotal. O ideal é que ela seja realizada ainda no primeiro ano de vida, a partir do 6º mês de vida depois do nascimento para aumentar as chances de preservação da fertilidade e reduzir riscos futuros, como câncer de testículo.

    Quando o testículo não é palpável, o médico pode usar a laparoscopia, uma técnica minimamente invasiva que ajuda a localizar e corrigir o problema.

    O uso de hormônios (como hCG ou análogos de LHRH) foi uma prática do passado, mas a urologista pediátrica Veridiana Andrioli aponta que não é recomendado, pois apresenta baixa eficácia e não há comprovação de benefícios futuros para a fertilidade.

    Com qual idade a cirurgia deve ser feita?

    A cirurgia geralmente é indicada a partir do sexto mês, preferencialmente ainda no primeiro ano de vida, e não deve ser postergada além dos 18 meses. Quanto mais cedo for feita, maiores as chances de preservar a fertilidade e reduzir riscos futuros para a criança.

    Quando procurar um urologista pediátrico?

    Os pais devem procurar um urologista pediátrico sempre que houver dúvidas no exame físico, se o testículo não puder ser sentido ou se houver alterações no saco escrotal. Quando o bebê nasce sem o testículo na bolsa, a recomendação é marcar a consulta por volta dos 6 meses de idade para definir o tratamento.

    Criptorquidia pode se resolver sozinha?

    Sim! De acordo com Veridiana, em muitos casos, o testículo pode descer sozinho até o sexto mês de vida, considerando a idade corrigida em bebês prematuros. Se após esse período o testículo ainda não estiver na bolsa escrotal, a criança já tem indicação para avaliação cirúrgica.

    Quais os riscos da criptorquidia se não for tratada?

    • Infertilidade futura, devido ao comprometimento da função testicular;
    • Aumento do risco de câncer de testículo (mesmo após a cirurgia, o risco continua maior do que na população em geral);
    • Maior chance de torção ou trauma testicular;
    • Associação com hérnia inguinal;
    • Impactos psicológicos e de imagem corporal na adolescência.

    Confira: Fimose em crianças: quando é normal e quando a cirurgia é necessária

    Perguntas frequentes sobre criptorquidia

    1. A criptorquidia pode voltar depois do tratamento?

    Em alguns casos, pode acontecer de o testículo “subir” novamente após a cirurgia ou mesmo após ter descido sozinho nos primeiros meses de vida — e isso é chamado de testículo ascendente.

    Quando isso ocorre, a criança deve ser reavaliada pelo especialista, pois pode haver necessidade de uma nova cirurgia. Por isso, o acompanhamento médico ao longo da infância é tão importante, mesmo depois de a cirurgia já ter sido feita.

    2. Após a cirurgia, é preciso acompanhamento a longo prazo?

    Sim, o acompanhamento deve continuar mesmo após a correção. Durante a infância, o pediatra deve examinar regularmente os testículos e orientar os pais sobre sinais de alerta.

    Na adolescência, o jovem deve aprender a fazer o autoexame testicular para perceber nódulos ou mudanças cedo. Também é importante manter as consultas de rotina com o médico, pois quem teve criptorquidia tem mais risco de problemas no futuro.

    3. Crianças que tiveram criptorquidia têm mais risco de câncer de testículo?

    Sim, mesmo após a correção cirúrgica, homens que tiveram criptorquidia apresentam um risco maior de desenvolver câncer de testículo em comparação à população geral.

    No entanto, a cirurgia precoce reduz o risco e facilita a detecção de qualquer alteração, já que o testículo passa a estar em uma posição acessível para o autoexame. Por isso, o acompanhamento ao longo da vida é tão importante.

    4. Qual a diferença entre criptorquidia e anorquia?

    A criptorquidia é quando o testículo existe, mas não desceu para a bolsa escrotal. Já a anorquia é a ausência completa do testículo, ou seja, ele não chegou a se formar.

    O diagnóstico é importante porque, no caso da anorquia, não há como reposicionar o testículo por cirurgia. Em algumas situações, pode ser necessária a colocação de uma prótese testicular para fins estéticos e psicológicos na adolescência ou vida adulta.

    5. A criptorquidia pode causar dor?

    Na maior parte do tempo, a criptorquidia não causa dor e o bebê não sente desconforto por ter o testículo fora da bolsa.

    No entanto, a condição aumenta o risco de problemas dolorosos, como a torção testicular, quando o testículo se enrola no cordão espermático e causa dor forte, o que exige uma cirurgia imediata.

    6. Quais médicos tratam a criptorquidia?

    O diagnóstico inicial geralmente é feito pelo pediatra, que examina o bebê logo após o nascimento e durante as consultas de rotina. Caso haja suspeita de criptorquidia, a criança deve ser encaminhada ao urologista pediátrico ou ao cirurgião pediátrico, profissionais especializados no tratamento dessa condição.

    Em alguns casos, também pode ser necessária a avaliação de um endocrinologista pediátrico, especialmente se houver suspeita de alterações hormonais associadas.

    Leia também: Desfralde diurno: saiba a idade ideal para a criança controlar o xixi e quando procurar ajuda

  • Torção testicular: o que é, sintomas, tratamentos e como evitar

    Torção testicular: o que é, sintomas, tratamentos e como evitar

    Dor intensa e súbita na região genital ou abdominal, inchaço, vermelhidão escrotal e náuseas são alguns dos principais sinais que podem indicar uma torção testicular, uma emergência médica que afeta especialmente crianças e adolescentes.

    O quadro ocorre quando o testículo gira em torno do próprio eixo, interrompendo o fluxo de sangue. A obstrução rápida pode comprometer o tecido testicular em poucas horas — trazendo risco de perda permanente do órgão caso o atendimento médico não seja imediato.

    Mas afinal, por que a torção acontece e o que fazer? Consultamos a urologista pediatra Veridiana Andrioli para esclarecer as principais dúvidas sobre o quadro.

    O que é torção testicular?

    A torção testicular acontece quando o cordão espermático, que é o conjunto de vasos sanguíneos, nervos e canais que nutrem e sustentam o testículo, gira sobre o próprio eixo. O movimento interrompe o fluxo sanguíneo para o testículo, causando um quadro chamado isquemia.

    Quando o testículo não recebe sangue suficiente, ele começa a sofrer danos em poucos minutos. Se não houver tratamento rápido, ele pode necrosar e precisar ser removido.

    Por isso, a torção é considerada uma emergência médica, uma vez que o tempo é o fator mais determinante para a preservação do órgão. Quanto mais cedo o paciente receber atendimento, maiores as chances de salvar o testículo.

    Quais os sintomas da torção testicular?

    Os sintomas da torção testicular podem variar conforme a idade, mas normalmente surgem de forma intensa e súbita. Os principais sinais incluem:

    • Dor forte e repentina no testículo ou na bolsa escrotal;
    • Inchaço e vermelhidão na região;
    • Náuseas e vômitos; especialmente em crianças menores, onde os sintomas podem ser menos específicos;
    • Testículo em posição mais alta ou horizontal em relação ao outro.

    “Na criança pequena, os sintomas podem ser menos específicos, como a criança ficar chorosa, dizer que está com dor na barriga, náuseas, vômitos. Por isso, se o menino estiver muito choroso e reclamar de dor, sempre é prudente olhar a região genital e procurar por alterações”, explica Veridiana.

    É importante que os pais observem atentamente pois, muitas vezes, a criança ou o adolescente pode se sentir constrangido em relatar desconforto na região genital, o que atrasa o diagnóstico.

    Existe uma faixa etária em que o risco é maior?

    De acordo com Veridiana, a torção testicular pode acontecer em qualquer momento da vida, inclusive ainda no útero materno (torção intrauterina) ou em idosos. No entanto, existe um pico de incidência entre os 12 e 25 anos de idade, período em que há maior estímulo hormonal e desenvolvimento.

    Mesmo assim, vale ressaltar que todo menino, em qualquer idade, pode ter torção testicular. Pais de crianças pequenas devem ficar atentos a sinais inespecíficos, enquanto adolescentes precisam ser orientados sobre a importância de relatar imediatamente qualquer dor ou alteração na região íntima.

    Quando procurar ajuda médica?

    Ao notar os sintomas de torção testicular, é importante levar a criança ou adolescente o mais rápido possível ao hospital.

    “A torção de testículo é uma urgência, e o principal fator de prognóstico, ou seja, que traz melhores chances de preservarmos o testículo, é o tempo. Quanto mais rápido for diagnosticado e mais rápido operado, maiores as chances de recuperação e preservação”, aponta Veridiana.

    Diagnóstico de torção testicular

    O diagnóstico geralmente é clínico, ou seja, baseado nos sintomas relatados e no exame físico realizado pelo médico. Na avaliação, o médico observa:

    • Alterações na posição do testículo;
    • Sensibilidade intensa ao toque;
    • Inchaço e coloração da bolsa escrotal.

    Em casos de dúvida, pode ser solicitado um ultrassom Doppler testicular, exame que avalia o fluxo sanguíneo. No entanto, o mais importante é que o exame não atrase a cirurgia caso a suspeita de torção seja alta.

    Como é feito o tratamento de torção testicular?

    O tratamento da torção testicular é cirúrgico e deve ser feito o mais rápido possível. Na cirurgia, o médico abre a bolsa escrotal, distorce o cordão espermático e avalia se o testículo voltou a receber sangue.

    • Se o testículo estiver viável, ele é fixado à parede interna da bolsa (orquidopexia) para evitar novas torções;
    • Se não houver recuperação da circulação, é necessário removê-lo (orquiectomia).

    Em alguns casos, o especialista pode tentar a distorção manual ainda no pronto-socorro, mas mesmo quando funciona, a cirurgia é sempre indicada imediatamente depois.

    Além disso, os médicos costumam fixar também o outro testículo durante a mesma cirurgia. Isso acontece porque a anatomia que favorece a torção costuma estar presente em ambos os lados, aumentando o risco de novos episódios. Dessa forma, a cirurgia atua não apenas como tratamento, mas também como prevenção de futuras torções.

    A torção testicular pode trazer consequências para a fertilidade no futuro?

    A perda de um testículo não irá interferir na produção de hormônios ou no desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, como pelos, barba e desenvolvimento dos órgãos.

    No entanto, Veridiana explica que a ausência de um dos testículos pode reduzir a produção total de espermatozoides. Se associada a outros fatores, pode dificultar a paternidade no futuro — então a preservação do testículo sempre é prioridade na cirurgia.

    Como prevenir a torção testicular?

    Não existem medidas preventivas absolutas, já que a torção testicular pode ocorrer de forma espontânea. Porém, algumas ações podem reduzir riscos e melhorar a chance de diagnóstico precoce, como:

    • Educar adolescentes para não ignorarem dores testiculares;
    • Estimular a comunicação aberta sobre saúde íntima entre pais e filhos;
    • Explicar sinais de alerta: dor intensa, inchaço, náuseas;
    • Levar imediatamente ao pronto-socorro diante de qualquer suspeita.

    A torção testicular pode matar?

    A torção testicular em si não leva à morte, mas é uma emergência médica grave porque pode causar a perda do testículo em poucas horas. O risco maior está na necrose do tecido por falta de sangue, o que pode exigir a retirada do testículo.

    Veja mais: Desfralde diurno: saiba a idade ideal para a criança controlar o xixi e quando procurar ajuda

    Perguntas frequentes sobre torção testicular

    A torção testicular pode acontecer em qualquer idade?

    Sim. Apesar de ser mais comum em adolescentes e jovens adultos, entre 12 e 25 anos, a torção pode ocorrer em qualquer fase da vida — inclusive em bebês ainda no útero ou em homens mais velhos. O risco maior nessa faixa etária está relacionado ao crescimento rápido e a algumas características anatômicas.

    Como é feita a cirurgia para tratar a torção testicular?

    A cirurgia para tratar a torção testicular é chamada orquidopexia e deve ser realizada com urgência para preservar o testículo. O procedimento é feito sob anestesia, geralmente geral ou regional, e consiste em realizar uma pequena incisão na bolsa escrotal para desenrolar o testículo torcido — restabelecendo o fluxo sanguíneo.

    Após isso, o cirurgião fixa o testículo na parede interna do escroto com pontos, evitando que novas torções aconteçam. Na maioria dos casos, o outro testículo também é fixado preventivamente.

    A torção testicular pode acontecer de novo?

    Pode acontecer mesmo após correções cirúrgicas. A fixação testicular diminui o risco de uma outra torção, mas ainda assim ela pode ocorrer. A orquidopexia reduz significativamente a chance de recorrência.

    Como diferenciar a torção testicular de outras dores nos testículos?

    A dor da torção é súbita, intensa e geralmente acompanhada de inchaço e náuseas. Outras condições, como infecções (orquite ou epididimite), traumas ou hérnias, também podem causar dor, mas costumam ter evolução mais lenta. Como só um médico pode diferenciar com segurança, qualquer dor forte no testículo deve ser considerada uma emergência.

    Quem já teve torção testicular pode ter filhos no futuro?

    Sim, na maioria das vezes. Mesmo após a perda de um testículo, o outro geralmente é capaz de produzir espermatozoides suficientes para a fertilização. Em alguns homens, a quantidade de espermatozoides pode ser menor; exames específicos podem ser indicados em casos de dificuldade para engravidar a parceira.

    É possível ter torção nos dois testículos ao mesmo tempo?

    Sim, mas é bastante raro. A torção bilateral é ainda mais grave por colocar em risco a fertilidade. Por isso, durante a cirurgia, os médicos sempre aproveitam para fixar os dois testículos, reduzindo as chances de novos episódios.

    Existe alguma posição ou movimento que favorece a torção testicular?

    A torção pode acontecer durante atividades físicas, movimentos bruscos ou até mesmo durante o sono, sem nenhum esforço específico. Não existe uma posição única que provoque o problema, mas pessoas com predisposição anatômica podem ter maior risco em situações de impacto ou movimento intenso da região.

    Leia também: Fimose em crianças: quando é normal e quando a cirurgia é necessária

  • Fimose em crianças: quando é normal e quando a cirurgia é necessária 

    Fimose em crianças: quando é normal e quando a cirurgia é necessária 

    A palavra fimose costuma assustar muitas famílias no consultório pediátrico. No entanto, nem sempre ela é sinônimo de problema. “A maior parte dos meninos nasce com fimose e ela é considerada algo natural”, explica a urologista pediátrica Veridiana Andrioli.

    Mas há, sim, situações em que a fimose em crianças pode trazer riscos, tornando-se patológica, exigindo intervenção médica e, em alguns casos, cirurgia. Vamos esclarecer as principais dúvidas sobre a fimose e quando procurar um médico.

    O que é a fimose em criança?

    Antes de entender quando ela pode ser um problema, é importante saber do que se trata. A fimose em crianças nada mais é do que a dificuldade ou a impossibilidade de retrair o prepúcio (a pele que recobre a ponta do pênis) e expor a glande (a “cabecinha” do pênis).

    Segundo Veridiana, com as manipulações naturais, as ereções e os hormônios fisiológicos, cerca de 75% dos meninos já têm exposição da glande até os 3 anos de idade, chegando a quase 90% perto dos 5 anos de idade.

    Ou seja, até essa faixa etária, a fimose em crianças é normal se não causa problemas reais e tende a se resolver sozinha.

    Quando a fimose em crianças pode trazer problemas de saúde?

    A fimose só se torna um problema quando deixa de ser fisiológica e passa a ser patológica, ou seja, quando a pele do prepúcio apresenta cicatrizes e não consegue mais deslizar para expor a glande.

    “Isso pode impedir a higiene adequada, aumentando o risco de infecções e doenças mais graves, incluindo câncer de pênis”, diz a médica.

    Esse é um dos pontos de atenção para os pais: observar os sinais de fimose patológica, que é quando a dificuldade natural de retração passa a trazer riscos.

    Sinais de alerta: quando procurar um urologista pediátrico?

    Há sinais claros de que a fimose em crianças deixou de ser natural e pode causar problemas mais graves. Nesse momento, o ideal é buscar avaliação médica.

    Os sinais de fimose patológica incluem:

    • Criança que apresenta balonamento da pele do pênis antes de urinar (a urina “estufa” a pele do prepúcio);
    • Dificuldades para fazer xixi;
    • Histórico de infecções urinárias ou de pele na região;
    • Falta de retração natural do prepúcio por volta dos 3 anos de idade.

    Nesses casos, a cirurgia de fimose pode ser indicada após consulta médica, mas nem sempre ela é necessária, já que existem outros tipos de tratamento de fimose. Vamos entender.

    Veja mais: Criança que não consegue segurar o xixi: quando é normal e quando é problema

    Quando a cirurgia de fimose em crianças é necessária e como ela é feita?

    A decisão pela cirurgia depende de critérios bem estabelecidos. “A cirurgia tem indicação na presença de cicatrizes ou em meninos em que se tentou o tratamento medicamentoso e não tiveram respostas”, explica a médica.

    Além disso, algumas malformações da pele do prepúcio podem precisar de correções cirúrgicas, como no megaprepúcio, uma malformação do prepúcio que se mostra com um balonamento da pele e deve ser corrigido com uma cirurgia reconstrutora, não uma simples cirurgia de fimose.

    A cirurgia de fimose consiste na retirada da parte final do prepúcio e da mucosa, deixando a glande permanentemente exposta. É um procedimento relativamente simples, em que a criança é internada e recebe alta no mesmo dia. A recuperação costuma ser rápida, embora haja algum desconforto nos primeiros dias, que pode ser controlado com medicações.

    “Uma outra técnica que pode ser usada é o uso de anéis (Plastbell)”, diz Veridiana. Essa é uma técnica alternativa em que o cirurgião posiciona um pequeno anel de plástico no prepúcio, que interrompe a circulação sanguínea da pele excedente. Com o passar dos dias, essa pele perde a vitalidade e o anel cai sozinho, geralmente em até duas semanas, sem necessidade de pontos.

    A médica ressalta que o procedimento cirúrgico não é obrigatório em todos os casos e deve ser indicado com cautela, sendo que existem tratamentos para a fimose que podem ser indicados antes, com uso de pomadas de corticoide.

    Tratamento de fimose: o que acontece se a fimose não for tratada?

    Ignorar a fimose patológica pode trazer complicações, como maior risco de infecções e a formação de cicatrizes que dificultam ainda mais a retração da pele. Além disso, podem surgir lesões dermatológicas, como a balanite xerótica obliterante, capaz de acometer a uretra e comprometer o esvaziamento adequado da bexiga. Em longo prazo, há também um aumento no risco de câncer de pênis, condição rara, mas relacionada à falta de higiene e à presença do vírus HPV.

    Por isso, quando há sinais de fimose em crianças, o ideal é procurar um médico para fazer o tratamento de fimose correto, sem querer resolver o problema em casa.

    “Não é recomendado o uso de pomadas sem orientações médicas e as ‘massagens’ durante o banho também não são indicadas, pelo risco de trações mais fortes que podem levar a pequenas lesões de pele e gerar cicatrizes. Também não há recomendação de ‘estourar a fimose’ fazendo o descolamento forçoso”, enfatiza a urologista.

    O recomendado é apenas a realização de leves trações durante o banho e nos xixis, puxando a pele até onde conseguir, mas sem forçar, sempre lembrando de secar e recobrir o pênis após essas manobras. Se o problema não se resolver sozinho e sinais de fimose patológica surgirem, procure ajuda médica.

    Leia mais: Xixi na cama: saiba as causas, os impactos e as soluções segundo a urologia pediátrica

    Perguntas e respostas sobre fimose em crianças

    1. O que é fimose?

    É a dificuldade ou a impossibilidade de retrair o prepúcio (pele que cobre a ponta do pênis) e expor a glande (a “cabecinha” do pênis). Na maioria dos meninos, é considerada natural e tende a se resolver até os 3 a 5 anos de idade.

    2. Quando a fimose deixa de ser normal?

    Quando passa a ser patológica, ou seja, quando a pele apresenta cicatrizes que impedem a retração, dificultando a higiene.

    3. Quais sinais indicam que é hora de procurar um urologista pediátrico?

    Quando há balonamento da pele antes de urinar (a urina “estufa” a pele), dificuldade para fazer xixi, histórico de infecções urinárias ou de pele e ausência de retração natural do prepúcio após os 3 anos.

    4. A cirurgia é sempre necessária?

    Não. Ela é indicada apenas em casos de cicatrizes, ausência de resposta ao tratamento com pomadas de corticoide ou malformações, como o megaprepúcio.

    5. Como a cirurgia de fimose é feita?

    Consiste na retirada da parte final do prepúcio e da mucosa, deixando a glande descoberta. Costuma ser de baixa complexidade, com alta no mesmo dia, recuperação rápida e uso de medicação para controlar o desconforto pós-operatório.

    6. O que acontece se a fimose não for tratada?

    Podem surgir infecções, cicatrizes, lesões, como a balanite xerótica obliterante (que pode comprometer o esvaziamento adequado da bexiga) e até aumento do risco de câncer de pênis.

    7. O que os pais não devem fazer em casa?

    Não usar pomadas sem orientação médica, não fazer massagens ou tentar “estourar a fimose”, pois isso pode causar lesões e cicatrizes. O correto é fazer apenas leves trações durante o banho, sem forçar.

    Leia também: Desfralde diurno: saiba a idade ideal para a criança controlar o xixi e quando procurar ajuda

  • Desfralde diurno: saiba a idade ideal para a criança controlar o xixi e quando procurar ajuda 

    Desfralde diurno: saiba a idade ideal para a criança controlar o xixi e quando procurar ajuda 

    O desfralde é um dos momentos mais esperados da infância, mas também um dos que mais gera dúvidas entre mães, pais e cuidadores. Afinal, é possível reconhecer o momento certo do desfralde — especialmente do diurno?

    Para esclarecer essas questões, ouvimos a urologista pediátrica Veridiana Andrioli, que explica como funciona o controle do xixi, quais sinais mostram que a criança está pronta e os riscos de antecipar algo que deveria acontecer naturalmente.

    Desfralde diurno: qual a idade média para controlar o xixi?

    O esfíncter é um conjunto de músculos na saída da bexiga que funciona como uma “válvula”, controlando a liberação da urina. Aprender a perceber e coordenar o esfíncter é essencial para o controle do xixi.

    Mas o processo não é uma ciência exata. “Não existe uma idade definida para a criança começar a controlar o xixi. Cada criança tem um tempo de compreensão do seu corpo e das suas necessidades fisiológicas”, explica Veridiana.

    Em média, o desfralde diurno ocorre por volta dos 3 anos. Mas é normal que se estabeleça até os 4 anos. Antes disso, escapes e fraldas úmidas fazem parte do esperado. O desfralde é contínuo e envolve aprendizado.

    Controle diurno e controle noturno não são iguais

    O desfralde acontece em duas etapas: diurno e noturno.

    Durante o dia, a criança aprende a reconhecer a bexiga cheia, compreender o desejo de urinar e ter autonomia para ir ao banheiro. “De que adianta uma criança desfraldada que não consegue tirar a própria roupa ou chegar ao banheiro sozinha?!”, ressalta Veridiana.

    Já o controle noturno é mais complexo: envolve fatores genéticos, capacidade de despertar e até a produção de hormônios que regulam a urina durante o sono. É natural que o noturno demore mais.

    Sinais de que a criança já tem controle do esfíncter

    O maior erro é apressar o processo. “O desfralde é da criança, no ritmo dela. Não é do adulto e no desejo do adulto”, afirma Veridiana.

    Sinais de prontidão incluem:

    • Fralda seca por períodos mais longos;
    • A criança avisa que fez xixi;
    • Diz quando está fazendo;
    • Mostra vontade de ir ao banheiro.

    O risco de forçar o desfralde diurno antes da hora

    Apressar o processo pode trazer problemas. “Crianças forçadas ao desfralde podem não desenvolver a compreensão de bexiga cheia ou só ir ao banheiro quando o adulto manda”, explica a médica.

    Isso pode gerar hábitos prejudiciais, como segurar o xixi por muito tempo, escapes entre intervalos e até maior risco de infecções urinárias.

    O uso de treinamentos forçados (intervalos de 15, 20 minutos etc.) pode até manter a criança seca, mas sem o real entendimento da bexiga cheia, criando padrões pouco saudáveis.

    Quanto tempo leva para o desfralde completo?

    Não há prazo exato. Cada criança tem seu ritmo, e comparações só aumentam a ansiedade. “O desfralde é contínuo e deve ser saudável, natural e consciente, levando o tempo que for preciso”, reforça Veridiana.

    É comum que algumas já controlem a urina, mas ainda precisem da fralda para evacuar. O fundamental é respeitar o tempo da criança.

    Veja também: Criança que não consegue segurar o xixi: quando é normal e quando é problema

    Como os pais podem ajudar no desfralde diurno sem pressionar

    O papel da família é facilitar e apoiar. Algumas atitudes ajudam:

    • Não comparar com irmãos ou colegas;
    • Marcar consulta com especialista antes do processo;
    • Facilitar acesso ao penico ou vaso adaptado;
    • Permitir que a criança acompanhe os pais no banheiro;
    • Ensinar a dar descarga e lavar as mãos de forma lúdica.

    Evite palavras de repulsa, como ‘que nojo desse cocô fedido’. Seja leve e natural”, aconselha a médica.

    Quando procurar ajuda médica?

    Alguns sinais indicam que é hora de investigar:

    • Perdas de urina sem percepção;
    • Intervalos muito longos sem urinar ou esforço excessivo;
    • Infecções urinárias frequentes;
    • Constipação persistente;
    • Falta de ganho de peso adequado;
    • Posturas de contenção (cruzar pernas, sentar sobre calcanhar, apertar a região genital).

    Nessas situações, a avaliação médica é fundamental para evitar complicações futuras.

    Perguntas e respostas sobre desfralde diurno

    1. Com que idade a criança costuma controlar o xixi?

    Em média, aos 3 anos. Mas pode se estender até os 4 anos sem problema.

    2. O controle diurno é igual ao noturno?

    Não. O diurno depende de maturidade neurológica. O noturno envolve também fatores genéticos e hormonais.

    3. Quais sinais mostram que a criança está pronta?

    Fralda seca por mais tempo, avisar quando faz xixi e demonstrar vontade de usar penico ou banheiro.

    4. Quais os riscos de forçar o processo?

    Segurar demais o xixi, ter escapes e desenvolver disfunções urinárias.

    5. Quanto tempo dura o desfralde completo?

    Não existe prazo fixo. É contínuo e varia para cada criança.

    6. Como os pais podem ajudar?

    Facilitando o acesso ao penico, ensinando a higiene e evitando críticas e comparações.

    7. Quando procurar um médico?

    Se houver infecções urinárias, constipação, esforço para evacuar, perdas sem percepção ou posturas de contenção.

    Leia mais: Xixi na cama: saiba as causas, os impactos e as soluções segundo a urologia pediátrica

  • Xixi na cama: saiba as causas, os impactos e as soluções segundo a urologia pediátrica 

    Xixi na cama: saiba as causas, os impactos e as soluções segundo a urologia pediátrica 

    O xixi na cama, conhecido como enurese noturna, é um dos problemas mais comuns da infância e um dos que mais afeta a autoestima da criança. Lidar com noites molhadas pode gerar frustração, vergonha e até afastamento social, mas é importante saber: há explicações claras e soluções eficazes.

    Conversamos com a urologista pediátrica Veridiana Andrioli, que explica o que é esperado no desenvolvimento, quando investigar e quais tratamentos funcionam de verdade quando o assunto é enurese noturna.

    O que é enurese noturna e por que a criança faz xixi na cama?

    Segundo a especialista, que cita a Sociedade Internacional de Incontinência, “enurese é a perda involuntária de xixi (mais do que duas vezes ao mês) em crianças com mais de 5 anos de idade”.

    A enurese é multifatorial, ou seja, não há uma única causa, mas um conjunto de fatores. “Sabemos que a hereditariedade e o fator genético são os mais importantes: quando um dos pais apresentou enurese, a chance de o filho apresentá-la é de 44%, e quando ambos os pais apresentaram, chega a 77%”.

    • Distúrbios da bexiga, que pode contrair fora de hora;
    • Alterações da vasopressina, hormônio que regula a produção da urina;
    • Dificuldade em despertar, mesmo com a bexiga cheia;
    • Distúrbios respiratórios, como apneia do sono;
    • Fatores emocionais, como ansiedade ou medo.

    Isso mostra que não se trata de preguiça ou desatenção da criança, mas de questões orgânicas, comportamentais e até genéticas que precisam ser avaliadas com cuidado por um especialista.

    Até quando o xixi na cama pode ser considerado normal?

    Muitos pais se perguntam se a criança vai “crescer e passar” dessa fase do xixi na cama. A especialista é clara: “Se a partir dos 5 anos completos a criança ainda não consegue ter todas as noites secas, e isso estiver causando incômodo, ela já merece ser avaliada.”

    Essa idade é o marco porque, na maioria das crianças sem alterações neurológicas ou anatômicas, a continência noturna já deveria estar estabelecida. Ultrapassar essa fase e continuar molhando a cama com frequência é sinal de alerta.

    Hábitos que podem ajudar — e seus limites

    Muitos pais tentam controlar a enurese limitando líquidos à noite. Mas essa estratégia, sozinha, não resolve.

    “Isso é controverso, porque muitos adultos bebem bastante antes de dormir e não molham a cama”, explica a médica. O problema central está na dificuldade de despertar com a bexiga cheia.

    De qualquer forma, vale reduzir líquidos próximos à hora de dormir, especialmente cafeína, chás, refrigerantes e ultraprocessados. E sempre estimular a criança a urinar antes de deitar.

    Quando é hora de procurar um especialista?

    O critério principal é a idade e o impacto na vida da criança. “A enurese deve ser tratada em crianças acima de 5 anos quando causa incômodo, e em todas acima de 7 anos”, esclarece a médica.

    Leia também: Asma infantil: sintomas, diagnóstico e tratamento

    Sinais de que é hora de investigar o xixi na cama

    • Episódios frequentes após os 5 anos;
    • Persistência após os 7 anos;
    • Vergonha ou impacto social (não querer dormir fora de casa);
    • Sintomas associados, como constipação ou ronco/apneia.

    Além do desconforto físico, a enurese pode pesar no bem-estar psicológico, afetando a vida social da criança. A especialista lembra: jamais punir a criança. “Ela não faz isso de propósito. Não é preguiça, não é para chamar atenção. Família e equipe médica devem procurar juntos a melhor forma de ajudar”.

    Como funciona o tratamento da enurese noturna

    O tratamento é sempre individualizado. Primeiro, avalia-se a rotina de micção, constipação, consumo de líquidos e comportamento da criança.

    As principais medidas incluem:

    • Sensores de umidade: alarmes que despertam a criança ao detectar o início da urina;
    • Vasopressina (desmopressina): hormônio sintético que reduz a produção de urina à noite, indicado em alguns casos.

    Se não houver sucesso, o médico pode combinar estratégias ou indicar outros medicamentos. A persistência da enurese pode atingir até 10% das crianças após os 7 anos, 3% dos adolescentes e menos de 1% dos adultos — por isso, o tratamento é essencial.

    Perguntas e respostas sobre xixi na cama

    1. O que é enurese noturna?

    É a perda involuntária de xixi durante o sono em crianças com mais de 5 anos, ocorrendo mais de duas vezes ao mês.

    2. Até que idade o xixi na cama pode ser considerado normal?

    Até os 5 anos completos pode fazer parte do desenvolvimento. Após essa idade, já é motivo para avaliação.

    3. Quais fatores podem causar o xixi na cama?

    Genética, alterações da bexiga, produção insuficiente de vasopressina, dificuldade em despertar, distúrbios respiratórios e fatores emocionais.

    4. Hábitos como reduzir líquidos à noite resolvem o problema?

    Podem ajudar, mas não são solução definitiva do xixi na cama. O fator central é a dificuldade de despertar durante o estímulo da bexiga cheia.

    5. Quando os pais devem procurar um especialista?

    Se o problema persistir após os 5 anos e causar incômodo, ou em todas as crianças acima de 7 anos. Também se houver sintomas como constipação ou apneia do sono.

    6. Quais são os tratamentos mais indicados?

    Sensores de umidade e vasopressina. Em casos resistentes, outros medicamentos podem ser associados.

    7. O problema desaparece com o tempo?

    Na maioria sim, mas não em todos. Persistência ocorre em 5 a 10% das crianças após 7 anos, 3% dos adolescentes e menos de 1% dos adultos.

    Leia também: Criança que não consegue segurar o xixi: quando é normal e quando é problema

  • Criança que não consegue segurar o xixi: quando é normal e quando é problema 

    Criança que não consegue segurar o xixi: quando é normal e quando é problema 

    Um dos maiores marcos da infância é o desfralde, mas também é uma fase repleta de dúvidas para mães, pais e cuidadores. Afinal, até que idade é normal uma criança que não consegue segurar o xixi e em que momento isso passa a indicar um problema de saúde?

    Segundo a urologista pediátrica Veridiana Andrioli, é preciso diferenciar o que faz parte do amadurecimento natural da criança e o que pode exigir uma investigação médica. A seguir, explicamos como funciona esse processo, quais sinais indicam que tudo está dentro do esperado e em quais casos procurar um especialista.

    O desfralde como processo de desenvolvimento

    O controle do xixi não acontece de um dia para o outro. Assim como andar, que começa com apoio até chegar à corrida livre, o desfralde diurno é um processo gradual. “A criança precisa passar por alguns momentos de percepção como: ‘fiz xixi’, ‘estou fazendo xixi’ até chegar ao ‘quero fazer xixi’… e isso não acontece de uma só vez”, destaca Veridiana.

    Ela explica que cerca de 80% a 85% das crianças sem alterações neurológicas atingem o desfralde de forma espontânea e natural (durante o dia) até os 4 anos de idade. Isso significa que o não controle pleno do xixi diurno é normal até essa idade: a criança pode não conseguir controlar todas as vezes e ainda assim estar no caminho certo.

    O importante é observar se há progresso. “A criança pode ter perdas, não conseguir controlar o xixi todas as vezes, e está tudo bem!”.

    Sinais de que está tudo bem

    • Intervalos cada vez maiores em que a fralda permanece seca;
    • A criança avisa quando fez xixi;
    • Avisa quando precisa ir ao banheiro;
    • Demonstra interesse em usar o vaso ou penico.

    Esses sinais mostram que o amadurecimento neurológico e comportamental está em curso e que o processo de continência e controle diurno está caminhando bem.

    Criança que não consegue segurar o xixi: quando passa a ser problema?

    Segundo a especialista, há um marco importante quando o assunto é uma criança que não consegue segurar o xixi: “Se a partir do 4º ano completo ainda não existir continência (capacidade de segurar a urina), com certeza precisamos investigar”, enfatiza.

    Ela explica que é comum as crianças postergarem a ida ao banheiro por não quererem interromper a brincadeira, usando estratégias como cruzar as pernas ou segurar o genitor para o controle do xixi. Esses hábitos são ruins e podem piorar com o tempo, então são sinais de alerta.

    Sinais de alerta

    • Criança com mais de 5 anos que ainda não controla o xixi durante o dia;
    • Perdas frequentes de urina mesmo em momentos de calma;
    • Evitar beber líquidos para não precisar ir ao banheiro;
    • Acidentes noturnos persistentes após a idade em que já seria esperado o controle.

    A recomendação é clara: se os pais perceberem que algo não está indo bem e que a criança não está tendo evolução para segurar o xixi, o ideal é procurar um especialista antes que ocorram complicações.

    Possíveis causas urológicas e neurológicas

    Nem sempre a dificuldade de segurar o xixi está ligada apenas a fatores comportamentais. Em muitos casos, há causas médicas envolvidas que precisam ser investigadas com atenção.

    As chamadas disfunções de eliminação, conhecidas pela sigla BBD (bowel and bladder dysfunction — “disfunções de eliminação intestinal e vesical”), englobam situações como intestino preso, retenção voluntária da urina, perdas durante episódios de riso e até alterações no relaxamento do assoalho pélvico, que comprometem o esvaziamento adequado da bexiga.

    Outro fator são as malformações do trato urinário ou neurológico. Essas alterações podem dificultar que a criança perceba a bexiga cheia, atrapalhar o esvaziamento completo ou até desviar o caminho de drenagem da urina, como ocorre em algumas meninas que apresentam drenagem do ureter para fora da bexiga.

    Muitas vezes há alterações detectadas na gestação ou logo após o nascimento. Nesses casos, a avaliação especializada é obrigatória, especialmente se já houve infecção urinária. “Toda criança que teve alterações dos órgãos suspeitadas durante a gravidez ou se já tiveram uma infecção urinária, não importa se menino ou menina, deve ser avaliada por especialistas”, alerta Veridiana.

    O que os pais devem observar

    • Criança que segura o xixi até o limite, cruzando as pernas ou fazendo força para evitar a ida ao banheiro;
    • Alterações na rotina intestinal (constipação ou cocô ressecado);
    • Mudança de comportamento repentina em casa ou na escola.

    É importante também conversar com a escola: a criança tem liberdade de ir ao banheiro? Consegue tirar a própria roupa? Esses fatores interferem diretamente no controle urinário.

    Confira: Bronquiolite em bebês: sintomas e quando procurar o médico

    Como é a avaliação médica

    Ao contrário do que muitos imaginam, o primeiro passo não é pedir exames. “Começamos sempre com uma consulta adequada e exame físico, revendo todos os aspectos do comportamento, explicando a forma correta de sentar para fazer xixi e cocô, adequando o espaço e o acesso da criança à privada e observando os hábitos de xixi, cocô e ingesta de líquidos por meio de diários miccionais”, explica a urologista.

    Ela enfatiza que, somente quando não há sucesso nessas medidas iniciais, é que se parte para a investigação de causas anatômicas com exames complementares.

    Existe tratamento para incontinência urinária infantil?

    Sim, o tratamento da incontinência urinária infantil envolve uma combinação de estratégias. A primeira delas é chamada uroterapia, que inclui orientações para hábitos corretos relacionados a xixi, cocô, ingestão de água, intervalos adequados para urinar e postura de relaxamento ao usar o vaso.

    Além disso, podem ser recomendadas fisioterapias direcionadas para a reeducação do assoalho pélvico. Em alguns casos, medicamentos também entram no protocolo. “Sempre lembrando que há a necessidade de avaliação de profissional especializado antes da introdução de medicamentos”, ressalta Veridiana.

    Por fim, é bom lembrar que nenhum tratamento terá sucesso sem o apoio dos pais ou cuidadores. Criar uma rotina de idas ao banheiro, garantir acesso fácil à privada ou penico, oferecer água regularmente e observar sinais do corpo são atitudes simples que fazem diferença.

    O incentivo positivo também é essencial para uma criança que não consegue segurar o xixi: comemorar os avanços, evitar broncas em caso de escapes e transformar o processo em uma experiência de aprendizado e confiança para a criança.

    Perguntas e respostas

    1. Até que idade é normal a criança não conseguir segurar o xixi?

    Até os 4 anos, a maioria das crianças atinge o desfralde diurno de forma espontânea. Escapes ocasionais fazem parte do processo de amadurecimento.

    2. Quando a perda de xixi passa a ser considerada problema?

    Se a criança chega aos 5 anos sem controle urinário durante o dia ou apresenta perdas frequentes mesmo em situações de calma, é hora de procurar avaliação médica.

    3. Quais sinais indicam que pode haver algo errado?

    Evitar beber líquidos para não ir ao banheiro, acidentes noturnos persistentes após a idade esperada, prender o xixi até o limite ou mudanças bruscas de comportamento em casa ou na escola. Infecções urinárias, calcinha ou cueca sempre molhadas, ter que sair correndo para fazer xixi, dizer que não percebe que perdeu xixi.

    4. Quais causas médicas podem estar por trás da dificuldade de segurar o xixi?

    Podem estar envolvidas disfunções de eliminação (como intestino preso e alterações do assoalho pélvico), malformações do trato urinário ou neurológico, além de problemas já detectados na gestação ou após o nascimento.

    5. Como é feita a avaliação médica?

    O médico observa os hábitos miccionais, intestinais e de ingestão de líquidos, orienta sobre a postura correta ao usar o vaso e registra os padrões em diários miccionais.

    6. Existe tratamento?

    Sim. O tratamento geralmente começa com a uroterapia, que ajusta hábitos de xixi, cocô, hidratação e postura. Pode incluir fisioterapia do assoalho pélvico e, em alguns casos, medicamentos – sempre com orientação especializada.

    7. O que os pais podem fazer para ajudar?

    Criar uma rotina de idas ao banheiro, facilitar o acesso da criança ao vaso ou penico, oferecer água regularmente e comemorar os avanços. O apoio da família é essencial para o sucesso do tratamento.

    Leia também: Asma infantil: sintomas, diagnóstico e tratamento