Autor: Dra. Lilian Ramaldes Vera

  • Consultas médicas para idosos: quais as mais importantes para quem vive sozinho?

    Consultas médicas para idosos: quais as mais importantes para quem vive sozinho?

    O envelhecimento é um processo natural marcado por mudanças que afetam a força, o equilíbrio, a memória e até o humor. Com o passar dos anos, os cuidados médicos também precisam ser adaptados para garantir que os idosos tenham acesso a cuidados de qualidade — que promovam não apenas o tratamento de doenças, mas também a prevenção, o bem-estar e a autonomia no dia a dia.

    No caso de idosos que moram sozinhos, a ausência de uma rede de apoio próxima pode aumentar o risco de acidentes domésticos, atrasar diagnósticos e dificultar o acesso aos serviços de saúde.

    Por isso, é fundamental que o acompanhamento médico seja contínuo e que envolva não apenas o controle de doenças crônicas, mas também a avaliação das condições de segurança, nutrição, cognição e saúde mental. Vamos entender mais, a seguir.

    Por que consultas regulares são importantes?

    A terceira idade é um período em que o organismo passa por mudanças que afetam diversos sistemas, como cardiovascular, metabólico, musculoesquelético e cognitivo. Mesmo que a pessoa se sinta bem, doenças silenciosas podem se desenvolver ao longo do tempo, como hipertensão, diabetes e alterações hormonais.

    No caso de idosos que vivem sozinhos, o acompanhamento regular é ainda mais importante, porque a ausência de alguém no dia a dia que perceba pequenas mudanças (como tonturas, esquecimentos, perda de peso ou alterações de humor) pode atrasar o diagnóstico de problemas importantes. As consultas periódicas ajudam a manter o controle de doenças crônicas, ajustar medicamentos e prevenir complicações.

    Além disso, o médico pode identificar fatores de risco no ambiente doméstico, orientar sobre alimentação, sono, atividade física e uso seguro de medicamentos. O médico de família, em especial, tem uma visão ampla da saúde e consegue integrar os aspectos físicos, mentais e sociais, garantindo um cuidado completo.

    “O médico de família acompanha a trajetória de vida do paciente, integra informações sobre saúde física, mental e contexto social, e propõe cuidados individualizados. Esse vínculo fortalece a autonomia, favorece o envelhecimento ativo e promove segurança ao idoso que mora sozinho”, explica Lilian Ramaldes, médica de família e comunidade.

    Consultas médicas para idosos: quais as mais importantes?

    O acompanhamento dos idosos que vivem sozinhos deve incluir consultas periódicas com diferentes especialidades, conforme o histórico e as condições de saúde de cada pessoa. Entre algumas das principais, é possível destacar:

    • Médico de família: acompanha os idosos de forma integral, coordena o cuidado, solicita exames e monitora doenças crônicas. Também avalia aspectos mentais, emocionais e sociais, propondo intervenções além da prescrição de medicamentos;
    • Geriatra: especialista que atua no processo de envelhecimento, avalia a capacidade funcional, o uso de medicamentos, o estado nutricional, a memória e o equilíbrio. Ele também orienta adaptações em casa e estratégias para prevenir quedas;
    • Cardiologista: realiza avaliações da pressão arterial, colesterol e ritmo cardíaco. O acompanhamento regular previne complicações graves, como infarto e AVC;
    • Oftalmologista e otorrinolaringologista: cuidam da visão e da audição, fundamentais para a autonomia e a segurança. Alterações nesses sentidos aumentam o risco de quedas e isolamento social;
    • Nutricionista: avalia o estado nutricional e ajusta a dieta conforme as necessidades individuais, prevenindo desnutrição e deficiências nutricionais;
    • Dentista: consultas semestrais ajudam a prevenir infecções, ajustar próteses e tratar inflamações que interferem na alimentação e na fala;
    • Psicólogo: oferece apoio emocional para lidar com perdas, solidão e mudanças na rotina, reduzindo sintomas de depressão e ansiedade.

    “Idosos que vivem sozinhos necessitam de um cuidado integral, que abranja não apenas doenças já existentes, mas também prevenção. É fundamental avaliar condições crônicas (como pressão alta e diabetes), estado nutricional, uso correto de medicamentos, além da saúde mental e do suporte social disponível”, aponta Lilian.

    Quais exames básicos de rotina não podem faltar?

    Os exames preventivos ajudam a identificar doenças logo no início, quando o tratamento é mais simples. Lilian aponta os principais:

    • Exames laboratoriais de sangue e urina;
    • Avaliação cardiovascular (como eletrocardiograma e controle da pressão arterial);
    • Controle do diabetes (glicemia e hemoglobina glicada);
    • Rastreamento de cânceres prevalentes (mama, próstata e intestino);
    • Exames de imagem, conforme indicação médica;
    • Avaliação regular da visão e da audição.

    Como o médico avalia a cognição e a saúde mental dos idosos?

    A saúde cognitiva, que inclui memória, atenção, raciocínio e linguagem, precisa de acompanhamento constante para preservar a autonomia e a capacidade de comunicação na terceira idade. Pequenas falhas de memória podem ser normais, mas quando se tornam frequentes ou interferem nas atividades diárias, precisam de avaliação.

    Durante a consulta, o médico pode aplicar testes simples que medem atenção, orientação temporal e capacidade de lembrar informações.

    “O acompanhamento da cognição pode detectar precocemente quadros de demência e garantir intervenções que preservem a qualidade de vida”, aponta Lilian.

    A saúde mental também é observada por meio de conversas sobre sono, apetite, humor e engajamento social. O isolamento é um dos maiores fatores de risco para o declínio cognitivo e deve ser enfrentado com empatia, estímulo e acompanhamento profissional.

    Com que frequência os idosos devem fazer consultas médicas?

    A periodicidade das consultas depende do estado de saúde dos idosos. Para pessoas saudáveis e independentes, recomenda-se pelo menos uma avaliação médica completa a cada seis meses.

    Já aqueles com doenças crônicas, limitações físicas ou alterações cognitivas devem ser avaliados com maior frequência, conforme orientação do profissional de saúde. Em alguns casos, o acompanhamento é mensal ou trimestral.

    Além das consultas programadas, o idoso deve procurar o médico se notar sintomas estranhos, como tonturas, perda de peso inexplicada, quedas, esquecimento acentuado, falta de apetite ou mudanças de humor.

    Quais sinais indicam que o idoso precisa de mais atenção médica?

    É importante que o médico de família esteja atento aos seguintes sinais:

    • Perda de peso não intencional;
    • Fraqueza ou fadiga constante;
    • Lentidão nos movimentos;
    • Quedas frequentes;
    • Diminuição do apetite;
    • Esquecimentos mais intensos;
    • Mudanças de humor ou isolamento.

    Esses sintomas podem indicar um quadro de fragilidade, que aumenta o risco de quedas, internações e perda de independência. O médico deve avaliar força, equilíbrio, marcha e o ambiente da casa — tapetes soltos, escadas e pouca luz são riscos que podem ser evitados com adaptações simples.

    Como prevenir quedas e acidentes em casa?

    A segurança doméstica é uma das principais preocupações para quem vive sozinho, especialmente idosos. Algumas adaptações na casa podem fazer grande diferença, como:

    • Retirar tapetes e fios soltos;
    • Instalar barras de apoio no banheiro;
    • Garantir boa iluminação em corredores e escadas;
    • Evitar calçados escorregadios;
    • Manter os objetos mais usados ao alcance das mãos.

    O médico ou fisioterapeuta pode avaliar a necessidade de exercícios específicos para equilíbrio e coordenação. A prática regular de atividades físicas é uma das formas mais eficazes de evitar quedas e preservar a autonomia.

    Veja também: Envelhecimento saudável: 6 hábitos para manter a autonomia

    Perguntas frequentes

    1. Quais vacinas são obrigatórias para pessoas com 60 anos ou mais?

    Para pessoas com 60 anos ou mais no Brasil, o calendário de vacinação do SUS inclui as vacinas contra gripe (anual), pneumocócica 23-valente, dupla adulto (difteria e tétano – dT) e hepatite B, além da febre amarela para quem vive em áreas endêmicas.

    Também existem vacinas recomendadas, mas disponíveis apenas na rede privada, como as de herpes zóster e vírus sincicial respiratório (VSR). É importante manter o cartão de vacinação atualizado, respeitando reforços e complementos indicados.

    2. Como deve ser a alimentação ideal para idosos que vivem sozinhos?

    A alimentação na terceira idade precisa ser variada, equilibrada e adaptada às necessidades individuais. À medida que o metabolismo desacelera e o apetite diminui, é comum a ingestão de nutrientes cair — o que pode levar à perda de massa muscular, fraqueza e deficiências vitamínicas.

    O ideal é manter refeições leves, distribuídas ao longo do dia, com boa presença de frutas, verduras, legumes, cereais integrais, proteínas magras e laticínios. Quanto mais colorido o prato, melhor!

    Já os alimentos ultraprocessados, ricos em sal e gordura saturada, devem ser evitados. E não se deve esquecer da hidratação: o idoso deve beber água regularmente, mesmo sem sentir sede.

    3. Os idosos precisam tomar vacina contra a febre amarela?

    Sim, mas com cautela. A vacina contra a febre amarela é recomendada para idosos acima de 60 anos que não foram vacinados, mas apenas após avaliação médica, pois a vacina contém vírus vivo atenuado e pode, em alguns casos, causar reações adversas.

    4. Quais atividades físicas são mais indicadas para idosos que vivem sozinhos?

    Para quem vive sozinho, os exercícios físicos ajudam não apenas na mobilidade e equilíbrio, mas também na saúde emocional e social. Caminhadas leves, alongamentos, hidroginástica, yoga e musculação supervisionada estão entre as atividades mais recomendadas nessa fase da vida.

    O ideal é realizar pelo menos 150 minutos de atividade física por semana, divididos em sessões curtas e regulares. Exercícios de força também ajudam a preservar a massa muscular e evitar quedas.

    5. O que fazer para evitar doenças crônicas?

    A prevenção de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, envolve a prática de exercícios, alimentação saudável, controle de peso, abandono do tabagismo e moderação no consumo de álcool. O acompanhamento médico regular também reduz complicações como infarto e AVC.

    6. Como identificar os primeiros sinais de perda de memória?

    Pequenos esquecimentos fazem parte do envelhecimento, mas é importante observar mudanças mais marcantes, como repetir perguntas com frequência, esquecer compromissos recentes, perder-se em locais familiares ou apresentar dificuldade para realizar tarefas do dia a dia.

    Esses sinais podem indicar um comprometimento cognitivo leve ou o início de demência. O diagnóstico precoce, realizado pelo médico de família ou geriatra, permite planejar o tratamento e adotar estratégias que retardam a progressão dos sintomas.

    Para manter o cérebro ativo, o idoso pode investir em leitura, jogos de raciocínio, conversas e aprendizado de novas habilidades — ótimas formas de socializar e fortalecer as conexões neurais.

    Veja mais: Médico de família e clínico geral: conheça as diferenças

  • Médico de família e clínico geral: conheça as diferenças

    Médico de família e clínico geral: conheça as diferenças

    Você sabe a diferença entre médico de família e clínico geral? No momento de buscar atendimento médico, principalmente para os exames de rotina, o clínico geral costuma ser o primeiro profissional que vem à mente. Ele atua em consultórios, ambulatórios e plantões hospitalares — e tem papel importante no cuidado integral do adulto, acompanhando desde problemas simples até condições mais complexas.

    Nos últimos anos, porém, outro profissional tem ganhado cada vez destaque na atenção à saúde: o médico de família e comunidade. Com formação voltada para a prevenção, o acompanhamento de doenças crônicas e a coordenação do cuidado ao longo da vida, ele oferece um cuidado mais próximo, contínuo e voltado para as necessidades de cada pessoa.

    “Uma das principais características da Medicina de Família e Comunidade é o acompanhamento contínuo, ao longo dos anos, criando vínculo de confiança e garantindo maior efetividade nos cuidados. O médico de família acompanha desde crianças até idosos, passando por todas as fases da vida”, explica a médica de família e comunidade Lilian Ramaldes.

    A seguir, vamos entender a diferença entre médico de família e clínico geral.

    O que é um médico de família e comunidade?

    O médico de família e comunidade é um especialista formado após residência médica de dois anos, voltada especificamente para o cuidado integral e contínuo de indivíduos e famílias em todas as fases da vida. É um campo de atuação reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Médica Brasileira, com foco na Atenção Primária à Saúde.

    A formação é bastante ampla, incluindo pediatria, clínica médica, ginecologia, geriatria, psiquiatria e medicina preventiva. Segundo Lilian, “o foco está na prevenção, no tratamento e no acompanhamento contínuo da saúde, levando em conta não apenas a doença, mas também o contexto familiar, social e comunitário do paciente”.

    Dessa forma, o médico de família está preparado para atender desde casos simples, como resfriados, até situações crônicas mais complexas, como diabetes, hipertensão e depressão, acompanhando o paciente de forma longitudinal e coordenando o cuidado com outros especialistas, quando necessário.

    Para complementar, o médico de família atua de forma proativa para promover qualidade de vida: ele orienta sobre alimentação equilibrada, prática de atividades físicas, cessação do tabagismo e redução do consumo de álcool — além de acompanhar o calendário vacinal e oferecer suporte em planejamento familiar.

    Qual a função do profissional?

    O médico de família atua com base na atenção primária, responsável por resolver cerca de 80% dos problemas de saúde da população. A principal função dele é avaliar, orientar e acompanhar o indivíduo em todas as suas demandas, sejam físicas ou emocionais. Entre as responsabilidades do médico de família, podemos citar:

    • Acompanhar pacientes ao longo da vida, com foco na prevenção e no cuidado contínuo;
    • Diagnosticar e tratar doenças agudas e crônicas;
    • Realizar rastreamento de câncer, como o de colo do útero, mama e próstata;
    • Monitorar fatores de risco como obesidade, colesterol alto, tabagismo e hipertensão;
    • Orientar sobre alimentação, atividade física, sono e saúde mental;
    • Atualizar vacinas e promover ações de prevenção de doenças infecciosas;
    • Coordenar o cuidado, encaminhando ao especialista apenas quando necessário.

    “Dentro do SUS, o médico de família é peça-chave da Atenção Primária à Saúde. Ele acompanha famílias inteiras, coordena o cuidado, realiza visitas domiciliares quando necessário e atua em programas de prevenção e promoção da saúde. É o primeiro ponto de contato da população com o sistema de saúde”, complementa Lilian.

    O que é o clínico geral?

    O clínico geral é o médico formado em medicina e que fez residência médica para clínica médica. Ele atua de forma mais abrangente, com foco no diagnóstico inicial e no encaminhamento do paciente para o especialista adequado. É importante lembrar que o médico que se formou após os seis anos de faculdade e ainda não fez residência médica é chamado de generalista.

    O clínico geral tem uma função importante no atendimento de rotina, no pronto atendimento e na triagem de sintomas. É comum procurar o clínico geral, por exemplo, quando se precisa de uma avaliação inicial ou quando os sintomas não são claros o suficiente para direcionar o paciente a um especialista específico.

    Mas então, o que diferencia o clínico do médico de família? A resposta é a continuidade do cuidado. O clínico geral tende a oferecer um atendimento pontual, voltado à queixa momentânea, sem necessariamente acompanhar o paciente ao longo do tempo.

    Qual a função do profissional?

    Durante a graduação, o futuro clínico geral aprende fundamentos de diversas áreas médicas, incluindo clínica médica, pediatria, ginecologia, cirurgia e saúde pública. Ao concluir o curso, está apto a exercer a medicina de forma ampla, diagnosticando e tratando doenças, além de realizar encaminhamentos e procedimentos básicos.

    No entanto, por não ter formação especializada, a abordagem tende a ser mais generalista e menos aprofundada em determinados aspectos.

    O clínico geral pode trabalhar em consultórios particulares, hospitais, pronto-socorros ou unidades básicas de saúde, atuando como profissional de linha de frente no atendimento inicial, com as seguintes funções:

    • Realizar consultas médicas e avaliações clínicas iniciais;
    • Investigar sintomas e solicitar exames diagnósticos;
    • Tratar doenças agudas e condições de menor complexidade;
    • Acompanhar pacientes com doenças crônicas estáveis;
    • Prescrever medicamentos e orientar o uso correto;
    • Encaminhar para especialistas quando necessário;
    • Acompanhar resultados de exames e ajustar tratamentos.

    Em muitos casos, o clínico geral é o primeiro médico que o paciente procura no sistema de saúde privado. Ele faz a avaliação inicial e orienta sobre qual especialista procurar, mas normalmente não acompanha o tratamento por muito tempo.

    Como diferenciar o médico de família e o clínico geral?

    As diferenças entre o médico de família e o clínico geral envolvem especialmente formação, abordagem de cuidado, foco na prevenção, vínculo com o paciente e papel dentro do sistema de saúde.

    Aspecto Médico de família e comunidade Clínico geral
    Formação Residência médica de 2 anos ou título de especialista Graduação em medicina e residência médica em clínica médica
    Abordagem Cuidado integral e contínuo, considerando o contexto familiar e social Atendimento pontual, voltado à queixa momentânea
    Foco principal Prevenção, promoção e acompanhamento de longo prazo Diagnóstico inicial e encaminhamento
    Atuação no sistema de saúde Papel central na atenção primária Atua em pronto atendimentos e clínicas gerais

    Quando procurar o médico de família e comunidade?

    O acompanhamento com o médico de família é indicado em diversas situações, como:

    • Quando há necessidade de um cuidado global, incluindo saúde física e mental;
    • Em caso de dúvidas sobre qual especialista procurar;
    • Diante de sintomas inespecíficos, como fadiga, dores vagas ou alterações de humor;
    • Para acompanhamento de doenças crônicas, como diabetes, pressão alta, asma e depressão;
    • Para orientações sobre vacinação, exames preventivos e planejamento familiar;
    • Em momentos de transição de fases da vida, como adolescência, gestação, menopausa e envelhecimento.

    “O médico de família avalia de forma abrangente e, se necessário, encaminha ao especialista adequado, garantindo que o paciente não faça exames ou consultas desnecessárias”, complementa a especialista.

    Quando procurar o clínico geral?

    O clínico geral pode ser procurado nas seguintes situações:

    • Para avaliações médicas iniciais e queixas inespecíficas, como febre, dor, cansaço ou mal-estar;
    • Em consultas de rotina e realização de check-ups preventivos;
    • Para diagnóstico e tratamento de doenças leves, como gripes, infecções e dores musculares;
    • Quando houver necessidade de solicitar exames básicos ou renovar receitas;
    • Para receber orientações sobre qual especialista procurar em casos que exigem acompanhamento específico.

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    Perguntas frequentes sobre médico de família e clínico geral

    1. O médico de família também trata doenças?

    Sim, o médico de família pode participar do tratamento de diversas condições, como infecções respiratórias, pressão alta, diabetes, ansiedade, depressão e outras condições frequentes. Além disso, o médico de família atua na prevenção, identificando precocemente fatores de risco e orientando sobre hábitos de vida saudáveis.

    2. Como é feita a formação do médico de família e comunidade?

    Após os seis anos da graduação em medicina, o profissional realiza uma residência médica de dois anos em Medicina de Família e Comunidade. Durante o período, ele recebe treinamento em áreas como pediatria, clínica médica, ginecologia, geriatria, psiquiatria e medicina preventiva — além de desenvolver habilidades de comunicação, empatia e gestão de cuidados.

    3. O médico de família atende em hospitais ou apenas em postos de saúde?

    Apesar de mais presente na Atenção Primária à Saúde do SUS, o médico de família também atua em clínicas, hospitais e planos de saúde privados. Muitos sistemas de saúde privados têm incorporado esse modelo de cuidado, devido à sua eficácia e ao impacto positivo na satisfação dos pacientes.

    4. Quais são as principais vantagens de ter um médico de família?

    Entre as principais vantagens de ter um profissional médico de família estão o acompanhamento contínuo, o foco na prevenção, o vínculo de confiança, a redução de internações e o cuidado integrado com outros profissionais de saúde.

    A relação, inclusive, permite diagnósticos mais precisos e um tratamento mais humanizado. A confiança mútua que é construída ao longo do tempo favorece a comunicação, melhora a adesão ao tratamento e cria um ambiente seguro para que o paciente compartilhe dúvidas, medos e preocupações.

    5. O médico de família faz visitas domiciliares?

    Sim, quando necessário. Dentro do SUS e em alguns sistemas privados, o médico de família pode realizar visitas domiciliares para acompanhar pacientes com dificuldade de locomoção, idosos ou pessoas com doenças crônicas. Isso fortalece o vínculo entre eles e melhora o cuidado.

    Leia mais: Envelhecimento saudável: 6 hábitos para manter a autonomia

  • Hanseníase: o que é, sintomas, transmissão e tratamento

    Hanseníase: o que é, sintomas, transmissão e tratamento

    Com sintomas que acometem principalmente a pele e os nervos periféricos, a hanseníase é uma doença infecciosa e crônica que afeta cerca de 30 mil brasileiros por ano, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

    Apesar do histórico de preconceito e estigmas, a hanseníase é uma doença curável, cujo tratamento está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Quando iniciado logo nos primeiros sintomas, ele interrompe a transmissão e evita sequelas permanentes — de modo que a pessoa pode levar uma vida normal, trabalhar, estudar e manter suas relações sociais plenamente.

    Para entender os principais detalhes sobre a doença, conversamos com a médica de família e comunidade, Lilian Ramaldes. Confira, a seguir.

    O que é hanseníase?

    A hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, também chamada de bacilo de Hansen. O microrganismo atinge principalmente a pele e os nervos periféricos, podendo causar alterações na sensibilidade, na força muscular e, em casos avançados, deformidades físicas.

    Ela é uma condição de evolução lenta, com um período de incubação que pode variar de dois a sete anos — em alguns casos, ultrapassando uma década. Por isso, o diagnóstico pode ser tardio, especialmente quando os sintomas iniciais são sutis e confundidos com outras condições dermatológicas e neurológicas.

    Aliás, a hanseníase não afeta apenas a pele: o comprometimento dos nervos pode provocar dormência, formigamento, perda de sensibilidade ao calor, ao toque ou à dor, o que aumenta o risco de ferimentos e infecções secundárias.

    Atenção ao nome

    Apesar de ter sido conhecida historicamente como “lepra”, termo que carregou forte conotação discriminatória ao longo dos séculos, o nome oficial adotado no Brasil é hanseníase, em referência ao médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, que descobriu o agente causador da doença em 1873.

    O que causa a hanseníase?

    O agente responsável pela hanseníase é o Mycobacterium leprae, uma bactéria de crescimento lento e que tem predileção por áreas do corpo mais frias, como mãos, pés, orelhas, nariz e rosto. A infecção ocorre quando o bacilo penetra no organismo e se instala na pele ou nos nervos periféricos.

    Vale apontar que qualquer pessoa pode entrar em contato com a bactéria, mas nem todo mundo adoece, uma vez que o desenvolvimento da hanseníase depende da resposta imunológica individual.

    Apenas uma parte das pessoas expostas desenvolve a infecção, e o risco aumenta diante de fatores genéticos, condições de vida precárias, desnutrição e baixa imunidade.

    Tipos de hanseníase

    A hanseníase é classificada de acordo com a forma como o sistema imunológico reage à infecção pelo Mycobacterium leprae:

    • Hanseníase paucibacilar (PB): é a forma inicial e mais leve da doença, em que o paciente apresenta até cinco lesões de pele, normalmente com diminuição da sensibilidade no local, e os exames baciloscópicos são negativos (ou seja, há poucos ou nenhum bacilo visível). O organismo consegue controlar parcialmente a infecção;
    • Hanseníase multibacilar (MB): é a forma mais avançada e contagiosa, caracterizada por mais de cinco lesões na pele, comprometimento de nervos periféricos e exames baciloscópicos positivos (com grande quantidade de bacilos). As lesões tendem a ser mais extensas, simétricas e podem causar deformidades se não tratadas precocemente.

    Como ocorre a transmissão da hanseníase?

    A transmissão da hanseníase acontece por meio das vias aéreas superiores, quando uma pessoa doente, na forma contagiante da doença e ainda sem tratamento, elimina o bacilo ao tossir, espirrar ou falar.

    Contudo, Lilian esclarece que não é fácil pegar hanseníase: é necessário contato próximo e prolongado com uma pessoa não tratada, normalmente dentro do mesmo domicílio.

    Assim, familiares e conviventes diretos de pacientes com hanseníase multibacilar (forma em que há grande quantidade de bacilos) são considerados o principal grupo de risco.

    Já os pacientes com forma paucibacilar, que apresentam poucos bacilos, não representam risco de transmissão significativa. A partir do início do tratamento, o paciente deixa de transmitir a doença, tornando-se não contagiante.

    O M. leprae sobrevive pouco tempo fora do corpo humano, e não há evidências de transmissão por insetos, água, solo ou objetos. Além disso, a doença também não é transmitida por toque, abraço, aperto de mão, nem por compartilhamento de roupas, pratos ou talheres. Logo, não há risco no convívio social, escolar ou profissional com alguém que já esteja em tratamento.

    Sintomas de hanseníase

    Os sintomas da hanseníase variam de acordo com a forma clínica e a resposta imunológica de cada pessoa, mas alguns sinais são comuns e devem ser observados com atenção, como aponta o Ministério da Saúde:

    • Manchas na pele (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas), com alteração da sensibilidade ao calor, ao frio, à dor ou ao tato;
    • Áreas com diminuição de pelos e suor, especialmente nas regiões das manchas;
    • Formigamento, dormência ou fisgadas em mãos, pés, orelhas e rosto;
    • Diminuição ou ausência de força muscular, dificultando segurar objetos ou caminhar;
    • Nódulos ou caroços avermelhados e dolorosos;
    • Espessamento de nervos periféricos, perceptível ao toque;
    • Ferimentos ou queimaduras sem dor, devido à perda de sensibilidade.

    Os sintomas normalmente aparecem de forma lenta e progressiva. De acordo com Lilian, a falta de sensibilidade é um sinal de alerta: “a pele pode ter uma aparência simples, mas perde a capacidade de sentir calor, frio ou dor”, complementa a médica.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da hanseníase é clínico e deve ser feito por um dermatologista. Durante o exame físico, ele realiza uma avaliação completa, examinando cuidadosamente a pele e testando a sensibilidade térmica, tátil e dolorosa nas áreas suspeitas de lesão.

    Além disso, o profissional também verifica o espessamento dos nervos periféricos e possíveis sinais de comprometimento motor. Quando há dúvida, podem ser solicitados exames complementares, como:

    • Baciloscopia: análise de amostras da pele para detectar a presença do bacilo;
    • Histopatologia: biópsia de pele ou nervo para avaliar alterações características;
    • Exames eletrofisiológicos: indicados para investigar o comprometimento neural.

    O diagnóstico em crianças requer uma atenção especial, pois os sintomas podem ser sutis e difíceis de interpretar. A identificação de casos infantis costuma indicar transmissão ativa dentro do ambiente familiar — o que reforça a importância da investigação dos contatos.

    Como é feito o tratamento da hanseníase?

    O tratamento da hanseníase é gratuito e está disponível em todas as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele é feito com um conjunto de medicamentos conhecido como Poliquimioterapia Única (PQT-U), que combina rifampicina, dapsona e clofazimina.

    O tratamento varia de acordo com o tipo de hanseníase, de modo que a hanseníase paucibacilar normalmente tem duração de 6 meses de tratamento, enquanto a multibacilar dura cerca de 12 meses.

    As doses são administradas mensalmente sob supervisão de um profissional de saúde, e as demais tomadas são realizadas em casa. Com o início do tratamento, a pessoa deixa de transmitir a doença imediatamente, podendo levar vida normal — trabalhar, estudar e conviver socialmente sem nenhuma restrição.

    Durante o acompanhamento, o profissional de saúde também orienta sobre cuidados com a pele, prevenção de ferimentos e exercícios simples que ajudam a preservar a força muscular e a sensibilidade.

    Hanseníase tem cura?

    Sim, a hanseníase tem cura. Segundo Lilian, com o início do tratamento, a pessoa deixa de transmitir a doença imediatamente — e é possível evitar sequelas irreversíveis nos nervos e deformidades físicas.

    Após a cura, o paciente pode levar uma vida normal, mas é importante manter o acompanhamento para prevenir complicações, especialmente nas pessoas que já apresentaram algum grau de comprometimento neural.

    Complicações da hanseníase

    Quando não tratada precocemente, a hanseníase pode evoluir para complicações graves. As principais estão relacionadas ao dano neural e às reações imunológicas inflamatórias:

    • Complicações diretas: ocorrem devido à presença do bacilo em grandes quantidades, especialmente em pacientes multibacilares, resultando em lesões extensas na pele e em outros tecidos;
    • Complicações neurais: surgem da lesão dos nervos periféricos, levando à perda de sensibilidade, deformidades nas mãos e nos pés e limitação funcional;
    • Complicações reacionais: são respostas inflamatórias do sistema imunológico, que podem provocar dor, inchaço e vermelhidão, geralmente durante o tratamento.

    As alterações, quando não tratadas, podem comprometer atividades básicas da vida diária e impactar o bem-estar emocional e social.

    É possível prevenir a hanseníase?

    Sim, é possível prevenir a hanseníase por meio do diagnóstico precoce e do tratamento imediato das pessoas infectadas, o que ajuda a interromper a cadeia de transmissão.

    Além disso, a vacinação com a BCG em contatos próximos e a busca por atendimento médico ao notar manchas na pele com perda de sensibilidade são medidas fundamentais para evitar novos casos e controlar a disseminação da doença.

    Estigma e preconceito

    Por muitos anos, a hanseníase foi cercada por medo e exclusão. Pacientes eram submetidos ao isolamento compulsório, afastados da família, do trabalho e da vida em comunidade.

    Apesar de a ciência já ter provado que a hanseníase tem cura, não é transmitida por contato simples e o tratamento é gratuito e eficaz, o estigma e o preconceito ainda provocam sofrimento, vergonha e, consequentemente, atraso no diagnóstico, afastando as pessoas do convívio social, da escola e do emprego.

    É fundamental compreender que, durante o tratamento, a pessoa com hanseníase não transmite mais o bacilo e pode levar uma vida completamente normal — trabalhar, estudar, conviver socialmente e manter seus relacionamentos sem qualquer restrição.

    Em qualquer situação, o foco deve estar no acolhimento, na informação e no respeito, jamais em atitudes discriminatórias que violem direitos do outro.

    O Brasil é uma referência mundial no controle da hanseníase e possui legislação que proíbe linguagem discriminatória contra pessoas que possuem hanseníase. Casos de preconceito podem ser denunciados à ouvidoria do SUS ou pelo Disque Saúde 136.

    Confira: Qual a relação entre varizes e dor nas pernas?

    Perguntas frequentes sobre hanseníase

    1. Quanto tempo demora para a hanseníase aparecer depois da infecção?

    O período entre o contato com o bacilo e o aparecimento dos primeiros sintomas é longo. Na maioria dos casos, a hanseníase leva de dois a sete anos para se manifestar, mas há registros de períodos mais curtos (menos de dois anos) e mais longos (acima de dez).

    A variação depende da resposta do sistema imunológico de cada pessoa e da carga de bacilos a que foi exposta. Como o Mycobacterium leprae se multiplica muito lentamente, a doença pode permanecer silenciosa por vários anos antes de causar manchas ou alterações de sensibilidade.

    Assim, a vigilância constante e o exame de contatos próximos de pessoas doentes são medidas fundamentais para o diagnóstico precoce.

    2. Como saber se a mancha na pele é hanseníase ou outro problema?

    A principal diferença para ficar atento é a alteração de sensibilidade, pois nas áreas afetadas pela hanseníase, a pessoa não sente calor, dor ou toque. Além disso, as manchas geralmente têm bordas nítidas, podem ser esbranquiçadas, avermelhadas ou acastanhadas e não coçam.

    Já alergias, micoses e outras doenças de pele costumam causar coceira, descamação e incômodo, o que não ocorre nas lesões hansênicas.

    O ideal é procurar uma unidade de saúde para avaliação clínica. O exame é rápido, indolor e fundamental para confirmar ou descartar o diagnóstico.

    3. Uma pessoa com hanseníase precisa se afastar do trabalho ou da escola?

    Não, quem está em tratamento pode continuar suas atividades normalmente. Logo após a primeira dose dos medicamentos, a pessoa deixa de transmitir a doença e não há risco para colegas, professores, amigos ou familiares.

    O afastamento só é indicado quando há complicações físicas que impeçam o desempenho das atividades, e mesmo nesses casos o suporte médico e social busca manter a inclusão e o retorno rápido à rotina. A hanseníase (e nenhuma outra condição de saúde) não deve ser motivo de exclusão, pois é tratável e não se transmite por contato cotidiano.

    4. A hanseníase pode voltar depois da cura?

    Quando o tratamento é realizado corretamente, a hanseníase não volta. O que pode acontecer em alguns casos são reações hansênicas, que são respostas do sistema imunológico aos restos do bacilo morto. Elas não indicam retorno da doença, mas sim uma inflamação passageira.

    As reações podem ocorrer durante o tratamento ou até meses depois da alta e precisam ser acompanhadas por profissionais de saúde, pois podem causar dor, febre, vermelhidão e nódulos dolorosos. O controle é simples e não há necessidade de reiniciar o esquema de poliquimioterapia.

    5. Como cuidar da pele durante o tratamento da hanseníase?

    Durante o tratamento, a pele pode ficar mais seca e sensível, então é importante aplicar cremes ou óleos neutros logo após o banho, quando a pele ainda está úmida, para ajudar a reter a umidade.

    É recomendável evitar produtos com álcool, perfumes fortes ou corantes, que podem irritar a pele. Banhos muito quentes também devem ser evitados, pois ressecam ainda mais. Nas áreas com perda de sensibilidade, deve-se observar atentamente se há ferimentos, bolhas ou queimaduras, já que a pessoa pode se machucar sem perceber.

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