Autor: Dra. Ana Gandolfi

  • Bateu a cabeça? Veja 7 sinais de alerta e quando ir ao médico

    Bateu a cabeça? Veja 7 sinais de alerta e quando ir ao médico

    Mesmo em situações simples do cotidiano, qualquer pessoa está sujeita a sofrer acidentes que provocam batidas na cabeça — seja no banheiro, em um tropeço no degrau ou em uma pancada involuntária durante uma atividade física.

    O momento pode causar um susto, especialmente quando surge a dor imediata, tontura ou um breve período de desorientação, sendo importante observar sinais de alerta que indiquem a possibilidade de um quadro mais grave. O cérebro é uma estrutura sensível, e qualquer mudança após o impacto requer atenção cuidadosa. Vamos entender melhor, a seguir.

    Bati a cabeça, o que fazer?

    De acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, a primeira atitude depois de alguém bater a cabeça é avaliar o nível de consciência, conversando para verificar se ela está acordada, orientada e respondendo de maneira adequada.

    Uma dica é fazer perguntas simples, como nome completo e a data, que ajudam a confirmar se o cérebro está funcionando como esperado depois do impacto.

    Mas, se a pessoa desmaiar após a batida, a primeira medida deve ser colocá-la de lado, na posição lateral de segurança, para evitar que ela engasgue com saliva ou vômito. Você também deve observar se o peito se movimenta, se o ar sai pelo nariz ou pela boca e se o ritmo da respiração está regular.

    A recomendação é não sacudir a pessoa, não tentar levantá-la e não oferecer água ou alimentos, pois isso pode piorar o quadro ou causar engasgos. A ajuda médica deve ser chamada imediatamente, já que o desmaio após um trauma indica maior risco de sangramento interno ou lesão mais profunda.

    Quando procurar um médico depois de bater a cabeça?

    Primeiro, é importante observar por cerca de 15 a 20 minutos, e buscar atendimento médico se a pessoa não melhorar e/ou apresentar os seguintes sinais de alerta:

    • Sonolência fora do habitual, que surge de forma inesperada logo após o impacto;
    • Fala enrolada ou confusa, mostrando dificuldade para organizar palavras;
    • Dificuldade para manter os olhos abertos, indicando possível alteração neurológica;
    • Confusão mental, percebida quando a pessoa não entende perguntas simples ou responde de forma incoerente;
    • Vômitos repetidos, que podem surgir minutos após a batida;
    • Dor de cabeça que piora com o passar do tempo;
    • Sangramento pelo nariz ou pelo ouvido, que pode indicar lesão mais profunda.

    Quais sinais indicam perigo após bater a cabeça?

    A perda de consciência, mesmo que por alguns minutos, é um dos principais sinais de que a pancada pode ser grave, pois indica que o impacto afetou o funcionamento do cérebro.

    Outros sintomas também devem servir de alerta, como confusão após o trauma, com fala enrolada ou dificuldade para entender perguntas, sonolência extrema e sangramento no local da pancada, pelo nariz ou pelo ouvido.

    De acordo com Ana, um sangramento dentro do crânio pode demorar algumas horas para causar sintomas importantes, mas normalmente os sinais de alerta citados indicam maior chance de sangramento intracraniano.

    Cuidados com crianças e idosos

    A atenção com crianças e idosos deve ser redobrada após uma batida na cabeça, porque ambos podem apresentar sintomas que evoluem de maneira diferente.

    Os idosos têm tendência maior de ficar confusos após um trauma, mesmo quando o impacto não foi tão forte, e por isso precisam de observação por algumas semanas. A possibilidade de sangramento tardio existe, já que pequenas lesões internas podem não aparecer no exame de imagem feito na hora e só provocar sinais três ou quatro semanas depois.

    Se, após alguns dias ou semanas, o idoso apresentar perda de força, confusão ou alteração de fala, é fundamental informar ao médico que houve um trauma prévio.

    No caso das crianças, o quadro pode piorar mais rápido, pois elas nem sempre conseguem descrever os sintomas. A observação dos sinais neurológicos deve ser rigorosa, sobretudo quando há sonolência incomum, vômitos repetidos, irritabilidade intensa ou dificuldade para manter a atenção.

    Como a batida é avaliada no pronto-socorro?

    Quando uma pessoa é levada ao pronto-socorro depois de bater a cabeça, são avaliados o nível de consciência, a força muscular, a sensibilidade e a história do trauma, para entender a intensidade do impacto e verificar se houve perda de consciência.

    Além do exame neurológico e da avaliação das pupilas, pode ser indicada uma tomografia de crânio, que ajuda a identificar se existe sangramento interno, fratura ou qualquer alteração que exija intervenção imediata.

    Em crianças, porém, é importante evitar tomografias desnecessárias, porque a radiação é alta e o exame só deve ser feito quando realmente precisa. Mesmo não sendo invasiva, a tomografia não é totalmente livre de riscos quando feita muitas vezes.

    Se a pessoa estiver bem, Ana explica que ainda assim ela pode precisar de observação, dependendo da energia do trauma e dos sintomas iniciais. Se houver confusão, perda de consciência ou escurecimento visual no momento da pancada, a observação por algumas horas é indicada.

    O que você não deve fazer depois de bater a cabeça

    A orientação após uma batida na cabeça envolve cuidados simples que ajudam a evitar riscos nas horas seguintes ao trauma.

    • Não dirigir, mesmo que o sintoma tenha sido leve;
    • Não operar máquinas, pois qualquer alteração neurológica pode piorar;
    • Evitar o uso de bebidas alcoólicas, já que o álcool pode esconder sinais importantes de piora;
    • Evitar drogas ilícitas, que podem alterar a percepção dos sintomas e dificultar a avaliação.

    A ideia é reduzir estímulos, evitar riscos e permitir que o cérebro se recupere, já que alterações neurológicas podem surgir de maneira lenta ou discreta.

    Leia também: Esportes de contato: pancadas repetitivas na cabeça fazem mal?

    Perguntas frequentes

    Como agir quando alguém desmaia após uma pancada?

    A pessoa que desmaia após uma pancada deve ser colocada de lado, em posição lateral de segurança, para evitar aspiração de saliva ou vômito. A respiração precisa ser verificada, mantendo atenção ao ritmo e amplitude.

    É indicado chamar o serviço de emergência, já que o desmaio é sinal forte de que o impacto foi significativo. Continue observando até a chegada de ajuda, verificando se a pessoa acorda e se está respondendo adequadamente.

    Sentir tontura depois de bater a cabeça é normal?

    A tontura pode aparecer logo após o trauma porque o corpo tenta se ajustar ao impacto, mas o sintoma não deve durar muito tempo. A tontura que é leve e passa rapidamente costuma indicar apenas desequilíbrio momentâneo, enquanto a tontura persistente, acompanhada de náuseas, dificuldade para andar ou sensação de desorientação levanta suspeita de lesão mais séria e deve ser avaliada por um médico.

    Por que a pessoa deve ser mantida acordada após bater a cabeça?

    A pessoa não precisa ser mantida acordada à força, mas precisa ser despertada de tempos em tempos nas primeiras horas, para confirmar que está consciente e responde normalmente. O sono por si só não é perigoso, mas pode mascarar sinais de alerta nas primeiras horas.

    A dificuldade para acordar, a fala enrolada ou a confusão ao despertar indicam que a evolução não está adequada e que a avaliação médica deve ser feita imediatamente.

    O uso de analgésicos é permitido após o trauma?

    O uso de analgésicos precisa ser orientado por um profissional de saúde, porque alguns medicamentos podem mascarar sintomas importantes.

    O uso de medicamentos que contenham substâncias anticoagulantes deve ser evitado, pois aumentam o risco de sangramento interno. A dor que não melhora com analgésicos simples ou que piora ao longo do dia é sinal de alerta.

    Como evitar a queda de idosos?

    Com o envelhecimento, é comum a perda de equilíbrio, diminuição de força muscular e alterações de visão que aumentam muito o risco de acidentes. Algumas medidas práticas podem reduzir de forma significativa a probabilidade de um trauma na cabeça, como:

    • Manutenção de ambientes bem iluminados, com lâmpadas potentes e pontos de luz acessíveis durante a noite;
    • Retirada de tapetes soltos, objetos espalhados e móveis que dificultam a circulação;
    • Instalação de barras de apoio, principalmente em banheiros, corredores e ao lado da cama;
    • Utilização de calçados fechados e antiderrapantes, garantindo maior estabilidade ao caminhar;
    • Revisão periódica da visão, ajustando óculos e tratando doenças que afetem o campo visual;
    • Prática regular de exercícios supervisionados, com foco em força, equilíbrio e coordenação;
    • Supervisão do uso de medicamentos, porque muitos causam tontura, sonolência ou queda de pressão;
    • Adoção de pisos antiderrapantes, principalmente em áreas molhadas, como cozinha e banheiro;
    • Organização de objetos de uso diário ao alcance das mãos, evitando subir em bancos ou cadeiras.

    O que é concussão?

    A concussão é uma lesão cerebral funcional causada por uma pancada na cabeça ou por um movimento brusco que faz o cérebro balançar dentro do crânio, provocando alterações temporárias no seu funcionamento.

    Ela não depende da força extrema do impacto, e pode acontecer depois de batidas moderadas, principalmente em quedas, esportes e acidentes domésticos.

    Os sintomas podem incluir dor de cabeça, tontura, náuseas, dificuldade de concentração, sensibilidade à luz, irritabilidade e sensação de confusão, surgindo minutos ou horas após o trauma.

    No caso das concussões, não é possível detectar danos cerebrais em exames de diagnóstico por imagem, como tomografia, o que torna importante observar sinais clínicos.

    7. Como tratar uma concussão?

    O tratamento de uma concussão começa com repouso físico e mental, permitindo que o cérebro se recupere. A recomendação é evitar atividades que exigem esforço, como exercícios intensos, leitura prolongada, jogos eletrônicos, telas brilhantes e situações que demandem muita concentração.

    No caso de pessoas que praticam atividades físicas, o retorno deve ser gradual, sempre observando se os sintomas pioram. Se eles forem mais intensos ou persistem por dias, é indicado procurar a avaliação de um neurologista.

    Confira: Capacete para criança: por que ele é importante nos esportes?

  • Capacete para criança: por que ele é importante nos esportes?

    Capacete para criança: por que ele é importante nos esportes?

    O uso de capacetes é necessário em uma série de esportes, mesmo naqueles considerados de baixa velocidade ou que envolvem mais contato físico do que velocidade. Seja em uma volta de bicicleta no quarteirão, uma tarde de skate no parque ou uma aula de equitação, o risco de quedas e colisões existe e pode resultar em traumas sérios na cabeça, especialmente em crianças.

    De acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, a importância do capacete para criança na infância é ainda maior porque a proporção da cabeça em relação ao corpo é significativamente maior nas crianças. Isso faz com que a chance de elas baterem a cabeça em uma queda seja muito superior à dos adultos.

    Para complementar, o cérebro infantil ainda está em desenvolvimento, o que o torna mais vulnerável a impactos e possíveis lesões. Mas afinal, em quais esportes o capacete é necessário e como escolher o melhor? Vamos entender, a seguir.

    Por que o capacete para crianças é tão importante?

    A cabeça da criança é proporcionalmente maior e mais pesada do que o corpo, o que aumenta o risco de bater primeiro com ela ao cair, de acordo com Ana Gandolfi. Além disso, o cérebro infantil ainda está em desenvolvimento, de modo que qualquer impacto pode ter consequências sérias.

    De acordo com estudos da American Academy of Pediatrics (AAP), o uso de capacete reduz de 63% a 88% o risco de lesões cerebrais potencialmente fatais em atividades como ciclismo e esportes na neve. Mesmo em quedas de baixa velocidade, como de um patinete ou skate, a energia do impacto pode ser suficiente para causar lesões cerebrais irreversíveis.

    Nessa situação, o capacete funciona como um amortecedor de impacto. A camada externa rígida impede que objetos duros penetrem. Já o interior, de espuma densa, absorve a energia do choque, reduzindo a aceleração do cérebro dentro do crânio — o que evita danos como concussões ou traumas mais graves.

    Vale apontar que o capacete não evita o impacto, mas diminui a força transferida ao crânio e ao cérebro, reduzindo drasticamente a gravidade da lesão.

    É possível ter uma concussão mesmo usando capacete?

    A resposta é sim, o trauma pode acontecer do mesmo modo, porque o cérebro, ao sofrer uma pancada, se movimenta dentro do crânio e bate nas paredes internas. A diferença é que, com capacete, a força é muito menor e por isso diminui muito a chance de um trauma moderado ou grave, de acordo com Ana Gandolfi.

    A especialista também lembra que a concussão pode ocorrer mesmo sem uma pancada direta na cabeça, basta um impacto forte no tórax ou em outra parte do corpo que provoque o movimento brusco do cérebro dentro do crânio.

    Quais esportes exigem capacete para criança?

    O capacete é necessário em praticamente todos os esportes com risco de queda, colisão ou impacto na cabeça — e não só nas atividades mais radicais. Veja alguns exemplos:

    • Bicicleta: é o esporte com a maior quantidade de acidentes com trauma de crânio infantil. Todos devem usar capacete, inclusive em trajetos curtos;
    • Patins, skate e patinete: quedas são comuns e costumam atingir a cabeça, cotovelos e joelhos;
    • Esportes na neve (ski e snowboard): responsáveis por até 20% das lesões graves de cabeça em crianças;
    • Equitação: o trauma mais comum é o craniano, e usar capacete reduz em até 96% o risco de hemorragia intracraniana;
    • Esportes de rodas: qualquer atividade com velocidade ou desníveis deve incluir proteção;
    • Hóquei, beisebol e futebol americano: todos exigem capacetes específicos, que reduzem drasticamente o risco de concussões e fraturas faciais.

    Orientações para crianças pequenas

    Segundo Ana Gandolfi, crianças menores possuem equilíbrio mais instável, já que o sistema locomotor está em formação. Por isso, elas estão mais propensas a cair, principalmente em esportes com rodas, como patinete, patins e skate.

    A recomendação é que essas atividades comecem apenas a partir dos 4 ou 5 anos de idade — quando a criança já tem um controle corporal mais maduro e consegue se equilibrar melhor.

    Como escolher o melhor capacete para criança?

    Na hora de escolher o melhor capacete esportivo para crianças, o primeiro passo é verificar se ele segue padrões de segurança reconhecidos. O ideal é optar por modelos fabricados por marcas confiáveis, com materiais resistentes, boa ventilação, ajuste firme na cabeça e sistema de fixação seguro.

    Na hora de comprar o capacete, vale observar alguns pontos importantes, como:

    • Tamanho correto: deve encaixar bem, sem folgas ou aperto excessivo;
    • Ajuste regulável: alças e presilhas ajustáveis garantem melhor fixação;
    • Forração interna: espuma macia, removível e que absorve impacto;
    • Ventilação: aberturas que mantêm a cabeça fresca;
    • Peso leve: facilita o uso contínuo;
    • Cores vivas: aumentam a visibilidade e segurança.

    Substitua o capacete após qualquer impacto forte, mesmo que pareça intacto. O material interno perde eficiência após uma pancada.

    Quais as outras formas de proteção?

    Além do capacete, Ana Gandolfi aponta outros acessórios essenciais:

    • Cotoveleiras e joelheiras: protegem contra cortes e fraturas;
    • Luvas: evitam escoriações nas mãos;
    • Roupas adequadas: leves, elásticas e respiráveis para facilitar movimentos.

    Meu filho bateu a cabeça. O que devo fazer?

    Depois de uma queda, mesmo com capacete, observe se aparecem:

    • Dor de cabeça forte;
    • Sonolência ou confusão;
    • Dificuldade para andar ou falar;
    • Náuseas ou vômitos;
    • Alterações de força ou sensibilidade.

    Se houver qualquer um desses sinais, procure o pronto-socorro imediatamente.

    Saiba mais: Esportes de contato: pancadas repetitivas na cabeça fazem mal?

    Perguntas frequentes sobre capacete para criança

    1. A partir de que idade a criança pode praticar esportes com rodas?

    De acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, a partir dos 4 ou 5 anos, quando o equilíbrio corporal está mais desenvolvido.

    2. Preciso trocar o capacete depois de uma queda?

    Sim. Mesmo que pareça intacto, o capacete perde capacidade de absorção após um impacto forte.

    3. O que fazer se a criança cair mesmo usando capacete?

    Observe por horas seguintes. Se houver dor de cabeça intensa, sonolência, confusão, dificuldade para andar, náuseas ou fala alterada, vá ao pronto-socorro.

    4. O que acontece no cérebro durante uma pancada na cabeça?

    O cérebro se move dentro do crânio, podendo bater nas paredes internas. Isso causa lesão por aceleração e desaceleração.

    5. Como identificar se uma batida na cabeça foi grave?

    Procure ajuda urgente se houver perda de consciência, vômitos repetidos, desequilíbrio, sangramento por nariz ou ouvido, sonolência excessiva ou confusão mental.

    6. É normal a criança dormir após uma batida?

    Não é ideal deixá-la dormir imediatamente, pois isso pode mascarar sinais de gravidade. Mantenha acordada e observe.

    Veja mais: Capacete protege mesmo contra lesões cerebrais?

  • Capacete protege mesmo contra lesões cerebrais?

    Capacete protege mesmo contra lesões cerebrais?

    Em uma queda, batida ou colisão, a cabeça é uma das partes mais vulneráveis do corpo humano — e os danos podem ser irreversíveis se não houver proteção adequada. É justamente por isso que o uso de capacetes é obrigatório em várias situações, desde o ciclismo até o motociclismo, além de ser altamente recomendado em esportes de impacto.

    Os números não deixam dúvidas: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso do capacete reduz em até 70% o risco de ferimentos graves na cabeça e em 40% o risco de morte. Isso acontece porque o capacete atua como uma barreira física e tecnológica, absorvendo a energia do impacto e diminuindo a força transmitida ao crânio e ao cérebro.

    A seguir, entenda em detalhes como o capacete protege o cérebro, quais tipos existem e como escolher o ideal.

    Como o capacete protege a cabeça?

    O capacete é projetado para absorver e dissipar a energia de um impacto, reduzindo o risco de ferimentos graves. Quando ocorre uma queda ou colisão, a energia do choque é distribuída entre as diferentes camadas do capacete, em vez de ser totalmente transferida para o crânio.

    A estrutura de um capacete costuma ter duas partes principais, sendo elas:

    • Casca externa rígida, normalmente feita de policarbonato ou fibra de vidro, que forma a primeira barreira de proteção do capacete. Ela serve para dissipar a força do impacto e evitar impactos diretos na cabeça, prevenindo lesões como ferimentos cortantes no couro cabeludo e fraturas cranianas. Com isso, ajuda a evitar fraturas, hemorragias e hematomas intracranianos e traumatismos de maior gravidade.
    • Camada interna de espuma (EPS — poliestireno expandido), que funciona como um amortecedor de choques, comprimindo-se no momento da batida para absorver parte da energia e reduzir a desaceleração brusca da cabeça, minimizando o risco de lesões cerebrais.

    Quando o corpo sofre uma queda, o cérebro, que tem consistência macia, se movimenta dentro do crânio. O capacete não impede totalmente esse deslocamento, mas reduz significativamente a força do impacto, diminuindo a chance de o cérebro colidir com as paredes ósseas da cabeça.

    Com isso, ele ajuda a evitar fraturas cranianas, hemorragias internas e traumatismos graves — principais causas de morte em acidentes de trânsito e esportes com impacto.

    Capacete previne lesões cerebrais?

    O capacete reduz drasticamente o risco de lesões cerebrais estruturais, como hemorragias e traumas cranianos graves. No entanto, ele não impede completamente lesões funcionais, como a concussão, de acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi.

    Para entender isso, é preciso compreender o que acontece dentro da cabeça durante um impacto:

    • Movimento translacional (para frente e para trás): o cérebro se desloca dentro do crânio e pode colidir contra suas paredes internas, provocando hematomas, sangramentos e danos ao tecido cerebral;
    • Movimento rotacional (de torção): o cérebro gira de forma brusca dentro do crânio, fazendo com que os neurônios se friccionem entre si — esse atrito pode causar lesões difusas e concussões.

    Os capacetes são mais eficazes contra o primeiro tipo de movimento, o translacional, já que dissipam a força e evitam fraturas ou sangramentos. No entanto, eles ainda têm limitações contra os movimentos rotacionais, responsáveis pela maioria das concussões.

    Ana Gandolfi destaca que a concussão não ocorre apenas após uma batida direta na cabeça — um impacto forte no tórax ou em qualquer outra parte do corpo também pode causar o deslocamento brusco do cérebro dentro do crânio, resultando na lesão.

    Mesmo assim, estudos mostram que o uso do capacete reduz o risco de lesões cerebrais em até 85%. Ou seja, embora ele não elimine completamente o risco, ele transforma um trauma grave em um trauma leve.

    Riscos de não usar capacete

    O traumatismo craniano é uma das maiores causas de morte em acidentes de trânsito no mundo. Segundo a OMS, 1,3 milhão de pessoas morrem todos os anos em decorrência de acidentes, e boa parte dessas mortes poderia ser evitada com o uso correto do capacete.

    Entre os principais riscos de não usar capacete, destacam-se:

    • Fraturas cranianas: quando o impacto é direto e o crânio se quebra, expondo o cérebro a danos irreversíveis;
    • Hemorragias intracranianas: o golpe faz os vasos sanguíneos do cérebro se romperem, causando sangramento interno;
    • Concussão cerebral: mesmo sem fratura, a pancada pode gerar confusão mental, perda de memória e tontura;
    • Lesões permanentes: sequelas motoras, cognitivas e emocionais podem ocorrer em traumas graves.

    Além das mortes, há as sequelas permanentes. Um traumatismo craniano pode deixar a pessoa com dificuldade para falar, andar, se lembrar ou até se reconhecer. A reabilitação é longa, custosa e, muitas vezes, não devolve todas as funções perdidas no acidente.

    Vale apontar que o risco não existe apenas em altas velocidades. Quedas simples, de bicicleta ou patinete, mesmo a 10 km/h, podem causar traumas moderados a graves — especialmente em crianças.

    A neurocirurgiã Ana Gandolfi explica que, nos pequenos, a cabeça tem uma proporção maior em relação ao corpo, o que aumenta significativamente a probabilidade de ela ser a primeira parte a atingir o chão em uma queda.

    Além disso, o equilíbrio infantil ainda não está totalmente desenvolvido, o que torna as quedas mais frequentes. Por isso, mesmo em trajetos curtos, o capacete é necessário no uso de patins, bicicleta ou patinete.

    Quando é necessário usar capacete?

    É necessário usar capacete sempre que houver risco de queda ou colisão envolvendo a cabeça, e isso inclui:

    • Motos e ciclomotores: uso obrigatório por lei no Brasil;
    • Bicicletas: é preciso mesmo em baixas velocidades;
    • Patinetes elétricos e patins: quedas a 10 km/h já podem causar traumatismos;
    • Esportes radicais: skate, mountain bike, snowboard e outros exigem proteção constante.

    No caso de crianças, aliado ao capacete, é recomendado o uso de acessórios como joelheiras, cotoveleiras e roupas adequadas para a prática de esportes com rodas.

    Como escolher o melhor capacete?

    O primeiro passo ao escolher o capacete é garantir que ele tenha o selo do INMETRO (no Brasil) ou certificações internacionais equivalentes, como CPSC, ASTM ou Snell, que atestam a conformidade do produto com testes de impacto e resistência. Eles indicam que o capacete passou por rigorosos ensaios de segurança e é capaz de proteger o cérebro em caso de queda ou colisão.

    Depois, atente-se ao modelo certo para o tipo de atividade, já que cada modalidade tem riscos e necessidades específicas:

    • Ciclismo e patinete: modelos leves, com boa ventilação e cobertura total do crânio;
    • Skate, patins e esportes radicais: capacetes com laterais e parte traseira mais reforçadas, capazes de absorver múltiplos impactos;
    • Esportes na neve (esqui, snowboard): capacetes térmicos, com isolamento e presilhas compatíveis com óculos e equipamentos de frio;
    • Motocicletas e trânsito urbano: obrigatório capacete fechado ou com viseira, com certificação Denatran/INMETRO, que cubra toda a cabeça e o queixo.

    O tamanho e o ajuste também precisam ser exatos — o capacete deve ficar firme, mas confortável, sem balançar ou apertar demais. As fitas laterais devem formar um “V” sob as orelhas, e o fecho do queixo deve permitir apenas um ou dois dedos de folga.

    Fique de olho para que o fecho fique firme, pois se não estiver preso, o equipamento pode sair no momento do impacto, deixando a cabeça vulnerável a um segundo choque.

    Também vale priorizar o conforto e a ventilação, já que crianças tendem a rejeitar capacetes quentes ou pesados. Modelos com aberturas de ar, acolchoamento removível e peso leve aumentam a chance de uso constante.

    Por fim, é recomendável trocar o capacete a cada 3 a 5 anos, mesmo sem quedas, já que o material interno se desgasta com o tempo.

    Capacete no trânsito é obrigatório

    No Brasil, o uso do capacete é obrigatório para condutores e passageiros de motocicletas e ciclomotores, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O não cumprimento da regra é considerado infração gravíssima, com multa, pontos na carteira e possibilidade de retenção do veículo.

    Mas, mais do que uma obrigação legal, a OMS e o Ministério da Saúde reforçam que capacetes seguros e de boa qualidade reduzem o risco de morte em até seis vezes. Ainda assim, em muitos países, especialmente os de baixa e média renda, o uso é baixo — seja por descuido, desinformação ou falta de fiscalização.

    Entre os motivos que dificultam o uso de capacetes estão a baixa qualidade de modelos mais baratos, a falta de opções seguras para crianças e o calor excessivo em algumas regiões.

    Outro problema comum é o uso incorreto do equipamento — muitas pessoas não ajustam o capacete corretamente, e ele pode se soltar no momento de uma queda ou batida.

    Leia também: Cirurgia de coluna: 5 condições em que ela pode ser necessária

    Perguntas frequentes

    1. Existe diferença entre capacete de moto, bicicleta e esportes radicais?

    Sim, existem diferenças importantes. O capacete de moto é projetado para suportar impactos de alta velocidade e cobre toda a cabeça e o rosto. Já os de bicicleta e patinete são mais leves, com ventilação melhor, mas ainda assim precisam ter o selo de segurança do Inmetro ou equivalente. Para esportes radicais como skate, BMX ou snowboard, os capacetes são reforçados nas laterais e na parte de trás, pois as quedas costumam acontecer em ângulos diferentes.

    2. Qual é o tempo de vida útil de um capacete?

    A maioria dos fabricantes recomenda substituir o capacete a cada cinco anos, mesmo que ele pareça em bom estado. Isso porque o material interno perde sua capacidade de absorver impacto com o tempo, especialmente se exposto ao sol, calor ou umidade. E se o capacete sofrer uma queda forte, mesmo que sem rachaduras visíveis, deve ser trocado imediatamente.

    3. Existe diferença entre capacete masculino e feminino?

    Na prática, a diferença está mais no design e nos tamanhos disponíveis, não na proteção. Alguns modelos femininos possuem ajustes que acomodam melhor o formato da cabeça ou o cabelo comprido, mas o que realmente importa é o conforto e a certificação de segurança.

    4. O que devo fazer se sofrer uma queda usando capacete?

    Mesmo que o capacete pareça intacto, ele pode ter perdido parte da sua capacidade de absorção, então é necessário substituí-lo. Observe também se houve sintomas neurológicos, como dor de cabeça, tontura ou confusão mental — nesses casos, procure atendimento médico imediatamente.

    5. Como o capacete age em um acidente de trânsito?

    Durante uma colisão, o capacete absorve parte da energia do impacto por meio de suas duas camadas: a externa, rígida, que espalha a força, e a interna, de espuma (EPS), que se comprime. Isso reduz a desaceleração brusca da cabeça e impede que o cérebro bata com tanta força nas paredes do crânio.

    6. O uso de capacete é obrigatório em bicicletas elétricas?

    No Brasil, quem utiliza bicicletas elétricas é obrigado a usar capacete, conforme determinam as resoluções do Contran. Além do capacete, também são obrigatórios campainha, farol dianteiro, luz traseira e lateral e espelhos retrovisores.

    7. Posso usar um lenço ou touca por baixo do capacete?

    Sim, desde que o tecido seja fino e não comprometa o encaixe. Toucas ou bandanas ajudam na higiene, mas o capacete deve continuar justo e firme. Qualquer material que crie folga pode reduzir a eficácia da proteção.

    Leia também: Dor de cabeça: quando é normal e quando é sinal de alerta

  • Esportes de contato: pancadas repetitivas na cabeça fazem mal?

    Esportes de contato: pancadas repetitivas na cabeça fazem mal?

    Divertido, saudável e perfeito para fazer amigos, a prática de esportes contribui com uma série de benefícios para o desenvolvimento físico, emocional e social — especialmente na infância e adolescência. Futebol, judô, taekwondo, boxe, vôlei, basquete, skate e até ginástica são atividades que ajudam a melhorar a disciplina, a coordenação motora e o trabalho em equipe.

    No entanto, quando se fala em esportes de contato, como artes marciais, é preciso ter atenção: pancadas repetitivas na cabeça, mesmo que leves, podem trazer riscos à saúde neurológica a longo prazo.

    Nos últimos anos, médicos e pesquisadores vêm alertando para os efeitos cumulativos desses traumas. Ainda que um impacto isolado nem sempre cause danos graves, a repetição frequente de pequenas concussões pode gerar consequências sérias e permanentes. Isso vale não apenas para atletas profissionais, mas também para jovens em formação, cujos cérebros ainda estão em desenvolvimento.

    Para esclarecer os principais riscos, conversamos com a neurocirurgiã Ana Gandolfi.

    O que são esportes de contato (e por que causam preocupação)?

    Os esportes de contato são modalidades em que há choque físico entre os participantes — seja por colisões diretas, quedas, golpes ou disputas de bola. Isso inclui esportes de combate, como boxe, judô e artes marciais, e esportes coletivos, como futebol, basquete, rúgbi e hóquei.

    O problema não está no contato em si, mas na frequência e intensidade dos impactos na cabeça. Enquanto uma pancada ocasional dificilmente causa dano duradouro, a repetição constante pode provocar alterações cerebrais sutis e cumulativas. Isso vale mesmo quando não há perda de consciência ou sinais visíveis de trauma.

    De acordo com Ana Gandolfi, os impactos repetidos podem causar sérios danos cerebrais — não apenas em esportistas, mas também em qualquer pessoa sob risco de trauma, como motoqueiros ou profissionais que sofrem acidentes frequentes.

    Quando a pancada na cabeça é perigosa?

    O impacto repetitivo na cabeça é definido como qualquer série de choques, pancadas ou vibrações que atingem o crânio, mesmo que de baixa intensidade — e que, somados ao longo do tempo, podem causar microlesões.

    Diferentemente dos traumas moderados e graves, que têm quadro clínico mais exuberante, os impactos repetitivos na cabeça nem sempre geram sintomas claros imediatos.

    Mas, vale apontar que a ausência de sintomas imediatos não significa ausência de risco! Mesmo lesões leves, quando ocorrem várias vezes, podem provocar microlesões e outras alterações metabólicas no cérebro. Com o tempo, o processo pode levar ao desenvolvimento de doenças neurológicas, como a encefalopatia traumática crônica (ETC).

    Em esportes como futebol, por exemplo, cabecear a bola centenas de vezes ao longo de um ano já é considerado uma forma de impacto repetitivo. O mesmo vale para atletas de judô, que sofrem quedas constantes, ou para jovens que praticam boxe recreativo e recebem golpes leves, mas frequentes, na região da cabeça.

    No caso de crianças e adolescentes, a preocupação é maior porque seus cérebros ainda estão em fase de maturação. O tecido cerebral é mais vulnerável e as conexões nervosas estão em desenvolvimento. Logo, qualquer lesão repetida pode interferir na formação dessas estruturas, com possíveis reflexos em atenção, memória, comportamento e desempenho escolar.

    Por que o cérebro infantil é mais vulnerável?

    Crianças e adolescentes não estão necessariamente mais expostos a traumas, mas o cérebro em desenvolvimento é naturalmente mais sensível aos impactos.

    Isso acontece porque, segundo Ana Gandolfi, a cabeça das crianças é proporcionalmente maior em relação ao corpo, o que favorece desequilíbrios e quedas. Além disso, o pescoço ainda é frágil e os músculos, em processo de fortalecimento, não conseguem amortecer bem os choques.

    Para complementar, em adolescentes, o sistema nervoso ainda está em fase de amadurecimento. Por isso, a recuperação após uma concussão tende a ser mais lenta — e, se um novo trauma ocorrer nesse intervalo, a probabilidade de causar danos duradouros aumenta de forma significativa.

    Também não é incomum que, nessa faixa etária, os sintomas neurológicos passem despercebidos pelos pais ou responsáveis. As crianças muitas vezes não conseguem descrever bem o que sentem — podem apenas parecer irritadas, cansadas ou distraídas.

    Já os adolescentes, por medo de se afastar dos treinos ou das competições, costumam minimizar os sintomas e seguir jogando, o que pode agravar ainda mais o quadro.

    Riscos do impacto repetitivo na cabeça

    Os principais riscos envolvem danos neurológicos progressivos, que podem surgir mesmo após traumas leves e aparentemente inofensivos.

    Síndrome do segundo impacto

    A síndrome do segundo impacto acontece quando uma pessoa sofre um novo trauma na cabeça antes de estar completamente recuperada de uma concussão anterior. O segundo impacto, mesmo que seja leve, pode desencadear um inchaço cerebral rápido e desproporcional, levando a um quadro de edema cerebral difuso, perda de consciência e, em muitos casos, risco de morte.

    A síndrome afeta principalmente jovens atletas, cujos cérebros ainda estão em desenvolvimento, mas pode ocorrer em qualquer pessoa submetida a traumas repetidos na cabeça.

    Os sinais de alerta podem incluir dor de cabeça persistente, tontura, irritabilidade, distúrbios do sono e dificuldade de concentração após o primeiro impacto — sintomas que indicam que o cérebro ainda está vulnerável e precisa de tempo para se recuperar.

    Encefalopatia traumática crônica (ETC)

    Quando os traumas na cabeça se repetem ao longo do tempo, o quadro se torna ainda mais preocupante. Isso porque as lesões acumuladas podem evoluir para a encefalopatia traumática crônica (ETC) — uma doença neurodegenerativa progressiva, causada por impactos repetidos, mesmo que leves.

    Ao longo dos anos, muitos pacientes com histórico de impactos sucessivos desenvolvem demência precoce, geralmente entre os 40 e 45 anos, além de alterações motoras semelhantes às observadas na doença de Parkinson e transtornos psiquiátricos variados, conforme explica Ana Gandolfi.

    Como se trata de uma condição irreversível, os sintomas podem demorar anos para aparecer, surgindo muitas vezes após o fim da carreira esportiva ou da exposição aos traumas. Por esse motivo, como a ETC não tem cura, é muito importante prevenir impactos repetidos e reconhecer sinais precocemente.

    Distúrbios cognitivos

    Os impactos repetitivos também podem gerar dificuldade de concentração, lapsos de memória e lentidão no raciocínio — sintomas que se refletem no desempenho escolar e nas atividades diárias, afetando a aprendizagem, a atenção e o rendimento geral.

    Mesmo quando não há lesão visível nos exames, as microlesões cerebrais alteram a comunicação entre os neurônios, comprometendo funções mentais básicas. Com o tempo, essas alterações podem se tornar permanentes, especialmente se os traumas ocorrerem em períodos próximos.

    Problemas emocionais e comportamentais

    As pancadas na cabeça não afetam apenas o funcionamento cognitivo, mas também o comportamento e o equilíbrio emocional. É comum o surgimento de irritabilidade, impulsividade, crises de raiva e mudanças bruscas de humor, que muitas vezes são confundidas com questões psicológicas isoladas.

    Alterações no sono

    A insônia e a sonolência diurna estão entre os sintomas mais relatados após traumas repetidos. O cérebro lesionado apresenta dificuldade para manter o ritmo normal do ciclo do sono, o que prejudica o descanso e a recuperação.

    Em crianças e adolescentes, o sono de má qualidade impacta diretamente o crescimento, a aprendizagem e o humor, gerando um ciclo de fadiga e irritabilidade que interfere na rotina escolar e esportiva.

    Qual é a diferença entre concussões leves e lesões acumuladas?

    A concussão é uma forma “leve” de traumatismo cranioencefálico. A pessoa pode ter uma breve perda de consciência ou apenas sentir tontura, dor de cabeça, enjoo, confusão mental ou visão turva. Os exames de imagem, como tomografia ou ressonância, costumam não mostrar lesões visíveis, já que o dano é funcional, e não estrutural.

    Contudo, isso não significa que ela seja inofensiva. O problema surge quando há múltiplas concussões ao longo do tempo, mesmo que pequenas. Cada episódio gera pequenas alterações químicas e inflamatórias microestruturais no cérebro, e a repetição contínua pode levar a uma lesão neurodegenerativa.

    De acordo com Ana Gandolfi, os traumas de crânio são classificados em três graus:

    • Leve: o paciente desperta logo após o impacto, sem rebaixamento de consciência;
    • Moderado: há algum rebaixamento, com sonolência ou confusão mental mais intensa;
    • Grave: ocorre perda prolongada de consciência ou coma.

    Portanto, apesar da concussão ser considerada leve, o acúmulo de lesões ao longo dos anos pode provocar danos comparáveis aos de um único impacto grave.

    Os sintomas podem desaparecer em poucos dias, criando a falsa impressão de que tudo está bem, mas as sequelas microscópicas se acumulam silenciosamente, sobretudo quando não há afastamento adequado nem acompanhamento médico.

    Pancada na cabeça: quanto tempo de observação é necessário?

    O período de observação após uma pancada na cabeça deve durar pelo menos 48 horas, intervalo considerado crítico para o surgimento de sintomas de alerta, como sonolência intensa, vômitos, perda de equilíbrio, fala arrastada, confusão mental ou dificuldade para acordar.

    Durante as primeiras horas, é fundamental que a pessoa não permaneça sozinha, evite longos períodos de sono e, sempre que possível, conte com o acompanhamento de um familiar ou profissional de saúde.

    Em crianças e idosos, a atenção deve ser ainda maior, pois os sinais costumam aparecer de forma mais discreta. Diante de qualquer indício de piora, a orientação é buscar atendimento médico imediatamente.

    Como identificar sinais de alerta em crianças e adolescentes?

    Nem sempre uma pancada na cabeça causa sintomas imediatos, mas alguns sinais devem ser observados com muita atenção nas horas e dias seguintes ao trauma, como:

    • Dor de cabeça persistente ou que piora com o tempo;
    • Tontura ou perda de equilíbrio;
    • Náusea ou vômitos;
    • Visão turva ou dupla;
    • Sonolência excessiva ou dificuldade para acordar;
    • Irritabilidade, agitação ou comportamento fora do comum;
    • Dificuldade de concentração ou esquecimento;
    • Alterações no sono;
    • Confusão mental, fala arrastada ou desorientação;
    • Convulsões (em casos graves).

    Crianças pequenas podem apresentar sinais mais sutis, como choro excessivo, recusa para comer ou sono irregular. Em adolescentes, é comum surgirem queixas de dor de cabeça e fadiga que parecem inofensivas, mas indicam a necessidade de avaliação.

    Pais, técnicos e professores devem estar atentos e não subestimar sintomas aparentemente leves. Mesmo que a criança pareça bem, se houver qualquer dúvida, o ideal é procurar avaliação médica.

    Veja também: Cirurgia de coluna: 5 condições em que ela pode ser necessária

    Perguntas frequentes

    1. Uma pancada leve na cabeça pode causar danos ao cérebro?

    Sim, mesmo um trauma leve pode causar alterações temporárias na função cerebral. A pessoa pode sentir tontura, dor de cabeça, enjoo ou ficar confusa por alguns instantes — isso já é suficiente para caracterizar uma concussão.

    Quando esse tipo de impacto se repete, mesmo em baixa intensidade, há risco de acúmulo de lesões microscópicas, que podem afetar o equilíbrio, a memória e a capacidade de concentração. Por isso, não existe “pancada leve” quando se trata da cabeça.

    2. Como saber se uma criança ou adolescente teve uma concussão?

    Os sinais podem variar, mas normalmente incluem dor de cabeça persistente, tontura, sonolência, enjoo, confusão mental, fala arrastada, dificuldade para lembrar ou se concentrar. Em crianças pequenas, pode haver irritabilidade, choro constante, recusa para comer ou sono irregular.

    Nem sempre os sintomas aparecem na hora, alguns surgem horas depois do impacto. Então, após qualquer pancada significativa, é importante observar o comportamento da criança e buscar avaliação médica se algo parecer diferente.

    3. Quanto tempo é necessário para se recuperar de uma concussão?

    O tempo de recuperação varia conforme a gravidade da concussão e a idade do paciente. Em geral, o repouso total dura de 7 a 14 dias, mas, em crianças e adolescentes, pode levar mais tempo.

    Durante o período de recuperação, é importante evitar atividades físicas intensas, uso excessivo de telas, falta de sono e situações estressantes. O retorno deve ser gradual e supervisionado, com aumento progressivo da carga de esforço.

    4. O que acontece no cérebro depois de uma pancada?

    Quando ocorre um impacto, o cérebro se move dentro do crânio, podendo esticar ou romper pequenas conexões entre neurônios. Isso altera temporariamente a função cerebral, provocando confusão, dor de cabeça, tontura e desequilíbrio.

    Com o tempo e o repouso adequado, o cérebro tende a se recuperar. No entanto, se o trauma se repete antes da cicatrização completa, essas conexões se tornam cada vez mais frágeis, levando à perda de neurônios e ao risco de doenças degenerativas.

    5. Quais exames podem ser feitos após um trauma craniano?

    O primeiro passo é a avaliação clínica, que envolve perguntas sobre o trauma, observação de sintomas e testes neurológicos. Em casos de suspeita de lesão mais grave, o médico pode solicitar tomografia computadorizada ou ressonância magnética para descartar sangramentos ou fraturas.

    Contudo, em concussões leves, os exames normalmente não mostram alterações, porque o dano é funcional, e não estrutural.

    Em casos específicos, podem ser realizados testes cognitivos e de equilíbrio para acompanhar a evolução do paciente. O acompanhamento contínuo é mais importante do que o exame isolado.

    6. O uso de capacetes evita os riscos de impacto na cabeça?

    O capacete é uma medida importante de proteção, mas não elimina completamente o risco. Ele reduz a força do impacto e protege contra lesões externas, como fraturas e cortes, mas não impede que o cérebro se mova dentro do crânio durante uma colisão.

    Ou seja, mesmo usando o equipamento adequado, ainda pode ocorrer uma concussão. Por isso, o uso deve ser acompanhado de técnica correta, supervisão e respeito aos limites do corpo. O equipamento é uma barreira importante, mas a prevenção vai muito além dele.

    Veja também: Hérnia de disco: o que é, causas, sintomas e como tratar

  • Cirurgia de coluna: 5 condições em que ela pode ser necessária 

    Cirurgia de coluna: 5 condições em que ela pode ser necessária 

    A dor na coluna é um dos problemas de saúde mais comuns da atualidade e, normalmente, está associada a hábitos de vida inadequados, como a má postura, o sedentarismo e até mesmo a sobrecarga física causada por esforços repetitivos.

    Na maioria dos casos, o tratamento conservador, que envolve o uso de remédios e fisioterapia, é suficiente para controlar os sintomas e devolver qualidade de vida ao paciente. Porém, em situações mais graves, pode ser necessária a realização de uma cirurgia de coluna para corrigir o problema.

    Para entender melhor as indicações de cirurgia, como funciona e os cuidados, conversamos com uma especialista e reunimos algumas orientações práticas a seguir.

    Quais condições podem exigir uma cirurgia de coluna?

    A primeira coisa a entender é que nem toda dor nas costas é motivo para cirurgia. Na verdade, a grande maioria das dores melhora sem necessidade de intervenção cirúrgica. Ainda assim, existem algumas condições em que a cirurgia pode ser indicada, sempre com avaliação cuidadosa e individualizada pelo médico.

    1. Hérnia de disco

    A hérnia de disco é uma das causas mais frequentes de indicação de cirurgia de coluna, de acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, da Escola Paulista de Medicina. A condição ocorre quando o disco intervertebral, que funciona como uma espécie de almofada entre as vértebras, se desloca ou se rompe.

    Quando isso acontece, ele pode pressionar os nervos próximos e gerar uma série de sintomas, como dor intensa na coluna — que muitas vezes se irradia para braços ou pernas, além de formigamento, perda de sensibilidade e até fraqueza muscular.

    “Normalmente, se o quadro é apenas de dor e conseguimos um bom controle com analgésicos, mesmo que sejam aplicados localmente e não apenas pela boca, conseguimos dispensar a cirurgia. Já nos casos em que há um déficit de sensibilidade persistente ou um déficit motor, realmente precisamos recorrer a ela”, explica a especialista.

    2. Estenose da coluna

    A estenose da coluna acontece quando o canal vertebral, por onde passam a medula espinhal e os nervos, fica mais estreito do que o normal. O estreitamento pode ser provocado por artrose, espessamento de ligamentos, hérnias de disco ou até pelo crescimento de pequenas projeções ósseas.

    Quando o espaço se reduz, os nervos acabam sendo comprimidos, o que provoca uma série de sintomas, como dor lombar ou cervical, dificuldade para caminhar longas distâncias, sensação de peso nas pernas, formigamento, dormência e até fraqueza muscular.

    3. Traumas e fraturas

    Acidentes de carro, quedas de grande impacto ou traumas durante a prática esportiva podem provocar fraturas e instabilidade na coluna. Quando isso acontece, existe o risco de comprometimento da medula espinhal e dos nervos, o que pode causar dor intensa, perda de movimentos ou até paralisia.

    Nessas situações, muitas vezes a cirurgia precisa ser realizada de forma emergencial. O objetivo principal é estabilizar a coluna rapidamente, corrigir a fratura e evitar danos neurológicos permanentes, permitindo que a pessoa tenha melhores condições de recuperação.

    4. Tumores ou infecções

    Embora sejam causas menos frequentes, tumores e infecções podem comprometer a estrutura óssea da coluna ou pressionar diretamente os nervos e a medula. Nessas situações, a cirurgia pode ser indicada para remover a lesão, aliviar os sintomas e, ao mesmo tempo, estabilizar a coluna, prevenindo complicações mais graves.

    5. Deformidades da coluna

    Alterações como escoliose, cifose ou outras deformidades podem, nos casos mais graves, exigir tratamento cirúrgico. A correção é considerada principalmente quando a curvatura interfere na respiração, prejudica a postura ou provoca dor intensa e incapacitante.

    O objetivo da cirurgia é alinhar a coluna, melhorar a função e oferecer mais qualidade de vida ao paciente.

    Quando a cirurgia de coluna é realmente necessária?

    A cirurgia de coluna só é necessária em situações específicas, que não melhoram com o tratamento conservador — como remédios e fisioterapia. Na maioria dos casos, mesmo quem tem hérnia de disco ou outras alterações consegue controlar os sintomas sem precisar operar.

    No entanto, existem algumas situações em que a cirurgia passa a ser indicada:

    • Déficit motor persistente: quando o paciente perde força em algum membro (como braço ou perna) e a fraqueza não melhora. Isso indica que o nervo está sendo comprimido de forma importante;
    • Déficit de sensibilidade persistente: quando há perda de sensibilidade que não regride com o tratamento clínico;
    • Dor intratável: quando a dor é tão intensa que não melhora mesmo com o uso de analgésicos potentes, fisioterapia ou outras medidas.

    Nessas situações, a cirurgia tem como objetivo aliviar a compressão nervosa, de modo que a dor costuma melhorar imediatamente após o procedimento, a força muscular tende a se recuperar em dias a semanas, e a sensibilidade, em semanas a meses.

    É importante lembrar que cada caso é avaliado individualmente pelo médico, que considera não apenas os sintomas neurológicos e de dor, mas também as condições clínicas gerais do paciente para garantir segurança no procedimento.

    Veja também: Hérnia de disco: o que é, causas, sintomas e como tratar

    Como funcionam as cirurgias minimamente invasivas na coluna?

    Segundo a neurocirurgiã Ana Gandolfi, as cirurgias minimamente invasivas na coluna são realizadas com cortes menores, tanto na pele quanto na musculatura — o que reduz o trauma cirúrgico.

    Com o trauma cirúrgico menor, a tendência é ter menos dor no pós-operatório, menor sangramento e tempo de internação. A recuperação também tende a ser mais rápida, e o paciente geralmente consegue retomar atividades do dia a dia e iniciar a fisioterapia em menos tempo quando comparado a uma cirurgia tradicional.

    A abordagem é especialmente indicada em casos como hérnia de disco, estenose (estreitamento do canal da coluna) ou pequenas instabilidades vertebrais. Nessas situações, a cirurgia minimamente invasiva pode oferecer os mesmos resultados de uma cirurgia aberta tradicional, mas com menor impacto físico e emocional para o paciente.

    Avaliação pré-operatória da cirurgia de coluna

    Antes de recomendar a cirurgia, o médico avalia não só o quadro neurológico (perda de força, sensibilidade, intensidade da dor), mas também as condições clínicas gerais da pessoa. Muitas vezes, é necessário passar por uma consulta com um clínico geral ou anestesista para a chamada avaliação pré-anestésica.

    O preparo é fundamental para verificar se o paciente tem condições de ser submetido ao procedimento com segurança. Dependendo do caso, podem ser pedidos exames laboratoriais, de imagem e cardíacos, além de ajustes em medicamentos de uso contínuo.

    Pós-operatório: quais os principais cuidados?

    A recuperação após a cirurgia de coluna depende de vários fatores, como idade da pessoa, estado físico antes da cirurgia e tipo de procedimento realizado, segundo Ana Gandolfi. Ela aponta algumas orientações:

    • Em casos de cirurgia para hérnia de disco, em cerca de 15 dias o paciente já apresenta melhora significativa, voltando a se movimentar quase que normalmente;
    • É recomendado evitar carregar peso por pelo menos 30 dias. Após o período, já é possível retomar atividades do dia a dia, inclusive academia, de forma gradual;
    • Em cirurgias mais complexas, como a fixação (artrodese com parafusos), o tempo de recuperação é maior e depende da extensão e localização da intervenção.

    Em todos os casos, o acompanhamento médico e a fisioterapia são fundamentais para garantir uma boa cicatrização e prevenir complicações.

    Quais os riscos da cirurgia de coluna?

    Apesar de a cirurgia de coluna ser considerada segura quando bem indicada, alguns riscos ainda precisam ser levados em conta. Como explica a neurocirurgiã Ana Gandolfi, existe a possibilidade de ocorrer uma lesão acidental durante o procedimento, o que poderia levar à piora dos sintomas — embora seja uma complicação menos frequente.

    Outro risco é a fístula liquórica, que acontece quando o líquido natural que circula entre o cérebro e a coluna vaza durante ou após a operação. Se esse escape for percebido ainda na cirurgia, pode ser corrigido no mesmo momento, garantindo boa recuperação do paciente.

    No entanto, em alguns casos o vazamento só se manifesta no pós-operatório, até mesmo quando o paciente já está em casa. Nesse caso, ele precisa ser internado novamente, seja para uma nova abordagem surgica ou para um procedimento que auxilie na cicatrização, impedindo que o líquido continue saindo.

    E as vantagens da cirurgia de coluna?

    A cirurgia de coluna, quando bem indicada, traz benefícios importantes e perceptíveis para qualidade de vida da pessoa que sofria com dor ou limitações. De acordo com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, muitos pacientes acordam sem a dor intensa que sentiam anteriormente, o que representa um grande alívio imediato.

    Além disso, quando o déficit motor não é completo, a força muscular tende a se recuperar de forma gradual, em questão de dias a semanas. Já a sensibilidade, embora seja um pouco mais lenta, também costuma melhorar progressivamente — geralmente ao longo de semanas a meses.

    Ao mesmo tempo, o paciente também recupera a autonomia no dia a dia e a melhora funcional permite retomar atividades simples, como caminhar, trabalhar e se exercitar de maneira segura.

    Confira: Má postura pode causar lesões na coluna? Saiba como corrigir a postura

    Perguntas frequentes sobre cirurgia de coluna

    1. Quem tem hérnia de disco sempre precisa operar?

    Não. A maioria das pessoas com hérnia de disco melhora apenas com tratamento clínico, que inclui remédios, fisioterapia, repouso e ajustes na rotina.

    A cirurgia só é indicada quando as medidas não funcionam ou quando o paciente apresenta perda de força ou sensibilidade em braços ou pernas. Isso acontece porque a hérnia pode comprimir os nervos da coluna.

    2. O problema pode voltar depois da cirurgia?

    Pode. A cirurgia melhora o quadro atual, mas não impede que o problema volte em outro ponto da coluna ou até no mesmo local. O desgaste natural, a idade e o sedentarismo podem favorecer o aparecimento de novas hérnias ou outras condições.

    Por isso, mesmo depois da cirurgia, é fundamental manter cuidados no dia a dia, como praticar exercícios físicos, fortalecer a musculatura que sustenta a coluna, controlar o peso e evitar esforços excessivos.

    3. Quanto tempo preciso ficar internado após a cirurgia de coluna?

    Na maioria das cirurgias simples, como a de hérnia de disco, o paciente costuma ficar internado de um a dois dias.

    Já em cirurgias mais complexas, como as de fixação com parafusos, o tempo de internação pode ser maior, variando de quatro a cinco dias, dependendo da evolução. A duração exata depende do tipo de cirurgia, da gravidade da condição e do estado de saúde do paciente.

    4. Posso dirigir depois da cirurgia de coluna?

    Não imediatamente. O recomendado é esperar entre duas e quatro semanas antes de voltar a dirigir (ou o tempo recomendado pelo médico), pois a coluna ainda está em processo de cicatrização. Tentar dirigir antes desse período pode trazer riscos, como abrir a cicatriz, causar dor ou até comprometer a recuperação.

    O tempo exato depende do tipo de cirurgia e da resposta de cada paciente. Por isso, o ideal é conversar com o médico na consulta de retorno para confirmar quando será seguro voltar ao volante.

    5. A fisioterapia é obrigatória após a cirurgia de coluna?

    Sim, na maioria dos casos. A fisioterapia ajuda a recuperar a força, melhorar a postura e acelerar a volta às atividades. Ela também reduz o risco de o problema voltar.

    O início da fisioterapia e o tipo de exercício variam conforme a cirurgia feita, mas geralmente começam algumas semanas depois do procedimento, quando o médico libera.

    6. A cirurgia de coluna deixa cicatriz grande?

    Depende da técnica utilizada. Nas cirurgias tradicionais, a cicatriz costuma ter alguns centímetros, variando de acordo com a extensão da área operada. Já nas cirurgias minimamente invasivas, feitas com cortes pequenos de cerca de dois a três centímetros, a marca na pele é muito menor.

    Além da questão estética, essas técnicas menos invasivas também costumam permitir uma recuperação mais rápida e menos dolorosa.

    Leia também: Quando a dor nas costas pode ser preocupante? Entenda os sinais de alerta

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    Quando a dor nas costas pode ser preocupante? Entenda os sinais de alerta 

    Se você nunca sentiu dor nas costas, pode ser apenas uma questão de tempo: 8 em cada 10 pessoas vão enfrentar ao menos um episódio significativo de dor lombar ao longo da vida, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

    Na maioria das vezes, o incômodo está ligado ao estilo de vida e pode ser aliviado a partir de mudanças simples de hábitos. No entanto, quando a dor surge de forma repentina, é muito intensa, não melhora com repouso ou vem acompanhada de outros sintomas, pode indicar alguma condição de saúde mais séria.

    Mas afinal, quando procurar atendimento médico? A neurocirugiã Ana Camila Gandolfi, do Hospital São Paulo, esclarece quando a dor nas costas é preocupante.

    Afinal, o que causa dor nas costas?

    A região das costas é formada por uma estrutura complexa — ossos, músculos, articulações, discos intervertebrais, nervos e ligamentos. Por isso, qualquer desequilíbrio, seja por má postura, esforço físico exagerado ou até estresse emocional, pode resultar em dor e atrapalhar a realização de atividades diárias.

    Normalmente, o desconforto costuma estar relacionado a situações do dia a dia, como:

    • Passar muitas horas sentado diante do computador;
    • Carregar peso de forma errada;
    • Acúmulo de estresse e tensão emocional;
    • Falta de atividade física;
    • Lesões leves após esforço intenso.

    Nesses casos, a dor tende a melhorar em poucos dias com medidas simples, como repouso, aplicação de calor na região, alongamentos leves e, se necessário, uso de analgésicos comuns. Quando isso não acontece e ela surge acompanhada de outros sintomas, pode ser momento de procurar atendimento médico.

    Quando a dor nas costas pode ser preocupante?

    Segundo a neurocirurgiã Ana Camila Gandolfi, observar as características da dor nas costas é muito importante para identificar se ela pode indicar algo mais grave. A especialista destaca alguns sinais que exigem atenção imediata:

    • Dificuldade motora: perda de força em mãos, pés ou pernas associadas à dor;
    • Dor que acorda à noite: diferente da dor que já impede o sono, é aquela que desperta a pessoa durante a noite;
    • Febre acompanhando a dor: pode indicar a presença de uma infecção;
    • Dificuldade respiratória: quando surge junto da dor nas costas;
    • Alterações neurológicas: como perda de sensibilidade ou quando um simples toque é interpretado pelo corpo como dor.

    Nesses casos, a recomendação é não adiar a consulta médica. Apenas uma avaliação profissional com exames específicos pode identificar a causa e indicar o tratamento adequado.

    Quais problemas estão associados à dor nas costas?

    Uma dor nas costas que persiste por mais de quatro semanas e está acompanhada de outros sintomas, pode indicar condições mais sérias, como:

    1. Doenças respiratórias

    Infecções como pneumonia e pleurisia (inflamação da membrana que envolve os pulmões) podem provocar dor na região torácica das costas. Isso acontece porque os pulmões inflamados aumentam o esforço da musculatura durante a respiração — causando desconforto e dor que pode piorar ao tossir ou inspirar fundo.

    2. Infecção renal

    Os rins ficam localizados na parte inferior das costas, e quando há uma infecção (chamada pielonefrite), é comum que a dor lombar apareça de forma persistente e intensa, muitas vezes em apenas um dos lados.

    O quadro costuma vir acompanhado de febre alta, calafrios, mal-estar, enjoo e alterações na urina, como cheiro forte, ardência ao urinar ou até presença de sangue. Se não tratada, a infecção pode se espalhar para a corrente sanguínea, causando complicações sérias.

    3. Pedra nos rins

    As pedras nos rins, ou cálculos renais, são uma das causas mais comuns de dor lombar súbita e muito forte, chamada cólica renal. A dor costuma surgir de forma inesperada, em ondas, e pode irradiar para a virilha, abdômen inferior e até órgãos genitais. Além disso, podem aparecer sintomas como náusea, vômito, suor excessivo, vontade frequente de urinar e presença de sangue na urina.

    4. Dor ciática

    O nervo ciático é o maior do corpo humano e percorre da lombar até os pés. Quando ele sofre compressão, geralmente por hérnia de disco ou desgaste da coluna, pode causar uma dor que começa na lombar e irradia para glúteos, pernas e até os pés. Além da dor em queimação ou fisgada, é comum a presença de formigamento, dormência e até perda de força muscular.

    5. Hérnia de disco

    A hérnia de disco acontece quando o disco intervertebral, que funciona como uma espécie de “amortecedor” entre as vértebras, se desloca e acaba comprimindo os nervos da coluna. Isso causa dor intensa, normalmente na região lombar ou cervical, que pode irradiar para braços ou pernas.

    Além da dor, o quadro pode causar rigidez, formigamento, dormência e perda de força muscular, dificultando até atividades simples, como se abaixar, subir escadas ou carregar objetos. Em casos mais graves, a hérnia pode limitar bastante a mobilidade e exigir tratamento especializado.

    6. Artrose

    Também chamada de osteoartrite da coluna, a artrose é o desgaste progressivo das articulações ao longo do tempo. É mais comum em pessoas acima dos 50 anos, mas pode aparecer antes em quem sobrecarrega a coluna por fatores como má postura, obesidade ou esforços repetitivos.

    O problema provoca dor crônica, rigidez ao acordar ou após longos períodos parado, estalos e limitação de movimentos.

    7. Abscesso

    Os abscessos próximos à coluna ocorrem quando há acúmulo de pus causado por uma infecção bacteriana. Além da dor persistente e localizada, podem provocar febre, calafrios e mal-estar geral.

    Dependendo da gravidade, a infecção pode comprometer nervos e estruturas importantes da coluna, exigindo tratamento com antibióticos e, em alguns casos, drenagem cirúrgica de urgência. Por isso, é fundamental uma avaliação médica.

    8. Infarto (casos raros)

    Embora mais conhecido pela dor no peito, o infarto também pode irradiar para a região das costas, especialmente entre as escápulas. Quando a dor aparece junto de falta de ar, suor frio, náusea ou pressão no peito, é preciso procurar ajuda médica imediata.

    Como diferenciar dor comum de dor preocupante?

    Nem sempre é fácil distinguir uma dor passageira de uma dor que exige mais atenção, mas alguns sinais podem ajudar a fazer essa diferenciação:

    Dores comuns Dores que merecem atenção
    Melhoram com repouso, alongamentos leves e analgésicos simples. Não aliviam com repouso ou tratamento caseiro e pioram progressivamente.
    Estão associadas ao esforço físico, má postura ou sedentarismo. Pioram à noite ou atrapalham o sono.
    Tendem a desaparecer em poucos dias ou, no máximo, em uma a duas semanas. Persistem por várias semanas ou se intensificam ao longo do tempo.
    Não estão associadas a sintomas sistêmicos. Vêm acompanhadas de febre, perda de peso inexplicável, alterações neurológicas (formigamento, dormência, perda de força) ou incontinência urinária/intestinal.

    Como é feita a investigação?

    Quando a dor nas costas levanta suspeita de algo mais sério, o médico começa a investigação com uma avaliação detalhada — ou seja, uma conversa para entender como a dor começou, a intensidade, duração, fatores que pioram ou aliviam e o histórico de saúde do paciente.

    Também são avaliados hábitos de vida, como prática de exercícios, postura no trabalho e histórico familiar de doenças.

    Em seguida, é realizado um exame físico, onde o especialista observa postura, força muscular, reflexos, sensibilidade e amplitude de movimentos. Isso ajuda a diferenciar se a dor é de origem muscular, nervosa, óssea ou até relacionada a outros órgãos.

    Dependendo do quadro, podem ser solicitados exames complementares, como:

    • Raio-X: útil para identificar fraturas, alterações ósseas e artrose;
    • Ressonância magnética: indicada para avaliar discos intervertebrais, hérnias, nervos e tecidos moles com mais precisão;
    • Tomografia computadorizada: detalha melhor estruturas ósseas e pode ser usada em casos de trauma;
    • Exames laboratoriais: ajudam a investigar infecções, doenças renais, inflamatórias ou sistêmicas que possam estar ligadas à dor.

    Importante destacar que os exames vão depender muito da hipótese diagnóstica: pode ser um exame de imagem, um exame de sangue, uma radiografia do pulmão, do rim ou da coluna. Isso varia conforme a avaliação médica, de acordo com Ana Camila Gandolfi.

    Como prevenir dores nas costas?

    Nem sempre é possível evitar completamente o surgimento de dores nas costas, especialmente quando associadas a predisposição genética e doenças crônicas. No entanto, adotar certos hábitos no dia a dia pode reduzir bastante o risco e até aliviar crises quando elas surgem. Alguns deles incluem:

    • Manter boa postura: sentar-se com a coluna ereta, os pés apoiados no chão e os ombros relaxados; evite ficar curvado por longos períodos;
    • Fortalecer a musculatura: praticar atividades físicas regularmente, principalmente exercícios que fortaleçam abdômen, costas e glúteos;
    • Alongar com frequência: incluir alongamentos leves na rotina, especialmente após longos períodos sentado ou em pé;
    • Cuidar do peso corporal: manter alimentação equilibrada e exercícios para reduzir a sobrecarga na coluna;
    • Evitar carregar peso de forma incorreta: para levantar objetos pesados, dobre os joelhos e mantenha a carga próxima ao corpo.

    Por fim, é fundamental estar atento aos sinais que o corpo dá. Se a dor nas costas aparecer com frequência, não melhorar em alguns dias ou vier acompanhada de outros sintomas (formigamento, febre, perda de força, alterações urinárias), é hora de procurar um médico.

    Perguntas frequentes sobre dor nas costas

    1. Dor nas costas pode ser causada por estresse?

    Sim. O estresse emocional provoca tensão muscular, especialmente na região do pescoço e da lombar. Quando ela é constante, a contração pode causar dor, rigidez e até dor de cabeça. Muitas vezes, o incômodo diminui com técnicas de relaxamento, prática de atividade física, sono adequado e acompanhamento psicológico, se necessário.

    2. Dor nas costas pode estar ligada ao coração?

    Sim, em casos raros. O infarto, por exemplo, pode irradiar dor para a região das costas, principalmente entre as escápulas. Ela geralmente vem acompanhada de pressão no peito, falta de ar, suor frio, náusea e mal-estar. Nesses casos, é uma emergência médica e exige atendimento imediato.

    3. Grávidas sentem mais dor nas costas?

    Sim, pois a gestação altera o centro de gravidade do corpo, aumenta o peso e relaxa ligamentos por conta das mudanças hormonais — o que sobrecarrega a coluna. O resultado é dor lombar frequente, especialmente no final da gravidez. Alongamentos, fisioterapia e exercícios leves podem ajudar, sempre com orientação médica.

    4. O colchão influencia na dor nas costas?

    Sim. O ideal é escolher um colchão que mantenha o alinhamento natural da coluna, nem muito mole nem excessivamente duro. O recomendado é, se possível, trocar o colchão a cada 8 a 10 anos. O travesseiro também deve ser adequado à posição em que você dorme.

    5. Exercício físico ajuda ou piora a dor nas costas?

    Durante crises de dor intensa, o esforço físico exagerado pode piorar o quadro. No entanto, a prática regular de atividade física é uma das principais formas de prevenção, pois fortalece os músculos que dão suporte à coluna e melhora a flexibilidade.

    Atividades como pilates, yoga, caminhada, natação e musculação com orientação profissional podem ser incluídas na rotina.

    6. Caminhar ajuda na dor lombar?

    Caminhadas leves e regulares estimulam a circulação sanguínea, aliviam a rigidez muscular e fortalecem a região lombar e abdominal. É uma atividade segura e acessível para a maioria das pessoas, mas deve ser feita sem sobrecarga e em ritmo confortável.

    7. Como aliviar a dor nas costas?

    O alívio depende da causa, mas em casos simples, medidas como compressa morna, alongamento leve, hidratação, pausas para se movimentar e repouso relativo já ajudam. Em situações mais persistentes, podem ser necessários remédios, fisioterapia ou até procedimentos médicos.

    8. Como diferenciar dor nas costas de dor no pulmão?

    A dor nas costas geralmente piora com movimentos ou esforço físico e pode ser muscular ou nervosa. Já a dor causada por problemas pulmonares (como pneumonia ou pleurisia) costuma estar associada a falta de ar, tosse, febre e piora ao respirar fundo. Nesses casos, é essencial procurar atendimento médico.

  • Má postura pode causar lesões na coluna? Saiba como corrigir a postura  

    Má postura pode causar lesões na coluna? Saiba como corrigir a postura  

    Você já reparou na sua postura? Manter os ombros caídos, a cabeça inclinada para frente e a coluna curvada são detalhes que passam despercebidos no dia a dia, mas podem trazer dores incômodas que afetam a qualidade de vida.

    A má postura é comum especialmente para pessoas que trabalham muitas horas na frente do computador, do celular ou em atividades sedentárias. Quando combinada a hábitos prejudiciais, como falta de atividade física, excesso de peso e pouco fortalecimento muscular, o risco de dores crônicas e sobrecargas aumenta significativamente.

    Mas afinal, como corrigir a má postura? Para responder a essa pergunta, conversamos com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, da Escola Paulista de Medicina, que explicou o que realmente funciona na prática para manter a coluna alinhada e saudável.

    O que é ter uma má postura?

    De forma geral, a má postura é o desalinhamento da coluna e do corpo em relação à posição considerada saudável. Em vez de manter uma posição neutra, em que a coluna fica ereta, os ombros alinhados e o peso bem distribuído, a má postura sobrecarrega determinadas regiões do corpo — como lombar, pescoço e ombros.

    A má postura pode ocorrer em diversas situações, como:

    • Sentar de forma incorreta em frente ao computador;
    • Dormir em posições desconfortáveis;
    • Andar curvado;
    • Carregar bolsas ou mochilas muito pesadas de um lado só;
    • Usar calçados inadequados.

    Por que a má postura acontece?

    Uma pessoa pode ter má postura por uma combinação de fatores, como:

    • Uso excessivo das tecnologias modernas: celular, computador e videogames exigem que a pessoa fique muito tempo olhando para baixo ou inclinado para frente;
    • Sedentarismo: a falta de exercícios físicos reduz a força abdominal, da lombar e até da região cervical, aumentando a chance de desalinhamentos;
    • Estresse e tensão emocional: é comum encolher os ombros e projetar o corpo para frente em situações de ansiedade e estresse. A postura, além de física, é também reflexo do estado emocional;
    • Móveis inadequados: cadeiras sem apoio, mesas muito baixas ou muito altas e até colchões desgastados contribuem para posições erradas.

    Quais são os principais sinais de má postura?

    Nem sempre a pessoa percebe que tem má postura, mas existem sinais que podem ser notados no corpo, como:

    • Dores frequentes no pescoço, ombros e costas;
    • Enrijecimento da musculatura;
    • Dor de cabeça;
    • Ombros caídos para frente;
    • Barriga projetada;
    • Cansaço excessivo ao longo do dia.

    Como identificar a sua postura no dia a dia?

    Uma dica para identificar se você possui má postura é observar-se diante do espelho ou pedir que alguém tire uma foto sua de perfil, em pé. Na postura correta:

    • A cabeça deve estar alinhada com os ombros, sem ficar projetada para frente;
    • Os ombros ficam retos, não caídos;
    • A coluna mantém curvas naturais (cervical, torácica e lombar), sem exagero;
    • O quadril está alinhado, sem inclinar para frente ou para trás.

    Outra forma de perceber é durante tarefas simples: ao sentar, ao dirigir ou ao pegar objetos no chão. Se nesses momentos você sempre curvar a coluna ou apoiar todo o peso em uma só perna, é um sinal de que a postura está incorreta.

    Má postura pode causar lesões na coluna?

    De acordo com Ana Gandolfi, a má postura, por si só, não provoca lesões estruturais na coluna. O que pode acontecer é o surgimento de dores e desconfortos quando a pessoa permanece muito tempo na mesma posição, especialmente sentada ou olhando para baixo no celular.

    No entanto, pesquisas apontam que a má postura é um fator de risco que pode, ao longo do tempo, contribuir para o surgimento ou agravamento de problemas na coluna — especialmente quando combinada a hábitos como sedentarismo, excesso de peso, falta de fortalecimento muscular e longas jornadas sentado sem pausas.

    Com o passar dos anos, a sobrecarga nas articulações, nos discos intervertebrais e na musculatura pode favorecer o aparecimento de dores crônicas, tensão no pescoço e nos ombros e até hérnia de disco em pessoas predispostas.

    Como corrigir a má postura no dia a dia

    Manter o corpo alinhado envolve uma série de pequenos ajustes na rotina, para que a boa postura se torne um hábito natural. Alguns deles incluem:

    1. Preste atenção na postura quando estiver sentado

    Pessoas que trabalham em escritórios ou fazem home office passam a maior parte do tempo sentados, então é importante fazer algumas adaptações no ambiente de trabalho.

    Primeiro, procure ajustar a cadeira de modo que suas costas fiquem totalmente apoiadas no encosto. Os pés devem tocar o chão, e se isso não for possível, utilize um apoio para mantê-los firmes. Os joelhos precisam formar um ângulo de 90 graus, assim como os cotovelos quando você digita, sempre com os ombros relaxados.

    Em relação ao computador, Ana Gandolfi aponta que o ideal é deixar o teclado mais para o fundo da mesa, de forma que o cotovelo fique apoiado. Usar apenas a mão apoiada, com o cotovelo suspenso, aumenta o risco de dor cervical, dor no braço e problemas de postura — especialmente para quem passa muitas horas no computador.

    A altura da mesa também faz diferença: o ideal é que os cotovelos permaneçam dobrados a 90 graus, com os ombros soltos e relaxados durante a digitação.

    2. Ajuste a postura ao usar o celular

    O hábito de curvar a cabeça para baixo várias vezes ao dia para usar o celular cria sobrecarga no pescoço. Uma forma simples de evitar isso é levar o aparelho até a altura dos olhos, em vez de abaixar o rosto. Isso mantém o alinhamento natural entre cabeça e coluna, reduzindo tensões desnecessárias.

    “A grande questão é que nessa posição a gente não consegue ficar muito tempo; na verdade, o ideal seria passar menos tempo no celular”, aponta Ana.

    3. Mantenha o corpo alinhado em pé

    Quando estiver em pé, lembre-se de abrir os ombros, direcionando-os para baixo e para trás, como se quisesse afastá-los das orelhas. O peso precisa ser distribuído igualmente entre as duas pernas, sem apoiar apenas um lado.

    Uma boa dica é imaginar um fio puxando a cabeça em direção ao teto. Isso ajuda a alongar a coluna naturalmente e melhora a postura sem rigidez.

    4. Fortaleça os músculos e alongue-se

    A má postura costuma aparecer porque a musculatura responsável por sustentar o corpo está fraca. Para corrigir, é importante fortalecer o chamado “core” — região do abdômen e lombar. Exercícios como prancha e ponte podem ajudar nesse sentido.

    Para quem sente incômodo na lombar, exercícios simples de mobilização do quadril e de relaxamento da coluna lombar podem ser feitos em casa, sem necessidade de academia.

    Além do fortalecimento, pausas rápidas para esticar pescoço, ombros e costas aliviam a tensão acumulada e aumentam a flexibilidade. De acordo com Ana, quem trabalha o dia inteiro sentado no computador deve, a cada uma hora ou uma hora e meia, levantar-se — nem que seja para ir ao banheiro, de preferência o mais distante, ou caminhar dois a três minutos, pegar um café ou lavar o rosto.

    5. Preste atenção ao seu jeito de dormir

    Dormir de bruços pode forçar a coluna e o pescoço, por isso o ideal é deitar de lado, com um travesseiro entre os joelhos, ou de barriga para cima, com apoio embaixo dos joelhos para aliviar a lombar. Um colchão firme e um travesseiro de altura adequada fazem toda a diferença.

    6. Evite carregar peso de forma errada

    Carregar peso do jeito errado pode acabar com a postura, já que mochilas pesadas em um ombro só, bolsas grandes ou até sacolas de mercado puxam o corpo para o lado e deixam a coluna torta. O ideal é dividir o peso entre os dois lados ou usar mochilas com alças largas e bem ajustadas, reduzindo o impacto sobre a coluna.

    Quando precisar levantar algo mais pesado, segure perto do corpo, dobre os joelhos e use a força das pernas em vez de curvar a coluna. Assim, você protege a lombar e evita dores.

    Quando procurar ajuda profissional?

    Nem sempre os ajustes do dia a dia são suficientes. É importante procurar um médico ou fisioterapeuta quando:

    • A dor é constante e não melhora com repouso;
    • Existe limitação de movimentos;
    • Há formigamento ou dormência em braços e pernas;
    • A postura anormal é visível e causa incômodo.

    Um médico pode indicar tratamentos específicos, como fisioterapia, por exemplo.

    Perguntas frequentes

    1. Crianças podem desenvolver problemas por má postura?

    Sim, e cada vez mais cedo, uma vez que uso de celular e tablet por longos períodos, além do peso excessivo das mochilas escolares, favorece alterações na postura infantil. Como o corpo da criança ainda está em desenvolvimento, alguns maus hábitos podem causar dores e outros problemas.

    Por isso, é fundamental orientar os pequenos sobre a forma correta de sentar, limitar o tempo em frente às telas e garantir que a mochila não ultrapasse 10% do peso corporal.

    2. Ficar sentado o dia inteiro é sempre prejudicial?

    Ficar sentado em si não é um problema, desde que seja em posição correta, com pausas frequentes. A questão é a combinação de muito tempo sentado, má postura e ausência de movimento — que causa rigidez, fraqueza muscular e dores. O ideal é ajustar a cadeira, manter os pés bem apoiados, a tela na altura dos olhos e fazer pequenas pausas a cada hora.

    3. Pilates ajuda a melhorar a postura?

    Sim! O pilates é uma das atividades mais recomendadas para quem deseja melhorar a postura, porque trabalha fortalecimento do core (músculos do abdômen e lombar), alongamento e consciência corporal.

    A combinação dá suporte à coluna, melhora o equilíbrio e ajuda a manter o alinhamento natural do corpo. Com a prática regular, é possível reduzir dores, corrigir hábitos incorretos e até prevenir o retorno de problemas posturais.

    4. O uso de salto alto causa má postura?

    O salto alto altera o centro de gravidade do corpo, forçando a lombar e projetando o quadril para frente, o que pode gerar desequilíbrios, dores e tensão muscular. Usar salto ocasionalmente não costuma trazer grandes problemas, mas o uso diário e prolongado favorece a má postura.

    Uma dica é alternar com calçados baixos e confortáveis, além de fortalecer as pernas e alongar panturrilhas e quadris para compensar.

    5. A má postura pode ser genética?

    Não exatamente. Na verdade, o que existe são predisposições genéticas a alterações como escoliose.

    Já a má postura está mais ligada aos hábitos do dia a dia: mesmo quem não tem essa predisposição pode ter problemas se ficar muito tempo em posições erradas. Por outro lado, quem tem tendência genética pode reduzir os impactos mantendo bons hábitos posturais e praticando exercícios.

  • Ciática: o que é e como aliviar a dor no nervo ciático

    Ciática: o que é e como aliviar a dor no nervo ciático

    A dor no nervo ciático, também conhecida como dor ciática ou ciatalgia, é uma das dores mais comuns que afetam a coluna e os membros inferiores. Ela pode surgir de repente, irradiando da lombar até a perna — e, devido a intensidade, pode interferir em atividades simples, como caminhar, sentar ou dormir.

    Para esclarecer dúvidas sobre a ciática, as causas, sintomas e tratamentos, conversamos com a neurocirurgiã Ana Gandolfi, da Escola Paulista de Medicina.

    O que é nervo ciático?

    O nervo ciático é o maior e mais espesso nervo do corpo humano. Ele começa na parte inferior da coluna vertebral, passa pelas nádegas e desce pela parte de trás de cada perna até os pés. Ele é responsável por grande parte dos membros inferiores, transmitindo informações sensoriais e motoras entre a medula e as pernas e pés.

    Por ser tão longo e desempenhar várias funções importantes, o nervo ciático está sujeito a diferentes formas de alteração, compressão ou inflamação, que podem provocar desde sinais leves até crises intensas e incapacitantes.

    O nervo ciático é fundamental para os movimentos do dia a dia, como levantar da cadeira, agachar, subir escadas, caminhar e manter o equilíbrio. Por isso, qualquer problema nele afeta diretamente a rotina e a qualidade de vida.

    O que causa dor no nervo ciático?

    A causa mais comum da dor no nervo ciático é a compressão de suas raízes na coluna lombar, que pode ser provocada pelos seguintes fatores:

    • Hérnia de disco: é a causa mais frequente da dor no nervo ciático, e ocorre quando o material gelatinoso dentro de um disco que fica entre as vértebras da coluna (que funciona como um amortecedor) se desgasta ou se rompe, fazendo com que seu material interno pressione a raiz do nervo ciático;
    • Estenose espinhal: é o estreitamento do canal espinhal na região lombar, que pode comprimir os nervos, incluindo o ciático. Isso geralmente ocorre em pessoas mais velhas;
    • Síndrome do piriforme: o músculo piriforme, localizado nas nádegas, pode ter espasmos e pressionar o nervo ciático, que passa por baixo ou através dele;
    • Lesões ou fraturas: traumas na coluna ou na pelve podem danificar ou comprimir o nervo;
    • Tumores: embora menos comum, um tumor na coluna vertebral pode crescer e exercer pressão sobre o nervo ciático.

    Além dessas condições, a neurocirurgiã Ana Gandolfi aponta que pessoas com fraqueza muscular, especialmente na região glútea, ou algumas condições — como gestantes ou pacientes que perderam peso muito rápido — tendem a desenvolver um processo inflamatório no nervo ciático, o que aumenta a dor.

    “Qualquer dor que seja decorrente de um processo inflamatório próximo ao nervo é muito intensa”, complementa a especialista.

    Quais os sintomas de ciática?

    O principal sintoma da ciática é a dor que irradia da região lombar ou glútea para a parte de trás da perna, podendo chegar até o pé. Ela apresenta algumas características típicas, como:

    • Pode ser em choque, fisgada ou queimação;
    • Muitas vezes piora ao permanecer sentado por muito tempo;
    • Aumenta ao espirrar, tossir ou fazer esforço;
    • Em alguns casos, vem acompanhada de formigamento, dormência ou fraqueza muscular.

    É importante destacar que nem toda dor na lombar é ciática. A ciática é um tipo específico de dor, que segue o trajeto do nervo ciático. Por isso, a avaliação médica é fundamental para diferenciar de outras dores lombares comuns.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico da dor no nervo ciático é feito por um médico, geralmente um ortopedista ou neurocirurgião, e envolve inicialmente uma avaliação médica – para entender sobre os sintomas, os fatores de risco e o histórico médico do paciente.

    Depois, o especialista realiza o exame físico, verificando reflexos, força muscular, sensibilidade e movimentos que desencadeiam dor.

    Em muitos casos, só a avaliação clínica já é suficiente para direcionar o tratamento. Mas exames de imagem podem ser necessários para confirmar a causa, como:

    • Ressonância magnética: é o exame mais eficaz para visualizar a compressão do nervo ciático, pois oferece imagens detalhadas dos tecidos moles, como discos intervertebrais, músculos e o próprio nervo;
    • Tomografia computadorizada: útil em casos de suspeita de fraturas ou alterações ósseas;
    • Raio-X: geralmente não é suficiente para diagnosticar a causa da dor ciática, mas pode ajudar a identificar problemas ósseos, como osteófitos (bicos de papagaio).

    Vale ressaltar que a escolha do exame depende da suspeita clínica. Só pedir uma ressonância da coluna, sem analisar o paciente como um todo, pode mostrar alterações que não explicam a dor. Por isso, o diagnóstico correto precisa juntar o exame físico detalhado com os exames de imagem certos.

    Como é feito o tratamento de dor ciática?

    O tratamento da dor ciática depende da gravidade e da causa dos sintomas. Mas, na maioria dos casos, um tratamento conservador é suficiente para aliviar a dor, reduzir a inflamação e fortalecer a musculatura para prevenir novas crises.

    Entre algumas das abordagens, é possível apontar:

    • Remédios, como analgésicos e anti-inflamatórios, para aliviar a dor e a inflamação. Em casos mais graves, pode ser usadas injeções de analgésicos ou corticosteroides para reduzir a dor e o inchaço ao redor do nervo;
    • Fisioterapia, que ajuda a fortalecer os músculos que dão suporte à coluna, melhoram a flexibilidade e corrigem a postura, o que alivia a pressão sobre o nervo;
    • Compressas frias nas primeiras 48 horas podem ajudar a diminuir a inflamação. Depois disso, compressas quentes podem relaxar os músculos e aumentar o fluxo sanguíneo na área, aliviando a dor;
    • Exercícios leves, como caminhada e natação, podem ser benéficos. Alongamentos suaves, como os de yoga, também ajudam a manter a flexibilidade e a mobilidade.

    Quando a cirurgia é necessária?

    De acordo com Ana, a indicação de cirurgia geralmente surge quando a dor não melhora, mesmo com o uso adequado da medicação em dose máxima e sob acompanhamento médico, ou quando o paciente apresenta perda de força, especialmente no pé.

    Contudo, a especialista reforça que é fundamental identificar com precisão a origem do problema para definir o tratamento correto.

    Confira: 8 dicas para prevenir a dor nas costas no dia a dia

    Como aliviar a dor no nervo ciático?

    Além do tratamento médico, alguns hábitos ajudam a aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida, como:

    • Fortalecer a musculatura glútea e abdominal: exercícios de baixo impacto, como pilates, yoga e caminhadas leves, reduzem a sobrecarga da coluna e mantêm o nervo protegido;
    • Adotar boa postura: evite permanecer muitas horas na mesma posição. Ao sentar, mantenha a coluna ereta, e ao levantar peso, faça movimentos corretos para não sobrecarregar a lombar;
    • Controlar o peso corporal: o excesso de peso aumenta a pressão sobre a coluna, mas perder peso muito rápido também prejudica, pois enfraquece a sustentação muscular;
    • Investir em hábitos de vida saudáveis: dormir bem, manter uma alimentação equilibrada e reduzir o estresse ajudam a diminuir processos inflamatórios e a prevenir crises de dor.

    É possível prevenir a dor no nervo ciático?

    Nem sempre é possível prevenir totalmente a ciática, mas adotar alguns cuidados reduz bastante o risco de desenvolver o problema. Entre eles:

    • Praticar atividade física regularmente, com foco no fortalecimento muscular;
    • Cuidar da postura ao sentar, levantar e carregar peso;
    • Manter um peso saudável, evitando tanto o excesso quanto a perda muito rápida;
    • Investir em ergonomia, especialmente para quem trabalha muitas horas sentado;
    • Consultar um médico ao perceber sinais persistentes, como dor irradiada, formigamento ou fraqueza nas pernas.

    Segundo Ana, a prevenção também envolve olhar para grupos de risco, como gestantes, pacientes que perderam peso rápido ou têm fraqueza muscular — e investir em fortalecimento e avaliação médica.

    Perguntas frequentes sobre dor ciática

    1. A dor ciática é considerada uma doença?

    Não. É importante deixar claro que a dor ciática é um sintoma de outra condição, como hérnia de disco, síndrome do piriforme, alterações musculares, inflamações ou até processos infecciosos. Por isso, o tratamento não deve focar apenas em aliviar a dor, mas em investigar a causa do problema.

    2. Onde dói quando o nervo ciático está inflamado?

    A dor geralmente começa na lombar ou no glúteo e segue o trajeto do nervo, descendo pela parte de trás da coxa e podendo chegar até a panturrilha, tornozelo e planta do pé.

    A dor pode ser sentida como choque, fisgada, queimação ou até sensação de facada. Muitas vezes piora quando a pessoa está sentada por muito tempo, tosse ou faz esforço.

    3. A dor ciática pode afetar as duas pernas ao mesmo tempo?

    Na maioria das vezes, a ciática afeta apenas uma perna. Isso acontece porque a compressão geralmente ocorre em apenas uma raiz nervosa da coluna lombar.

    No entanto, em casos mais raros, como em estenose de canal lombar avançada ou grandes hérnias de disco centrais, a dor pode se manifestar nos dois lados, causando desconforto bilateral.

    4. Dor ciática e dor lombar são a mesma coisa?

    Não. A dor lombar é um termo genérico para qualquer dor na região baixa das costas. Já a dor ciática é uma dor que pode se iniciar na região lombar, mas que segue o trajeto do nervo ciático.

    5. A ciática pode surgir em pessoas jovens?

    É mais comum a partir dos 30 ou 40 anos, mas jovens também podem ter crises de ciática, principalmente atletas ou pessoas que treinam sem orientação, gestantes ou quem passa muitas horas sentado em má postura.

    6. O que posso fazer em casa para aliviar a dor ciática?

    Algumas medidas podem ajudar a aliviar a dor enquanto a pessoa aguarda a consulta médica:

    • Aplicar calor local (bolsa de água morna);
    • Alongamentos leves da lombar e glúteos;
    • Evitar longos períodos sentado;
    • Dormir em colchão firme, de lado, com travesseiro entre os joelhos.

    Mas é fundamental procurar atendimento médico se a dor persistir por mais de alguns dias.

    Leia também: Hérnia de disco: o que é, causas, sintomas e como tratar

  • Hérnia de disco: o que é, causas, sintomas e como tratar 

    Hérnia de disco: o que é, causas, sintomas e como tratar 

    A hérnia de disco é um dos problemas mais comuns da coluna, e está entre as principais causas de afastamento do trabalho, já que provoca dores incapacitantes e limitações físicas que afetam desde tarefas simples, como se abaixar, até atividades profissionais.

    A condição preocupa porque, além de frequente, pode comprometer a qualidade de vida se não for diagnosticada e tratada de forma adequada. Pensando nisso, conversamos com a neurocirurgiã Ana Camila Gandolfi para esclarecer as principais dúvidas sobre a condição e como tratá-la.

    O que é hérnia de disco?

    Para entender a hérnia de disco, é importante compreender como funciona a coluna vertebral. Ela é formada por várias vértebras (os ossos da coluna) empilhadas uma sobre a outra. Entre elas existe o disco intervertebral, que funciona como um amortecedor. Ele é composto por um anel fibroso, mais resistente, e um núcleo interno mais gelatinoso, justamente para absorver impactos.

    Quando esse anel sofre desgaste ou se rompe, o núcleo pode se deslocar ou extravasar, comprimindo estruturas próximas, como nervos e raízes nervosas. É aí que surge a hérnia de disco, que provoca sintomas como dor, formigamento, fraqueza e limitação de movimentos.

    Segundo Ana Camila Gandolfi, a hérnia pode aparecer por sobrecarga (excesso de exercícios ou levantamento de peso), após um trauma na coluna, ou até de forma espontânea em pessoas com alterações no colágeno, já que o anel fibroso do disco é formado por essa proteína.

    Em alguns casos, há ainda uma predisposição genética, ou seja, pessoas com histórico familiar de hérnia de disco têm mais chances de desenvolver o problema.

    Causas da hérnia de disco

    Normalmente, a hérnia de disco é resultado de um processo de desgaste natural, associado a fatores de risco que aceleram ou intensificam esse processo, como:

    • Envelhecimento natural: com o passar dos anos, os discos intervertebrais perdem água e elasticidade, ficando mais suscetíveis a fissuras e deslocamentos;
    • Movimentos repetitivos e esforços físicos: profissões que exigem levantar peso, carregar cargas ou movimentos repetitivos de torção da coluna aumentam a chance de lesão;
    • Postura inadequada: passar horas sentado de maneira incorreta, dormir de mal jeito ou permanecer muito tempo em pé sem apoio adequado pode sobrecarregar a coluna;
    • Sedentarismo: a falta de exercícios enfraquece a musculatura que dá suporte à coluna, aumentando o risco de problemas nos discos;
    • Excesso de peso: o sobrepeso e a obesidade aumentam a pressão sobre toda a coluna, especialmente na região lombar, que já suporta naturalmente a maior parte do peso do corpo;
    • Fatores genéticos: alterações no colágeno, na estrutura dos discos ou até no formato da coluna podem ser herdadas, tornando algumas pessoas mais vulneráveis, mesmo com hábitos de vida saudáveis;
    • Traumas e acidentes: quedas, pancadas diretas ou impactos fortes, como os que ocorrem em esportes de contato ou em acidentes automobilísticos, podem provocar lesões na coluna e levar ao surgimento de hérnias.

    Quais os sintomas de hérnia de disco?

    Os sintomas de hérnia de disco variam conforme a região afetada e o grau da compressão nervosa. Algumas pessoas, por exemplo, sequer apresentam sintomas. O problema só existe se a hérnia provoca sinais clínicos, como:

    • Dor lombar que irradia para a perna (ciatalgia);
    • Dor cervical que se espalha para o braço;
    • Dor intensa e incapacitante;
    • Formigamento ou dormência em faixa (na perna ou no braço, dependendo da raiz nervosa atingida);
    • Perda de força, que é o sinal mais grave, pois indica comprometimento neurológico.

    Normalmente, a perda de força na hérnia cervical afeta mãos e dedos; já na hérnia lombar, pode atingir o pé.

    É importante observar a intensidade e a persistência dos sintomas. Uma dor nas costas passageira não significa hérnia de disco, mas se os sinais se mantêm por semanas ou pioram com o tempo, é fundamental buscar avaliação médica.

    Diagnóstico de hérnia de disco

    O diagnóstico de hérnia de disco é feito, inicialmente, com avaliação clínica, em que o médico estuda a história do paciente e examina força, sensibilidade e reflexos.

    De acordo com Ana Camila Gandolfi, é importante ter uma hipótese diagnóstica primeiro, pois atualmente, estudos mostram que boa parte das pessoas acima de 40 anos apresentará alguma hérnia de disco nos exames — mas sem sintomas. Nesses casos, não é necessário tratamento.

    Se realmente houver suspeita clínica de hérnia de disco, podem ser solicitados dois exames principais:

    • Tomografia computadorizada: mostra melhor a parte óssea e pode evidenciar redução do espaço entre vértebras e calcificações próximas à hérnia;
    • Ressonância magnética: é o exame mais completo, pois mostra em detalhe as estruturas moles, como o próprio disco e os nervos. Ela permite identificar se há compressão nervosa associada.

    Como é feito o tratamento de hérnia de disco?

    Na maioria dos casos, a hérnia de disco pode ser tratada de forma conservadora, ou seja, não é preciso fazer cirurgia — e o quadro pode ser revertido com algumas abordagens, como:

    • Remédios: o uso de analgésicos e anti-inflamatórios pode ajudar a reduzir a dor e a inflamação. Dependendo do quadro, corticoides orais ou injetáveis podem ser indicados;
    • Fisioterapia: os exercícios fortalecem a musculatura de suporte da coluna, melhoram a postura e aumentam a flexibilidade. Técnicas de acupuntura, pilates e hidroterapia também podem ajudar, com orientação médica;
    • Mudanças de hábito: além de manter o peso adequado, alguns hábitos, como corrigir a postura no trabalho, usar cadeira ergonômica e evitar levantar peso de forma incorreta ajudam no dia a dia.

    O tempo de recuperação varia de pessoa para pessoa. Algumas melhoram em semanas, enquanto outras precisam de meses para se sentirem completamente bem.

    Quando a cirurgia é necessária?

    A cirurgia para hérnia de disco é indicada em casos específicos, quando o tratamento conservador não traz resultados ou quando há risco de danos neurológicos. As principais situações, segundo Ana, incluem:

    • Perda de força: é uma urgência médica e, nesses casos, o paciente precisa operar rapidamente, em até 24 horas, para evitar sequelas permanentes;
    • Perda de sensibilidade: não é sempre indicação imediata, mas exige acompanhamento de perto, já que pode evoluir para perda de força. Além disso, a sensibilidade pode demorar meses para voltar ao normal;
    • Dor intratável: quando o paciente já tentou várias medicações de uso contínuo, associadas ou não, e mesmo assim não consegue controlar a dor.

    É possível prevenir a hérnia de disco?

    Qualquer pessoa pode desenvolver hérnia de disco em algum momento da vida. Embora fatores como idade e genética não possam ser controlados, adotar hábitos de vida saudáveis faz diferença e pode ajudar a proteger a coluna, reduzindo o risco de desgaste precoce.

    Entre as medidas preventivas, é possível citar:

    • Praticar atividade física regularmente: manter uma rotina de exercícios ajuda a fortalecer os músculos abdominais, dorsais e das pernas;
    • Manter o peso adequado: controlar o peso corporal diminui a pressão constante sobre os discos intervertebrais, especialmente na região lombar;
    • Cuidar da postura: ao sentar, é importante manter os pés totalmente apoiados no chão e as costas eretas, preferencialmente com apoio lombar;
    • Evitar movimentos bruscos: ao carregar peso, a forma correta é sempre dobrar os joelhos, manter a carga próxima ao corpo e evitar torções repentinas da coluna;
    • Escolher colchão e travesseiro adequados: dormir bem alinhado é fundamental para que a coluna descanse corretamente;
    • Fazer pausas no trabalho: quem fica muito tempo sentado deve se levantar a cada hora, andar um pouco e alongar.

    Vale lembrar que mesmo quem já tem hérnia pode se beneficiar do fortalecimento muscular. Músculos fortes ajudam a reduzir os sintomas e, em muitos casos, evitam a necessidade de cirurgia.

    Perguntas frequentes sobre hérnia de disco

    1. Toda dor nas costas significa hérnia de disco?

    Não. A dor nas costas pode ter muitas causas, desde má postura até contraturas musculares. A hérnia de disco é apenas uma das possibilidades. O diagnóstico correto depende da avaliação médica e de exames de imagem.

    2. Quais são os sintomas mais preocupantes da hérnia de disco?

    Os sinais de alerta incluem: dor que desce para a perna ou braço, perda de sensibilidade em áreas específicas, fraqueza muscular e dificuldade para realizar movimentos simples, como segurar objetos ou andar. Eles indicam compressão nervosa mais importante e exigem atenção médica rápida.

    3. A hérnia de disco pode sumir sozinha?

    Em alguns casos, sim. O organismo consegue reabsorver parte do material que extravasou do disco. Isso não acontece em todos os pacientes, mas pode explicar por que algumas pessoas melhoram apenas com tratamento conservador, sem necessidade de cirurgia.

    4. Quem tem hérnia de disco pode praticar exercícios físicos?

    Sim, e muitas vezes deve! Exercícios de baixo impacto, como caminhada, pilates, natação e fortalecimento muscular orientado, são fundamentais para a recuperação e prevenção do quadro. O importante é evitar exercícios de impacto ou que sobrecarreguem a coluna sem orientação profissional.

    5. Quem faz cirurgia de hérnia de disco pode voltar ao normal?

    Na maioria dos casos, sim. Muitos pacientes voltam a ter qualidade de vida, sem dor e com mobilidade preservada. No entanto, a recuperação depende de fisioterapia, fortalecimento muscular e mudanças de hábitos. Importante lembrar que a cirurgia não impede o surgimento de novas hérnias em outros discos.

    6. A hérnia de disco tem cura?

    A hérnia de disco pode ser controlada na maioria dos casos, especialmente quando o tratamento é iniciado precocemente e de forma adequada. O objetivo do tratamento é eliminar a dor, a inflamação e outros sintomas, permitindo que a pessoa volte à sua rotina.

    7. Quando a hérnia de disco é considerada grave?

    A hérnia é grave quando causa perda de força muscular, dificuldade para andar, alterações na sensibilidade ou problemas para controlar urina e fezes (síndrome da cauda equina). Nesses casos, deve haver atendimento médico imediato, muitas vezes com cirurgia de urgência.

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