Autor: Dra. Isabella Segura

  • Vacinação infantil: proteção que começa cedo e dura a vida toda 

    Vacinação infantil: proteção que começa cedo e dura a vida toda 

    A vacinação infantil é uma das estratégias mais eficazes da medicina moderna para prevenir doenças graves, sequelas permanentes e mortes evitáveis. Nos primeiros anos de vida, o sistema imunológico ainda está se desenvolvendo, e as vacinas ajudam a criar defesas contra microrganismos capazes de causar infecções sérias, muitas delas antes responsáveis por surtos, epidemias e altas taxas de mortalidade infantil.

    No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente todas as vacinas recomendadas para crianças, seguindo o Calendário Nacional de Vacinação. Esse calendário é atualizado periodicamente pelo Ministério da Saúde e orienta quais doses devem ser aplicadas em cada idade, garantindo proteção adequada desde o nascimento até a adolescência.

    Por que vacinar é tão importante?

    Vacinas previnem doenças potencialmente fatais, como:

    • Poliomielite;
    • Sarampo;
    • Meningite;
    • Coqueluche.

    Além de proteger cada criança individualmente, a vacinação infantil contribui para a imunidade coletiva: quando a maior parte da população está vacinada, vírus e bactérias têm dificuldade para circular, o que também protege pessoas que não podem ser imunizadas.

    Manter a caderneta atualizada também é importante para:

    • Entrada em creches e escolas;
    • Acompanhamento pediátrico adequado;
    • Prevenção de surtos comunitários.

    O Programa Nacional de Imunizações (PNI) garante vacinas gratuitas para crianças, adolescentes, gestantes, adultos e idosos.

    Calendário de Vacinação Infantil (SUS)

    A seguir, o calendário básico atualizado de vacinação infantil conforme o Ministério da Saúde:

    Ao nascer

    • BCG: previne formas graves de tuberculose (meníngea e miliar);
    • Hepatite B (1ª dose): proteção inicial contra hepatite B. As demais doses fazem parte da pentavalente.

    2 meses

    • Pentavalente (1ª dose): difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenzae b;
    • VIP – Poliomielite inativada (1ª dose);
    • Pneumocócica 10-valente (1ª dose);
    • Rotavírus humano (1ª dose).

    3 meses

    • Meningocócica C (1ª dose).

    4 meses

    • Pentavalente (2ª dose);
    • VIP (2ª dose);
    • Pneumocócica 10-valente (2ª dose);
    • Rotavírus humano (2ª dose).

    5 meses

    • Meningocócica C (2ª dose).

    6 meses

    • Pentavalente (3ª dose);
    • VIP (3ª dose);
    • Influenza;
    • Covid-19 (1ª dose);
    • Tríplice viral — dose zero (implementada em regiões com aumento de sarampo).

    7 meses

    • Covid-19 (2ª dose).

    9 meses

    • Febre amarela;
    • Covid-19 (3ª dose);
    • Pfizer: 3 doses;
    • Moderna: esquema de 2 doses.

    12 meses

    • Pneumocócica 10-valente (reforço);
    • Meningocócica ACWY;
    • Tríplice viral (1ª dose).

    15 meses

    • DTP (1º reforço);
    • VIP — reforço;
    • Hepatite A (dose única);
    • Tetra viral: sarampo, caxumba, rubéola e varicela.

    4 anos

    • DTP (2º reforço);
    • Varicela (2ª dose);
    • Febre amarela (reforço, em áreas recomendadas).

    9 a 14 anos

    • HPV quadrivalente (dose única): protege contra o HPV, causador de verrugas genitais e vários cânceres (colo do útero, pênis, ânus e garganta).

    11 a 14 anos

    • Meningocócica ACWY — reforço: previne infecções graves causadas pelos tipos A, C, W e Y.

    Cuidados importantes

    • Levar sempre a caderneta de vacinação às consultas;
    • Manter acompanhamento com profissional de saúde;
    • Mesmo com atraso, vacinas devem ser colocadas em dia — nunca reiniciadas;
    • Reações leves são comuns: febre baixa, dor no local e irritabilidade;
    • Em caso de dúvidas, procure a UBS ou o pediatra.

    Confira: Meningite bacteriana: veja tipos, sintomas e como se prevenir

    Perguntas frequentes sobre vacinação infantil

    1. O que acontece se eu atrasar uma vacina?

    Ela deve ser aplicada o quanto antes. Não é necessário reiniciar o esquema.

    2. Bebês podem tomar várias vacinas no mesmo dia?

    Sim. Isso é seguro e recomendado.

    3. A vacina de febre amarela é para todas as crianças?

    Somente para quem vive em áreas onde o Ministério da Saúde recomenda.

    4. A vacinação infantil é obrigatória para entrada na escola?

    Sim. Instituições podem exigir caderneta atualizada.

    5. Por que algumas vacinas mudam ao longo dos anos?

    Porque o calendário é atualizado conforme novos estudos, surtos e necessidades epidemiológicas.

    6. Vacinas podem causar doenças?

    Não. Elas estimulam o sistema imunológico a criar proteção.

    7. Meu filho teve febre após a vacina. Isso é normal?

    Sim, é uma reação comum e tende a melhorar em 24–48 horas.

    Veja mais: Rotavírus: o que é, como se manifesta e por que a vacina é tão importante

  • Acupuntura: como funciona, para que serve e quais são os benefícios

    Acupuntura: como funciona, para que serve e quais são os benefícios

    Usada há milênios na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a acupuntura ultrapassou fronteiras e hoje é reconhecida pela medicina moderna como uma terapia complementar segura e eficaz. Suas aplicações vão muito além do alívio da dor, pois o objetivo é também restaurar o equilíbrio do corpo e da mente.

    Nas últimas décadas, a acupuntura passou a integrar o cuidado médico em hospitais e centros de saúde, sendo indicada tanto para dores crônicas quanto para sintomas emocionais, digestivos e hormonais.

    O que é a acupuntura

    A palavra acupuntura vem do latim e significa “puncionar com agulha”. O tratamento consiste na inserção de agulhas muito finas em pontos específicos do corpo, chamados de acupontos, localizados ao longo dos meridianos de energia descritos pela medicina chinesa.

    Essas agulhas estimulam terminações nervosas nos músculos e na pele, enviando sinais ao sistema nervoso central. Em resposta, o cérebro libera substâncias químicas naturais, como endorfinas e serotonina, que ajudam a aliviar a dor, relaxar a musculatura, reduzir inflamações e equilibrar as funções do organismo.

    Além das agulhas tradicionais, também podem ser usadas outras técnicas de estímulo, como pressão manual, calor (moxabustão), laser ou estímulos elétricos leves, dependendo da necessidade de cada paciente.

    Para que serve a acupuntura

    A acupuntura pode ser usada como tratamento principal ou complementar em diferentes situações, ajudando tanto na melhora física quanto emocional. É especialmente indicada para quem busca controle da dor e equilíbrio geral do organismo.

    Entre as condições que podem se beneficiar estão:

    • Dores crônicas (lombar, cervical, articular);
    • Enxaquecas e dores de cabeça;
    • Náuseas e vômitos (inclusive pós-cirurgia ou quimioterapia);
    • Sintomas da menopausa, como ondas de calor;
    • Ansiedade, estresse e distúrbios do sono;
    • Alergias respiratórias (como rinite e sinusite);
    • Problemas gastrointestinais, como azia, constipação e má digestão;
    • Apoio a quem deseja parar de fumar ou tratar dependências.

    Em muitos casos, a acupuntura não substitui o tratamento médico convencional, mas atua como aliada, pois reduz o uso de medicamentos e melhora a qualidade de vida.

    Efeitos e segurança

    De modo geral, a acupuntura é considerada segura e bem tolerada, desde que realizada por profissionais capacitados e em condições adequadas de higiene.

    Os efeitos colaterais são leves e temporários, como vermelhidão, leve dor ou sensação de calor no local da aplicação, e desaparecem rapidamente. Complicações mais sérias são raras e geralmente associadas a práticas incorretas ou ao uso de materiais não esterilizados.

    É importante procurar sempre um profissional habilitado, que utilize agulhas estéreis e descartáveis, e informe seu histórico de saúde antes do início das sessões.

    A acupuntura na medicina moderna

    Embora tenha origem milenar, a acupuntura ganhou espaço também na medicina ocidental. Hoje, faz parte de protocolos em hospitais, universidades e centros de reabilitação ao redor do mundo.

    Estudos mostram que o tratamento ajuda não só a aliviar a dor, mas também a melhorar o bem-estar emocional, o sono e a resposta do corpo ao estresse. Mesmo que nem todos os efeitos sejam totalmente explicados pela ciência, há consenso de que a acupuntura estimula o organismo a se autorregular, favorecendo o equilíbrio físico e mental.

    Na prática médica, isso significa uma abordagem mais ampla, que complementa o tratamento convencional, especialmente em quadros de dor crônica, ansiedade e sintomas funcionais.

    Um tratamento que vai além do físico

    Mais do que aliviar sintomas, a acupuntura propõe olhar o paciente de forma integral, com corpo, mente e emoções como partes interligadas de um mesmo sistema. Cada sessão é individualizada, levando em conta o momento e as necessidades específicas de cada pessoa.

    Essa visão global ajuda a tratar doenças e também a promover equilíbrio, reduzir o estresse e prevenir novos desequilíbrios.

    Confira: Como evitar dores ao usar computador e celular: um guia prático de ajustes na rotina

    Perguntas frequentes sobre acupuntura

    1. A acupuntura dói?

    De maneira geral, não. As agulhas são muito finas e causam, no máximo, uma leve sensação de picada ou formigamento.

    2. Quantas sessões são necessárias?

    Depende do caso. Algumas pessoas sentem melhora logo nas primeiras sessões, enquanto outras precisam de tratamento mais prolongado.

    3. A acupuntura substitui o tratamento médico?

    Não. Ela deve ser usada como complemento, sempre com acompanhamento médico, especialmente em doenças crônicas.

    4. É segura para todos?

    Sim, desde que feita por profissional habilitado. Gestantes, idosos e pessoas com doenças crônicas podem se beneficiar, mas devem informar seu médico antes.

    5. A acupuntura tem comprovação científica?

    Ainda existem algumas limitações científicas, mas há muitos pacientes que relatam melhora nos sintomas.

    6. Pode usar acupuntura junto com remédios?

    Sim. Na verdade, ela pode ajudar a reduzir a necessidade de medicamentos e potencializar os efeitos de outros tratamentos.

    7. Há efeitos colaterais?

    São raros e leves, como pequeno hematoma ou vermelhidão local.

    8. A acupuntura ajuda na ansiedade e no estresse?

    Sim. É uma das terapias complementares mais eficazes para promover relaxamento e equilíbrio emocional.

    Veja mais: 8 dicas para prevenir a dor nas costas no dia a dia

  • Crupe viral: entenda a infecção que causa tosse intensa nas crianças

    Crupe viral: entenda a infecção que causa tosse intensa nas crianças

    É comum que, durante a madrugada, pais sejam despertados pelo som de uma tosse seca, intensa e rouca — parecida com o latido de um cachorro. Esse é um dos sinais mais característicos do crupe viral, uma infecção respiratória que atinge principalmente crianças entre 1 e 6 anos.

    A doença, geralmente causada por vírus, inflama as vias aéreas superiores e pode causar rouquidão, dificuldade para respirar e um som agudo na inspiração (estridor). Embora assuste, o crupe costuma ter boa evolução e se resolve em poucos dias com tratamento adequado e observação médica.

    O que é o crupe viral

    O crupe viral é uma infecção respiratória comum na infância, provocada por inflamação na laringe e na traqueia, que são as partes do corpo responsáveis pela produção da voz e pela passagem do ar até os pulmões.

    Essa inflamação estreita as vias respiratórias, causando tosse seca e rouca, rouquidão e, em alguns casos, dificuldade para respirar.

    A condição é mais frequente em crianças pequenas, especialmente entre 1 e 6 anos, e tende a ser leve e autolimitada.

    Causas

    A principal causa do crupe é viral. Os agentes mais comuns são:

    • Vírus parainfluenza (principal responsável pela maioria dos casos);
    • Vírus da gripe (Influenza A e B);
    • Vírus sincicial respiratório (VSR);
    • SARS-CoV-2 (COVID-19), em casos mais recentes.

    Casos raros podem ter origem bacteriana, geralmente como infecção secundária após o quadro viral.

    Como a doença acontece

    O crupe geralmente começa como um resfriado comum, com:

    • Nariz escorrendo;
    • Dor de garganta leve;
    • Febre baixa.

    Após 12 a 48 horas, surgem os sintomas típicos:

    • Tosse latida e seca, parecida com som de cachorro;
    • Rouquidão;
    • Dificuldade para respirar, especialmente ao inspirar;
    • Estridor, um som agudo que piora quando a criança chora ou se agita.

    A maioria das crianças melhora em 3 a 7 dias, sem complicações. Em casos graves, podem surgir sinais de insuficiência respiratória, como:

    • Respiração acelerada;
    • Retrações no peito (a pele afunda ao respirar);
    • Cansaço extremo;
    • Lábios azulados (falta de oxigênio).

    Esses sintomas exigem atendimento médico imediato.

    Formas da doença

    O crupe pode variar conforme a extensão da inflamação:

    • Laringite: afeta apenas a laringe, causando rouquidão e tosse seca;
    • Laringotraqueíte: atinge também a traqueia e provoca os sintomas típicos do crupe;
    • Laringotraqueobronquite: inflama também os brônquios, com chiado no peito e respiração mais difícil.

    Há ainda o crupe espasmódico, que aparece de forma súbita, geralmente à noite, e dura pouco tempo. Ele pode estar relacionado a alergias ou refluxo gastroesofágico.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é clínico, feito pelo médico pediatra com base na observação dos sintomas e no exame físico. Em geral, não são necessários exames complementares, mas em casos de dúvida o médico pode solicitar:

    • Radiografia do pescoço ou tórax;
    • Testes laboratoriais, quando há suspeita de infecção bacteriana ou de outro problema, como aspiração de corpo estranho.

    Tratamento

    Na maioria dos casos, o crupe é leve e melhora com cuidados simples em casa. O tratamento tem como objetivo reduzir a inflamação e aliviar a dificuldade para respirar. Os cuidados principais são os abaixo.

    1. Manter a criança calma

    O choro e o nervosismo pioram a respiração. É essencial deixá-la em um ambiente tranquilo, confortável e seguro.

    2. Inalação

    A nebulização com soro fisiológico ou ar umidificado ajuda a aliviar o desconforto. Se a criança ficar agitada com o procedimento, é melhor interromper e esperar que se acalme.

    3. Corticosteroides

    Medicamentos que reduzem a inflamação e o inchaço da garganta, melhorando a respiração em poucas horas. Uma dose única geralmente é suficiente. Pode ser administrada por via oral, injetável ou inalável, conforme a orientação médica.

    4. Epinefrina (adrenalina) inalável

    Indicada para casos mais graves, atua rapidamente, mas o efeito é temporário. Por isso, a criança deve ser monitorada no hospital após o uso.

    5. Oxigênio

    Utilizado quando há queda da saturação. Deve ser administrado de forma suave para não causar agitação.

    Nos casos mais graves, em que há risco de obstrução das vias respiratórias, pode ser necessária intubação hospitalar, feita por equipe especializada.

    Evolução e prevenção

    A maioria das crianças se recupera completamente em poucos dias, sem deixar sequelas. Quando o crupe é recorrente, ou seja, aparece várias vezes ao ano, é importante investigar possíveis causas associadas, como refluxo, alergias ou alterações anatômicas das vias respiratórias.

    Prevenção

    Não existe vacina específica contra o crupe, mas algumas vacinas ajudam a prevenir infecções que podem causá-lo:

    • Vacina contra influenza (gripe);
    • Vacina contra o sarampo;
    • Vacina contra a covid-19.

    Também é importante:

    • Lavar bem as mãos com frequência;
    • Evitar contato com pessoas gripadas;
    • Proteger a criança do frio intenso.

    Quando procurar um médico

    Busque atendimento imediato se a criança:

    • Tiver dificuldade para respirar, mesmo em repouso;
    • Apresentar lábios ou dedos azulados;
    • Estiver muito sonolenta, agitada ou confusa;
    • Não conseguir engolir líquidos ou ficar cansada para mamar ou falar.

    Confira: Bronquiolite em bebês: sintomas e quando procurar o médico

    Perguntas frequentes sobre crupe viral

    1. O que é crupe viral?

    É uma infecção respiratória que inflama a laringe e a traqueia, causando tosse seca e rouca, mais comum em crianças pequenas.

    2. O crupe é contagioso?

    Sim. Ele é causado por vírus respiratórios e se espalha por gotículas eliminadas ao tossir ou espirrar.

    3. Quanto tempo dura o crupe viral?

    Geralmente de 3 a 7 dias, com melhora progressiva dos sintomas.

    4. Quando o crupe é grave?

    Quando há dificuldade intensa para respirar, cansaço, coloração azulada nos lábios ou confusão mental, situações que exigem hospitalização.

    5. A inalação ajuda a curar o crupe?

    A nebulização com soro fisiológico ajuda a aliviar o desconforto, mas não altera o curso da doença.

    6. Corticoides são seguros em crianças?

    Sim, quando usados corretamente e sob prescrição médica, são eficazes e seguros.

    7. Existe vacina contra o crupe?

    Não há vacina específica, mas as vacinas contra gripe, sarampo e covid-19 ajudam a prevenir infecções que podem causar o crupe.

    Veja mais: Pneumonia silenciosa em crianças: conheça as características da doença

  • Coqueluche: a ‘tosse comprida’ que pode ser perigosa para bebês 

    Coqueluche: a ‘tosse comprida’ que pode ser perigosa para bebês 

    Uma tosse seca, intensa e que parece não ter fim pode ser mais do que um simples resfriado. A coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis. Ela provoca crises de tosse que podem durar semanas e, em casos graves, trazer risco à vida, especialmente em bebês que ainda não completaram o esquema de vacinação.

    Extremamente contagiosa, a doença ainda preocupa os especialistas. Estima-se que até 90% das pessoas não vacinadas que convivem com alguém infectado podem contrair a coqueluche. Por isso, a vacinação e o diagnóstico precoce são fundamentais para conter a transmissão e proteger os mais vulneráveis.

    O que é coqueluche

    A coqueluche é uma infecção respiratória bacteriana aguda que atinge as vias respiratórias e provoca tosse seca, intensa e prolongada. O agente causador é a bactéria Bordetella pertussis, que se espalha facilmente de pessoa para pessoa.

    A doença pode afetar qualquer idade, mas é especialmente perigosa em bebês com menos de 1 ano, que ainda não completaram o esquema vacinal.

    Como acontece a infecção

    A transmissão ocorre por gotículas eliminadas pela tosse ou espirro da pessoa infectada. Ao serem inaladas, essas partículas levam a bactéria até o revestimento interno das vias respiratórias (epitélio ciliado), onde ela se fixa e libera toxinas.

    Essas substâncias danificam os cílios das células respiratórias, responsáveis por limpar secreções e impurezas. O resultado é uma tosse intensa e persistente, característica da doença.

    Quem corre mais risco

    Embora qualquer pessoa possa contrair coqueluche, os bebês menores de 1 ano são os mais vulneráveis. Neles, a doença pode evoluir com complicações graves, como:

    • Pneumonia;
    • Pausas na respiração (apneia);
    • Coloração arroxeada dos lábios (cianose);
    • Dificuldade para respirar, o que pode levar à morte.

    Por isso, a vacinação das gestantes é muito importante. Ela protege o bebê nos primeiros meses de vida, antes que possa ser vacinado.

    Sintomas

    Os sintomas variam conforme a idade e a resposta ao tratamento, mas geralmente a doença evolui em três fases distintas.

    Primeira fase: catarral

    Se assemelha a um resfriado comum, com:

    • Coriza;
    • Febre baixa;
    • Espirros;
    • Tosse leve.

    Segunda fase: paroxística

    Começa após cerca de uma semana e dura de duas a seis semanas. A tosse se torna mais intensa, em crises repetidas e rápidas, seguidas de um som característico na inspiração, o “guincho”. Podem acontecer:

    • Vômitos após a tosse;
    • Cansaço extremo;
    • Dificuldade para respirar;
    • Em bebês, apneia e coloração arroxeada dos lábios.

    Terceira fase: convalescença

    Os sintomas diminuem gradualmente, e a tosse melhora aos poucos. Essa fase pode durar semanas ou até meses.

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito com base na história clínica e nos sintomas. Nos primeiros dias, a coqueluche pode se confundir com resfriados, dificultando a detecção.

    Para confirmar, o médico pode solicitar:

    • Cultura ou PCR para identificar a Bordetella pertussis;
    • Exames de sangue e radiografias, quando há suspeita de outras doenças respiratórias.

    O reconhecimento precoce é importante para iniciar o tratamento rapidamente e evitar a transmissão.

    Tratamento

    O tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, pois reduz a gravidade e o risco de contágio.

    Principais medidas de tratamento

    • Antibióticos, para eliminar a bactéria;
    • Repouso e boa hidratação;
    • Medicamentos para aliviar os sintomas;
    • Bebês menores de 6 meses ou prematuros têm maior risco de complicações (como apneia) e devem ser internados para acompanhamento hospitalar.

    Os demais pacientes são avaliados caso a caso, podendo receber tratamento ambulatorial.

    Isolamento

    Como a coqueluche é altamente contagiosa, o paciente deve ser mantido em isolamento, preferencialmente em quarto individual, durante os primeiros dias de antibiótico.

    Prevenção

    A vacinação é a principal forma de prevenção da coqueluche.

    No Brasil, ela está incluída na vacina pentavalente (DTP + Hib + Hepatite B), aplicada em:

    • Três doses, a partir dos 2 meses de idade;
    • Reforços aos 15 meses e entre 4 e 6 anos.

    Gestantes devem receber a vacina dTpa a partir da 20ª semana de gestação, garantindo a proteção do bebê após o nascimento.

    Mesmo quem já teve coqueluche pode se infectar novamente, pois a imunidade não é permanente. É essencial manter o calendário de vacinas atualizado e procurar o médico em casos de tosse persistente, principalmente em crianças pequenas.

    Com diagnóstico precoce, tratamento adequado e vacinação, é possível controlar a disseminação da doença e proteger os mais vulneráveis.

    Veja mais: 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

    Perguntas frequentes sobre coqueluche

    1. O que é coqueluche?

    É uma infecção respiratória bacteriana causada pela Bordetella pertussis, conhecida pela tosse seca e intensa que pode durar semanas.

    2. Como a coqueluche é transmitida?

    Por gotículas eliminadas pela tosse ou espirro de pessoas infectadas.

    3. Quem corre mais risco?

    Bebês menores de 1 ano, principalmente os que ainda não completaram o esquema vacinal.

    4. A coqueluche tem cura?

    Sim. Com tratamento adequado e uso de antibióticos, a infecção é controlada e o paciente se recupera.

    5. A vacina protege totalmente?

    A vacina é muito eficaz, mas a imunidade diminui com o tempo, exigindo reforços conforme o calendário vacinal.

    6. Por que gestantes devem tomar a vacina?

    Porque os anticorpos da mãe são transferidos ao bebê, protegendo-o nos primeiros meses de vida.

    7. É possível pegar coqueluche mais de uma vez?

    Sim, pois a imunidade natural após a infecção não é permanente.

    Veja mais: Por que o bebê fica amarelinho? Entenda tudo sobre a icterícia neonatal

  • Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA): o que é e como afeta a vida 

    Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA): o que é e como afeta a vida 

    A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma das doenças neurológicas mais desafiadoras da medicina moderna. Embora rara, ela impacta profundamente a vida das pessoas diagnosticadas e provoca limitações motoras progressivas que exigem acompanhamento contínuo.

    No Brasil, estima-se que milhares de pessoas convivam com o diagnóstico. O físico Stephen Hawking, por exemplo, foi um dos casos mais conhecidos no mundo. Apesar de ainda não haver cura, avanços na medicina e o apoio de equipes multidisciplinares têm permitido mais tempo e qualidade de vida aos pacientes.

    O que é a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

    A Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta os neurônios motores, responsáveis por enviar comandos do cérebro e da medula espinhal para os músculos.

    Com o tempo, esses neurônios se deterioram e morrem, fazendo com que os músculos percam a capacidade de se mover. Isso causa fraqueza muscular, dificuldade para andar, falar, engolir e respirar.

    Apesar do comprometimento motor, a doença não afeta a memória nem a sensibilidade da pele, ou seja, a pessoa sente tudo normalmente, mas não consegue mover o corpo como antes.

    Como a ELA se manifesta

    Os sintomas iniciais variam de pessoa para pessoa, mas geralmente começam de forma discreta e vão piorando com o tempo.

    Sinais mais comuns:

    • Fraqueza em braços ou pernas (dificuldade para segurar objetos, caminhar ou subir escadas);
    • Dificuldade para falar claramente (disartria);
    • Engasgos e dificuldade para engolir (disfagia);
    • Mudanças emocionais, como choro ou riso fora de hora (afeto pseudobulbar).

    Com a progressão, a fraqueza se espalha pelo corpo, comprometendo fala, deglutição e respiração.

    Quem pode ter ELA

    A ELA pode afetar qualquer adulto, mas é mais comum após os 50 anos e atinge homens e mulheres.

    A maioria dos casos é esporádica, ou seja, sem histórico familiar. Há, porém, formas hereditárias, ligadas a alterações genéticas.

    Entre os fatores de risco estão:

    • Idade mais avançada;
    • Histórico familiar de ELA;
    • (De forma controversa) tabagismo e exposição a metais pesados.

    Como é feito o diagnóstico

    Não existe um exame único que confirme a doença. O diagnóstico é clínico, feito por um neurologista com base em sinais, sintomas e exames complementares.

    Avaliações mais comuns:

    • História clínica detalhada e exame neurológico;
    • Eletroneuromiografia (ENMG): avalia a atividade elétrica dos músculos;
    • Ressonância magnética do cérebro e da medula: descarta outras doenças semelhantes;
    • Exames de sangue: para investigar causas metabólicas ou autoimunes.

    O diagnóstico pode demorar porque a ELA pode se parecer com outras doenças neurológicas. Quanto antes for feita a confirmação, mais cedo o tratamento pode começar.

    Tratamento e cuidados

    Ainda não há cura para a ELA, mas existem terapias que retardam a progressão e melhoram a qualidade de vida. O tratamento deve ser conduzido por uma equipe multidisciplinar.

    Principais abordagens:

    • Medicamentos: dois remédios aprovados conseguem retardar a evolução da doença por alguns meses; novas terapias estão em estudo;
    • Suporte ventilatório: ajuda na respiração quando os músculos enfraquecem;
    • Nutrição adequada: pode incluir sonda para manter o peso e prevenir desnutrição;
    • Fisioterapia motora e respiratória: mantém a mobilidade e reduz complicações;
    • Fonoaudiologia: melhora fala e deglutição;
    • Terapia ocupacional: adapta o ambiente para atividades do dia a dia;
    • Apoio psicológico: essencial para o paciente e familiares.

    Prognóstico e qualidade de vida

    A ELA não afeta apenas os músculos: também pode causar alterações cognitivas e emocionais, como depressão e apatia.

    O impacto social e emocional é grande, tanto para quem convive com a doença quanto para cuidadores e familiares.

    Por isso, os cuidados paliativos são parte importante do acompanhamento. Eles buscam aliviar sintomas, garantir conforto e apoiar decisões sobre o tratamento nas fases mais avançadas.

    Veja também: Esclerose múltipla: entenda a doença em que o corpo ataca o sistema nervoso

    Perguntas frequentes sobre Esclerose Lateral Amiotrófica

    1. O que causa a Esclerose Lateral Amiotrófica?

    Na maioria dos casos, a causa é desconhecida. Alguns estão ligados a mutações genéticas hereditárias.

    2. A ELA tem cura?

    Ainda não. No entanto, existem medicamentos e terapias que retardam a progressão e melhoram a qualidade de vida.

    3. A doença afeta a memória ou o raciocínio?

    Em geral, não. A ELA compromete os músculos, mas o paciente continua lúcido e consciente.

    4. Como é feito o diagnóstico da ELA?

    O diagnóstico é clínico e envolve exames neurológicos, eletroneuromiografia e ressonância magnética.

    5. A ELA é hereditária?

    Cerca de 5% a 10% dos casos têm origem genética. O restante é considerado esporádico.

    6. O que esperar da evolução da doença?

    A progressão é gradual e varia de pessoa para pessoa. O foco do tratamento é manter a autonomia e o conforto pelo máximo de tempo possível.

    7. O que pode ajudar quem tem ELA a viver melhor?

    Acompanhamento multiprofissional, fisioterapia, nutrição, suporte respiratório e apoio psicológico fazem diferença significativa.

    Leia também: Demência: como reconhecer os sinais e entender os tipos mais comuns

  • Quando o fígado dá sinais: entenda a cirrose e seus riscos

    Quando o fígado dá sinais: entenda a cirrose e seus riscos

    A cirrose hepática é uma das doenças mais graves do fígado e representa o estágio final de diversas condições crônicas que afetam o órgão. Ela ocorre quando o tecido saudável é substituído por cicatrizes (fibrose), comprometendo a estrutura e reduzindo progressivamente a capacidade funcional do fígado.

    Como o fígado é essencial para o metabolismo, digestão e eliminação de toxinas, sua falha tem impacto em todo o organismo. Embora grave, a cirrose pode ter a evolução controlada e a qualidade de vida mantida com diagnóstico precoce e tratamento adequado.

    O que é a cirrose hepática

    A cirrose é caracterizada pela fibrose e formação de nódulos de regeneração no fígado, que desorganizam sua estrutura normal. Isso reduz gradualmente a capacidade do órgão de metabolizar substâncias, produzir proteínas e eliminar toxinas.

    Como a cirrose se desenvolve

    Inflamações repetidas ou lesões contínuas fazem o fígado tentar se regenerar. Esse processo constante leva à formação de cicatrizes e nódulos que alteram o fluxo de sangue dentro do órgão, provocando hipertensão portal — uma das complicações mais sérias, que causa sangramentos e acúmulo de líquido no abdômen.

    Fases da doença

    • Cirrose compensada: fase inicial, em que o fígado ainda realiza parte de suas funções. Pode não causar sintomas.
    • Cirrose descompensada: o órgão perde a capacidade de adaptação, e surgem complicações como ascite (líquido no abdômen), encefalopatia hepática (confusão mental), icterícia e hemorragias.

    A transição entre essas fases indica que a doença está comprometendo mais intensamente a saúde e o bem-estar do paciente.

    Causas mais comuns

    • Álcool: consumo excessivo é uma das principais causas. Mulheres são mais suscetíveis a menores quantidades.
    • Hepatites B e C: infecções crônicas que inflamam o fígado por anos.
    • Doença hepática gordurosa metabólica: relacionada à obesidade, diabetes e colesterol alto, pode evoluir para cirrose mesmo sem álcool.
    • Hepatite autoimune: o sistema imunológico ataca as células do fígado.
    • Doenças hereditárias: como hemocromatose (ferro), doença de Wilson (cobre) e deficiência de alfa-1-antitripsina.
    • Uso prolongado de medicamentos ou exposição a substâncias tóxicas.
    • Cirrose criptogênica: quando a causa é desconhecida.
    • Colangite biliar primária e colangite esclerosante primária: doenças dos ductos biliares que podem evoluir para cirrose.

    Sintomas e manifestações

    Nos estágios iniciais, a cirrose pode não causar sintomas. Com o avanço, podem surgir:

    • Cansaço e fraqueza;
    • Inchaço nas pernas e abdômen;
    • Pele e olhos amarelados (icterícia);
    • Perda de apetite e emagrecimento;
    • Alterações hormonais;
    • Tendência a hematomas e sangramentos;
    • Eritema palmar (palmas avermelhadas);
    • Confusão mental ou sonolência (encefalopatia hepática);
    • Aranhas vasculares (vasos dilatados visíveis na pele).

    Complicações

    Na fase descompensada, a cirrose pode causar:

    • Hipertensão portal;
    • Ascite: líquido no abdômen, com desconforto e distensão;
    • Sangramento digestivo (varizes no esôfago/estômago);
    • Encefalopatia hepática: confusão causada por toxinas no sangue;
    • Infecções bacterianas como peritonite (infecção do líquido ascítico);
    • Síndrome hepatorrenal: falência renal secundária;
    • Câncer de fígado (carcinoma hepatocelular).

    Diagnóstico

    O diagnóstico é feito por exame clínico e testes laboratoriais e de imagem:

    • Exames de sangue: avaliam enzimas hepáticas, coagulação e plaquetas;
    • Ultrassonografia, tomografia, ressonância e elastografia: identificam fibrose e alterações estruturais;
    • Biópsia hepática: confirma o diagnóstico e identifica a causa.

    Após a confirmação, exames complementares ajudam a determinar a origem da doença e definir o tratamento adequado.

    Tratamento

    O tratamento busca controlar a progressão da doença e prevenir complicações, conforme a causa:

    • Alimentação equilibrada e suplementação de vitaminas;
    • Suspensão total do álcool e de substâncias tóxicas;
    • Controle de diabetes, colesterol e obesidade;
    • Diuréticos para ascite e antibióticos para infecções;
    • Antivirais e vacinação para hepatites B e C.

    Transplante de fígado

    Nos casos mais avançados, o transplante hepático é o único tratamento capaz de restaurar a função do órgão e oferecer chance real de cura.

    Prognóstico e cuidados

    O prognóstico depende da causa e do grau de comprometimento do fígado. Quando diagnosticada precocemente, a cirrose pode ser estabilizada e a qualidade de vida preservada. Para prevenir o avanço:

    • Evite o consumo de álcool;
    • Mantenha alimentação equilibrada;
    • Vacine-se contra as hepatites;
    • Faça acompanhamento médico regular.

    Leia também: 10 coisas para fazer hoje e ganhar mais anos de vida

    Perguntas frequentes sobre cirrose hepática

    1. A cirrose tem cura?

    Não há cura definitiva, mas é possível controlar a progressão. Em casos graves, o transplante pode oferecer cura funcional.

    2. O consumo moderado de álcool pode causar cirrose?

    Sim. O risco aumenta conforme o tempo e a frequência do consumo, mesmo em quantidades pequenas — especialmente em mulheres.

    3. A cirrose sempre causa sintomas?

    Não. Nas fases iniciais, pode ser silenciosa e descoberta apenas em exames de rotina.

    4. Quem tem gordura no fígado pode desenvolver cirrose?

    Sim. A esteatose hepática pode evoluir para inflamação, fibrose e, eventualmente, cirrose se não for tratada.

    5. O que é hipertensão portal?

    É o aumento da pressão nos vasos sanguíneos do fígado, comum na cirrose, e pode causar ascite e sangramentos.

    6. Existe dieta específica para quem tem cirrose?

    Sim. Deve-se priorizar proteínas magras, frutas, legumes e evitar álcool. A dieta deve ser orientada por médico e nutricionista.

    7. Quando o transplante de fígado é indicado?

    Quando o órgão não consegue mais exercer suas funções e há risco de falência hepática.

    Confira: Gordura no fígado: conheça os sintomas e como tratar essa doença

  • Por que o bebê fica amarelinho? Entenda tudo sobre a icterícia neonatal 

    Por que o bebê fica amarelinho? Entenda tudo sobre a icterícia neonatal 

    Nos primeiros dias de vida, é comum que o bebê apresente uma coloração amarelada na pele e nos olhos. Na maioria das vezes, trata-se de um quadro passageiro e inofensivo de icterícia neonatal, causado pela imaturidade natural do fígado. Com o tempo e o acompanhamento adequado, a coloração costuma voltar ao normal sem deixar sequelas.

    Em alguns casos, porém, esse amarelado pode indicar problemas de saúde que exigem atenção médica — como doenças metabólicas, incompatibilidade sanguínea ou dificuldade na eliminação da bilirrubina. Por isso, é importante que os pais saibam identificar os sinais e mantenham o acompanhamento pediátrico após o nascimento.

    O que é a icterícia

    A icterícia acontece quando há acúmulo de bilirrubina no sangue. A bilirrubina é uma substância produzida naturalmente durante a renovação dos glóbulos vermelhos. O fígado transforma e elimina essa substância pelas fezes e pela urina.

    Nos primeiros dias de vida, o fígado do bebê ainda está amadurecendo, o que pode causar um leve aumento da bilirrubina e resultar na coloração amarelada da pele e dos olhos.

    Quando a icterícia pode ser preocupante

    Na maioria dos casos, a icterícia é fisiológica, ou seja, normal e temporária. No entanto, há situações em que ela pode indicar um problema de saúde, como:

    • Alterações metabólicas, como o hipotireoidismo;
    • Aumento da destruição dos glóbulos vermelhos, comum em casos de incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê ou deficiência de G6PD;
    • Dificuldade na eliminação da bilirrubina, causada por obstrução das vias biliares ou doenças hepáticas.

    Em qualquer uma dessas situações, a avaliação médica é indispensável para identificar a causa e iniciar o tratamento adequado.

    Risco para o cérebro

    Em casos raros, a bilirrubina pode atravessar a barreira natural do cérebro e causar neurotoxicidade. Nos estágios iniciais, o bebê pode apresentar:

    • Sonolência excessiva;
    • Moleza ou, ao contrário, rigidez muscular;
    • Irritação e choro agudo.

    Sem tratamento, o quadro pode evoluir para kernicterus — uma forma grave e crônica de icterícia que pode causar dificuldades motoras, perda auditiva e atraso no desenvolvimento. Embora seja raro, o kernicterus é uma complicação grave e irreversível, por isso a observação cuidadosa é fundamental.

    Fatores de risco para icterícia grave

    Alguns bebês exigem vigilância maior, como:

    • Prematuros;
    • Bebês com doença hemolítica do recém-nascido, que ocorre quando os anticorpos da mãe atacam os glóbulos vermelhos do bebê;
    • Histórico familiar de icterícia grave em irmãos;
    • Baixa ingestão de leite materno, que dificulta a eliminação da bilirrubina.

    Como é feito o diagnóstico

    O diagnóstico começa com o exame visual, observando a pele, os olhos e as mucosas. Em bebês de pele mais escura, o amarelado costuma ser mais evidente na parte branca dos olhos e embaixo da língua.

    Mas apenas observar não é suficiente. Sempre que houver suspeita, o médico deve solicitar a dosagem da bilirrubina, que pode ser feita por:

    • Exame de sangue;
    • Teste transcutâneo, realizado com um aparelho que mede os níveis de bilirrubina pela pele.

    Em alguns casos, podem ser necessários exames complementares de sangue ou imagem para investigar a causa do aumento da bilirrubina.

    Prevenção e triagem

    • Todos os recém-nascidos devem ser avaliados entre 24 e 48 horas após o parto;
    • Durante a gestação, exames de sangue da mãe ajudam a identificar riscos, como incompatibilidade do fator Rh;
    • O início precoce da amamentação — ainda na sala de parto — auxilia o bebê a eliminar a bilirrubina pelas fezes;
    • O acompanhamento pediátrico deve continuar após a alta hospitalar, pois a icterícia pode piorar quando o bebê já está em casa.

    Leia mais: Teste da orelhinha: para que serve e como é feito

    Tratamento da icterícia em recém-nascidos

    Fototerapia

    É o tratamento mais comum e eficaz. O bebê fica exposto a uma luz especial (diferente da solar), que transforma a bilirrubina em uma forma mais fácil de eliminar. O tempo de tratamento varia conforme os níveis de bilirrubina e a resposta do bebê.

    Casos graves

    Em situações raras, pode ser necessária a exsanguineotransfusão — procedimento em que parte do sangue do bebê é trocada para remover rapidamente o excesso de bilirrubina.

    Perguntas frequentes sobre icterícia em recém-nascidos

    1. É normal o bebê ficar amarelinho depois que nasce?

    Sim. A maioria dos bebês tem icterícia leve nos primeiros dias de vida, que desaparece sozinha conforme o fígado amadurece.

    2. Quando a icterícia precisa de tratamento?

    Quando os níveis de bilirrubina estão altos ou o bebê apresenta sinais como sonolência excessiva, dificuldade para mamar ou fraqueza.

    3. A icterícia pode causar sequelas?

    Somente nos casos graves e sem tratamento. Quando acompanhada adequadamente, a icterícia não deixa sequelas.

    4. Posso colocar o bebê no sol para tratar a icterícia?

    Não. A fototerapia médica é feita com luz específica e segura. A exposição solar não substitui o tratamento.

    5. A amamentação influencia a icterícia?

    Sim. Amamentar com frequência ajuda o bebê a eliminar a bilirrubina mais rapidamente.

    6. Quando devo procurar o médico com urgência?

    Se o bebê estiver muito sonolento, com choro agudo, dificuldade para mamar ou se a cor amarelada piorar após a alta hospitalar, procure atendimento médico imediatamente.

    Leia também: 5 testes obrigatórios que devem ser feitos no recém-nascido

  • Osteoporose: conheça a doença silenciosa que enfraquece os ossos 

    Osteoporose: conheça a doença silenciosa que enfraquece os ossos 

    A osteoporose é uma das doenças mais comuns entre adultos acima dos 50 anos e uma das principais causas de fraturas em idosos. Embora seja silenciosa, pode trazer consequências sérias — especialmente fraturas em ossos frágeis. O diagnóstico precoce e os hábitos saudáveis são as principais formas de proteger a saúde óssea.

    De acordo com o Ministério da Saúde, a osteoporose é uma das principais causas de morbidade e mortalidade entre idosos no Brasil. Estima-se que uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens acima dos 50 anos terão uma fratura relacionada à perda óssea ao longo da vida.

    O que é a osteoporose

    A osteoporose é uma doença sistêmica do esqueleto, caracterizada pela diminuição da massa óssea e pela alteração da estrutura interna dos ossos. Com o tempo, eles se tornam mais frágeis e suscetíveis a fraturas — mesmo em quedas leves ou pequenos impactos.

    As fraturas mais comuns ocorrem na coluna, quadril, punho e úmero (osso do braço).

    Como o osso perde resistência

    A força do osso depende de dois fatores principais:

    • Quantidade de osso: medida pela densitometria óssea, que avalia a densidade mineral óssea (DMO);
    • Qualidade do osso: relacionada à arquitetura interna, capacidade de renovação, equilíbrio entre minerais e colágeno e presença de microlesões.

    A densidade mineral óssea representa cerca de 50% a 70% da força total do osso, mas a qualidade também é determinante para a resistência e a prevenção de fraturas.

    Quando a perda óssea começa

    O esqueleto atinge o pico de massa óssea entre a adolescência e o início da vida adulta. Depois disso, ocorre uma perda natural de densidade. Entre os fatores que aceleram essa perda estão:

    • Genética;
    • Alimentação pobre em cálcio e vitamina D;
    • Sedentarismo;
    • Tabagismo e consumo de álcool;
    • Deficiências hormonais, especialmente após a menopausa.

    Nas mulheres, a perda óssea acelera após a menopausa devido à queda do estrogênio. Já nos idosos, a deficiência de vitamina D e a redução da atividade das células formadoras de osso (osteoblastos) agravam o processo.

    Fatores de risco para osteoporose e fraturas

    • Histórico pessoal de fratura na vida adulta;
    • Fratura em familiar de primeiro grau;
    • Baixo peso (menos de 57 kg) ou IMC abaixo de 19;
    • Uso prolongado de corticoides (mais de três meses);
    • Tabagismo;
    • Idade avançada;
    • Menopausa precoce (antes dos 45 anos);
    • Baixa ingestão de cálcio;
    • Sedentarismo;
    • Consumo excessivo de álcool;
    • Quedas recentes;
    • Doenças que afetam memória, equilíbrio ou visão.

    Tipos de osteoporose

    Osteoporose primária

    • Juvenil: rara, afeta crianças e adolescentes em fase de crescimento;
    • Idiopática: ocorre em adultos jovens sem causa identificável;
    • Senil: associada ao envelhecimento e à menopausa.

    Osteoporose secundária

    Surge em consequência de outras doenças (endócrinas, inflamatórias, reumatológicas) ou do uso prolongado de medicamentos como os corticoides.

    Sintomas e manifestações clínicas

    A osteoporose é chamada de “doença silenciosa” porque raramente causa sintomas antes da primeira fratura. Quando surgem, podem incluir:

    • Dores nas costas;
    • Diminuição da altura;
    • Deformidades na coluna;
    • Dificuldade de locomoção ou perda de equilíbrio.

    Diagnóstico da osteoporose

    O diagnóstico é baseado no histórico clínico, presença de fraturas e resultado da densitometria óssea (DXA), exame padrão que mede a densidade mineral dos ossos.

    Quando fazer a densitometria óssea

    • Mulheres a partir dos 65 anos;
    • Homens a partir dos 70 anos;
    • Adultos com fatores de risco, independentemente da idade;
    • Pessoas que já tiveram fraturas por fragilidade;
    • Pacientes que usam medicamentos que afetam o metabolismo ósseo.

    Além disso, exames laboratoriais podem avaliar níveis de cálcio, vitamina D e hormônios, ajudando a descartar causas secundárias da doença.

    Como prevenir e tratar a osteoporose

    Hábitos de vida

    • Alimentação equilibrada: inclua cálcio (leite, queijos, vegetais verde-escuros) e vitamina D (peixes gordos, alimentos fortificados, exposição solar);
    • Exposição solar segura: sob orientação médica, para manter bons níveis de vitamina D;
    • Atividade física regular: especialmente exercícios com impacto leve e fortalecimento muscular, que aumentam a densidade óssea e reduzem quedas;
    • Evite tabaco e álcool: ambos prejudicam a absorção de cálcio e aceleram a perda óssea;
    • Prevenção de quedas: adapte o ambiente doméstico, use calçados firmes e mantenha a boa iluminação.

    Tratamento médico

    O tratamento varia conforme a gravidade e a presença de fraturas. O médico pode indicar:

    • Suplementação de cálcio e vitamina D;
    • Medicamentos que reduzem a perda óssea ou estimulam a formação de osso novo;
    • Fisioterapia e exercícios supervisionados para fortalecer músculos e melhorar o equilíbrio.

    O objetivo é reduzir o risco de novas fraturas, já que o osso perdido não pode ser totalmente recuperado.

    Leia também: Artrite ou artrose? Conheça as diferenças entre as doenças

    Perguntas frequentes sobre osteoporose

    1. A osteoporose tem cura?

    Não. Mas é possível controlar a doença e reduzir o risco de fraturas com tratamento médico e hábitos saudáveis.

    2. Quando devo começar a me preocupar com a saúde dos ossos?

    Desde cedo. A prevenção deve começar na infância e juventude, com alimentação rica em cálcio e prática de atividades físicas.

    3. Só mulheres têm osteoporose?

    Não. Apesar de mais comum em mulheres, especialmente após a menopausa, os homens também podem desenvolver a doença.

    4. O que a densitometria óssea avalia?

    Ela mede a densidade mineral dos ossos e indica se há perda óssea significativa, auxiliando no diagnóstico precoce da osteoporose.

    5. Tomar sol ajuda na prevenção?

    Sim. A luz solar estimula a produção de vitamina D, essencial para a absorção de cálcio pelos ossos.

    6. Quais alimentos fortalecem os ossos?

    Leite, queijos, iogurte, brócolis, couve, sardinha e castanhas são ricos em cálcio e ajudam a manter a massa óssea.

    7. Exercícios ajudam quem já tem osteoporose?

    Sim. A prática regular fortalece músculos e melhora o equilíbrio, diminuindo o risco de quedas e fraturas.

    Confira: Médico de família e clínico geral: conheça as diferenças

  • Amenorreia: quando a menstruação não vem 

    Amenorreia: quando a menstruação não vem 

    Quando a menstruação atrasa ou deixa de vir por meses, o corpo está enviando um sinal de que algo não está funcionando como deveria. A amenorreia, nome dado à ausência de menstruação, pode ser um fenômeno natural — como na gravidez, amamentação ou menopausa —, mas também pode indicar alterações hormonais ou anatômicas que precisam ser investigadas.

    Embora afete uma parcela pequena das mulheres em idade fértil, a amenorreia merece atenção. Ela não é uma doença em si, mas um sintoma de que há algo interferindo no eixo hormonal que liga o cérebro, os ovários e o útero. Entender as causas e buscar avaliação médica são medidas importantes para proteger a saúde reprodutiva.

    Como o ciclo menstrual funciona

    A menstruação depende de um delicado sistema de comunicação entre o cérebro, os ovários e o útero:

    • O hipotálamo e a hipófise, no cérebro, produzem hormônios que estimulam os ovários;
    • Os ovários liberam estrogênio e progesterona, que preparam o útero para uma possível gravidez;
    • Quando não há fecundação, o endométrio se descama e ocorre a menstruação.

    Se uma dessas etapas é interrompida — por questões hormonais, anatômicas, metabólicas ou emocionais —, a menstruação pode cessar, caracterizando a amenorreia.

    Tipos de amenorreia

    Amenorreia primária

    É considerada quando a menina nunca menstruou e deve ser investigada se a menstruação não ocorrer até os 15 anos, mesmo com outros sinais da puberdade, ou até os 13 anos, se não houver nenhum sinal de desenvolvimento.

    Amenorreia secundária

    Ocorre quando a mulher já menstruou, mas o ciclo parou por três meses ou mais. Também pode ser considerada quando há menos de nove menstruações por ano.

    Em ambos os casos, é essencial procurar um ginecologista para identificar a causa e definir o tratamento adequado.

    Principais causas

    A amenorreia pode ter múltiplas origens — hormonais, genéticas, anatômicas ou até emocionais. Entre as principais causas estão:

    1. Distúrbios do hipotálamo

    • Transtornos alimentares (como anorexia ou restrições severas);
    • Disfunção hipotalâmica funcional;
    • Deficiência de gonadotrofinas (ex.: síndrome de Kallmann);
    • Presença de tumores na região.

    2. Alterações da hipófise

    • Excesso de prolactina (hiperprolactinemia), causado por tumores, uso de medicamentos ou doenças autoimunes.

    3. Problemas nos ovários

    • Insuficiência ovariana prematura (falência dos ovários antes dos 40 anos);
    • Causas genéticas, autoimunes, cirúrgicas ou decorrentes de quimio/radioterapia.

    4. Alterações genéticas e anatômicas

    • Ausência de útero, estenose cervical, hímen imperfurado ou obstruções vaginais;
    • Síndrome de Turner e outras condições genéticas que afetam os ovários.

    5. Distúrbios endocrinológicos

    • Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
    • Doenças da tireoide (hipotireoidismo ou hipertireoidismo);
    • Doença de Cushing (excesso de cortisol).

    6. Outros fatores comuns

    • Estresse físico ou emocional intenso;
    • Prática excessiva de exercícios (comum em atletas e bailarinas);
    • Uso de medicamentos que interferem na produção hormonal.

    Diagnóstico de amenorreia

    O primeiro passo é descartar causas naturais, como gravidez. Depois, o ginecologista investiga outras possíveis origens por meio de exames e histórico clínico.

    1. Avaliação clínica

    • Histórico menstrual e idade de início da puberdade;
    • Desenvolvimento de mamas e pelos;
    • Peso, altura e hábitos alimentares;
    • Sinais de menopausa precoce (calorões, secura vaginal);
    • Frequência de exercícios físicos;
    • Uso de medicamentos e histórico de doenças.

    2. Exames complementares

    • Ultrassom pélvico: avalia útero e ovários;
    • Exames de sangue: dosagem de FSH, LH, prolactina, TSH e estradiol;
    • Cariótipo genético: em casos suspeitos de alterações cromossômicas.

    Com base nos resultados, o médico identifica em qual parte do sistema reprodutivo está a falha — se é no cérebro, nos ovários, no útero ou na hipófise — e define o tratamento.

    Tratamento

    O tratamento da amenorreia depende totalmente da causa identificada:

    • Alterações de estilo de vida: reequilíbrio alimentar, redução do estresse e ajuste na rotina de exercícios;
    • Distúrbios hormonais: uso de medicamentos que regulam a produção de hormônios (como para hiperprolactinemia ou disfunções da tireoide);
    • Síndrome dos ovários policísticos: controle hormonal e acompanhamento clínico;
    • Malformações anatômicas: tratamento cirúrgico quando necessário;
    • Deficiência de estrogênio: reposição hormonal para proteger ossos e coração.

    Em todos os casos, o acompanhamento ginecológico é essencial. Ignorar a ausência de menstruação pode trazer riscos à fertilidade, à densidade óssea e à saúde cardiovascular.

    Veja mais: Fluxo menstrual intenso: o que é, sintomas e como tratar

    Perguntas frequentes sobre amenorreia

    1. Amenorreia é uma doença?

    Não. É um sintoma que indica que algo está alterando o equilíbrio hormonal ou anatômico do sistema reprodutivo.

    2. Toda ausência de menstruação é preocupante?

    Nem sempre. Pode ser natural (como na gravidez, amamentação ou menopausa), mas deve ser avaliada se durar mais de três meses sem causa aparente.

    3. Amenorreia causa infertilidade?

    Pode estar associada à dificuldade para engravidar, dependendo da causa. Mas, com tratamento adequado, muitos casos são reversíveis.

    4. O estresse pode parar a menstruação?

    Sim. O estresse afeta o hipotálamo, parte do cérebro que regula os hormônios do ciclo menstrual.

    5. Amenorreia tem tratamento?

    Sim. O tratamento é direcionado à causa — desde mudanças de hábitos até medicamentos ou reposição hormonal.

    6. Quem faz muito exercício pode parar de menstruar?

    Sim. Exercícios intensos, especialmente combinados com baixo peso corporal, podem interromper o ciclo.

    7. Quando devo procurar o ginecologista?

    Se a menstruação não vem há três meses (em quem já menstruava) ou se nunca ocorreu até os 15 anos, é hora de investigar.

    Leia também: Adenomiose: o que é, sintomas, causas e tratamento

  • Esclerose múltipla: entenda a doença em que o corpo ataca o sistema nervoso

    Esclerose múltipla: entenda a doença em que o corpo ataca o sistema nervoso

    Por afetar diretamente o sistema nervoso central, responsável por funções como equilíbrio, movimento e visão, a esclerose múltipla pode se manifestar de muitas formas e, por isso, o diagnóstico nem sempre é imediato. Hoje, com os avanços na medicina, é possível viver bem com a doença, desde que o tratamento seja iniciado precocemente e mantido de forma contínua.

    Estima-se que mais de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo convivam com esclerose múltipla. A maioria dos diagnósticos ocorre entre os 20 e 50 anos, fase em que as pessoas estão ativas profissionalmente e socialmente.

    Por isso, o acompanhamento médico especializado é fundamental para reduzir o impacto da doença e preservar a qualidade de vida. Entenda mais a seguir.

    O que é esclerose múltipla

    A esclerose múltipla é uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, ou seja, o cérebro e a medula espinhal. Nessa condição, o próprio sistema imunológico, que deveria proteger o corpo, ataca por engano as estruturas nervosas.

    O principal alvo da doença é a mielina, uma substância que funciona como uma capa protetora dos nervos. Ela ajuda a transmitir os sinais elétricos de forma rápida e precisa. Quando ocorre inflamação e destruição dessa capa (processo chamado desmielinização), os sinais nervosos ficam lentos ou não chegam corretamente, o que causa sintomas neurológicos variados.

    Com o tempo, podem surgir cicatrizes no tecido nervoso (gliose) e perda de neurônios, o que contribui para a progressão da doença e para possíveis limitações motoras e cognitivas.

    Quem pode ter esclerose múltipla

    A esclerose múltipla geralmente é diagnosticada entre os 20 e 50 anos de idade e é duas a três vezes mais comum em mulheres. É considerada a segunda principal causa de incapacidade neurológica em adultos jovens, ficando atrás apenas de traumas cerebrais ou de medula.

    Por que a esclerose múltipla acontece

    A causa exata da esclerose múltipla ainda não é totalmente conhecida, mas a ciência acredita que a doença surja da combinação entre fatores genéticos e ambientais.

    Os principais fatores de risco são:

    • Histórico familiar de esclerose múltipla;
    • Infecção anterior pelo vírus Epstein-Barr;
    • Baixos níveis de vitamina D e pouca exposição ao sol;
    • Tabagismo;
    • Obesidade durante a adolescência ou juventude.

    O que acontece no corpo

    Na esclerose múltipla, as células de defesa, especialmente linfócitos T e B, passam a reconhecer a mielina como um inimigo. Esse ataque causa:

    • Inflamação no sistema nervoso;
    • Destruição da mielina e das células que a produzem;
    • Formação de placas de lesão no cérebro e na medula espinhal;
    • Danos aos “fios” dos nervos (axônios), que podem levar à incapacidade progressiva.

    Sintomas da esclerose múltipla

    Os sintomas variam muito entre as pessoas. Eles podem aparecer de forma súbita, em surtos, ou se desenvolver lentamente ao longo do tempo.

    Os sinais mais comuns incluem:

    • Fraqueza muscular;
    • Alterações na visão, como visão dupla ou perda de visão em um olho;
    • Tremores, desequilíbrio e falta de coordenação;
    • Formigamento ou perda de sensibilidade;
    • Fadiga intensa;
    • Problemas urinários e intestinais;
    • Alterações cognitivas, como de atenção, memória e raciocínio;
    • Depressão e ansiedade;
    • Rigidez muscular;
    • Neurite óptica (inflamação do nervo do olho).

    Tipos de esclerose múltipla

    A doença pode se manifestar de diferentes formas clínicas:

    • Esclerose múltipla recorrente-remitente (EMRR): é a forma mais comum, presente em cerca de 85% dos casos. Os sintomas aparecem em crises (surtos), seguidas de períodos de melhora parcial ou total;
    • Esclerose múltipla progressiva secundária (EMSP): começa como EMRR, mas evolui para uma piora contínua, mesmo sem crises definidas;
    • Esclerose múltipla progressiva primária (EMPP): desde o início apresenta progressão lenta e constante, sem períodos de melhora. É menos comum;
    • Esclerose múltipla progressiva-recorrente: forma rara em que há progressão contínua, mas também surgem surtos ocasionais.

    Diagnóstico da esclerose múltipla

    Não há um único exame que confirme o diagnóstico. O médico faz a avaliação com base em histórico clínico, sintomas e exames complementares, como:

    • Ressonância magnética: exame mais sensível para detectar a EM, identifica lesões típicas no cérebro e na medula. O uso de contraste ajuda a diferenciar lesões novas e antigas;
    • Análise do líquor (líquido da coluna): coleta de uma pequena amostra do líquido que envolve o cérebro e a medula espinhal para verificar proteínas e células que indiquem inflamação típica da EM;
    • Testes de potenciais evocados: avaliam se a transmissão dos sinais nervosos está mais lenta do que o normal.

    Tratamento da esclerose múltipla

    Ainda não existe cura para a esclerose múltipla, mas os tratamentos atuais conseguem controlar os surtos e retardar a progressão da doença, o que traz mais qualidade de vida.

    As abordagens incluem:

    • Controle das crises agudas (surtos): uso de corticoides para reduzir a inflamação;
    • Tratamentos modificadores da doença: medicamentos (injeções, comprimidos ou infusões) que reduzem a atividade inflamatória e retardam o avanço da EM;
    • Tratamento dos sintomas: fisioterapia, fonoaudiologia e uso de medicamentos específicos para fadiga, dor, rigidez muscular e alterações urinárias ou intestinais.

    O acompanhamento deve ser feito com uma equipe multidisciplinar, incluindo neurologista, fisioterapeuta e psicólogo, entre outros profissionais.

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    Perguntas frequentes sobre esclerose múltipla

    1. A esclerose múltipla tem cura?

    Ainda não. No entanto, há tratamentos eficazes que controlam os surtos, reduzem inflamações e retardam o avanço da doença.

    2. A esclerose múltipla é hereditária?

    Não é diretamente hereditária, mas pessoas com histórico familiar têm risco maior de desenvolver a doença.

    3. A esclerose múltipla causa morte?

    Não costuma ser fatal, mas pode causar limitações físicas e cognitivas ao longo dos anos se não for tratada adequadamente.

    4. A vitamina D ajuda no tratamento?

    Níveis adequados de vitamina D parecem ter efeito protetor e podem ser recomendados como parte do acompanhamento médico.

    5. Quem tem esclerose múltipla pode engravidar?

    Sim. Mulheres com esclerose múltipla podem engravidar, mas o tratamento deve ser ajustado sob orientação médica antes da concepção.

    6. Esclerose múltipla tem relação com o estresse?

    O estresse não causa a doença, mas pode desencadear ou agravar surtos em quem já tem diagnóstico.

    7. Quais são os primeiros sinais da esclerose múltipla?

    Alterações na visão, formigamento, fraqueza muscular e fadiga intensa são sintomas iniciais comuns que merecem investigação médica.

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