Autor: Dra. Brianna Nicoletti

  • Tempo seco pode piorar as alergias? Saiba o que fazer para se proteger

    Tempo seco pode piorar as alergias? Saiba o que fazer para se proteger

    Em determinadas épocas do ano, o tempo seco e a baixa umidade do ar podem ser um grande problema para a saúde respiratória — ainda mais para pessoas com quadros de alergia, asma ou rinite.

    Isso acontece porque o ar seco resseca as vias respiratórias, reduz a produção de muco e facilita a entrada de vírus, bactérias e partículas de poeira. Como consequência, aumenta o risco de crises alérgicas, tosses persistentes e infecções respiratórias.

    Para diminuir os efeitos do clima seco, existem algumas recomendações que podem contribuir no dia a dia, desde medidas de limpeza até hábitos simples de autocuidado que ajudam a manter o corpo hidratado e as vias respiratórias protegidas. Confira!

    Afinal, por que o tempo seco costuma piorar as alergias?

    O ar seco reduz a umidade das mucosas nasais, oculares e orais, comprometendo a barreira natural de proteção do organismo. Quando as mucosas ficam ressecadas, perdem parte da capacidade de filtrar partículas, vírus e bactérias presentes no ambiente.

    Como consequência, ocorre irritação local, coceira, sensação de ardor e aumento dos espirros. A mucosa nasal inflamada tende a inchar, dificultando a passagem do ar e provocando congestão. Nos olhos, o ressecamento pode causar vermelhidão, sensação de areia e lacrimejamento excessivo; já na boca, favorece o mau hálito e o desconforto ao engolir.

    Na pele, a alergologista Brianna Nicoletti explica que o ressecamento quebra a barreira lipídica, favorecendo a penetração de alérgenos e o surgimento de dermatite. “Essa combinação torna o organismo mais suscetível a crises de rinite, asma e dermatite atópica”, complementa.

    Quais as alergias mais afetadas pelo tempo seco?

    As alergias mais afetadas pelo tempo seco são aquelas que atingem as vias respiratórias e as mucosas, pois dependem de umidade adequada para manter a defesa natural do organismo. Entre as principais, é possível destacar:

    • Rinite alérgica: o ressecamento das mucosas facilita a entrada de poeira, ácaros e poluentes, provocando espirros, coceira e congestão nasal;
    • Asma: o ar seco irrita os brônquios e pode desencadear crises, especialmente quando há exposição a poeira e poluição;
    • Sinusite alérgica: a falta de umidade dificulta a drenagem do muco, levando ao acúmulo de secreção e inflamação nos seios da face;
    • Conjuntivite alérgica: o ressecamento ocular aumenta a sensibilidade a poeira, fumaça e poluentes, causando vermelhidão, coceira e lacrimejamento nos olhos.

    Segundo Brianna, o ar seco tem relação especialmente com a poeira e a poluição acumulada em casa, pois durante períodos de baixa umidade, a poluição atmosférica se concentra e as partículas permanecem suspensas por mais tempo.

    “Em ambientes internos, o acúmulo de poeira doméstica e resíduos de ácaros e fungos aumenta a exposição a alérgenos, agravando sintomas respiratórios. Por isso, é essencial manter janelas abertas, realizar limpeza úmida e evitar o uso de espanadores”, explica a alergologista.

    Como evitar alergias em tempo seco?

    Algumas mudanças de hábito ajudam a proteger as vias respiratórias e manter a pele saudável, como:

    Uso correto de umidificadores de ar

    Os umidificadores de ar podem ajudar quando a umidade relativa do ar está abaixo de 40%, de acordo com Brianna. No entanto, o uso inadequado pode causar efeitos contrários. “O aparelho deve ser higienizado diariamente, utilizando água filtrada e evitando o funcionamento contínuo por muitas horas”, complementa.

    O excesso de umidade favorece o crescimento de fungos e ácaros, que agravam as alergias. A faixa ideal para o conforto respiratório e da pele situa-se entre 45% e 60% de umidade.

    Hidratação adequada

    A ingestão adequada de água contribui para manter a viscosidade das secreções respiratórias, facilitando a eliminação de impurezas e protegendo as mucosas.

    Na pele, a hidratação deve ser feita logo após o banho, enquanto ela ainda estiver levemente úmida, com cremes e loções que ajudam a restaurar a barreira lipídica, reduzindo a coceira e o ressecamento.

    Pessoas com dermatite devem priorizar produtos hipoalergênicos e com ativos como ceramidas, glicerina e ureia em baixa concentração, que promovem hidratação profunda sem irritar a pele.

    Cuidados com o ambiente doméstico

    O ambiente de casa tem um papel importante na prevenção de alergias em períodos de clima seco. Quando o ar está com pouca umidade, a poeira, os ácaros e os poluentes se acumulam com mais facilidade, piorando sintomas respiratórios e irritações na pele.

    • Permitir circulação de ar: ajuda a reduzir acúmulo de poeira e poluentes. Mantenha janelas abertas sempre que possível;
    • Trocar roupas de cama semanalmente: lave com água quente e seque bem;
    • Evitar cortinas e tapetes: prefira superfícies fáceis de limpar;
    • Usar aspirador com filtro HEPA: reduz partículas finas no ambiente;
    • Trocar vassouras por panos úmidos: evita dispersão de poeira;
    • Evitar fragrâncias e fumaça: prefira produtos neutros e mantenha ventilação adequada;
    • Fazer lavagem nasal: duas vezes ao dia para manter as mucosas hidratadas.

    Quando procurar atendimento médico?

    Alguns sinais indicam que a alergia requer avaliação médica, como:

    • Falta de ar ou dificuldade para respirar;
    • Chiado no peito;
    • Tosse persistente;
    • Febre inexplicada;
    • Sangramento nasal;
    • Lesões de pele com secreção;
    • Vermelhidão intensa ou coceira persistente.

    Se um ou mais desses sintomas estiverem presentes, é importante procurar atendimento médico. O profissional poderá ajustar o tratamento e indicar o uso de medicamentos específicos.

    Leia também: Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

    Perguntas frequentes

    Qual é o índice ideal de umidade do ar para a saúde?

    A faixa ideal fica entre 40% e 60%. Abaixo de 40%, o ar é considerado seco.

    Quais são as alergias mais afetadas pelo tempo seco?

    Rinite, asma, sinusite alérgica e conjuntivite alérgica.

    Qual é o tempo ideal de uso do umidificador de ar?

    De 2 a 3 horas seguidas, apenas nos períodos mais secos do dia.

    Como o ar-condicionado afeta as alergias?

    Ele reduz ainda mais a umidade e pode acumular fungos nos filtros.

    O tempo seco pode causar dor de cabeça?

    Sim, pela desidratação e irritação das vias respiratórias.

    Como o tempo seco afeta pessoas com doenças cardíacas ou crônicas?

    A desidratação pode alterar pressão arterial e sobrecarregar o coração.

    O que fazer em dias de alerta de baixa umidade do ar?

    Evitar exercícios intensos ao ar livre, hidratar-se bem e manter o ambiente ventilado.

    Confira: Asma alérgica: o que é, sintomas, tratamentos e remédios

  • Alergia ocupacional tem cura? Conheça os sintomas e quando procurar um médico

    Alergia ocupacional tem cura? Conheça os sintomas e quando procurar um médico

    Você já ouviu falar em alergia ocupacional? Representando cerca de 15% das condições desencadeadas pelo trabalho, ela surge quando o organismo reage de forma exagerada a partículas, substâncias ou agentes presentes no ambiente profissional, provocando sintomas respiratórios, na pele ou oculares que podem comprometer o bem-estar e a qualidade de vida.

    Os sintomas podem surgir de forma imediata ou tardia, dependendo da intensidade da exposição, da sensibilidade de cada pessoa e do tipo de agente envolvido — o que pode dificultar o reconhecimento do quadro no início.

    Pensando nisso, conversamos com uma especialista e apontamos, a seguir, as principais profissões de risco e quando você deve procurar um médico. Confira!

    Quais trabalhos mais associados a alergia ocupacional?

    A relação entre o ambiente profissional e alergias é bastante comum porque vários setores expõem trabalhadores a substâncias que irritam pele, olhos e vias respiratórias. De acordo com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti, a divisão dos agentes considera duas categorias:

    • Alto peso molecular, formada por proteínas como alérgenos de animais, farinha, látex e enzimas;
    • Baixo peso molecular, formada por produtos químicos como isocianatos, anidridos ácidos, persulfatos, acrilatos e resinas epóxi.

    Entre os principais ramos ocupacionais com maior risco e tipos de alergias envolvidos, a alergista destaca:

    • Área da saúde costuma apresentar rinite e asma relacionadas ao látex natural, dermatite de contato por luvas e irritação causada por desinfetantes, principalmente compostos quaternários de amônio. A odontologia também apresenta casos de sensibilização a acrilatos;
    • Manipulação de animais de laboratório, em biotérios e clínicas veterinárias, pode causar rinite e asma por alérgenos de roedores, gatos e outros animais, principalmente substâncias presentes em urina, saliva e caspa;
    • Panificação e indústrias de alimentos apresentam rinite e asma causadas por farinhas, enzimas como alfa-amilase e ácaros de armazenamento, além de urticária de contato durante o manuseio de frutos do mar;
    • Atividade de cabeleireiros envolve risco de asma e rinite provocadas por persulfatos presentes em descolorantes, fragrâncias e outros produtos, além de dermatite de contato por tinturas contendo parafenilenodiamina;
    • Pintura automotiva e industrial, assim como a aplicação de espumas, costuma desencadear asma por isocianatos como MDI e TDI;
    • Marcenaria e a construção civil podem causar rinite, asma e rinossinusite devido a poeiras de madeira como cedro vermelho, resinas epóxi e formaldeído;
    • Soldagem e a eletrônica expõem trabalhadores a fumaça metálica e vapores irritantes, além de partículas de colofônia usadas em fluxos de solda, capazes de provocar sensibilização respiratória;
    • Agricultura e o trabalho em silos estão associados a poeiras orgânicas de grãos, fungos e endotoxinas, que levam a rinite, asma e pneumonite por hipersensibilidade, também chamada de alveolite alérgica extrínseca.

    Quais os sintomas da alergia ocupacional?

    Os sintomas da alergia ocupacional variam conforme a exposição e podem atingir nariz, olhos, pele e pulmões. Os mais comuns incluem:

    • Congestão nasal, espirros e coriza;
    • Coceira nos olhos, vermelhidão e lacrimejamento;
    • Tosse persistente, sensação de aperto no peito e dificuldade para respirar;
    • Chiado no peito, típico de asma ocupacional;
    • Irritação na pele, com vermelhidão, coceira ou descamação;
    • Urticária de contato após tocar na substância que provoca a reação;
    • Piora dos sintomas durante o expediente, com melhora parcial nos dias de descanso.

    Quanto os sintomas surgem?

    Os sintomas podem surgir logo depois da exposição ao alérgeno, mas Brianna explica que, na maioria dos casos, existe um intervalo de semanas a anos até que o organismo fique sensibilizado e comece a demonstrar sinais claros da alergia.

    • Alergia mediada por IgE, ligada a proteínas de alto peso molecular, costuma aparecer depois de um período longo de exposição, que pode durar meses ou anos. Os sintomas mais comuns incluem rinite, coceira nos olhos, urticária de contato e asma, normalmente piorando nos dias de trabalho e melhorando quando o trabalhador se afasta do ambiente;
    • Sensibilização por produtos de baixo peso molecular, como isocianatos, também costuma surgir após um período de latência. A manifestação mais frequente é uma asma de início lento, marcada por irritação constante das vias aéreas e dificuldade respiratória que persiste mesmo fora do trabalho;
    • Asma induzida por irritantes (RADS) aparece de forma súbita, sem período de latência, após um único episódio de exposição intensa a uma substância irritante. Depois da crise inicial, alguns sintomas podem permanecer por muito tempo.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da alergia ocupacional é feito a partir das informações clínicas, detalhes do ambiente de trabalho e exames que ajudam a mostrar se os sintomas realmente estão ligados à rotina profissional.

    O especialista precisa entender sobre as tarefas diárias, substâncias usadas no dia a dia, tempo de exposição, uso de proteção individual e comparação entre sintomas nos dias de expediente e nos períodos de folga. Além disso, ele avalia condições pré-existentes, como rinite, dermatite ou refluxo, porque elas podem interferir no quadro.

    De acordo com Brianna, podem ser feitos os seguintes exames:

    • Exame físico e testes de função respiratória, como espirometria com broncodilatador. Quando o resultado é normal, podem ser feitos testes de hiper-responsividade, como metacolina ou manitol;
    • Monitorização do pico de fluxo expiratório (PEF) por duas a três semanas, registrando valores em dias de trabalho e em dias de descanso. Esse método é considerado o melhor exame de triagem para suspeita de asma ocupacional no dia a dia;
    • Avaliação de inflamação respiratória com medidas como FeNO (óxido nítrico exalado) e indução de escarro, quando disponível;
    • Testes alérgicos, incluindo testes cutâneos ou IgE específica para alérgenos do ambiente profissional, como farinha, látex, enzimas ou epitélios de animais;
    • Avaliação de rinite ocupacional com rinoscopia e, quando necessário, citologia nasal ou prova de provocação nasal específica em centros especializados;
    • Prova de inalação específica, considerada o padrão ouro em centros de referência, indicada quando a suspeita de asma ocupacional permanece mesmo após outros testes.

    “O afastamento temporário do agente suspeito (dias a poucas semanas) pode auxiliar no diagnóstico: melhora dos sintomas e da função respiratória fora do ambiente de trabalho é um forte indício de relação causal”, explica a alergista.

    Tratamento de alergia ocupacional

    Depois de identificar o que está causando a alergia, algumas medidas podem ser adotadas para controlar os sintomas do dia a dia. Em casos de rinite, podem ser usados corticoides nasais e anti-histamínicos para aliviar nariz entupido, coceira e espirros, sempre com orientação médica.

    A situação muda um pouco quando há asma, porque o tratamento costuma incluir corticoide inalatório para manter o pulmão controlado e evitar crises durante o expediente. A avaliação para imunoterapia pode ser considerada em alguns casos, principalmente quando é claro o alérgeno responsável pelo quadro.

    Também podem ser feitas adaptações no local de trabalho para diminuir as crises alérgicas, como aponta Brianna:

    Eliminação ou substituição do agente

    • Retirar o agente que causa alergia sempre que possível, é a principal medida de tratamento e prevenção de crises;
    • Substituir luvas de látex com pó por modelos sem pó e com baixo teor de proteínas;
    • Trocar substâncias sensibilizantes, como isocianatos e persulfatos, por alternativas menos irritantes.

    Controles de engenharia no ambiente de trabalho

    • Usar processos fechados ou com barreiras físicas;
    • Instalar exaustores no ponto onde a substância é liberada (exaustão local);
    • Garantir ventilação adequada;
    • Reduzir a formação de aerossóis;
    • Evitar picos de exposição;
    • Realizar limpeza úmida ou com filtro HEPA para diminuir partículas no ar.

    Controles administrativos e organização das atividades

    • Treinar equipes sobre riscos e prevenção;
    • Utilizar sinalização clara em áreas de risco;
    • Revezar tarefas para diminuir tempo direto de exposição;
    • Limitar permanência em áreas de maior risco;
    • Criar protocolos de emergência;
    • Incentivar a notificação rápida de sintomas pelos trabalhadores.

    Equipamentos de proteção individual (EPI)

    • Usar respiradores adequados, como PFF2/N95 ou modelos superiores;
    • Utilizar luvas apropriadas, avental e barreiras de proteção;
    • Proteger os olhos quando houver risco de respingos ou partículas;
    • Lembrar que o EPI é complementar e não substitui melhorias no ambiente de trabalho.

    Quando ir ao médico?

    A busca por atendimento médico deve acontecer quando surgem sinais de alerta que indicam que o problema respiratório pode estar relacionado ao ambiente de trabalho, como:

    • Os sintomas de rinite ou asma pioram durante o expediente ou melhoram nos fins de semana e férias;
    • Há falta de ar, chiado no peito, tosse persistente ou sensação de aperto no tórax;
    • O uso de broncodilatador de alívio se torna frequente;
    • Quando acorda de noite por dificuldade respiratória;
    • Queda na função pulmonar, medida por exames como espirometria ou PEF seriado;
    • O quadro não melhora mesmo após evitar gatilhos conhecidos e seguir o tratamento indicado;
    • Quando há suspeita de exposição a substâncias como farinha, látex, pelos de animais, poeiras químicas, isocianatos ou produtos de limpeza.

    A avaliação precoce com alergologista ou pneumologista do trabalho diminui o risco de que o quadro se agrave, ajudando a melhorar a qualidade de vida do trabalhador.

    Afinal, quando devo considerar mudar de profissão?

    Mudar a profissão ou função pode ser uma decisão difícil de considerar, já que envolve a rotina, estabilidade e anos de dedicação a uma área específica. Ainda assim, existem momentos em que o corpo sinaliza que o ambiente de trabalho realmente deixou de ser seguro, como:

    • Confirmação de asma causada por um sensibilizante específico, como farinha, látex, isocianatos, pelos de animais ou produtos químicos, mesmo após tentativas de reduzir ou evitar a exposição;
    • Impossibilidade de controle adequado do ambiente, seja por falhas de ventilação, falta de barreiras físicas, ausência de exaustão ou inviabilidade de realocação para outra função menos arriscada;
    • Permanência de sintomas intensos, apesar do tratamento correto e da redução de contatos, mostrando que o organismo continua reagindo ao ambiente;
    • Afastamentos frequentes e o impacto na capacidade funcional, deixando claro que trabalhar naquele local já está prejudicando a saúde de forma repetida;
    • Presença de RADS (síndrome de disfunção reativa das vias aéreas) com tosse, chiado e falta de ar persistentes mesmo após diminuição da exposição.

    Em situações como essas, conversar com um pneumologista ou alergologista do trabalho ajuda a avaliar os riscos e a planejar uma mudança que preserve a saúde no longo prazo.

    Confira: Alergia a níquel de bijuterias: por que acontece, como tratar e se tem cura

    Perguntas frequentes

    O que diferencia a rinite ocupacional de rinite alérgica comum?

    A rinite ocupacional surge quando o gatilho alérgico está presente no ambiente de trabalho, enquanto a rinite alérgica comum costuma ser provocada por fatores domésticos, sazonais ou ambientais gerais. A principal diferença está no padrão temporal: a pessoa melhora nos fins de semana e piora durante o expediente.

    O diagnóstico é feito por meio da análise da rotina, testes alérgicos e, muitas vezes, pela comparação direta entre dias de trabalho e períodos de folga. A persistência da exposição aos alérgenos pode intensificar crises e aumentar o risco de progressão para bronquite ou asma.

    Como a asma ocupacional se desenvolve?

    A asma ocupacional se instala depois de repetidas exposições a substâncias inaladas no local de trabalho, que ativam o sistema imunológico e provocam inflamação dos brônquios. A pessoa pode não ter histórico respiratório prévio e, mesmo assim, desenvolver chiado, tosse e falta de ar ao longo de meses ou anos de contato profissional.

    A evolução costuma ocorrer em duas etapas: primeiro vem a fase de sensibilização, quando quase não há sintomas; depois surge a fase de desencadeamento, quando o organismo começa a reagir até a pequenas quantidades do agente. Quanto mais tempo a exposição continua, mais grave e difícil de controlar o quadro se torna.

    O que é RADS e como se diferencia da asma ocupacional comum?

    A síndrome de disfunção reativa das vias aéreas (RADS) surge após uma única exposição intensa a irritantes, como fumaça química, vapores tóxicos ou derramamentos acidentais. A pessoa desenvolve sintomas imediatos e persistentes, mesmo sem histórico alérgico prévio.

    A asma ocupacional comum, por outro lado, ocorre após meses ou anos de exposição repetida. Casos de RADS costumam causar sintomas intensos e precisam de acompanhamento rigoroso.

    Tenho alergia ocupacional, preciso me afastar do trabalho?

    A alergia ocupacional não exige afastamento imediato em todos os casos. A maioria das situações melhora com ajustes ambientais, uso correto de EPIs, trocas de produtos, ventilação adequada e reorganização de tarefas.

    A decisão de afastar depende da gravidade dos sintomas, da identificação do agente e da capacidade da empresa em reduzir a exposição. Uma avaliação médica orienta quando o afastamento é necessário, especialmente em situações de asma causada por sensibilizantes potentes ou quando não existem alternativas seguras de realocação.

    Como aliviar a congestão nasal causada pela alergia ocupacional?

    A congestão nasal pode ser aliviada com lavagem nasal diária usando solução salina, porque a limpeza remove partículas irritantes que ficam presas na mucosa após a exposição ao ambiente de trabalho. A prática reduz a inflamação, melhora a passagem de ar e diminui a necessidade de medicamentos.

    Em alguns casos, o médico pode prescrever o uso de um corticoide nasal para ajudar a controlar o inchaço interno da mucosa.

    Para acelerar a recuperação, a ventilação adequada nos ambientes, aliada ao afastamento temporário do gatilho, também ajuda e aumenta o conforto ao longo do dia.

    Veja mais: Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

  • Alergia a ovo: sintomas, como descobrir e o que não pode comer

    Alergia a ovo: sintomas, como descobrir e o que não pode comer

    Sendo a segunda causa mais comum de alergia alimentar em crianças e bebês, a alergia a ovo costuma surgir ainda nos primeiros anos de vida, quando o sistema imunológico reage de forma exagerada às proteínas presentes na clara ou na gema do alimento.

    Os sintomas podem variar de acordo com o nível de sensibilidade do organismo, o que torna importante a atenção cuidadosa da família e acompanhamento médico regular

    Para te ajudar a entender como a alergia se manifesta, o que o pequeno deve evitar comer e como descobrir o quadro, conversamos com a alergologista e imunologista Brianna Nicoletti. Confira!

    Afinal, por que a alergia a ovo acontece?

    A alergia do ovo ocorre devido a uma reação do sistema imunológico diante das proteínas presentes na clara ou na gema, como ovalbumina e ovomucoide, produzindo uma resposta desproporcional que leva ao surgimento de sintomas gastrointestinais, na pele ou respiratórios.

    De forma geral, o organismo interpreta componentes inofensivos do alimento como ameaças e desencadeia liberação de substâncias inflamatórias, como histamina, provocando reações que podem surgir poucos minutos após o contato com o ovo.

    “Alergia ao ovo é uma das alergias alimentares mais comuns em bebês e crianças pequenas. Isso ocorre porque o sistema imunológico infantil ainda está em maturação”, explica Brianna.

    A introdução alimentar muito tardia, especialmente quando o ovo só é oferecido depois dos 12 meses, aumenta o risco de alergia. Crianças com dermatite atópica grave têm chance ainda maior de desenvolver o problema, porque a pele inflamada facilita o contato do organismo com proteínas do alimento.

    Vale destacar que alergia não é o mesmo que intolerância. Quadros de intolerância não envolvem o sistema imunológico, de acordo com Brianna, e ocorrem devido a dificuldade do organismo que processar algum componente do alimento — o que causa alguns desconfortos digestivos, como gases, dor de barriga ou inchaço.

    Quais os sintomas de alergia a ovo?

    Os sintomas de alergia a ovo podem envolver vários sistemas ao mesmo tempo, e variam de leves a potencialmente graves. Normalmente, eles surgem entre 5 a 30 minutos após o contato com o alimento, de acordo com Brianna. Em casos mais raros, podem aparecer em até duas horas.

    A alergista aponta alguns dos principais sintomas:

    Pele

    • Urticária (placas vermelhas que coçam);
    • Angioedema (inchaço de olhos, lábios, rosto);
    • Dermatite ou piora do eczema.

    Respiratórios

    • Coriza, espirros;
    • Tosse, chiado no peito;
    • Fechamento de glote (sinal de gravidade).

    Gastrointestinais

    • Vômitos imediatos (muito característico de alergia alimentar);
    • Dor abdominal;
    • Diarreia.

    A intensidade varia muito, porque algumas crianças apresentam sintomas leves na pele, enquanto outras podem ter desconfortos no estômago ou sinais respiratórios que precisam de avaliação médica rápida.

    Assim, os pais devem ficar atentos a sintomas de anafilaxia, como queda da pressão, dificuldade para respirar, sonolência excessiva e palidez intensa.

    Como saber se a criança tem alergia a ovo?

    O diagnóstico de alergia a ovo é feito por um alergologista, que avalia a história clínica da criança, observa como e quando os sintomas aparecem e decide quais testes serão necessários para identificar a reação do organismo ao alimento. De acordo com Brianna, os principais testes envolvem:

    • Teste cutâneo (prick test), no qual uma pequena gota contendo proteína do ovo é colocada na pele e levemente pressionada para verificar se ocorre vermelhidão ou inchaço;
    • Exame de sangue para IgE específica, que mede anticorpos que aumentam quando há alergia;
    • Teste de provocação oral, realizado em ambiente controlado, onde pequenas quantidades de ovo são oferecidas para confirmar a sensibilidade com segurança.

    Importante: os testes para confirmar alergia a ovo nunca devem ser feitos em casa, porque a exposição ao alimento pode provocar reações rápidas e intensas na criança.

    Alergia a ovo pode desaparecer sozinha?

    A alergia a ovo pode desaparecer sozinha ao longo da infância, porque o sistema imunológico amadurece e passa a tolerar as proteínas presentes na clara e na gema com mais facilidade. De acordo com estudos, metade das crianças deixam de apresentar sintomas até os 5 anos de idade, enquanto 70 a 80% dos casos se resolvem até a adolescência.

    “O tipo de proteína sensibilizada também importa: a alergia à ovalbumina tende a desaparecer mais cedo. A sensibilização à ovomucoide pode demorar mais, porque é uma proteína mais estável ao calor. A introdução progressiva de ovo assado/cozido, quando liberada pelo alergista, acelera a tolerância”, complementa Brianna.

    Quais alimentos devem ser evitados?

    Além do ovo, existem alguns alimentos, em especial os industrializados, que costumam usar proteínas do alimento como parte da receita, o que exige atenção constante na leitura de rótulos e na escolha das preparações.

    A legislação brasileira obriga que derivados do ovo estejam destacados, mas alguns termos podem confundir. Brianna chama atenção para alguns nomes:

    • Albumina;
    • Lecitina E322 (geralmente derivada de soja, mas pode vir do ovo; é importante confirmar);
    • Globulina;
    • Lisozima (comum em alguns queijos);
    • Emulsificante de origem animal;
    • Clara, gema, ovo desidratado, proteína de ovo.

    Entre alguns dos produtos que frequentemente contêm ovo, estão:

    • Bolos, cookies e massas de padaria;
    • Pães de forma;
    • Massas frescas, como macarrão e nhoque;
    • Empanados prontos;
    • Maionese;
    • Alguns chocolates e sorvetes;
    • Hambúrgueres, almôndegas e embutidos.

    Orientação prática para pais: a leitura do rótulo deve ser cuidadosa e sempre até o final, incluindo a linha “ALÉRGICOS: CONTÉM OVO”.

    Quem tem alergia a ovo pode tomar vacina?

    A maior parte das pessoas com alergia ao ovo pode tomar todas as vacinas, de acordo com Brianna.

    A vacina de febre amarela contém pequenas quantidades de proteína do ovo, mas a orientação atual diz que até crianças com alergia podem tomar a dose, desde que passem antes por avaliação do alergologista. A maioria recebe a vacina sem ter reação importante, e a decisão só é mais cuidadosa para quem já teve um quadro grave.

    No caso da vacina da gripe (influenza), ela pode ser usada com segurança em todas as pessoas alérgicas ao ovo, até mesmo em casos graves. Não é mais necessário teste prévio, dose fracionada ou preparo especial, porque as vacinas atuais têm quantidade mínima de proteína residual.

    A única situação que exige mais cuidado envolve pessoas que já tiveram anafilaxia por ovo. Elas continuam podendo tomar a vacina, mas precisam ser imunizadas em um serviço preparado e com orientação individualizada.

    A orientação final deve ser feita pelo alergologista ou pelo pediatra, que avalia a história clínica e indica o cuidado mais seguro, garantindo proteção completa sem risco desnecessário.

    Confira: Quando a alergia vira emergência: entenda a anafilaxia

    Perguntas frequentes

    A alergia a ovo é comum em bebês?

    A alergia a ovo aparece com frequência na infância porque o sistema imunológico ainda está amadurecendo e tende a reagir de forma exagerada às proteínas presentes na clara e na gema.

    Muitas vezes, ela aparece nos primeiros meses após a introdução alimentar, quando o organismo entra em contato pela primeira vez com proteínas que ainda não reconhece como seguras, causando uma reação que pode afetar a pele, intestino ou respiração do bebê — o que precisa de orientação médica contínua.

    A alergia a ovo tem cura?

    A alergia tende a desaparecer ao longo da infância porque o sistema imunológico fica mais maduro e aprende a tolerar proteínas que antes eram identificadas como perigosas, permitindo que grande parte das crianças supere a sensibilidade entre os 3 e 6 anos.

    Contudo, algumas podem precisar de mais tempo e de acompanhamento médico para avaliar a evolução e decidir quando o alimento poderá ser reintroduzido com segurança.

    A alergia a ovo aparece mais com a clara ou com a gema?

    A alergia costuma estar ligada principalmente à clara, porque ela concentra proteínas mais alergênicas, como ovalbumina e ovomucoide, responsáveis por grande parte das reações.

    Porém, a gema também pode causar sensibilidade em alguns casos, razão pela qual o alimento deve ser totalmente evitado durante o período de exclusão orientado pelo alergologista.

    A alergia a ovo pode afetar o ganho de peso da criança?

    A alergia pode afetar o ganho de peso quando não existe substituição adequada, pois o ovo é fonte de proteínas e nutrientes importantes, tornando fundamental o acompanhamento com nutricionista para planejar alternativas nutritivas e manter o crescimento adequado do pequeno.

    A introdução precoce do ovo ajuda a prevenir alergia?

    A introdução alimentar precoce, realizada por volta dos 6 meses conforme orientação pediátrica, pode ajudar a reduzir o risco de alergia porque o contato regular e controlado com pequenas quantidades de alimento favorece o desenvolvimento da tolerância.

    Isso permite que o sistema imunológico aprenda a reconhecer proteínas da clara e da gema como seguras, motivo pelo qual é recomendado evitar atrasos, principalmente em crianças com pele muito sensível ou dermatite atópica.

    A alergia a ovo interfere na amamentação?

    A alergia não interfere diretamente na amamentação, pois a criança não reage ao leite materno, porém pequenas quantidades de proteína do ovo podem passar para o leite quando a mãe consome o alimento, criando uma situação rara mas possível de irritação na pele ou desconforto digestivo.

    Nesses casos, o pediatra pode orientar ajustes na alimentação materna quando existe suspeita de reação relacionada.

    Veja mais: Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

  • Produtos hipoalergênicos: o que significam e como funcionam

    Produtos hipoalergênicos: o que significam e como funcionam

    A variedade de itens de autocuidado disponíveis nos supermercados é enorme — mas você sabe como escolher? Para quem tem pele sensível, histórico de dermatite ou tendência a alergias de contato, os produtos hipoalergênicos se popularizaram pelas formulações suaves e com menor risco de irritação.

    Para entender como eles funcionam e como são regulamentados, conversamos com a alergologista Brianna Nicoletti e esclarecemos tudo em detalhes, a seguir!

    Na prática, o que significa ser hipoalergênico?

    Na prática, um produto hipoalergênico é formulado para reduzir o risco de causar alergias ou irritações na pele. Isso significa que ele contém ingredientes com menor potencial alergênico, como fragrâncias, corantes e certos conservantes, e passa por testes dermatológicos específicos para avaliar sua tolerância em peles sensíveis.

    No entanto, vale apontar que hipoalergênico não quer dizer que o produto seja totalmente livre de risco. Cada organismo reage de forma diferente, e mesmo substâncias seguras para a maioria das pessoas podem causar desconforto em algumas. O termo indica apenas que a probabilidade de reação é menor em comparação a produtos comuns.

    “Nenhum cosmético é universalmente seguro. A resposta da pele depende de múltiplos fatores: genética, estado da barreira cutânea, uso prévio de produtos e presença de doenças como dermatite atópica ou rosácea. Mesmo ingredientes considerados neutros podem provocar reações em pessoas predispostas”, complementa Brianna.

    A especialista lembra ainda que, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige que as empresas realizem testes dermatológicos para validar o rótulo, avaliando a tolerância cutânea em voluntários sob supervisão médica.

    Como é feita a avaliação para que um cosmético seja hipoalergênico?

    A avaliação para que um cosmético seja considerado hipoalergênico envolve uma série de testes científicos e clínicos conduzidos sob supervisão dermatológica. O objetivo é verificar se o produto tem baixo potencial de causar reações alérgicas ou irritações cutâneas, especialmente em pessoas com pele sensível.

    De acordo com Brianna, a avaliação é feita especialmente por meio de testes de sensibilidade rigorosos — como o teste de contato (ou patch test), realizado em laboratórios especializados com um grupo de voluntários, incluindo, muitas vezes, pessoas com histórico de peles sensíveis ou alergias conhecidas.

    “Esses testes envolvem aplicação do produto em uma pequena área da pele de voluntários com histórico de sensibilidade, observando a presença de irritação, coceira, vermelhidão ou outras reações. Caso a taxa de resposta alérgica seja mínima, o produto é classificado como hipoalergênico”, esclarece a alergologista.

    No entanto, os critérios podem variar entre países e não existe uma padronização global. Isso torna fundamental considerar a credibilidade do fabricante e a supervisão científica do teste, segundo Brianna.

    Quando os produtos hipoalergênicos são indicados?

    Os produtos hipoalergênicos são indicados principalmente para pessoas com pele sensível, dermatite atópica, rosácea, alergias de contato ou histórico de irritações cutâneas. Eles ajudam a reduzir o risco de reações adversas causadas por fragrâncias, corantes, conservantes e outras substâncias irritantes comuns em cosméticos tradicionais.

    Também são recomendados para bebês, crianças e idosos, já que a pele desses grupos costuma ser mais fina e delicada, com a barreira cutânea menos resistente. Em situações de pós-procedimentos dermatológicos, como peelings, depilação a laser ou cirurgias estéticas, os hipoalergênicos também podem ser indicados por oferecerem fórmulas mais suaves e seguras.

    Ainda assim, Brianna aponta que é importante observar a composição e preferir produtos de marcas que realizam testes clínicos sob supervisão de dermatologistas e alergistas.

    Qual a diferença entre hipoalergênico e antialérgico?

    A principal diferença está no propósito e na forma de ação de cada um.

    • Produtos hipoalergênicos: formulados para reduzir o risco de causar reações em pessoas sensíveis. Contêm menos substâncias irritantes e passam por testes dermatológicos.
    • Produtos antialérgicos: são medicamentos usados para tratar uma reação alérgica já existente, contendo anti-histamínicos ou corticosteroides.

    Vale apontar que eles não são intercambiáveis, então um cosmético hipoalergênico não substitui um medicamento antialérgico, e vice-versa. A escolha depende do objetivo: prevenir reações ou tratar uma alergia instalada.

    Em casos de irritações recorrentes ou sintomas intensos, o ideal é procurar um dermatologista, que poderá identificar a causa exata da alergia e indicar o tratamento mais adequado — além de orientar sobre os produtos seguros para uso contínuo.

    E os produtos “sem fragrância” e “dermatologicamente testados”?

    De acordo com Brianna, os conceitos são diferentes, mas complementares:

    • Sem fragrância: não possui perfume adicionado, mas pode apresentar o odor natural dos ingredientes.
    • Dermatologicamente testado: significa que o produto foi avaliado sob supervisão médica, mas isso não garante ausência de reações.

    Cuidados ao usar um produto novo na pele

    Antes de usar um produto novo na pele, é importante adotar alguns cuidados para evitar reações adversas, alergias ou irritações, como:

    • Aplique uma pequena quantidade na parte interna do antebraço ou atrás da orelha e aguarde 24 a 48 horas. Se houver coceira, ardência ou vermelhidão, não utilize.
    • Leia o rótulo com atenção, evitando ingredientes aos quais você já teve sensibilidade.
    • Introduza o produto aos poucos, aplicando em dias alternados.
    • Evite testar vários cosméticos novos ao mesmo tempo.

    Nos primeiros dias, observe sinais como ardência, vermelhidão ou aumento de sensibilidade. Caso ocorram, suspenda o uso e consulte um dermatologista.

    Veja também: Alergia a níquel de bijuterias: por que acontece, como tratar e se tem cura

    Perguntas frequentes

    1. Como identificar se tenho pele sensível ou reativa?

    A pele sensível reage facilmente a cosméticos, poluição e variações de temperatura. Já a pele reativa apresenta respostas mais intensas, com descamação ou inflamação. Um dermatologista pode ajudar a identificar gatilhos e ajustar a rotina ideal.

    2. Quais ingredientes devem ser evitados por quem tem alergia cutânea?

    Alguns ingredientes têm maior potencial alergênico, como parabenos, fragrâncias sintéticas, corantes artificiais, lanolina e certos conservantes. Ácidos e extratos concentrados também podem irritar peles sensíveis.

    3. Existe diferença entre alergia e sensibilidade na pele?

    Sim! A alergia envolve resposta imunológica, enquanto a sensibilidade é uma irritação mais leve, sem envolvimento do sistema imunológico.

    4. Como fazer um teste de toque?

    Aplique o produto no antebraço ou atrás da orelha e aguarde 24 a 48 horas. Se não houver reação, o uso tende a ser seguro.

    5. Produtos naturais ou veganos são mais seguros?

    Não necessariamente. Alguns extratos vegetais e óleos essenciais podem irritar a pele. O importante é avaliar a composição e priorizar produtos com testes clínicos.

    6. É seguro usar produtos hipoalergênicos em bebês?

    Sim, desde que formulados para o público infantil. Mesmo assim, recomenda-se teste de toque antes do uso regular.

    Veja mais: Alergia à tatuagem existe? Saiba mais sobre sintomas e tratamentos

  • Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

    Alergias em crianças: como a escola deve lidar?

    Dermatite atópica, asma e alergias alimentares estão entre as condições mais comuns na infância e podem se manifestar logo nos primeiros anos da vida escolar. Na maioria das vezes, os sintomas de alergias em crianças aparecem de forma leve e podem ser controlados, mas algumas reações podem piorar rapidamente e evoluir para um quadro grave, como a anafilaxia.

    Como a criança passa boa parte do dia na escola, o ambiente precisa estar preparado para protegê-la sem tirar seu direito de participar das atividades com os coleguinhas. Isso envolve protocolos bem definidos, uma equipe que saiba como agir em casos de crise, boa comunicação com os pais e atitudes práticas no cotidiano que garantam a segurança sem causar isolamento ou constrangimento. Vamos entender mais, a seguir.

    Quais as alergias mais comuns na infância?

    As alergias são reações exageradas do sistema imunológico a substâncias que, normalmente, seriam inofensivas. Nas crianças, o organismo ainda está em desenvolvimento, o que torna as reações alérgicas mais imprevisíveis e, muitas vezes, mais intensas.

    Entre as mais comuns na idade escolar, a alergista e imunologista Brianna Nicoletti aponta:

    • Alergias alimentares, como leite, ovo, amendoim, castanhas, trigo, soja, peixe e frutos do mar;
    • Rinite alérgica e asma, que são desencadeadas por poeira, mofo, ácaros e perfumes;
    • Dermatite atópica, que causa pele ressecada, coceiras e feridas podem piorar com calor, tecidos sintéticos ou suor;
    • Alergia a picadas de insetos (como abelhas e vespas), comum em áreas externas, com risco de reações graves;
    • Conjuntivite alérgica, que afeta os olhos, causando coceira, vermelhidão e lacrimejamento;
    • Alergias de contato, causadas por substâncias como níquel (em fantasias, bijuterias), fragrâncias ou colas em materiais escolares;

    Algumas alergias em crianças se manifestam de forma leve, como espirros ou coceiras, mas outras podem evoluir rapidamente para quadros graves, como a anafilaxia — uma emergência médica que exige socorro imediato.

    Quais riscos a escola oferece para crianças alérgicas?

    A escola é um ambiente coletivo, então o risco de exposição a substâncias alergênicas é constante — desde alimentos compartilhados no lanche até materiais escolares, poeira acumulada em salas mal ventiladas, mofo em ambientes úmidos, perfumes usados por colegas e até produtos de limpeza usados nos banheiros e corredores.

    Mesmo com orientação, algumas situações inesperadas podem acontecer: um coleguinha que oferece um pedaço do lanche, uma atividade com materiais que causam alergia ou até uma troca de canetas com cheiro ou glitter pode desencadear uma crise alérgica.

    De acordo com Brianna, em casos severos, o maior risco é a anafilaxia, uma reação alérgica aguda que exige atendimento imediato. Os sintomas podem surgir em poucos minutos e incluem inchaço dos lábios, língua ou rosto, dificuldade para respirar, chiado no peito, queda brusca de pressão arterial, vômitos, confusão mental e, em casos extremos, perda de consciência.

    Sem intervenção rápida com adrenalina e suporte médico, a anafilaxia pode levar à morte. É por isso que toda a equipe da escola precisa estar preparada para reconhecer os sinais e agir rápido até que a criança receba o atendimento certo.

    Comunicação entre a escola e os pais

    No momento da matrícula, os pais devem entregar toda a documentação necessária, como laudos médicos, receitas atualizadas, o Plano de Ação com instruções detalhadas para emergências e os contatos diretos em caso de urgência. Tudo isso precisa ser renovado pelo menos uma vez por ano ou sempre que houver mudanças na condição de saúde da criança.

    Além da papelada, é importante que a escola organize reuniões de alinhamento no início do ano letivo com os pais para revisar protocolos, esclarecer dúvidas e ajustar qualquer ponto necessário. Também é importante que a equipe pedagógica esteja ciente da condição da criança e saiba como agir no dia a dia.

    Por fim, a escola precisa manter um canal direto e aberto com as famílias para resolver questões cotidianas — como dúvidas sobre merendas, passeios escolares, festas de aniversário ou uso de novos materiais em sala. Com essa troca próxima, a criança se sente mais acolhida e é possível prevenir problemas no dia a dia quanto a saúde e bem-estar dela.

    O que a escola deve fazer em caso de crises graves de alergias em crianças?

    Toda escola deve estar preparada para agir rápido diante de uma emergência alérgica, que deve ser previamente esclarecida pelos pais da criança. De acordo com Brianna, o protocolo nesses casos deve ser o seguinte:

    • Plano de Ação Escrito Individual: elaborado pelo médico da criança, com orientações claras sobre sinais de alerta e primeiros socorros;
    • Treinamento anual da equipe escolar: todos devem saber reconhecer uma anafilaxia, usar o autoinjetor de adrenalina corretamente e acionar o SAMU (192) sem hesitar;
    • Kit de emergência acessível: precisa conter autoinjetor de adrenalina, anti-histamínico e broncodilatador com espaçador, conforme o plano médico;
    • Registro da ocorrência: quem aplicou o medicamento, horário, evolução e contato imediato com os pais.

    A especialista ressalta que, no caso de crianças que precisam de adrenalina autoinjetável, ela deve permanecer acessível, dentro da validade e identificada com o nome da criança.

    “Qualquer adulto treinado (professor, coordenação, enfermagem escolar) pode e deve aplicar imediatamente diante de anafilaxia suspeita — não se deve aguardar confirmação médica para iniciar a adrenalina”, aponta Brianna.

    Alimentação escolar: como manter a criança segura?

    A alimentação costuma ser um dos pontos mais sensíveis no cuidado de alergias em crianças, já que o risco de ingestão acidental ou contaminação cruzada é alto — principalmente em escolas que oferecem refeições coletivas. Por isso, o cuidado com o preparo dos alimentos precisa ser rigoroso e bem coordenado entre todas as pessoas envolvidas.

    Algumas boas práticas ajudam muito nesse processo, conforme apontado por Brianna:

    • Cardápio personalizado, com todos os rótulos verificados e controle rigoroso de contaminação cruzada, usando utensílios e superfícies exclusivas, com preparo separado dos demais alimentos;
    • Lista de ingredientes disponível para a família, garantindo transparência total sobre o que será servido e permitindo que os responsáveis avaliem os riscos;
    • Treinamento constante da equipe de cozinha e cantina, com foco em lavagem correta das mãos, higienização dos utensílios e consciência sobre a gravidade de uma exposição acidental.

    Com medidas simples, é possível que a criança alérgica se alimente com segurança na escola e se sinta incluída em momentos cotidianos na escola.

    Quais são os sinais de alerta de alergias em crianças que exigem socorro imediato?

    A equipe da escola deve saber identificar os principais sinais de anafilaxia, como:

    • Urticária generalizada;
    • Inchaço de lábios, olhos ou língua;
    • Chiado no peito ou falta de ar;
    • Rouquidão súbita;
    • Dificuldade para engolir ou falar;
    • Vômitos repetidos;
    • Queda de pressão, palidez ou sonolência excessiva.

    Na dúvida, utilize a adrenalina imediatamente, conforme o Plano de Ação da criança. Após a aplicação da medicação, o serviço de emergência (SAMU, 192) deve ser acionado imediatamente e os responsáveis legais da criança informados.

    Durante esse tempo, a equipe escolar deve acompanhar a criança de perto, mantendo-a em posição confortável e observando possíveis mudanças no quadro clínico até a chegada do atendimento médico.

    Leia mais: Alergia alimentar: dicas para comer fora com segurança

    Como incluir a criança com alergia no ambiente escolar?

    No dia a dia, os professores podem adotar estratégias simples para que a criança alérgica se sinta segura e incluída em todas as atividades da escola, sem constrangimentos ou exclusões. A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia sugere algumas práticas:

    • Converse com a turma: explique de forma simples e respeitosa que um colega tem alergia a certos alimentos e que todos podem ajudar. As conversas incentivam empatia e responsabilidade coletiva desde cedo;
    • Desenvolva atividades educativas: aproveite projetos, rodas de conversa ou dinâmicas para reforçar valores como cuidado, generosidade e cooperação. Isso ajuda a naturalizar a convivência com as diferenças;
    • Evite rótulos ou falas que isolem: tenha cuidado com palavras e frases que possam expor ou rotular a criança com alergia. O objetivo é que ela se sinta incluída, não marcada por sua condição;
    • Nada de isolamento nas refeições: com supervisão e organização, é perfeitamente possível que a criança alérgica sente-se com os colegas e participe normalmente do momento das refeições, sem ser afastada do grupo;
    • Planeje comemorações com antecedência: em festas de aniversário ou eventos com comida, avise a família da criança alérgica com antecedência. Assim, é possível organizar uma opção segura para ela sem que se sinta excluída;
    • Oriente sobre lembrancinhas com comida: se a festa contar com brindes ou saquinhos de guloseimas enviados por outras famílias, avise previamente sobre a alergia da criança. Ela também precisa receber algo especial, sem riscos à saúde.

    Veja também: Entenda como funciona a alergia alimentar e o que fazer

    Perguntas frequentes sobre alergias em crianças

    1. Existe risco ao fazer atividades ao ar livre com crianças alérgicas?

    Sim, dependendo do tipo de alergia. Crianças alérgicas a picadas de insetos, por exemplo, correm risco em ambientes abertos e com vegetação. Já quem tem asma pode reagir mal a mudanças bruscas de temperatura, poeira ou poluição.

    O ideal é sempre consultar o Plano de Ação e planejar com antecedência. Quando necessário, levar o kit de emergência, orientar a equipe que acompanhará o grupo e adaptar o espaço, como evitar áreas com gramado alto ou flores.

    2. É permitido aplicar adrenalina sem autorização dos pais?

    Sim! Em caso de suspeita de anafilaxia, a adrenalina deve ser aplicada imediatamente, mesmo sem autorização dos pais naquele momento. A medida é apoiada por protocolos médicos e pode salvar a vida da criança.

    A escola precisa ter uma política clara sobre o uso da medicação, alinhada com profissionais de saúde e informada às famílias desde a matrícula.

    3. A escola pode impedir que a criança com alergia participe de certas atividades?

    Não, pois impedir a participação da criança por medo ou despreparo é uma forma de exclusão. Toda criança tem direito a participar da vida escolar, e cabe à escola adaptar as atividades conforme as necessidades de cada aluno. Isso pode significar trocar ingredientes, mudar o local de uma aula prática, ou orientar colegas sobre cuidados básicos.

    4. Quais são os primeiros sinais de uma reação alérgica em crianças?

    Os primeiros sinais costumam surgir rapidamente após o contato com o alérgeno, mas podem variar bastante conforme o tipo de alergia e a sensibilidade da criança. Os mais comuns incluem coceira intensa na pele, vermelhidão espalhada pelo corpo, olhos lacrimejando, espirros consecutivos, tosse seca, sensação de aperto na garganta e inchaço nos lábios ou pálpebras.

    Ao observar qualquer um desses sintomas, mesmo que pareçam leves, é fundamental agir com atenção e seguir o Plano de Ação da criança.

    5. Como identificar uma reação alérgica em crianças em bebês?

    Em crianças muito pequenas, que ainda não conseguem expressar o que estão sentindo, é fundamental observar mudanças comportamentais e sinais físicos, como coçar partes do corpo de forma insistente, esfregar os olhos, tossir sem parar, ficar inquieto, chorar sem causa aparente, irritabilidade, recusar alimentos ou mostrar desconforto ao respirar.

    Veja também: Janela imunológica: como prevenir alergia alimentar em bebês

  • Alergia à tatuagem existe? Saiba mais sobre sintomas e tratamentos

    Alergia à tatuagem existe? Saiba mais sobre sintomas e tratamentos

    Vermelhidão, maior sensibilidade e leve inchaço são comuns após fazer uma tatuagem — afinal, trata-se de uma lesão cutânea em cicatrização. Esses sinais tendem a melhorar em poucos dias e fazem parte da resposta natural do organismo.

    Em algumas situações, porém — especialmente em pessoas com histórico de dermatite, alergias ou outras condições de pele —, pode ocorrer hipersensibilidade (alergia à tatuagem). Como a tatuagem introduz pigmentos na derme, uma resposta imunológica exagerada pode surgir, causando coceira intensa, descamação, bolhas e até secreção.

    Para entender como reconhecer os sinais e tratar a alergia à tatuagem, conversamos com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti. Veja as orientações a seguir.

    Por que a alergia à tatuagem acontece?

    A alergia surge quando o sistema imunológico reage de forma exagerada a substâncias presentes nas tintas, aditivos ou materiais usados no procedimento, desencadeando inflamação local. É uma hipersensibilidade de contato, geralmente do tipo tardio — podendo aparecer dias, semanas ou meses após a tatuagem.

    De acordo com Brianna, os possíveis desencadeantes incluem:

    • Tinta vermelha: sulfeto de mercúrio/óxidos de ferro (maior taxa de alergia).
    • Tinta amarela: pode conter cádmio, reativo ao sol.
    • Tinta verde: sais de cromo (forte sensibilizante).
    • Tinta azul: cobalto e níquel (alérgenos frequentes).
    • Tinta preta: geralmente mais segura, mas algumas fórmulas têm PPD (parafenilenodiamina).
    • Aditivos: glicerina, propilenoglicol, álcool, parabenos, liberadores de formaldeído.
    • Luvas de látex, antissépticos (iodo, clorexidina, álcool) e pomadas com antibióticos (neomicina, bacitracina).

    A lesão costuma respeitar o traçado/cor usada, o que ajuda na identificação.

    Quais os sintomas de alergia à tatuagem?

    • Coceira persistente e intensa;
    • Eritema (vermelhidão) prolongado;
    • Edema (inchaço) local;
    • Pápulas/placas elevadas sobre o traço;
    • Vesículas/bolhas;
    • Descamação, crostas e secreção;
    • Dor e sensibilidade aumentada.

    Em quadros mais severos, podem surgir nódulos endurecidos e lesões de longa duração. “As reações podem surgir logo após a aplicação ou meses/anos depois. Reativações após sol intenso, ressonância magnética e até vacinação já foram descritas”, comenta Brianna.

    Como diferenciar irritação comum de reação alérgica?

    • Irritação comum: aparece nos primeiros dias (cicatrização). Vermelhidão, leve inchaço e dor local que melhoram espontaneamente.
    • Alergia: coceira forte e contínua, inchaço que não passa, manchas/bolhas no desenho e cicatrização lenta. Febre, linfonodos aumentados, dor intensa ou vermelhidão em expansão sugerem infecção — procure atendimento.

    Existem fatores de risco?

    Histórico de dermatite de contato, dermatite atópica, alergia a metais ou tendência a queloides aumenta o risco de reações. Em alguns casos, pode-se considerar patch test com pigmentos (quando disponível) e optar por estúdios com tintas certificadas/descartáveis e rigor higiênico.

    Como é feito o diagnóstico?

    Baseia-se na história clínica e exame dermatológico (padrão das lesões).

    • Histopatologia (biópsia): define o tipo de inflamação e afasta diagnósticos diferenciais (ex.: infecção, sarcoidose).
    • Teste de contato: útil em alguns casos, mas pode ter limitações (alérgenos se formam na pele ao longo do tempo).
    • Métodos avançados: ultrassom de alta frequência e análise química (uso pontual).

    Como é o tratamento da alergia à tatuagem?

    Primeiro passo: suspender produtos não prescritos e procurar atendimento.

    • Quadros leves: corticoides tópicos e anti-histamínicos.
    • Moderados: corticoide oral e/ou infiltrações locais.
    • Graves/infecção associada: antibióticos; considerar remoção a laser (com cautela, pois pode reativar inflamação). Acompanhe com dermatologista.

    Confira: Alergia à poeira doméstica: por que acontece e como aliviar os sintomas?

    Perguntas frequentes sobre alergia à tatuagem

    1. A alergia pode desaparecer sozinha?

    Em casos leves, pode haver melhora espontânea. Porém, é comum a reação persistir sem tratamento — o acompanhamento especializado evita cronicidade e cicatrizes.

    2. Alergia à tatuagem pode matar?

    Geralmente é local e tratável. Raramente, pode ocorrer anafilaxia (reação sistêmica grave) — especialmente em pessoas com alergias severas. Sintomas respiratórios ou queda de pressão exigem socorro imediato.

    3. Pode aparecer em tatuagens antigas?

    Sim. O corpo pode demorar a reconhecer o alérgeno. Sol intenso, vacinação ou RM podem reativar a inflamação em tatuagens antigas.

    4. Tenho pele sensível. Posso tatuar?

    Pode — mas com avaliação dermatológica prévia, escolha de tintas confiáveis e consciência de maior risco de reação.

    5. Quais cuidados após tatuar?

    • Lavar com água e sabonete neutro, sem esfregar;
    • Secar com toalha limpa, em batidinhas;
    • Usar pomada cicatrizante indicada;
    • Não coçar nem arrancar casquinhas;
    • Evitar sol nos primeiros meses; protetor apenas após cicatrização;
    • Não mergulhar (piscina/mar/banheira) até cicatrizar;
    • Roupas leves e limpas; seguir as orientações do profissional.

    6. Posso usar protetor solar na tatuagem nova?

    Não enquanto for ferida aberta. Use protetor somente após cicatrização.

    7. Quais cores dão mais alergia?

    • Vermelho: sais de mercúrio (cinábrio) — alto potencial alergênico.
    • Amarelo: cádmio — fotossensibilização/dermatite.
    • Verde/azul: cromo, níquel e cobalto (metais sensibilizantes).
    • Preto: menos reações, mas algumas tintas contêm PPD.

    Veja mais: Vacina para alergia: entenda como funciona a imunoterapia

  • Alergia a níquel de bijuterias: por que acontece, como tratar e se tem cura

    Alergia a níquel de bijuterias: por que acontece, como tratar e se tem cura

    Vermelhidão, coceira e pequenas bolhas após usar um brinco novo? Esses sintomas podem parecer estranhos para quem já está acostumado a usar bijuterias, mas são sinais clássicos de alergia a níquel — uma das causas mais comuns de dermatite de contato no mundo.

    O níquel está presente em muitos objetos do dia a dia — de bijuterias a botões, zíperes e até cosméticos. Em pessoas predispostas, o contato repetido com o metal provoca uma reação inflamatória que tende a se tornar crônica, mesmo com pequenas quantidades de exposição.

    Mas afinal, o que fazer? A seguir, a alergista e imunologista Brianna Nicoletti explica como é feito o tratamento, quais alternativas são seguras e como diferenciar a alergia de uma simples irritação.

    O que é o níquel?

    Segundo Brianna, o níquel (ou sulfato de níquel) é um metal resistente, versátil e brilhante, amplamente utilizado em ligas metálicas. É popular por ser barato, durável e aumentar a vida útil de produtos metálicos.

    Ele está presente em uma série de objetos cotidianos:

    • Brincos e piercings metálicos;
    • Correntes, pulseiras e anéis prateados;
    • Fechos de colares e zíperes de roupas;
    • Botões de calça e fivelas de cinto;
    • Relógios e armações de óculos;
    • Cosméticos (sombras, batons, tinturas de cabelo).

    Nos cosméticos, o níquel não é adicionado de propósito: ele surge como impureza de pigmentos metálicos, especialmente em maquiagens com tons dourados, acinzentados ou cintilantes. Mesmo em quantidades mínimas, pode sensibilizar peles predispostas.

    Por que algumas pessoas têm alergia a níquel nas bijuterias?

    A alergia ocorre quando o sistema imunológico reconhece o níquel como uma substância estranha. Os íons do metal penetram nas camadas da pele e se ligam a proteínas locais, desencadeando uma inflamação com vermelhidão, coceira e bolhas.

    Curiosamente, a sensibilidade pode surgir após anos de uso de bijuterias com níquel. Isso acontece porque o corpo cria uma “memória imunológica” — e, a partir daí, mesmo uma exposição mínima é suficiente para causar reação. É por isso que a alergia tende a ser crônica.

    Quais são os sintomas da alergia a níquel?

    Os sintomas da alergia a níquel aparecem geralmente entre 12 e 48 horas após o contato. As áreas mais afetadas são as que têm contato direto com o metal — lóbulo das orelhas, pescoço, dedos e pulsos. Os principais sinais incluem:

    • Coceira intensa e persistente;
    • Vermelhidão e sensação de calor;
    • Descamação e ressecamento da pele;
    • Pequenas bolhas que podem liberar líquido;
    • Crostas ou fissuras em casos crônicos.

    Nos casos prolongados, a pele pode engrossar, escurecer e ficar sensível. Já nas alergias causadas por cosméticos, as lesões podem surgir em locais como pálpebras, rosto, couro cabeludo e mãos.

    Importante: mesmo após remover o acessório, a reação pode persistir por alguns dias até a recuperação completa da pele.

    Como diferenciar alergia a níquel de outras irritações?

    Nem toda vermelhidão causada por bijuteria é uma alergia verdadeira. Às vezes, trata-se apenas de uma irritação mecânica (pelo atrito) ou química (por suor ou produtos de limpeza). Veja as diferenças:

    Tipo de reação Causa Características Duração
    Irritação simples Atrito, suor, produtos químicos Ardência e vermelhidão local Melhora após remover o acessório
    Alergia (dermatite de contato) Reação imunológica ao níquel Coceira, bolhas e inflamação persistente Dura dias ou semanas, mesmo sem o acessório

    Diagnóstico da alergia a níquel

    O diagnóstico é clínico, baseado na história e nas lesões observadas. Para confirmar, o dermatologista pode solicitar o teste de contato (patch test), no qual pequenas quantidades de substâncias alérgicas — incluindo o níquel — são aplicadas nas costas do paciente.

    Após 48 e 72 horas, o médico verifica se houve inflamação na área. O resultado confirma a alergia e orienta medidas de prevenção.

    Como tratar a alergia a níquel

    Ao notar coceira intensa e vermelhidão, o primeiro passo é retirar o acessório e lavar a região com água e sabão neutro. Depois, aplique um hidratante para restaurar a barreira cutânea.

    De acordo com Brianna, o tratamento geralmente inclui pomadas com corticoide por curto período. Em casos mais graves, o dermatologista pode indicar inibidores de calcineurina, curativos de barreira ou antibióticos, se houver infecção.

    Tenho alergia a níquel. O que posso usar?

    O níquel está em muitos acessórios, mas existem alternativas seguras. Prefira peças de aço cirúrgico, titânio, ouro 18k (não folheado) ou prata 925 de boa procedência, certificando-se de que a liga não contenha traços de níquel.

    Nos cosméticos, escolha produtos com selo “nickel-tested” ou “low-nickel”. Prefira fórmulas sem fragrância e com poucos ingredientes, que reduzem o risco de irritação.

    Mantenha a pele hidratada com cremes ricos em ceramidas e evite usar acessórios por longos períodos, especialmente em dias quentes, pois o suor aumenta a liberação do metal.

    Quando procurar ajuda médica urgente

    Procure um médico se houver:

    • Inchaço intenso, dor ou calor no local;
    • Presença de pus ou secreção amarelada;
    • Lesões que não cicatrizam;
    • Coceira que se espalha pelo corpo.

    Esses sinais podem indicar infecção secundária ou outras doenças de pele, como eczema atópico.

    Confira: Será que é urticária? Conheça as características dessa doença

    Alergia a níquel tem cura?

    A alergia ao níquel tende a ser crônica. O tratamento se baseia em evitar a exposição e controlar os sintomas. Em casos específicos, o dermatologista pode considerar estratégias complementares, mas a dessensibilização não é rotina, pois o manejo é preventivo e evitativo.

    “Um alerta prático: se a dermatite aparece em pálpebras ou rosto e você não usa bijuterias, pense em maquiagens, esmaltes e tinturas como fontes ocultas. Leve seus produtos à consulta — isso ajuda no diagnóstico e na escolha de alternativas seguras”, orienta Brianna.

    Perguntas frequentes sobre alergia a níquel

    1. Posso usar bijuterias se aplicar esmalte transparente por cima?

    Passar esmalte sobre brincos, anéis ou pulseiras cria apenas uma barreira temporária. Com o tempo, o atrito e o suor removem a camada, permitindo o contato com o metal novamente. É uma solução paliativa; o ideal é usar metais hipoalergênicos.

    2. É verdade que o suor aumenta a liberação de níquel?

    Sim. O suor contém sais e ácidos que facilitam a liberação de íons de níquel das ligas metálicas, aumentando a chance de reação alérgica. Por isso, evite usar bijuterias durante o calor, ao dormir ou durante atividades físicas.

    3. Como saber se uma bijuteria contém níquel?

    Não é possível identificar visualmente. Algumas lojas informam na embalagem ou site. Outra opção é usar kits de teste para níquel, vendidos em farmácias, que mudam de cor ao entrar em contato com o metal.

    4. O uso de celular ou notebook metálico pode causar alergia?

    Sim, especialmente em pessoas muito sensíveis. O contato prolongado com aparelhos metálicos pode causar dermatite nas mãos ou bochechas. Use capas protetoras e películas para evitar o contato direto.

    5. Quais alimentos contêm níquel e podem piorar a alergia?

    Alguns alimentos possuem altos teores naturais de níquel e, em pessoas sensíveis, podem agravar os sintomas. Entre eles:

    • Chocolate e cacau;
    • Nozes, amêndoas e castanhas;
    • Feijão, lentilha e ervilha;
    • Aveia e trigo integral;
    • Espinafre e couve;
    • Chá preto e café instantâneo.

    Esses alimentos não causam alergia em todas as pessoas, mas quem tem dermatite sistêmica por níquel pode precisar restringi-los sob orientação médica.

    Leia também: Alergia à poeira doméstica: por que acontece e como aliviar os sintomas?

  • Será que é urticária? Conheça as características dessa doença

    Será que é urticária? Conheça as características dessa doença

    Você sabia que, ao longo da vida, uma em cada quatro pessoas apresenta pelo menos um episódio de urticária? A condição é relativamente comum e pode surgir em qualquer idade, provocando manchas vermelhas, elevadas e com coceira intensa.

    Em muitos casos, ela dura poucas horas e desaparece sem deixar marcas, mas também pode se tornar crônica, persistindo por semanas ou até anos. Para entender como ela é causada e as medidas de tratamento, conversamos com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti. Confira!

    O que é urticária?

    A urticária é uma condição de pele caracterizada pelo surgimento súbito de lesões chamadas pápulas urticariformes. Elas aparecem como vergões avermelhados, elevados e que coçam bastante. De acordo com Brianna, podem surgir em minutos, mudar de lugar no corpo e desaparecer em até 24 horas, sem deixar marcas ou cicatrizes.

    Em alguns casos, a urticária vem acompanhada de angioedema, que é o inchaço mais profundo da pele e das mucosas — como nos lábios, pálpebras e língua. Ela pode ser mais desconfortável e até assustar, embora nem sempre represente risco grave.

    Quais os tipos de urticária?

    • Urticária aguda: quando os sintomas duram menos de seis semanas. Normalmente, está ligada a alergias alimentares, medicamentos, infecções virais ou picadas de insetos;
    • Urticária crônica: quando persiste por mais de seis semanas, com crises recorrentes. Em boa parte dos casos, não há um gatilho específico identificado.

    O que causa urticária?

    As causas variam conforme o tipo. Segundo Brianna, casos de urticária aguda podem ser desencadeados por:

    • Infecções virais (principal motivo em crianças);
    • Medicamentos, como antibióticos e anti-inflamatórios;
    • Alimentos, incluindo oleaginosas, frutos do mar, leite e ovos;
    • Picadas de insetos;
    • Agentes físicos, como frio, calor ou pressão na pele.

    Já a urticária crônica pode surgir devido a:

    • Mecanismos autoimunes;
    • Doenças da tireoide;
    • Infecções crônicas;
    • Alterações hormonais;
    • Estresse e fatores emocionais;
    • Estímulos físicos, como calor, frio, sol, pressão e exercício.

    Vale apontar que, na maioria dos casos crônicos, não é encontrado um gatilho definido. Ou seja, o organismo reage de forma descontrolada, liberando histamina e causando os sintomas, sem uma causa aparente.

    A urticária é contagiosa?

    Não, a urticária não é uma doença contagiosa. Ela não passa de pessoa para pessoa por contato físico, beijo, abraço ou compartilhamento de objetos.

    Em alguns casos, ela pode estar relacionada a infecções virais — mas nesse caso, o que pode ser transmitido é o vírus (como o de uma gripe), não a urticária em si.

    Sintomas da urticária

    • Manchas vermelhas e elevadas (pápulas) que surgem e desaparecem rapidamente;
    • Coceira intensa, que pode piorar à noite ou em situações de calor;
    • Sensação de ardor ou queimação nas áreas afetadas;
    • Lesões que aparecem em uma região e depois somem, surgindo em outros locais;
    • Inchaço localizado (angioedema), especialmente em pálpebras, lábios, mãos, pés ou genitais.

    Em crises mais graves, a urticária pode vir acompanhada de dificuldade para respirar, dor abdominal ou tontura — sinais que exigem atendimento médico imediato.

    Estresse pode causar urticária?

    Sim, em algumas situações, a tensão emocional pode desencadear ou agravar as crises. “O estresse psicológico aumenta a liberação de neuropeptídeos e histamina pelos mastócitos, podendo precipitar ou intensificar as crises — principalmente na urticária crônica”, explica Brianna.

    Fatores como privação de sono e ansiedade também podem contribuir para o aparecimento ou agravamento do quadro. Mudanças no estilo de vida, incluindo técnicas de controle do estresse, exercícios físicos e boa higiene do sono, ajudam a controlar os sintomas.

    Como é feito o diagnóstico de urticária?

    O diagnóstico é clínico, baseado na observação das lesões e na história do paciente. O médico avalia como e quando as lesões aparecem, se há associação com alimentos, medicamentos ou fatores ambientais e a duração dos sintomas.

    Não é necessário fazer exames laboratoriais, segundo Brianna, a menos que exista suspeita de uma condição de base, como doenças da tireoide ou infecções crônicas.

    Testes alérgicos só costumam ser solicitados se houver forte suspeita de alergia alimentar ou medicamentosa — principalmente nos casos de urticária aguda. Já na crônica, os testes raramente trazem respostas úteis.

    Como tratar a urticária?

    O tratamento é feito, inicialmente, com o uso diário de anti-histamínicos de segunda geração, que ajudam a controlar a coceira e as manchas na pele sem causar sono. Se a melhora não for suficiente, o médico pode aumentar até quatro vezes a dose padrão, de acordo com Brianna.

    Nos casos em que a urticária não responde ao tratamento, existem opções mais avançadas, como o omalizumabe e outros medicamentos que agem diretamente no sistema imunológico. A ciclosporina também pode ser usada, sempre com acompanhamento médico.

    Além dos remédios, é muito importante identificar e evitar os gatilhos que causam as crises, além de cuidar do estresse e do sono, que influenciam no controle da doença.

    É possível prevenir a urticária?

    Nem sempre é possível prevenir, mas há medidas que ajudam a reduzir o risco de crises ou minimizar sua frequência. O primeiro passo é identificar e evitar os gatilhos. Outras recomendações:

    • Evitar calor excessivo, banhos muito quentes e exposição prolongada ao sol;
    • Reduzir ou suspender o consumo de bebidas alcoólicas;
    • Controlar o estresse com técnicas de relaxamento, atividade física regular e boa higiene do sono;
    • Manter alimentação equilibrada, priorizando alimentos naturais. Considerar reduzir itens que frequentemente pioram as crises, como embutidos, enlatados, corantes artificiais, refrigerantes, sucos artificiais, frutos do mar, ovos e chocolate.

    Urticária é grave?

    Na maioria dos casos, a urticária não é grave e não causa complicações. No entanto, em alguns pacientes — especialmente com urticária crônica — a condição pode estar relacionada a doenças mais sérias, como:

    • Doenças autoimunes (tireoidite de Hashimoto, lúpus, síndrome de Sjögren);
    • Infecções crônicas (Helicobacter pylori, hepatites virais, HIV);
    • Neoplasias hematológicas (linfomas, leucemias, mastocitose sistêmica);
    • Distúrbios da tireoide e mastocitose.

    Além disso, casos em que a urticária vem acompanhada de angioedema na garganta ou dificuldade respiratória são considerados emergências médicas, exigindo atendimento imediato.

    Confira: Entenda como funciona a alergia alimentar e o que fazer

    Perguntas frequentes

    1. A urticária em bebês é comum?

    Sim. A urticária pode afetar pessoas de todas as idades, inclusive bebês e crianças pequenas. Nos primeiros anos de vida, a causa mais comum é a reação a infecções virais, mas também pode estar relacionada a alimentos (como leite e ovo), picadas de insetos e, em casos mais raros, a remédios.

    As lesões são semelhantes às dos adultos: vergões vermelhos, elevados e pruriginosos. Em bebês, a coceira pode causar irritabilidade e choro. Procure atendimento se houver inchaço de boca, língua ou dificuldade respiratória.

    2. A urticária pode aparecer durante a gravidez?

    Sim. A gestação envolve alterações hormonais e imunológicas que podem favorecer o surgimento ou a piora da urticária. Apesar de normalmente benigna, a gestante deve ser acompanhada por médico para ajustar o tratamento com segurança. Anti-histamínicos de segunda geração podem ser usados, sempre com prescrição.

    3. Estou com urticária, quando devo ir ao médico?

    Busque urgência se apresentar:

    • Dificuldade para respirar;
    • Inchaço em boca, língua ou garganta;
    • Dor abdominal intensa, vômitos ou tontura;
    • Lesões que duram mais de 24 horas no mesmo local e deixam manchas residuais (pode indicar vasculite).

    4. A urticária pode deixar cicatrizes?

    Não. Uma característica da urticária é o desaparecimento das lesões em até 24 horas, sem marcas. Persistência no mesmo local por mais de um dia, com manchas roxas ou marrons, sugere outro problema e deve ser investigada.

    5. Existe relação entre urticária e alimentação?

    Sim, mas não em todos os casos. Na urticária aguda, alimentos como frutos do mar, leite, ovos, amendoim, nozes e chocolate podem desencadear crises. Na crônica, a relação é menos clara. Algumas pessoas melhoram ao reduzir corantes, conservantes e ultraprocessados. Observe relações diretas e converse com o médico.

    6. Quem tem urticária pode beber álcool?

    O álcool pode agravar os sintomas por aumentar a vasodilatação e potencializar a liberação de histamina, além de interagir com medicamentos. Prefira moderação ou evite.

    7. Existe risco de urticária virar câncer?

    Não. A urticária não evolui para câncer. Raramente, pode ser manifestação secundária de doenças hematológicas, mas isso é incomum e corresponde a uma minoria dos casos de urticária crônica.

    Veja também: Alergia à poeira doméstica: por que acontece e como aliviar os sintomas?

  • Alergia à poeira doméstica: por que acontece e como aliviar os sintomas?

    Alergia à poeira doméstica: por que acontece e como aliviar os sintomas?

    Se você é alérgico à poeira, sabe como ela pode atrapalhar o dia a dia: espirros, tosse e nariz entupido costumam aparecer — principalmente durante a faxina. A poeira acumulada em móveis, cortinas, roupas de cama e até no ar carrega ácaros, fungos, restos de pele e outros microrganismos que irritam o sistema respiratório e podem desencadear crises de rinite, asma ou dermatite.

    Com alguns cuidados simples é possível reduzir os sintomas e ganhar qualidade de vida. Entenda!

    Por que a poeira doméstica causa alergia?

    A “poeira” não é só o pó visível: trata-se de uma mistura de partículas microscópicas, como:

    • Restos de pele humana e de animais;
    • Fragmentos de insetos (ex.: baratas);
    • Esporos de mofo;
    • Poluentes que entram pelas janelas;
    • Ácaros e seus resíduos (fezes e partes do corpo).

    Segundo a alergista e imunologista Brianna Nicoletti, em pessoas predispostas essa exposição ativa uma resposta IgE-mediada. O organismo libera histamina, gerando inflamação nas mucosas do nariz, garganta e olhos; casos mais intensos alcançam os brônquios e agravam a asma.

    Qual o papel dos ácaros na alergia à poeira?

    Os ácaros são os maiores vilões. As proteínas de suas fezes e dos próprios corpos são potentes alérgenos. Eles penetram e se acumulam em:

    • Tapetes e carpetes;
    • Cortinas grossas;
    • Sofás e estofados;
    • Colchões e travesseiros.

    Ambientes quentes e úmidos favorecem sua proliferação (≈20–25 °C e umidade > 60%). Com o tempo, esses locais viram “reservatórios”, dificultando o controle.

    Sintomas mais comuns de alergia a poeira

    • Espirros em sequência (frequentes ao acordar);
    • Nariz entupido ou coriza clara;
    • Coceira em nariz, garganta e olhos;
    • Olhos vermelhos e lacrimejando;
    • Tosse seca persistente;
    • Chiado e falta de ar em asmáticos;
    • Lesões de pele em quem tem dermatite atópica sensível a ácaros.

    Atenção: se os sintomas durarem > 2 semanas, forem recorrentes em faxinas/troca de roupa de cama/lugares fechados, procure avaliação médica.

    Cuidados domésticos para reduzir poeira e ácaros

    Limpeza adequada

    • Use pano levemente úmido ou aspirador com filtro HEPA (evite varrer a seco);
    • Aspire sofás, poltronas, colchões e cantos com regularidade.

    Controle da umidade

    • Mantenha a umidade entre 40% e 50% (ventile a casa diariamente);
    • Conserte infiltrações e trate mofo em paredes/teto.

    Redução de reservatórios de poeira

    • Prefira superfícies lisas e fáceis de limpar;
    • Troque tapetes felpudos, cortinas pesadas e bichos de pelúcia por alternativas laváveis.

    Higienização da roupa de cama

    • Lave lençóis e fronhas semanalmente em água quente (≥ 54 °C);
    • Evite colchões/travesseiros muito antigos e enchimentos naturais (penas/lã);
    • Faça trocas regulares da roupa de cama.

    Capas antiácaro

    Capas para colchões e travesseiros, com trama fechada, funcionam como barreira física e reduzem sintomas, especialmente em rinite/asma frequentes.

    Purificadores de ar ajudam?

    Sim, com ressalvas. Modelos com HEPA reduzem partículas suspensas (benefício mais notável em quartos fechados). Não substituem a limpeza nem o controle de umidade e o efeito clínico é modesto. Evite ionizadores/ozonizadores (irritantes).

    Confira: 5 causas de alergia dentro de casa e o que fazer para evitar

    Como é feito o tratamento da alergia a poeira?

    • Anti-histamínicos: aliviam espirros e coceira;
    • Corticoides nasais: reduzem inflamação;
    • Broncodilatadores: em asma, para abrir as vias aéreas;
    • Imunoterapia (dessensibilização): microdoses do alérgeno por injeções ou via sublingual, conforme indicação médica.

    O plano terapêutico deve ser individualizado, considerando histórico, intensidade dos sintomas e condições associadas (rinite, asma, dermatite).

    Perguntas frequentes sobre alergia a poeira doméstica

    1. O que são ácaros?

    São microrganismos que vivem em colchões, travesseiros, tapetes e estofados, alimentando-se de restos de pele. Suas fezes e fragmentos provocam resposta inflamatória intensa em pessoas sensíveis.

    2. Crianças têm mais risco?

    Sim. O sistema imune ainda está em desenvolvimento e a exposição é maior (brincadeiras no chão, pelúcias, objetos na boca). Reforce limpeza e ventilação dos quartos.

    3. Como diferenciar alergia de resfriado?

    Resfriado (vírus) dura 7–10 dias e pode ter febre/secreção amarelada. Alergia pode durar semanas/meses, com coriza clara, espirros em salva, coceira e sem febre.

    4. Qual aspirador é melhor?

    Com HEPA (retém até 99,97% das partículas < 0,3 μm). Aspiradores comuns podem devolver partículas finas ao ar e piorar sintomas.

    5. Existe cura definitiva?

    Não para a predisposição genética, mas é possível controlar muito bem os sintomas com medidas ambientais, medicamentos e, em alguns casos, imunoterapia.

    6. Como manter os sintomas sob controle?

    • Ventile a casa diariamente;
    • Aspire 2x/semana com HEPA e passe pano úmido;
    • Controle a umidade (desumidificadores quando preciso);
    • Lave roupa de cama semanalmente em água quente;
    • Use capas antiácaro e evite acumuladores de poeira;
    • Faça lavagem nasal diária com soro fisiológico.

    7. Por que piora à noite?

    Colchões, travesseiros e roupas de cama concentram ácaros; o contato prolongado durante o sono intensifica espirros, obstrução e tosse.

    8. Máscara ajuda em ambientes empoeirados?

    Sim. Máscaras com filtro (PFF2/N95) reduzem a inalação de poeira/ácaros durante faxinas, mudanças e locais com muita poeira ou poluição.

    Leia mais: Vacina para alergia: entenda como funciona a imunoterapia

  • Asma alérgica: o que é, sintomas, tratamentos e remédios

    Asma alérgica: o que é, sintomas, tratamentos e remédios

    Você sabe o que é asma alérgica? A condição, que é comum durante a infância e adolescência, acontece quando o organismo reage de forma exagerada a substâncias normalmente inofensivas, como poeira, pólen, mofo ou pelos de animais. Isso causa inflamação das vias aéreas, deixando a respiração mais difícil.

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a asma afeta mais de 260 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, a estimativa é que cerca de 20 milhões de brasileiros convivam com a doença, sendo a asma alérgica uma das formas mais comuns.

    Apesar de crônica, a condição pode ser controlada a partir de acompanhamento médico, tratamento adequado e mudanças no estilo de vida. Entenda mais, a seguir.

    O que causa a asma alérgica?

    A asma alérgica, também chamada de asma atópica, é desencadeada quando o sistema imunológico identifica como perigosa uma substância inofensiva, chamada de alérgeno. Ao entrar em contato com o agente, o corpo reage liberando substâncias químicas que causam inflamação nos brônquios e estreitamento das vias respiratórias.

    Entre alguns dos principais alérgenos, estão:

    • Ácaros da poeira doméstica, encontrados em colchões, travesseiros, cortinas e tapetes;
    • Mofo e umidade, que são comuns em casas pouco arejadas;
    • Pelos e epitélio de animais de estimação, como gatos, cães e até roedores;
    • Cheiros fortes, como perfumes, produtos de limpeza, tintas e solventes;
    • Fumaça de cigarro;
    • Poluição do ar;
    • Pólen.

    Além dos alérgenos clássicos, alguns alimentos podem provocar reações em pessoas sensíveis, como leite, ovos, frutos do mar, amendoim e nozes. Eles são menos comuns do que alérgenos inalados, mas crises causadas por alimentos podem ser mais graves.

    Quais os sintomas de asma alérgica?

    Os sintomas da asma alérgica podem variar de pessoa para pessoa. De acordo com a alergista e imunologista Brianna Nicoletti, eles podem variar ao longo do tempo e tendem a surgir ou piorar em situações específicas, como exposição a alérgenos, prática de esforço físico, contato com ar frio ou durante infecções respiratórias.

    Os sinais mais comuns incluem:

    • Falta de ar;
    • Chiado no peito (som semelhante a um assobio ao respirar);
    • Tosse persistente, especialmente à noite ou de manhã cedo;
    • Aperto no peito;
    • Respiração rápida e cansada.

    Se a pessoa também tiver rinite ou outras alergias, podem surgir sintomas como coriza constante, coceira nos olhos, nariz entupido e irritação na pele.

    Além disso, em situações mais graves, quando o alérgeno é ingerido (por exemplo, alimentos), os sintomas podem evoluir para:

    • Urticária;
    • Inchaço nos lábios, rosto ou língua;
    • Dificuldade para engolir;
    • Anafilaxia: uma reação alérgica grave, que exige atendimento médico imediato.

    Como diferenciar a falta de ar da asma alérgica de outras condições?

    A falta de ar é um sintoma que pode estar presente em diversas doenças respiratórias e cardíacas — então, para evitar confusão, é importante estar atento a alguns sinais.

    Em casos de asma alérgica, Brianna aponta que é possível observar que:

    • A falta de ar geralmente vem acompanhada de chiado no peito e tosse;
    • Os sintomas melhoram após o uso de broncodilatadores (medicações inalatórias);
    • Pode haver piora durante a noite, esforço físico ou contato com alérgenos.

    Já em outras condições, como doenças cardíacas ou DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), a falta de ar tem características diferentes: além de não responder tão bem ao broncodilatador, ela pode estar associada a inchaço nas pernas, dor no peito ou histórico de tabagismo prolongado.

    Leia também: 5 causas de alergia dentro de casa e o que fazer para evitar

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico de asma alérgica é feito por um médico, geralmente pneumologista ou alergista, a partir de uma avaliação clínica, histórico de sintomas e exames complementares.

    Segundo Brianna, entre os exames que ajudam na identificação da condição, estão:

    • Espirometria: mede a quantidade de ar que entra e sai dos pulmões, verificando se existe obstrução das vias aéreas;
    • Pico de fluxo expiratório: teste simples para acompanhar a variação da respiração ao longo do tempo;
    • Testes alérgicos (cutâneos ou IgE específica): ajudam a identificar quais alérgenos desencadeiam as crises;
    • Exames de inflamação tipo 2: como FeNO e eosinofilia, que ajudam a mostrar quando a asma tem origem alérgica.

    Como é feito o tratamento de asma alérgica?

    O tratamento da asma alérgica é feito para controlar a inflamação dos pulmões, aliviar os sintomas e evitar crises. De acordo com Brianna e o Ministério da Saúde, os principais cuidados são:

    1. Remédios de controle

    O uso de corticoides inalatórios é a forma mais eficaz de reduzir a inflamação das vias aéreas. Em alguns casos, podem ser combinados com o formoterol, um broncodilatador de ação prolongada. Eles devem ser utilizados de forma contínua, mesmo em períodos sem sintomas, pois ajudam a manter a doença sob controle.

    2. Remédios para aliviar os sintomas

    Os remédios broncodilatadores de curta duração são usados em situações de crise, quando há falta de ar ou chiado no peito. Eles promovem melhora rápida da respiração, mas não substituem o tratamento clínico indicado pelo médico.

    3. Evitar gatilhos e tratar comorbidades

    Identificar e reduzir o contato com alérgenos como poeira, mofo, pólen e pelos de animais é um dos principais passos para evitar crises. Além disso, Brianna destaca que o tratamento de condições associadas, como rinite alérgica e dermatite atópica, pode melhorar significativamente o controle da asma.

    4. Imunoterapia (vacinas de alergia)

    Em alguns casos, a imunoterapia sublingual (SLIT) ou subcutânea (SCIT) pode ser indicada. O tratamento consiste na aplicação gradual de doses do alérgeno, ajudando o organismo a desenvolver tolerância. A abordagem pode reduzir os sintomas, a frequência das crises e até a necessidade de remédio.

    Asma alérgica tem cura?

    Segundo explica a alergista Brianna Nicoletti, a asma é uma doença crônica, o que significa que ela não tem cura. Contudo, algumas pessoas podem passar anos sem sintomas ou com sintomas muito leves — isso é chamado de remissão clínica. Mesmo assim, existe a chance de a doença voltar, por isso é importante manter o acompanhamento médico.

    Perguntas frequentes

    1. Posso praticar atividade física mesmo tendo asma alérgica?

    Sim! A prática regular de exercícios físicos é recomendada, pois melhora a capacidade pulmonar e fortalece o organismo. O ideal é conversar com o médico para ajustar o tratamento e, se necessário, usar a medicação preventiva antes das atividades. Alguns esportes, como natação, costumam ser bem tolerados.

    2. A asma alérgica pode piorar à noite?

    Sim. Muitas pessoas percebem que a tosse e o chiado ficam mais intensos durante a madrugada — e isso pode estar relacionado à posição de dormir, à exposição a ácaros nos travesseiros ou ao maior contato com poeira acumulada no quarto. Algumas medidas simples no dia a dia, como trocar a roupa de cama semanalmente e manter o ambiente limpo, ajudam com os sintomas.

    3. O cigarro pode piorar a asma alérgica?

    Com certeza. A fumaça do cigarro é um dos principais irritantes das vias respiratórias, mesmo para pessoas que não têm asma. Em pessoas alérgicas, ela aumenta as crises e reduz o efeito dos medicamentos. Por isso, evitar o tabagismo ativo e passivo é uma das recomendações mais importantes no tratamento.

    4. O que fazer em caso de crise de asma alérgica?

    Durante uma crise, a pessoa deve usar imediatamente o medicamento de alívio prescrito pelo médico, geralmente o broncodilatador inalatório. É importante manter a calma, sentar-se ereto para facilitar a respiração e evitar esforço físico.

    Se não melhorar após o uso da medicação ou se os sintomas forem muito intensos, é fundamental procurar atendimento de emergência.

    5. A asma alérgica pode desaparecer com o tempo?

    Em algumas pessoas, principalmente crianças e adolescentes, os sintomas podem diminuir ou até desaparecer por alguns anos, o que é conhecido como remissão clínica. No entanto, como a asma é crônica, existe sempre a possibilidade de os sintomas voltarem em algum momento da vida.

    6. Mudanças climáticas influenciam na asma alérgica?

    O frio intenso, a mudança repentina de temperatura e até períodos de baixa umidade podem agravar os sintomas de asma. Por isso, é comum que as crises aumentem durante o inverno ou em dias muito secos.

    7. Existe relação entre rinite e asma alérgica?

    Pessoas com rinite alérgica têm maior chance de desenvolver asma, já que ambas as condições estão ligadas ao mesmo mecanismo inflamatório das vias respiratórias. Além disso, tratar a rinite é fundamental para melhorar o controle da asma, pois elas compartilham os mesmos gatilhos, como poeira, mofo, pólens e pelos de animais.

    Quando a rinite está bem controlada, a frequência e a intensidade das crises de asma tendem a diminuir, facilitando o tratamento.

    8. Qual a diferença entre bronquite e asma alérgica?

    A bronquite é a inflamação dos brônquios, que pode ser aguda (curta duração) ou crônica (geralmente em fumantes). Já a asma alérgica é uma doença crônica de origem alérgica, caracterizada por crises repetidas de falta de ar e chiado, que melhoram com tratamento específico.

    Leia também: Asma infantil: sintomas, diagnóstico e tratamento