Autor: Dra. Ana Paula Beck

  • Candidíase vaginal: o que é, causas, sintomas e como tratar

    Candidíase vaginal: o que é, causas, sintomas e como tratar

    Coceira intensa, corrimento branco e vermelhidão na área vaginal são alguns dos principais sintomas de candidíase, uma infecção fúngica causada predominantemente por espécies do gênero Candida — especialmente a Candida albicans.

    Normalmente, ela surge quando há um desequilíbrio na flora vaginal, que permite a proliferação excessiva do fungo, e pode impactar diretamente a qualidade de vida. Por isso, é fundamental saber reconhecer os sinais precocemente e buscar orientação médica para confirmar o diagnóstico.

    Conversamos com a ginecologista e obstetra Ana Paula Beck para esclarecer as principais dúvidas sobre a condição, como ela se manifesta e os métodos de tratamento. Confira!

    O que é candidíase vaginal?

    A candidíase vulvovaginal é uma infecção causada por fungos do gênero Candida, especialmente a Candida albicans, que vive naturalmente no corpo humano, principalmente na boca, no intestino e na região genital.

    No entanto, em situações de desequilíbrio, como baixa imunidade, uso de antibióticos ou alterações hormonais, o fungo pode se multiplicar em excesso e causar a infecção. Apesar do Candida albicans ser o principal responsável pela condição, Ana Paula Beck aponta que outras espécies, como a C. glabrata, também possam estar envolvidas — principalmente em casos complicados ou recorrentes.

    Causas da candidíase vaginal

    A candidíase surge quando há desequilíbrio na flora vaginal, o que favorece o crescimento excessivo do fungo. Entre os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento da candidíase estão:

    • Uso frequente de antibióticos, que reduzem a flora vaginal protetora;
    • Alterações hormonais, como gravidez, uso de anticoncepcionais ou reposição hormonal;
    • Diabetes mal controlado;
    • Imunossupressão (HIV, quimioterapia, uso de corticoides);
    • Estresse e noites mal dormidas, que enfraquecem a imunidade;
    • Roupas íntimas sintéticas e apertadas, que aumentam a umidade e o calor local.

    “O fungo é parte da microbiota vaginal normal em até 20% das mulheres assintomáticas, mas pode causar doença quando há desequilíbrio local ou sistêmico”, complementa Ana Paula Beck.

    Quais são os sintomas da candidíase vaginal?

    Os sintomas da candidíase são bastante característicos, mas podem variar de intensidade de pessoa para pessoa. Segundo Ana Paula, os sinais mais comuns incluem:

    • Coceira intensa (prurido vulvar), normalmente é o sintoma mais incômodo;
    • Corrimento branco e espesso: com aspecto semelhante ao leite coalhado, sem odor;
    • Ardência e dor ao urinar;
    • Dor durante a relação sexual;
    • Irritação, vermelhidão e inchaço na vulva;
    • Possíveis fissuras e escoriações na pele da região íntima.

    Como diferenciar candidíase de outras infecções vaginais?

    Para diferenciar a candidíase de outras infecções vaginais, é importante observar as características de cada uma. A ginecologista Ana Paula Beck aponta:

    • Candidíase: pH vaginal geralmente normal (<4,5), corrimento branco e grumoso, sem odor;
    • Vaginose bacteriana: corrimento acinzentado e com odor desagradável (semelhante a peixe);
    • Tricomoníase: corrimento amarelado ou esverdeado, espumoso, pH elevado (>4,5), e sintomas como dor abdominal.

    O diagnóstico definitivo pode ser feito pelo médico com exames laboratoriais, como a microscopia ou cultura de Candida.

    A candidíase só acontece durante a menstruação?

    A candidíase pode surgir em qualquer fase do ciclo menstrual. No entanto, muitas mulheres relatam sintomas mais intensos alguns dias antes da menstruação, possivelmente devido a alterações hormonais que favorecem o crescimento do fungo.

    Veja também: Seu ciclo está bagunçado? Saiba quando a menstruação irregular é sinal de alerta

    Como é feito o diagnóstico de candidíase vaginal?

    O diagnóstico da candidíase vaginal é feito a partir da história clínica e do exame ginecológico. O médico avalia os sintomas relatados pela pessoa e observa características como corrimento, vermelhidão e lesões.

    Para confirmar, ele pode solicitar alguns exames, como:

    • Microscopia com KOH: mostra a presença do fungo Candida, como leveduras e filamentos (hifas ou pseudohifas);
    • Cultura vaginal: usada em casos de candidíase recorrente ou resistente;
    • Medição do pH vaginal: ajuda a diferenciar de outras infecções.

    É importante ressaltar que a automedicação pode mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico. Por isso, procurar atendimento médico é fundamental quando os sintomas persistem.

    Como tratar a candidíase vaginal?

    O tratamento da candidíase geralmente é feito com antifúngicos, que podem ser aplicados direto na região íntima, como cremes e óvulos, ou tomados por via oral, como o remédio fluconazol. Em gestantes, a recomendação é usar apenas os medicamentos locais.

    Em casos causados por fungos diferentes do mais comum (Candida albicans), como a Candida glabrata, pode ser preciso usar outras opções, como cápsulas vaginais de ácido bórico ou outros medicamentos, de acordo com Ana Paula.

    Candidíase recorrente: o que é e por que acontece?

    A candidíase de repetição, também conhecida como candidíase recorrente, é quando uma pessoa tem quatro ou mais episódios de candidíase ao longo de um ano. De acordo com Paula, ela pode acontecer devido às seguintes situações:

    • Aumento dos níveis de estrogênio, tais como o uso de anticoncepcionais orais ou durante a gravidez;
    • Uso de antibióticos;
    • Diabetes;
    • Imunossupressão;
    • Uso de corticosteroides;
    • Predisposição genética.

    Em casos de candidíase de repetição, o médico pode indicar um tratamento mais longo: primeiro para controlar os sintomas e depois uma fase de manutenção, com fluconazol semanal por alguns meses. Mesmo assim, cerca de metade das mulheres pode ter nova recaída depois que o remédio é suspenso.

    “Novos agentes, como oteseconazol, estão aprovados pelo FDA nos Estados Unidos para prevenção de candidíase recorrente em mulheres que não estejam em planejamento de gravidez”, complementa a ginecologista.

    É possível prevenir a candidíase?

    Nem sempre é possível prevenir um quadro de candidíase, mas algumas mudanças de hábitos no dia a dia ajudam a diminuir o risco, como:

    • Evitar duchas vaginais e uso excessivo de sabonetes íntimos;
    • Optar por roupas íntimas de algodão e mais soltas;
    • Manter a região íntima seca sempre que possível;
    • Reduzir o consumo excessivo de açúcares, já que a glicose favorece a proliferação do fungo;
    • Usar antibióticos apenas quando realmente necessário e com acompanhamento médico;
    • Avaliar, junto ao ginecologista, outras opções de anticoncepcionais, caso haja relação com os episódios.

    Candidíase vaginal tem cura?

    Na maioria dos casos, sim. A ginecologista e obstetra Ana Paula explica que a candidíase aguda e não complicada costuma responder bem ao tratamento com antifúngicos, seja em creme vaginal (clotrimazol, miconazol) ou comprimido oral (fluconazol em dose única).

    Contudo, quando a candidíase é recorrente, o tratamento precisa ser mais longo, geralmente com antifúngico por semanas, seguido de doses de manutenção para evitar novas crises.

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    Perguntas frequentes

    1. Candidíase é uma infecção sexualmente transmissível?

    A candidíase não é uma infecção sexualmente transmissível. Ela é causada pelo crescimento descontrolado do fungo Candida albicans, que vive naturalmente no corpo, devido a fatores que desequilibram a flora natural.

    A infecção pode ser transmitida durante a relação sexual, mas é um caso raro. O tratamento de parceiros só é indicado se houver sintomas, como coceira, irritação ou lesões, ou em casos de candidíase recorrente.

    2. A candidíase pode aparecer durante a gravidez?

    Sim, e é até mais comum nesse período, devido a alterações hormonais e diminuição da imunidade da gestante. O tratamento deve ser sempre feito com medicamentos tópicos, como cremes, já que os comprimidos orais não são recomendados para gestantes.

    3. Existe relação entre candidíase e estresse?

    Sim! O estresse intenso pode enfraquecer o sistema imunológico e alterar o equilíbrio da flora vaginal, facilitando o crescimento da Candida.

    Além disso, situações de estresse costumam vir acompanhadas de má alimentação, noites mal dormidas e uso excessivo de estimulantes, como café, o que pode aumentar ainda mais o risco de crises.

    4. Qual a relação entre candidíase e antibióticos?

    O uso de antibióticos de amplo espectro pode desequilibrar a flora natural da boca ou da vagina. Isso acontece porque o remédio elimina várias bactérias que normalmente controlam o crescimento de fungos, como a Candida.

    Quando essa “barreira protetora” some, o fungo encontra espaço para se multiplicar. Por isso, pessoas que usam antibióticos com frequência ou passam por tratamentos longos no hospital têm maior risco de desenvolver candidíase, seja na região íntima ou na boca.

    5. O uso de roupas apertadas aumenta o risco de candidíase?

    Sim, pois roupas muito justas e de tecido sintético dificultam a ventilação da região íntima, retêm calor e umidade — criando um ambiente perfeito para o crescimento do fungo. O ideal é usar calcinhas de algodão e evitar o uso prolongado de roupas como calças jeans muito justas ou biquínis molhados.

    6. Probióticos ajudam a prevenir a candidíase?

    Os probióticos podem ajudar a equilibrar a flora vaginal e intestinal, reforçando as bactérias de defesa. Ainda não existem evidências científicas fortes de que eles possam prevenir definitivamente a candidíase, mas algumas pesquisas indicam benefícios como redução da recorrência. Eles não substituem o tratamento médico, mas podem ser usados como complemento.

    7. Homens podem ter candidíase?

    A resposta é sim. O fungo Candida está presente em todos os corpos e, quando cresce em excesso, pode causar a infecção. A região da virilha, inclusive, é mais vulnerável por causa da umidade e das dobras de pele. Na maioria dos casos, a candidíase peniana surge após relação sexual sem preservativo com uma parceira infectada.

    Os sintomas podem ser sutis, mas incluem vermelhidão, placas brancas no pênis e coceira ou ardência. No surgimento dos sintomas, é importante procurar um médico para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento adequado.

    8. Quais os primeiros sinais de candidíase?

    Os primeiros sinais mais comuns de candidíase costumam ser bem característicos, como:

    • Coceira intensa na região íntima, que pode piorar à noite ou após urinar;
    • Ardência ou queimação na vulva ou vagina;
    • Corrimento branco espesso e grumoso, parecido com leite talhado, geralmente sem odor forte;
    • Vermelhidão e inchaço na região genital;
    • Desconforto ou dor durante a relação sexual;
    • Em alguns casos, dor leve ao urinar.

    Leia também: Higiene menstrual: conheça os principais cuidados durante o ciclo

  • 7 cuidados que você deve ter antes de engravidar 

    7 cuidados que você deve ter antes de engravidar 

    Se você está pensando em aumentar a família, já deve saber que a decisão de engravidar envolve bastante organização e planejamento familiar, que são importantes para que a gestação aconteça de maneira mais tranquila e segura. Mas afinal, por onde começar?

    A ginecologista e obstetra Ana Paula Beck aponta alguns dos principais cuidados antes de engravidar — incluindo para mulheres com condições de saúde preexistentes, como síndrome dos ovários policísticos (SOP) e endometriose.

    Quais os principais cuidados antes de engravidar?

    A organização antes da gravidez contribui para que tanto o bebê quanto a mãe tenham mais conforto e segurança no processo, sendo possível reduzir o risco de condições como diabetes, pressão alta ou anemia — além de garantir melhores condições ao bebê e até aumentar as chances de engravidar.

    “O controle rigoroso dessas condições antes da gestação reduz significativamente o risco de complicações maternas e fetais, incluindo pré-eclâmpsia, restrição de crescimento intrauterino, malformações congênitas e óbito fetal”, explica Ana Paula.

    Os cuidados antes de engravidar vão além de suspender métodos contraceptivos: consultas médicas, hábitos saudáveis e acompanhamento psicológico são apenas algumas das medidas importantes para se preparar para a chegada do próximo membro da família. Confira, a seguir.

    Marque uma consulta com o seu ginecologista

    O primeiro passo antes de engravidar é marcar uma consulta com o ginecologista. Nela, o médico avalia sua saúde, o histórico da família e orienta sobre os cuidados necessários.

    Durante a consulta, podem ser discutidos:

    • Histórico de gestações anteriores;
    • Doenças crônicas (como pressão alta e diabetes);
    • Uso de medicamentos contínuos;
    • Condições ginecológicas como endometriose ou ovário policístico;
    • Saúde mental e bem-estar emocional.

    A conversa é o momento ideal para tirar dúvidas, falar sobre expectativas e entender quais mudanças podem ser necessárias antes da concepção.

    Realize exames recomendados antes da gravidez

    Além de conversar sobre o histórico de saúde e fazer um exame físico, Ana Paula explica que é recomendado realizar alguns exames laboratoriais, como:

    • Hemograma completo, que identifica anemia e possíveis alterações no sangue;
    • Sorologias para infecções, como HIV, hepatite B e C, sífilis, rubéola e varicela;
    • Tipagem sanguínea e fator Rh, importante para prevenir complicações como a doença hemolítica do recém-nascido;
    • Glicemia de jejum, que avalia risco de diabetes;
    • Função tireoidiana (TSH), detecta alterações que podem afetar a fertilidade e a gestação;
    • Rastreamento de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes;
    • Avaliação do histórico ginecológico e obstétrico, investiga ciclos menstruais, uso de contraceptivos, gestações anteriores e possíveis dificuldades;
    • Triagem para doenças genéticas, conforme histórico familiar ou origem étnica;
    • Rastreamento de ISTs, fundamental para prevenir transmissão ao bebê;
    • Revisão dos medicamentos em uso, pois alguns remédios precisam ser trocados antes da gravidez;
    • Suplementação nutricional, como ácido fólico, ferro e vitaminas, quando indicado pelo médico.

    Mantenha uma alimentação equilibrada

    Uma alimentação saudável é um dos principais cuidados antes de engravidar, pois ajuda a preparar o corpo para as mudanças intensas do período. Ela impacta diretamente na qualidade dos óvulos, no equilíbrio hormonal e, futuramente, no desenvolvimento do bebê.

    Nesse sentido, é recomendado investir em alimentos ricos em nutrientes, de preferência in natura, como:

    • Frutas e vegetais frescos: como laranja, morango, brócolis, cenoura e espinafre, que fornecem vitaminas, minerais e antioxidantes que fortalecem o sistema imunológico e ajudam a prevenir deficiências nutricionais;
    • Proteínas magras: frango sem pele, peixe, ovos e leguminosas como feijão e lentilha são fundamentais para a formação dos tecidos e músculos;
    • Laticínios ricos em cálcio: leite, iogurte natural e queijos magros ajudam na saúde óssea da mãe e do bebê;
    • Cereais integrais e fibras: arroz integral, aveia e pão integral contribuem para o funcionamento do intestino e na saciedade;
    • Fontes de ferro: carne vermelha magra, feijão-preto e lentilha reduzem o risco de anemia, muito comum na gestação;
    • Ômega-3: encontrado em peixes como salmão e sardinha, importante para o desenvolvimento cerebral do bebê.

    Também como parte dos cuidados antes de engravidar deve-se evitar o consumo de alimentos ultraprocessados, como biscoitos recheados, refrigerantes e fast-food — além de queijos e laticínios não pasteurizados e cafeína em excesso, que podem prejudicar a gestação.

    O controle de peso também é um fator necessário, segundo Ana Paula, pois tanto o baixo quanto o alto IMC estão associados a complicações gestacionais, como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional.

    Faça suplementação de ácido fólico

    O ácido fólico é a vitamina mais importante no período pré-concepcional, e age diretamente na formação do tubo neural do bebê, estrutura que dá origem ao cérebro e à medula espinhal. É importante que isso faça parte dos cuidados antes de engravidar.

    “A suplementação de ácido fólico (400–800 μg/dia) é fortemente recomendada para todas as mulheres em idade reprodutiva, iniciando pelo menos 1 mês antes da concepção, para reduzir o risco de defeitos do tubo neural”, esclarece a ginecologista Ana Paula.

    A especialista ainda complementa que o uso da forma ativa de ácido fólico (L-metilfolato) só é indicado em casos raros de deficiência genética na metabolização do folato. Para a maioria das mulheres, o ácido fólico convencional é suficiente.

    Atualize as vacinas

    A vacinação é faz parte dos cuidados antes de engravidar e é uma forma de proteção tanto para o bebê quanto para a mãe, pois evita complicações que poderiam comprometer o desenvolvimento da gravidez. Ana Paula aponta a necessidade de revisar e atualizar as vacinas, especialmente contra:

    • Rubéola e varicela: precisam ser aplicadas até pelo menos 1 mês antes da gestação. Caso a gestante contraia essas doenças grávida, o bebê pode sofrer malformações;
    • Hepatite B: previne infecção crônica no fígado e transmissão para o bebê no parto;
    • Tétano, difteria e coqueluche (Tdap): protege contra doenças graves que podem ser transmitidas ao recém-nascido;
    • Influenza (gripe): reduz complicações respiratórias, muito perigosas durante a gravidez.

    Em áreas com risco de Zika vírus, é fundamental ter orientação médica específica, como o uso de repelentes de inseto. Algumas vacinas, como as de vírus vivos (sarampo, caxumba, rubéola), também não devem ser aplicadas durante a gravidez, por isso precisam ser feitas antes da concepção.

    Adote um estilo de vida saudável

    Um estilo de vida saudável pode ajudar a prevenir problemas futuros. Além dos defeitos do tubo neural, hábitos saudáveis reduzem o risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer:

    • Sono regular: dormir entre 7 e 9 horas ajuda na regulação hormonal;
    • Controle do estresse: técnicas como meditação, yoga e até hobbies relaxantes contribuem para o equilíbrio emocional;
    • Atividade física: exercícios moderados e orientados por um especialista, como caminhada, pilates e natação, melhoram a circulação e o bem-estar;
    • Abandono de vícios: fumar, beber álcool ou usar drogas aumenta risco de abortos espontâneos, parto prematuro e baixo peso do bebê.

    Revise o uso de medicamentos

    Revisar os remédios que usa faz parte dos cuidados antes de engravidar. Diversos medicamentos comuns podem ser prejudiciais durante a gestação, então é preciso revisar todos os remédios usados, sejam eles de prescrição, fitoterápicos ou até suplementos:

    • Analgésicos como o ibuprofeno não são recomendados;
    • Alguns antidepressivos precisam ser ajustados;
    • Fitoterápicos aparentemente inofensivos podem causar contrações uterinas. Sempre avise o médico na consulta pré-gestacional.

    Nunca interrompa um tratamento sem orientação médica. O ideal é conversar com o ginecologista ou clínico responsável para avaliar os riscos e, se necessário, substituir a medicação por alternativas seguras durante a gravidez.

    Mulheres com SOP e endometriose precisam de cuidados antes de engravidar adicionais?

    Mulheres que têm síndrome dos ovários policísticos (SOP) ou endometriose precisam de uma preparação ainda mais cuidadosa antes de engravidar. Essas condições não impedem a gestação, mas precisam de alguns cuidados individualizados para que o processo seja seguro.

    No caso do SOP, é preciso ter atenção ao controle de peso, glicemia, pressão e colesterol — além da suplementação com ácido fólico, em doses que podem ser ajustadas de acordo com o IMC e as necessidades individuais.

    Já na endometriose, é recomendado avaliar a reserva ovariana, identificar o grau da doença, tratar sintomas e, se necessário, recorrer a técnicas como a fertilização in vitro. Mulheres com endometriose precisam de acompanhamento obstétrico mais próximo, devido ao risco maior de complicações na gravidez.

    Confira: Janela imunológica: como prevenir alergia alimentar em bebês

    A importância de acompanhamento psicológico

    A decisão de engravidar pode vir acompanhada de sentimentos de ansiedade, insegurança e até conflitos dentro do relacionamento. Muitas mulheres, inclusive, acabam se cobrando demais ou sentindo pressão da família, o que pode gerar um peso emocional difícil de carregar sozinha.

    Nesses momentos, conversar com um psicólogo pode ajudar a organizar os pensamentos, aliviar medos e tornar a experiência mais leve. Ter ao lado uma rede de apoio, formada por familiares, amigos próximos ou até grupos de gestantes, também faz toda a diferença, e traz acolhimento e segurança para a futura mamãe.

    Vale ressaltar que a consulta médica pré-concepcional não se limita apenas à saúde física: ela também considera o bem-estar emocional e social da mulher, incluindo a identificação de situações de violência doméstica. É fundamental que a gestação seja planejada em um ambiente saudável, onde a gestante se sinta acolhida e respeitada.

    Quando parar de usar o anticoncepcional?

    De acordo com a ginecologista e obstetra Ana Paula Beck, não há necessidade de aguardar um período específico depois de parar o anticoncepcional para tentar engravidar.

    “A fertilidade geralmente retorna rapidamente, e não há evidências de aumento de risco de malformações ou complicações obstétricas associadas à concepção imediata após a suspensão. Pode-se considerar aguardar um ciclo menstrual espontâneo para melhor datação gestacional, mas não é obrigatório”, finaliza a especialista.

    Leia também: Gravidez e coração: o que muda e quais são os riscos

    Perguntas frequentes sobre cuidados antes de engravidar

    1. Por que o ácido fólico é tão importante antes e durante a gravidez?

    O ácido fólico é uma vitamina importante para a formação do tubo neural do bebê, que dá origem ao cérebro e à medula espinhal. A suplementação adequada ajuda a prevenir malformações, como a espinha bífida e a anencefalia.

    O recomendado é começar a tomar pelo menos um mês antes da concepção (idealmente três meses), garantindo que o corpo já esteja preparado no início da gestação.

    2. Preciso suspender algum medicamento antes de engravidar?

    Sim, alguns remédios podem afetar a fertilidade ou prejudicar o desenvolvimento fetal. É importante revisar todos os medicamentos em uso com o médico, que pode avaliar se é necessário suspender, ajustar a dose ou substituir por opções mais seguras.

    3. O consumo de álcool e cigarro pode atrapalhar a gravidez?

    Com certeza! O cigarro prejudica a fertilidade, aumenta o risco de aborto e pode causar complicações na placenta. Já o álcool pode levar à Síndrome Alcoólica Fetal, que afeta o crescimento e o desenvolvimento do bebê.

    O ideal é suspender ambos ainda na fase de planejamento da gravidez, para proteger a saúde da mãe e a do futuro bebê.

    4. Posso praticar exercícios físicos durante a gravidez?

    Sim, a prática regular é recomendada, desde que com orientação médica. A gestante pode optar por atividades leves a moderadas, como caminhada, alongamento e pilates, que ajudam a controlar o peso, melhorar a circulação e favorecer o bem-estar emocional.

    Contudo, atividades de alto impacto ou com risco de queda devem ser evitadas.

    5. O que é o pré-natal e quando deve começar?

    O pré-natal é o acompanhamento médico da gestante ao longo de toda a gravidez. Ele serve para monitorar a saúde da mãe, o desenvolvimento do bebê e identificar precocemente qualquer risco ou complicação.

    O acompanhamento deve começar logo após a confirmação da gestação — de preferência ainda no primeiro trimestre, e seguir com consultas periódicas até o parto.

    6. Quais sinais indicam que posso estar grávida?

    O sintoma mais comum de gravidez é o atraso menstrual, mas não é o único. Muitas mulheres percebem também enjoos matinais, sensibilidade ou dor nos seios, cansaço, sono excessivo, aumento da vontade de urinar e até alterações no humor.

    Como eles podem variar bastante, a única forma de ter certeza é fazendo um teste de gravidez e confirmando com exames de sangue ou ultrassom solicitados pelo médico.

    7. Quando é o momento certo de procurar o ginecologista antes de engravidar?

    O ideal é marcar uma consulta de planejamento reprodutivo pelo menos três meses antes de começar a tentar. Nela, o médico revisa seu histórico de saúde, pede exames de rotina, verifica vacinas, orienta sobre alimentação e suplementos, além de avaliar possíveis riscos para a mãe e o bebê.

    8. É seguro ter relações sexuais durante a gestação?

    Na maioria dos casos, sim. Se a gravidez for saudável, o sexo não prejudica o bebê, já que ele está protegido pelo útero, pelo líquido amniótico e pela placenta.

    No entanto, em situações específicas, como risco de aborto, placenta baixa ou sangramentos, o médico pode orientar restrição. O mais importante é ouvir as recomendações do profissional e respeitar o conforto da mãe.

    Leia também: Ozempic na gravidez: por que não é seguro usar

  • Ozempic na gravidez: por que não é seguro usar

    Ozempic na gravidez: por que não é seguro usar

    Nos últimos anos, o Ozempic (semaglutida) se tornou o remédio preferido de quem quer perder peso ou controlar o diabetes tipo 2. Quando o assunto é gestação, no entanto, ele deve sair completamente de cena. Se você está grávida ou pensando em engravidar e está usando semaglutida, é bom entender por que esse medicamento não é recomendado nessa fase da vida.

    Conversamos com a ginecologista e obstetra Ana Paula Beck, que explicou de forma clara os riscos do uso de Ozempic na gravidez. E acredite: é assunto sério.

    O que é Ozempic e por que ele preocupa durante a gravidez

    Ozempic é o nome comercial da semaglutida, um remédio da classe dos agonistas do GLP-1, indicado inicialmente para tratar diabetes tipo 2. Ele ajuda a controlar a glicemia (açúcar no sangue) e também leva à perda de peso. Mas, como todo remédio, ele não serve para todo mundo, principalmente no caso de gestantes.

    “O uso de Ozempic não é recomendado durante a gravidez porque não há dados suficientes em humanos para garantir sua segurança, e estudos em animais demonstraram risco de mortalidade do embrião ou feto, anomalias estruturais e restrição de crescimento fetal”, alerta a Ana Paula Beck.

    Ou seja, mesmo que ainda não haja evidências claras em humanos, os testes feitos em animais já trouxeram vários alertas, e não vale a pena arriscar.

    Quais os riscos da semaglutida para o bebê?

    Entre os problemas observados nos estudos pré-clínicos (ou seja, em animais), estão:

    • crescimento fetal reduzido;
    • malformações em órgãos internos, como o coração;
    • alterações nos ossos da cabeça, coluna e costelas;
    • maior chance de abortos espontâneos.

    “Esses efeitos foram observados em ratos, coelhos e macacos, frequentemente em doses próximas ou inferiores àquelas utilizadas clinicamente em humanos”, explica a ginecologista.

    Ou seja, Ozempic ou Wegovy, remédio com o mesmo princípio ativo, não devem ser usados na gravidez.

    E se a mulher engravidar tomando Ozempic?

    Se você engravidou e estava usando Ozempic, não precisa entrar em pânico, mas é preciso agir rápido. De acordo com a ginecologista e obstetra, é recomendável suspender imediatamente o remédio.

    “A paciente deve ser orientada sobre a ausência de dados conclusivos em humanos, mas também sobre os riscos potenciais observados em modelos animais”.

    Além disso, o acompanhamento da gestação precisa ser ainda mais cuidadoso, com controle rigoroso do açúcar no sangue. Isso porque a hiperglicemia (quando a glicose sobe demais) também pode causar malformações no bebê.

    Quanto tempo antes de engravidar é preciso parar de usar o Ozempic?

    A semaglutida tem uma “meia-vida” longa, ou seja, ela fica bastante tempo no corpo mesmo após parar o uso. Por isso, a orientação da especialista é clara: “deve-se interromper o uso pelo menos 2 meses antes de uma gestação planejada, para garantir a eliminação adequada do fármaco antes da concepção”.

    Existem alternativas seguras para grávidas com diabetes ou obesidade?

    Sim! Há tratamentos seguros e eficientes para mulheres que têm diabetes tipo 2 ou obesidade e estão grávidas (ou pretendem engravidar).

    Para diabetes, a opção mais segura continua sendo a insulina, que, segundo Ana Paula Beck, não atravessa a placenta e tem perfil de segurança bem estabelecido. Em alguns casos, a metformina também pode ser considerada, mas a insulina é a primeira escolha.

    Já para perda de peso, o ideal é conversar com o médico, já que emagrecer não deve ser o foco durante a gravidez.

    Ozempic interfere na fertilidade feminina?

    Essa é uma dúvida comum, e a resposta, segundo a especialista, é tranquilizadora.

    “Estudos em animais não demonstraram impacto significativo da semaglutida sobre a fertilidade, embora tenham sido observadas reduções no ganho de peso e consumo alimentar maternos. Não há evidências em humanos de que a semaglutida afete negativamente ou positivamente a fertilidade feminina”, diz a médica.

    E durante a amamentação: pode tomar?

    Aqui também é melhor evitar. “Não há dados sobre a excreção da semaglutida no leite materno humano, nem sobre seus efeitos em lactentes. Portanto, não se recomenda o uso de análogos do hormônio GLP-1 (Ozempic, Wegovy, etc) durante a amamentação”, alerta a ginecologista.

    Na gravidez e no pós-parto, portanto, segurança vem sempre em primeiro lugar.

    Perguntas frequentes sobre Ozempic na gravidez

    1. Grávida pode usar Ozempic para controlar o peso?

    Não. O uso de Ozempic (semaglutida) é contraindicado na gravidez por falta de estudos em humanos e riscos observados em animais.

    2. Posso continuar com Ozempic se descobrir que estou grávida?

    Não. É necessário suspender o uso imediatamente e conversar com o médico para um acompanhamento cuidadoso.

    3. Quanto tempo antes de engravidar preciso parar o Ozempic?

    Pelo menos 2 meses antes da tentativa de gravidez, segundo orientação médica.

    4. Se usei Ozempic sem saber que estava grávida, meu bebê corre riscos?

    Ainda não há dados suficientes em humanos, mas é importante intensificar o acompanhamento médico e discutir os riscos com o obstetra.

    5. Ozempic pode causar má formação no bebê?

    Estudos em animais mostraram anomalias estruturais. Em humanos, não há confirmação, mas o risco não pode ser descartado.

    6. Existe algum remédio seguro para diabetes durante a gravidez?

    Sim, a insulina é a principal alternativa, pois não atravessa a placenta. Outros remédios podem ser indicados pelo médico, caso a caso.

    7. Posso usar Ozempic enquanto amamento?

    Não é recomendado, já que não há dados sobre a passagem da substância pelo leite materno.

    8. Ozempic atrapalha a fertilidade?

    Não há evidências de que interfira na fertilidade feminina.