Autor: Dra. Eleonora Gomes

  • Gastrite: o que é, tipos, sintomas e como aliviar o desconforto

    Gastrite: o que é, tipos, sintomas e como aliviar o desconforto

    Mais comum em adultos, a gastrite é uma condição que afeta cerca de 70% da população, segundo a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG). Ela está associada especialmente à circulação da bactéria Helicobacter pylori no país, ao uso frequente de anti-inflamatórios, ao consumo de álcool e ao ritmo de vida acelerado — que favorece o estresse e hábitos alimentares irregulares.

    Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa e, em muitos casos, a inflamação pode permanecer silenciosa por longos períodos, sendo identificada apenas durante uma endoscopia. Quando aparecem, os sinais costumam envolver desconforto abdominal, queimação, náuseas e sensação de estufamento após as refeições, mas nem sempre surgem de forma intensa ou contínua.

    Para entender quais sinais merecem atenção e quando buscar avaliação médica, conversamos com a gastroenterologista Eleonora Gomes. Confira!

    O que é gastrite?

    A gastrite é uma inflamação da camada interna do estômago, chamada mucosa. Quando a região fica irritada, pode aparecer vermelhidão, inchaço e até pequenas feridas, que muitas vezes só são vistas na endoscopia.

    De acordo com Eleonora, quando são feitas biópsias do estômago, é possível observar células inflamatórias, como neutrófilos e linfócitos, que confirmam a presença de inflamação na mucosa e ajudam a definir o diagnóstico de gastrite.

    Quais os tipos de gastrite?

    Os tipos de gastrite são variados, porque qualquer fator capaz de causar inflamação no estômago pode gerar um quadro agudo ou crônico, segundo Eleonora.

    É importante notar que os termos usados para classificar a gastrite são frequentemente sobrepostos e não excludentes, pois eles descrevem diferentes aspectos da doença. A classificação pode ser feita pela duração, pela causa ou pelo aspecto visual da lesão.

    Gastrite aguda

    A gastrite aguda costuma aparecer de repente e vem acompanhada de sintomas mais intensos, que costumam surgir logo após o fator agressor, como:

    • Excesso de álcool;
    • Uso de anti-inflamatórios, como ibuprofeno e diclofenaco;
    • Intoxicação alimentar;
    • Infecções virais e bacterianas.

    A dor pode ser forte, muitas vezes localizada na parte superior do abdômen, e pode vir junto de enjoo, vômitos, queimação e sensação de estufamento logo após as refeições. A inflamação aparece porque a mucosa fica irritada de forma rápida, perdendo parte da proteção natural contra o ácido do estômago. Quando a causa é tratada, o quadro costuma melhorar em poucos dias.

    Gastrite crônica

    A gastrite crônica é aquela inflamação que permanece por bastante tempo no estômago e, em alguns casos, a pessoa sequer apresenta sintomas, segundo Eleonora.

    A causa mais frequente é a infecção pela bactéria Helicobacter pylori, mas também pode estar associada ao cigarro, ao consumo regular de álcool, ao uso prolongado de medicamentos ou a doenças autoimunes.

    Gastrite por Helicobacter pylori

    A gastrite causada pela H. pylori é uma das formas mais comuns da doença e acontece quando a bactéria se instala na mucosa do estômago, provocando uma inflamação contínua. A infecção costuma ocorrer ainda na infância e pode permanecer silenciosa por muitos anos, sem causar sintomas aparentes.

    Com o tempo, porém, a presença constante da bactéria enfraquece a proteção natural da mucosa e facilita o surgimento de irritações e feridas.

    Quando não tratada, a inflamação persistente pode evoluir para quadros mais sérios, como úlcera gástrica ou duodenal, já que a mucosa fica mais vulnerável ao ácido produzido pelo próprio estômago. Em uma parcela menor de pessoas, especialmente aquelas com histórico familiar de câncer gástrico ou com inflamação prolongada, a infecção pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de estômago.

    Gastrite autoimune

    A gastrite autoimune acontece quando o sistema imunológico passa a atacar as células da mucosa gástrica, causando inflamação contínua, afinamento progressivo da camada interna e dificuldade de absorção de nutrientes, especialmente vitamina B12. Com o tempo, a deficiência pode levar à anemia, cansaço intenso e outros sintomas relacionados à baixa produção de glóbulos vermelhos.

    O processo inflamatório prolongado também altera o ambiente do estômago, reduzindo a produção de ácido e deixando a mucosa mais vulnerável a mudanças estruturais. Quando não tratada, a gastrite autoimune aumenta o risco de alterações mais graves, como atrofia gástrica e até lesões pré-malignas, o que torna importante o acompanhamento médico.

    Gastrite erosiva

    A gastrite erosiva caracteriza-se pela presença de pequenas feridas ou erosões na mucosa do estômago, que deixam a superfície mais sensível e vulnerável. Pode ser causada por álcool, uso frequente de anti-inflamatórios, estresse físico intenso (como grandes cirurgias, queimaduras e traumas) ou por doenças graves que comprometem o fluxo sanguíneo para o estômago.

    Os sintomas costumam incluir dor, sensação de queimação e, em alguns casos, sangramento digestivo, que pode se manifestar como vômitos escuros ou fezes muito escuras. A evolução pode ser aguda, quando ocorre de forma súbita, ou crônica, quando as erosões persistem por mais tempo e surgem de maneira repetida.

    Gastrite enantematosa

    A gastrite enantematosa é uma inflamação da mucosa do estômago que aparece como uma vermelhidão e um leve inchaço, visíveis durante a endoscopia. O termo “enantematosa” descreve justamente essa cor mais avermelhada da mucosa. A inflamação pode estar em apenas uma região do estômago ou se espalhar por toda a superfície interna.

    Ela pode ter várias causas, como uso de medicamentos que irritam o estômago, consumo de álcool, refluxo biliar, infecção pela H. pylori ou até quadros de estresse prolongado, que deixam o estômago mais sensível. Em muitos casos, provoca sintomas como desconforto na parte superior do abdômen, queimação e sensação de estufamento após as refeições.

    Quais os sintomas da gastrite?

    Os sintomas de gastrite podem variar bastante de pessoa para pessoa, indo de desconforto leve até dor intensa:

    • Dor na parte superior do abdômen;
    • Enjoo após as refeições ou ao acordar;
    • Sensação de estufamento;
    • Queimação no estômago;
    • Arroto frequente;
    • Perda de apetite;
    • Vômito em casos mais intensos;
    • Mal-estar após refeições maiores.

    Se a dor na região do estômago irradiar para outras partes do abdômen, é bom investigar outras causas, pois o padrão da gastrite normalmente é mais localizado, segundo Eleonora.

    Em alguns tipos de gastrite, como a erosiva, pode ocorrer sangramento, que aparece como fezes muito escuras ou vômito com coloração semelhante a borra de café.

    Por fim, Eleonora lembra que algumas pessoas, especialmente em quadros crônicos, podem não apresentar sintomas — o que torna importante uma avaliação individualizada.

    Como é feito o diagnóstico de gastrite?

    O diagnóstico de gastrite é feito a partir dos sintomas relatados pela pessoa, como dor ou desconforto na parte superior do abdômen, náusea, sensação de estufamento e queimação. Na maioria dos casos, o médico consegue suspeitar do quadro apenas pela conversa e pelo exame físico, sem necessidade de exames adicionais.

    Segundo Eleonora, em pacientes jovens, quando já se suspeita fortemente de uma causa para os sintomas, como consumo elevado de álcool ou uso de anti-inflamatório, muitas vezes basta suspender o agente agressor e usar uma medicação para reduzir a acidez.

    Mas, quando há dúvida, o paciente é mais velho, os sintomas não melhoram com o tratamento inicial ou quando existe algum sinal de alerta, o médico pode solicitar uma endoscopia digestiva alta.

    O exame permite observar diretamente a mucosa do estômago, identificar inflamações, erosões, úlceras e, se necessário, coletar biópsias para confirmar a causa da gastrite, como infecção por Helicobacter pylori ou alterações autoimunes.

    Tratamento de gastrite

    O tratamento de gastrite pode variar de acordo com a causa da inflamação, mas, em todos os cenários, é fundamental interromper o fator agressor, como consumo excessivo de bebidas alcoólicas ou anti-inflamatórios. Também é necessário controlar o tabagismo, uma vez que o cigarro irrita a mucosa do estômago, dificulta a cicatrização e aumenta o desconforto após as refeições.

    Mudanças no estilo de vida também fazem parte do tratamento, o que inclui uma alimentação leve, controle do estresse, intervalos regulares entre as refeições e escolha de porções menores ajudam a diminuir a irritação e prevenir crises de dor.

    Remédios para gastrite

    Quando há infecção por H. pylori, o médico costuma indicar uma combinação de antibióticos junto de um medicamento que reduz a acidez, permitindo que a mucosa se recupere, segundo Eleonora.

    Em muitos casos, remédios como omeprazol e pantoprazol são usados por algumas semanas para diminuir a produção de ácido e acelerar a cicatrização. Após o período indicado, o remédio é suspenso para que o estômago volte a funcionar normalmente. O uso prolongado sem orientação médica não é indicado.

    Quais alimentos devem ser evitados na gastrite?

    Enquanto o paciente está com sintomas, é importante evitar alimentos e bebidas que irritam o estômago e aumentam o desconforto. Os principais são:

    • Frituras e preparações ricas em gordura;
    • Bebidas alcoólicas;
    • Bebidas com gás, como refrigerantes e água com gás;
    • Alimentos muito temperados, com pimenta ou temperos fortes;
    • Alimentos ácidos, como alguns frutos cítricos e molhos mais ácidos.

    Eleonora ressalta que é importante mastigar bem os alimentos para facilitar a digestão, ingerir porções menores e fazer refeições mais frequentes, evitando encher demais o estômago.

    Gastrite tem cura?

    Depende da causa. Quando o fator desencadeante é identificado e tratado, como a infecção por H. pylori, o uso de anti-inflamatórios ou o consumo de álcool, a inflamação costuma regredir.

    Nos casos em que não é possível definir exatamente o motivo, a orientação é adotar um estilo de vida mais saudável, com alimentação equilibrada, redução do consumo de álcool, abandono do tabagismo e controle adequado do estresse.

    Leia também: Gastrite nervosa: o que é, sintomas e como aliviar

    Perguntas frequentes

    Quem tem gastrite pode comer cuscuz?

    A maioria das pessoas com gastrite pode comer cuscuz sem problemas, porque o alimento é leve, tem boa digestibilidade e não costuma irritar a mucosa do estômago. O cuscuz de milho, em especial, é uma opção interessante para quem está com sensibilidade gástrica, já que não contém gordura e pode ser preparado apenas no vapor.

    Os cuidados devem ser com os acompanhamentos, como manteiga em excesso, queijo muito gorduroso ou carne pesada podem causar desconforto. Preparar o cuscuz com pouco óleo, evitar temperos fortes e consumir em pequenas porções ajuda a tornar a refeição mais segura.

    Em fases de dor intensa, vale observar a reação individual e ajustar a dieta conforme orientação médica ou nutricional.

    Quem tem gastrite pode tomar leite?

    O leite pode aliviar temporariamente a queimação porque neutraliza parte da acidez do estômago, mas o efeito é passageiro. Logo depois, ele estimula nova produção de ácido, o que pode piorar os sintomas em algumas pessoas.

    Por isso, quem tem gastrite deve ter cautela: pequenas quantidades podem ser toleradas, mas há casos em que o leite provoca dor, estufamento ou enjoo. Os derivados gordurosos, como queijos amarelos e creme de leite, são mais irritantes para o estômago.

    O ideal é observar a resposta individual e, quando necessário, optar por versões com menor teor de gordura. Em gastrites mais graves ou durante crises, muitos médicos recomendam limitar o consumo de leite até que os sintomas melhorem.

    Como aliviar a gastrite imediatamente?

    O alívio imediato pode ocorrer com medidas simples, como:

    • Comer uma pequena porção de alimento leve, como arroz, batata ou uma fruta menos ácida, reduz o contato do ácido com a mucosa irritada;
    • Sentar com o tronco mais ereto e evitar deitar logo após comer também diminui a queimação;
    • Tomar água em goles suaves ajuda a diluir a acidez;
    • Algumas pessoas sentem conforto com chás mornos de camomila ou erva-doce.

    Já os antiácidos são úteis para crises pontuais, mas não resolvem a causa da gastrite. Caso a dor seja muito forte, persista por horas ou venha acompanhada de vômito com sangue, fezes escuras ou perda de peso, é fundamental buscar atendimento médico rapidamente.

    Quem tem gastrite pode beber café?

    O café é um dos itens mais relacionados ao aumento de desconforto gástrico. A bebida estimula a produção de ácido e pode piorar a queimação, especialmente quando consumida em jejum ou em grande quantidade.

    Os cafés muito fortes, coados lentamente ou feitos com grãos mais escuros têm maior potencial de irritação. Algumas pessoas conseguem tolerar pequenas quantidades após as refeições, enquanto outras sentem dor mesmo com poucos goles. Em períodos de crise, o ideal é reduzir ou suspender temporariamente, substituindo por chás suaves.

    Água com gás piora a gastrite?

    Sim, porque o gás distende o estômago, aumentando a pressão interna e agravando a sensação de dor e queimação. Em muitos casos, a bebida também provoca arrotos repetidos, o que reforça a irritação. Durante crises, o ideal é evitar qualquer bebida gaseificada e optar por água natural.

    A gastrite pode causar dor no peito?

    Sim, embora não seja o sintoma mais típico. A dor no estômago pode subir para a região torácica e gerar sensação de aperto ou queimação, confundindo-se com problemas cardíacos. Sempre que houver dor no peito intensa, persistente ou associada a falta de ar, sudorese ou mal-estar, é fundamental descartar problemas cardiovasculares antes de atribuir o sintoma à gastrite.

    Veja também: Dor de cabeça: quando é normal e quando é sinal de alerta 

  • Gastrite nervosa: o que é, sintomas e como aliviar

    Gastrite nervosa: o que é, sintomas e como aliviar

    Você já ouviu falar em gastrite nervosa? Diferente da gastrite tradicional, ela costuma causar azia, má digestão e desconforto durante períodos de ansiedade e estresse intenso — sem que exista qualquer sinal de inflamação ou alterações no estômago.

    A condição, conhecida como dispepsia funcional, não indica um quadro de gastrite de fato. Ela recebeu esse nome porque apresenta sintomas semelhantes, mas sem nenhuma lesão visível nos exames, como a endoscopia.

    O que acontece é uma alteração na forma como o estômago funciona e reage durante momentos de tensão, o que faz com que os sinais se manifestem mesmo em situações simples do dia a dia.

    O que é gastrite nervosa e por que ela acontece?

    A gastrite nervosa, ou dispepsia funcional, é um quadro que provoca sintomas gastrointestinais durante períodos de estresse, ansiedade ou tensão emocional.

    Diferente da gastrite tradicional, que pode ser confirmada por exames como a endoscopia, a gastrite nervosa não mostra feridas, irritações ou alterações na mucosa gástrica. O estômago está estruturalmente normal, mas funciona de um jeito mais sensível, reagindo de forma exagerada a situações do cotidiano.

    Quando uma pessoa passa por situações de nervosismo, o corpo libera hormônios do estresse que alteram o ritmo da digestão, deixam o estômago mais lento para esvaziar e aumentam a sensibilidade aos estímulos.

    Isso faz com que alimentos comuns, quantidades pequenas de comida ou até o ácido normal do estômago provoquem desconforto, dor, azia, sensação de peso e até náuseas.

    Basicamente, a condição acontece porque o estômago reage de forma mais intensa aos momentos de tensão, funcionando de maneira diferente e percebendo sinais normais como se fossem irritantes ou dolorosos.

    Quando o estresse diminui e os hábitos diários melhoram, como sono, alimentação e rotina, os sintomas tendem a reduzir de forma significativa.

    Quais os sintomas de gastrite nervosa?

    Os sintomas da dispepsia funcional são os mesmos da gastrite, só que eles são provocados por situações de ansiedade e estresse. Os principais incluem:

    • Dor ou queimação na parte alta da barriga;
    • Sensação de estômago pesado, mesmo após pequenas refeições;
    • Azia ou acidez aumentada;
    • Náuseas leves;
    • Estufamento e gases;
    • Sensação de comida “parada” no estômago;
    • Arrotos frequentes;
    • Desconforto que piora em dias de estresse, ansiedade ou sono ruim.

    “Às vezes, o paciente precisa interromper até a refeição no meio, não consegue terminar de comer ou, logo que termina, sente aquele estômago pesado, muito cheio. Às vezes nem comeu muito, mas tem essa sensação de estômago mais pesado. Pode ter uma hipersensibilidade ao ácido, às vezes até a sensação de refluxo”, explica a gastroenterologista Eleonora Gomes.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da chamada gastrite nervosa é feito principalmente pela combinação dos sintomas com a avaliação clínica do médico. Normalmente, é realizada uma endoscopia digestiva alta para verificar se existe inflamação, úlcera ou qualquer alteração na mucosa do estômago.

    Quando a endoscopia e outros exames aparecem normais e os sintomas combinam com o quadro, o diagnóstico é confirmado por exclusão. A ideia é entender como o estômago está funcionando e identificar fatores emocionais e comportamentais que possam estar desencadeando o desconforto.

    Como tratar a gastrite nervosa?

    O tratamento da gastrite nervosa envolve principalmente mudanças de hábitos e controle do estresse, já que o problema não é causado por uma inflamação no estômago.

    De acordo com Eleonora, podem ser utilizados medicamentos que diminuem a secreção gástrica ou aceleram o esvaziamento gástrico, mas eles não resolvem a causa do quadro, apenas reduzem o desconforto causado pelos sintomas.

    A gastroenterologista aponta algumas mudanças de hábitos que podem ajudar:

    • Manter sono regular e reparador;
    • Reduzir o estresse e aprender técnicas de manejo emocional;
    • Praticar técnicas de respiração e mindfulness;
    • Realizar atividade física regular;
    • Entender a doença e identificar gatilhos emocionais e comportamentais;
    • Fazer alimentação equilibrada e em horários regulares;
    • Comer em ambiente tranquilo e com tempo para mastigar;
    • Evitar chegar com muita fome às refeições ou passar muitas horas sem comer;
    • Comer devagar e com atenção para evitar piora dos sintomas.

    Para diminuir os sintomas, Eleanora também recomenda distribuir as refeições ao longo do dia, nos mesmos horários e em quantidades menores, de preferência sem líquidos. Organizar as refeições com tranquilidade permite que elas caiam melhor no estômago.

    Remédios para gastrite nervosa

    Os remédios para gastrite nervosa mais usados são aqueles que reduzem a produção de ácido, como inibidores de bomba de prótons e antiácidos, além de remédios que aceleram o trânsito do estômago para evitar a sensação de alimento parado.

    Eles atuam apenas como apoio temporário para aliviar o desconforto, mas não tratam a causa principal dos sintomas, que está ligada ao estresse, à ansiedade e ao ritmo de vida. O uso de medicamentos deve ser feito apenas com a orientação de um médico. Não se automedique!

    Gastrite nervosa pode evoluir para um câncer?

    A gastrite nervosa não evolui para um câncer. Apesar dos sintomas intensos e incômodos, como dor, queimação, azia e sensação de estômago pesado, ela não provoca inflamação, feridas ou danos reais na mucosa do estômago.

    Nos exames, o órgão aparece normal, o que confirma que não existe uma lesão que possa se transformar em algo mais grave.

    Quando procurar um gastroenterologista?

    A consulta é indicada sempre que os sintomas forem frequentes, persistirem por semanas ou atrapalharem a rotina. Não é necessário buscar ajuda apenas para investigar uma gastrite tradicional. O gastroenterologista é o profissional mais preparado para avaliar e acompanhar casos de dispepsia funcional.

    Quanto à terapia ou ao apoio psicológico no tratamento, Eleonora explica que eles não são obrigatórios, mas, se o estresse ou a situação emocional estiver interferindo muito nos sintomas e na rotina, técnicas como terapia cognitivo-comportamental, manejo de estresse ou mindfulness podem reduzir a ansiedade e diminuir os gatilhos.

    Leia também: Crise de ansiedade: o que fazer e como controlar os sintomas

    Perguntas frequentes

    O que causa a gastrite nervosa?

    A gastrite nervosa acontece por causa da ligação direta entre mente e sistema digestivo, porque o estresse altera a liberação de hormônios e deixa o estômago mais lento, mais sensível e mais reativo. A digestão, que normalmente ocorre sem incômodo, passa a ser percebida como dor, peso ou acidez forte, já que o corpo fica em alerta durante os períodos de tensão.

    A pessoa pode sentir desconforto após pequenas refeições, perceber o ácido normal como algo agressivo ou ter a sensação de comida parada, mesmo sem alterações nos exames.

    A rotina também influencia: uma noite mal dormida ou um dia mais agitado, por exemplo, pode intensificar bastante o desconforto, porque o sistema nervoso está trabalhando de forma acelerada e interfere diretamente na forma como o estômago reage.

    A gastrite nervosa pode virar uma gastrite verdadeira?

    A dispepsia funcional não evolui para gastrite tradicional, porque não há inflamação da mucosa, e a sensibilidade exagerada se deve a fatores emocionais e comportamentais, o que afasta qualquer risco de transformação em outro tipo de doença gástrica.

    Qual é a diferença entre gastrite nervosa e refluxo?

    O refluxo envolve o retorno do ácido para o esôfago, irritando a mucosa e provocando queimação típica, algo que costuma ser confirmado por exames.

    A gastrite nervosa, por outro lado, surge de uma sensibilidade aumentada do estômago e do esôfago durante períodos de tensão, o que faz o corpo interpretar estímulos comuns, como o ácido normal ou o simples processo de digestão, como sinais de dor ou queimação — mesmo que nada esteja voltando para o esôfago.

    O álcool pode piorar os sintomas de gastrite nervosa?

    O álcool pode intensificar o desconforto gástrico, porque estimula a secreção ácida e interfere na motilidade do estômago, além de ser mais mal tolerado em períodos de estresse. A recomendação geral é evitar ou reduzir a ingestão durante as fases de sintomas mais fortes.

    Posso tomar café tendo gastrite nervosa?

    O café pode piorar os sintomas em algumas pessoas por aumentar a acidez ou acelerar o funcionamento do sistema digestivo. Porém, a sensibilidade varia muito, e o mais importante é observar como o corpo reage, reduzindo ou ajustando o consumo apenas quando houver piora clara do desconforto.

    A gastrite nervosa pode causar arrotos?

    O excesso de arrotos é comum durante os quadros porque o estômago fica mais lento e a pessoa pode engolir mais ar durante momentos de ansiedade, o que aumenta a sensação de pressão interna. O ar precisa ser liberado, o que provoca arrotos frequentes ao longo do dia.

    A ansiedade também deixa a respiração mais rápida e superficial, favorecendo ainda mais a entrada de ar no trato digestivo, o que reforça a impressão de estufamento e desconforto. Quando o corpo volta a um estado mais calmo e o estômago retoma seu ritmo natural, a tendência é que os arrotos diminuam de forma gradual.

    Como aliviar a gastrite nervosa?

    A forma de aliviar a gastrite nervosa envolve cuidados simples no dia a dia, todos voltados para acalmar o sistema digestivo e diminuir a sensibilidade que surge em períodos de tensão:

    • Reduzir o estresse diário com pausas, respiração lenta, relaxamento e mindfulness;
    • Comer devagar, mastigando bem e evitando refeições em ambientes tensos ou com pressa;
    • Fazer refeições menores ao longo do dia, sem longos intervalos sem comer;
    • Evitar grandes volumes de comida de uma só vez, especialmente à noite;
    • Priorizar horários regulares para as refeições, criando previsibilidade para o estômago;
    • Evitar líquidos em excesso durante as refeições, para não aumentar o desconforto;
    • Praticar atividade física regular, mesmo que leve, para melhorar a ansiedade e a digestão;
    • Buscar orientação médica para avaliar a necessidade de medicamentos de alívio temporário.

    Confira: Endoscopia: como é o exame que vê o estômago por dentro