Autor: Dr. Luiz Dieckmann

  • Esquizofrenia: o que é e como identificar os primeiros sinais 

    Esquizofrenia: o que é e como identificar os primeiros sinais 

    A esquizofrenia costuma ser lembrada com medo e estigma, mas o conhecimento atual mostra uma realidade muito diferente. Muitas pessoas diagnosticadas estudam, trabalham, mantêm vínculos afetivos e levam uma vida plena quando recebem o tratamento correto. Entender o que a doença é, reconhecer seus sinais e saber como funciona o cuidado ajuda a reduzir o medo e aproxima quem precisa de suporte.

    O que é esquizofrenia?

    A esquizofrenia é um transtorno mental crônico que altera a forma como a pessoa pensa, sente, percebe o mundo e organiza o comportamento. Costuma começar no fim da adolescência ou no início da vida adulta. Surge pela soma de vários fatores, como predisposição genética, alterações neurobiológicas, infecções na infância e situações adversas importantes.

    Principais sintomas da esquizofrenia

    Sintomas positivos

    Representam um acréscimo ao funcionamento mental típico.

    • Delírios, como acreditar em algo sem base na realidade.
    • Alucinações, principalmente ouvir vozes quando não há fonte externa.
    • Pensamento desorganizado, dificuldade em seguir uma linha lógica.
    • Comportamentos agitados ou incoerentes.

    Sintomas negativos

    Indicam perda ou redução de funções importantes.

    • Menor expressão emocional.
    • Pouca motivação.
    • Redução da fala espontânea.
    • Dificuldade para iniciar tarefas do dia a dia.

    Essas manifestações podem ser confundidas com desinteresse ou preguiça, mas fazem parte da doença e têm base neurológica.

    Sintomas cognitivos

    Aparecem na rotina.

    • Dificuldade de concentração.
    • Falhas de memória recente.
    • Problemas para organizar atividades simples.

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico é clínico e feito por um psiquiatra. A avaliação considera:

    • Quais sintomas estão presentes.
    • Há quanto tempo eles acontecem, geralmente seis meses ou mais.
    • Como afetam o funcionamento da pessoa.

    Exames de sangue ou imagem não confirmam a esquizofrenia. Eles servem apenas para descartar outras causas.

    Uma observação importante: um episódio psicótico isolado não define esquizofrenia. O diagnóstico depende da evolução ao longo do tempo.

    Sinais precoces que merecem atenção

    • Mudanças bruscas de comportamento.
    • Isolamento repentino.
    • Perda de interesse por atividades antes prazerosas.
    • Desconfiança excessiva.
    • Percepção de vozes ou sons inexistentes.

    Identificar cedo facilita o tratamento e melhora muito o prognóstico.

    Como é o tratamento da esquizofrenia?

    Medicamentos antipsicóticos

    São a base do manejo e reduzem delírios, alucinações e desorganização.

    • Antipsicóticos de primeira geração.
    • Antipsicóticos de segunda geração, mais modernos e com menos efeitos motores.

    A resposta costuma ser gradual. O psiquiatra ajusta doses e troca medicamentos quando necessário. Podem ocorrer efeitos colaterais como sonolência, rigidez ou ganho de peso, mas existem alternativas seguras.

    Psicoterapia

    A Terapia Cognitivo Comportamental ajuda a lidar com sintomas persistentes, identificar gatilhos, organizar rotina e treinar habilidades sociais.

    Reabilitação psicossocial

    Favorece autonomia e funcionamento diário.

    • Atenção multiprofissional.
    • Treinamento ocupacional.
    • Orientação familiar.
    • Ajustes de rotina, sono e autocuidado.

    Hábitos que ajudam

    • Manter sono regular.
    • Evitar álcool e drogas.
    • Atividade física leve.
    • Pequenas metas diárias.
    • Família bem informada e presente no cuidado.

    Vida a longo prazo

    Com tratamento contínuo, muitas pessoas trabalham, estudam, constroem família e levam vida independente. O maior risco é interromper o tratamento, pois isso aumenta a chance de recaídas.

    Por que ainda existe tanto estigma?

    Mitos ainda circulam:

    • Pessoas com esquizofrenia seriam violentas.
    • Não poderiam trabalhar.
    • Seriam imprevisíveis.

    A ciência mostra outra realidade:

    • Quem está em tratamento tem baixa taxa de violência.
    • Pode estudar, trabalhar e manter relações estáveis.
    • Pode planejar, assumir responsabilidades e ter autonomia.

    O estigma afasta do cuidado e atrasa o diagnóstico.

    Casos extremos não representam a maioria

    Situações raras de comportamento arriscado chamam atenção da mídia, como o episódio do rapaz que entrou na jaula de uma leoa e morreu. Esses casos não refletem o cotidiano de quem vive com esquizofrenia. Geralmente envolvem combinação de vários fatores:

    • Tratamento interrompido.
    • Sintomas psicóticos intensos.
    • Uso de substâncias.
    • Ausência de acompanhamento.
    • Estresse extremo.

    Casos assim são exceção. O que não aparece nos jornais são milhares de pessoas estáveis que vivem normalmente.

    Confira: Autismo em adultos: sinais que você pode não saber e quando buscar diagnóstico

    Perguntas frequentes sobre esquizofrenia

    1. A esquizofrenia tem cura?

    Não, mas o tratamento controla os sintomas e garante boa qualidade de vida.

    2. Esquizofrenia causa múltiplas personalidades?

    Não. Múltiplas personalidades pertencem a outro transtorno.

    3. O tratamento é só com remédios?

    Não. Medicamentos são essenciais, mas psicoterapia e reabilitação ajudam muito.

    4. A esquizofrenia pode surgir de repente?

    Pode, mas muitos apresentam sinais precoces.

    5. Quem tem esquizofrenia pode trabalhar?

    Sim. Muitas pessoas mantêm emprego, estudam e vivem de forma independente.

    6. Drogas podem desencadear esquizofrenia?

    Podem aumentar o risco, principalmente em pessoas predispostas.

    7. É possível prevenir?

    Não há prevenção garantida, mas evitar drogas e buscar ajuda cedo reduz bastante o impacto.

    Veja mais: Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite

  • Drogas Z: o que são, como funcionam e quando são seguras

    Drogas Z: o que são, como funcionam e quando são seguras

    Nos últimos anos, o nome zolpidem se tornou comum nas conversas sobre insônia. Esses medicamentos, conhecidos como “drogas Z”, foram apresentados como uma solução moderna e menos arriscada do que os calmantes tradicionais usados por gerações anteriores — os famosos benzodiazepínicos, como clonazepam, alprazolam e bromazepam.

    Mas será que as drogas Z cumprem essa promessa? Segundo o psiquiatra Luiz Dieckmann e a neurologista Paula Dieckmann, o segredo não está em demonizar ou glorificar os medicamentos, e sim em entender quando, como e por quanto tempo eles devem ser usados.

    O que são as drogas Z e para que servem

    As chamadas “drogas Z” são uma classe de medicamentos hipnóticos, usados para tratar a insônia e ajudar o corpo a adormecer. Os principais representantes são:

    • Zolpidem (de liberação imediata ou prolongada);
    • Zopiclona;
    • Eszopiclona.

    Elas foram desenvolvidas para promover o sono com menos efeitos colaterais do que os benzodiazepínicos. Atuam em áreas do cérebro ligadas ao relaxamento e ao sono, estimulando principalmente os receptores do adormecimento — e não aqueles ligados ao relaxamento muscular ou efeito anticonvulsivante.

    Assim, tendem a causar menos sonolência diurna, fraqueza muscular e menor risco de dependência em comparação com alguns benzodiazepínicos. Ainda assim, são medicamentos controlados, indicados apenas por tempo limitado e sob acompanhamento médico, pois também podem causar tolerância e dependência se usados de forma prolongada.

    Por que elas surgiram e o que mudou em relação aos benzodiazepínicos

    Durante décadas, fármacos como alprazolam (Frontal), bromazepam (Lexotan) e clonazepam (Rivotril) foram amplamente usados para ansiedade e insônia.

    “Essas drogas causam tolerância e dependência, o que significa que o corpo vai se acostumando e exigindo doses cada vez maiores”, explica a neurologista Paula Dieckmann.

    Foi nesse contexto que surgiram as drogas Z, com a promessa de menor risco de dependência e ação mais direcionada ao sono. No entanto, o psiquiatra Luiz Dieckmann faz um alerta:

    “Não existe remédio ruim, existe medicamento mal utilizado. Assim como os benzodiazepínicos não são vilões, as drogas Z também não são. Quando bem indicadas, na dose certa e pelo tempo adequado, podem ser aliadas valiosas no tratamento desses pacientes”.

    Riscos e cuidados no uso das drogas Z

    Apesar dos benefícios, o uso prolongado ou inadequado pode trazer riscos. Entre os efeitos colaterais descritos em estudos estão:

    • Sonolência excessiva no dia seguinte;
    • Tontura e confusão mental;
    • Alterações de memória;
    • Comportamentos automáticos (andar ou comer dormindo);
    • Dependência e tolerância com o uso prolongado.

    Esses medicamentos devem ser prescritos com cautela, especialmente em idosos, devido ao risco aumentado de quedas e prejuízos cognitivos. Jamais use sem orientação médica.

    Tratamentos alternativos e complementares

    Além dos medicamentos, há estratégias que melhoram o sono de forma natural e duradoura:

    • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para insônia — considerada o tratamento mais eficaz a longo prazo;
    • Atividade física regular;
    • Redução de cafeína, nicotina e álcool;
    • Rotina de sono consistente, com horários regulares para dormir e acordar.

    Essas medidas reduzem a necessidade de medicamentos e promovem um sono mais natural e restaurador.

    Leia mais: Tem insônia? Veja o que fazer para voltar a dormir bem

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    Perguntas frequentes sobre drogas Z

    1. O que são as drogas Z?

    São medicamentos hipnóticos usados para tratar insônia. Os principais são zolpidem, zopiclona e eszopiclona.

    2. Elas causam dependência?

    Sim. Embora o risco seja menor que o dos benzodiazepínicos, podem causar dependência se usadas por períodos longos ou sem supervisão médica.

    3. Posso tomar zolpidem todos os dias?

    Não sem orientação médica. O uso contínuo aumenta o risco de tolerância (necessidade de doses maiores) e dependência.

    4. Drogas Z são mais seguras que calmantes como Rivotril?

    Depende do caso. Elas têm menor potencial de dependência, mas podem causar sonolência diurna e outros efeitos. Ambas requerem acompanhamento profissional.

    5. O que é melhor para tratar insônia: remédio ou terapia?

    A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é o tratamento de primeira escolha para insônia crônica. Os medicamentos devem ser usados por tempo limitado e apenas quando indicados.

    6. Por que algumas pessoas fazem coisas dormindo ao usar zolpidem?

    Esse é um efeito colateral chamado automatismo do sono, quando a pessoa realiza ações (como andar ou comer) sem consciência. O uso precisa ser reavaliado imediatamente.

    7. É perigoso misturar drogas Z com álcool ou outros remédios?

    Sim. A combinação aumenta a sedação e pode causar confusão mental, quedas ou até parada respiratória.

    Veja também: Higiene do sono: guia prático para dormir melhor e cuidar da saúde

  • Como o cérebro decide o que lembrar e o que esquecer 

    Como o cérebro decide o que lembrar e o que esquecer 

    Você já se perguntou por que algumas lembranças parecem eternas, enquanto outras somem em minutos? Há uma explicação científica para isso e, ao contrário do que muitos imaginam, esquecer faz parte de um cérebro saudável.

    De acordo com o psiquiatra Luiz Dieckmann, o esquecimento não é uma falha, e sim um processo ativo que ajuda a manter o equilíbrio mental.

    “Durante o sono, principalmente na fase mais profunda, nós literalmente limpamos a nossa casinha”, explica o médico. Essa “faxina cerebral” é feita pelo sistema glinfático, uma descoberta recente da neurociência que ajudou os cientistas a entender melhor como o sono protege a memória.

    Lembrar e esquecer são duas faces da mesma moeda

    A memória humana não é uma biblioteca infinita, mas sim seletiva. O cérebro precisa decidir o que vale a pena guardar e o que deve ser apagado para evitar sobrecarga.

    Essa filtragem ocorre principalmente no hipocampo, estrutura responsável pela formação e consolidação das memórias. Ele atua como um curador interno, escolhendo quais experiências serão enviadas ao córtex cerebral, onde ficam armazenadas as lembranças de longo prazo.

    Segundo Dieckmann, as memórias com forte carga emocional têm prioridade. “Você precisa lembrar do seu primeiro beijo, mas não necessariamente do que almoçou na terça-feira passada”, comenta o psiquiatra.

    Durante o sono, o cérebro faz uma verdadeira faxina

    O esquecimento saudável acontece principalmente durante o sono profundo. É nesse momento que o sistema glinfático entra em ação — uma rede descoberta há pouco mais de 10 anos que funciona como o sistema linfático do cérebro.

    Enquanto dormimos, o sistema glinfático remove toxinas e resíduos metabólicos, além de “descartar” informações desnecessárias acumuladas durante o dia. Por isso, dormir bem não apenas melhora a memória, como também previne esquecimentos e protege o cérebro a longo prazo.

    Repetição e emoção: os segredos da lembrança duradoura

    O cérebro interpreta a repetição como um sinal de importância. É por isso que você lembra da letra de uma música antiga ou da senha do Wi-Fi que digita todos os dias. Segundo Dieckmann, informações repetidas ganham prioridade, pois o cérebro entende que aquilo merece ser reforçado.

    A emoção também é um fator determinante. Situações que envolvem alegria, medo ou surpresa fixam a lembrança com mais força no hipocampo. Isso explica por que recordamos eventos marcantes, mas esquecemos rotinas comuns.

    Confira: Síndrome de Burnout: entenda quando o cansaço ultrapassa o limite

    Esquecer também é importante para a saúde mental

    Esquecer é tão importante quanto lembrar. O esquecimento ativo permite ao cérebro se adaptar a novas informações, evita o acúmulo de dados irrelevantes e reduz o estresse cognitivo.

    Ou seja: quando você esquece onde deixou as chaves, o cérebro não está “falhando”, mas priorizando o que considera mais útil para a sobrevivência, o aprendizado e o equilíbrio emocional.

    A memória é dinâmica: o hipocampo seleciona, o sistema glinfático limpa, o sono consolida e a emoção dá peso às recordações. Em resumo, esquecer é sinal de que o cérebro está funcionando bem — e que você está dormindo bem também.

    Veja mais aqui:

     

    Perguntas frequentes sobre memória

    1. O que é o sistema glinfático?

    É o sistema de drenagem do cérebro responsável por remover toxinas e resíduos durante o sono, ajudando na limpeza e manutenção da função cerebral.

    2. O hipocampo é o centro da memória?

    Ele é uma das principais estruturas envolvidas na formação e consolidação das memórias, mas o armazenamento de longo prazo ocorre no córtex cerebral.

    3. Dormir pouco atrapalha a memória?

    Sim. A privação de sono reduz a atividade do sistema glinfático e prejudica a consolidação da memória, aumentando o risco de esquecimentos.

    4. Repetir algo muitas vezes ajuda a decorar?

    Sim. A repetição indica ao cérebro que a informação é importante, fortalecendo as conexões neurais responsáveis pela memória de longo prazo.

    5. É normal esquecer coisas simples no dia a dia?

    Sim, especialmente quando estamos cansados, estressados ou distraídos. Esquecer pequenas coisas faz parte do funcionamento normal da memória.

    6. Quando o esquecimento deixa de ser normal?

    Quando se torna frequente, interfere na rotina e vem acompanhado de confusão mental. Nesses casos, é importante buscar avaliação médica.

    Leia mais: Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas

  • Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas 

    Vitamina mágica para memória? O que dizem os especialistas 

    Você já viu por aí alguém falando de uma vitamina para a memória que é capaz de turbinar a cognição e quis logo experimentar? Você foi enganado.

    “Existe uma crença de que existe uma vitamina milagrosa que melhorar ou previne este problema, mas não existe nenhuma vitamina em específico que vá curar perda de memória de ninguém”, explica a neurologista Paula Dieckmann.

    Venha entender mais o problema de tomar vitaminas sem orientação médica ou nutricional para melhorar a memória e o que de fato ajuda a manter o cérebro saudável.

    Quando as vitaminas importam de verdade

    A falta de vitaminas é, de fato, prejudicial para a memória. “Mas isso não quer dizer que a reposição delas para pessoas saudáveis vá ter algum tipo de benefício”, diz o psiquiatra.

    “Na nossa investigação médica, descartamos sempre a hipovitaminose, que são deficiências de vitaminas específicas que podem estar ligadas a algum problema”, explica o psiquiatra Luiz Dieckmann.

    Em outras palavras, não existe “vitamina mágica”. Agora, se faltar alguma, sim, isso pode ter impacto no funcionamento do cérebro, inclusive na memória.

    Veja quais vitaminas, quando em falta, podem afetar a memória:

    • Vitamina B12: deficiência de B12 está associada em vários estudos com prejuízo da memória, confusão mental e até demência reversível em idosos;
    • Ácido fólico (vitamina B9): participa de processos que mantêm o cérebro saudável; aliado com B12, contribui para evitar acúmulo de homocisteína (uma substância que, em excesso, pode ser danosa);
    • Vitaminas C, D e antioxidantes em geral: embora não haja evidência de que façam “explodir” a memória, baixos níveis de vitamina C ou D e de antioxidantes estão associados a declínio cognitivo em pessoas mais velhas.

    Esses déficits são corrigíveis com avaliação médica, exames de sangue, dieta adequada ou suplementação quando necessário.

    Fique atento ao que não funciona para a memória

    • A reposição de vitaminas em pessoas sem deficiência não garante memória superior, melhoria milagrosa ou proteção absoluta contra doenças como Alzheimer;
    • Muitos suplementos são promovidos na internet com promessas exageradas, sem respaldo científico rigoroso ou aprovação técnica;
    • Suplementos vitamínicos têm variação de composição, dosagem e pureza. Interações com outros remédios ou efeitos adversos podem existir — é importante usar sempre com orientação médica ou nutricional.

    “Existem inúmeras coisas que vemos na internet prometendo milagres que não existem”, alerta o psiquiatra.

    Confira: Tem insônia? Veja o que fazer para voltar a dormir bem

    Práticas que realmente ajudam sua memória

    Mesmo não havendo uma vitamina mágica, há medidas comprovadas para cuidar bem da memória:

    • Alimentação balanceada, rica em proteínas, frutas, vegetais e gorduras boas (como ômega-3);
    • Exercícios físicos regulares, que melhoram o fluxo sanguíneo cerebral e promovem saúde dos neurônios;
    • Sono de qualidade, pois durante o sono o cérebro consolida memórias;
    • Aprender coisas novas (idiomas, instrumentos, hobbies) para estimular a plasticidade cerebral;
    • Vida social ativa, com convívio entre amigos, família e estímulos cognitivos.

    Assista ao vídeo dos especialistas a respeito de vitaminas e memória:

    Perguntas frequentes sobre vitaminas e memória

    1. Existe alguma vitamina milagrosa para turbinar a memória?

    Não. Especialistas são unânimes: não há vitamina que garanta aumento cognitivo acima do normal em pessoas saudáveis, ou seja, pessoas que já têm níveis adequados de vitaminas.

    2. Se eu tiver deficiência de vitaminas como B12, posso melhorar a memória ao repor?

    Sim. Em casos de deficiência, como baixa B12, a reposição pode reverter prejuízos cognitivos. É por isso que exames médicos são tão importantes.

    3. Posso tomar suplementos apenas supondo que estou com deficiência de vitaminas?

    Não. É importante fazer exames antes para evitar a hipervitaminose, que também pode fazer mal à saúde. Lembre-se: suplementos não são garantia de memória melhor se seus níveis vitamínicos já estiverem normais.

    4. Vitamina D ou C ajudam?

    Em parte, sim, mas apenas se a pessoa tiver deficiência delas. Elas colaboram para a saúde geral do cérebro e, em pessoas com deficiência, podem melhorar aspectos cognitivos. Mas não substituem boas práticas como sono, alimentação e exercício.

    5. Qual é o papel das vitaminas do complexo B (B1, B6, B9, B12)?

    Essas vitaminas participam da produção de energia no cérebro, da manutenção dos neurônios, da regulação da homocisteína, da síntese de DNA e da condução nervosa. Tudo isso pode impactar a memória se houver deficiência.

    6. Há risco em tomar vitaminas demais?

    Sim. O excesso pode causar efeitos adversos. Além disso, suplementos não seguem o mesmo rigor médico dos medicamentos — por isso, a orientação de um médico ou nutricionista é essencial.

    Leia também: Anemia carencial: o que acontece quando faltam nutrientes no sangue

  • Dopamina: como ela pode ser responsável pelas suas decisões

    Dopamina: como ela pode ser responsável pelas suas decisões

    Se você pensa que todas as suas decisões são 100% racionais e tomadas com muita consciência, você está enganado. A dopamina, um neurotransmissor importante para o cérebro, também é capaz de influenciar suas decisões e hábitos.

    “Você sabia que muitas das suas decisões — o que você vai comer, com quem você vai sair — tem tudo a ver com a dopamina?”, diz a neurologista Paula Dieckmann.

    Venha entender mais sobre o tema e o que acontece quando a dopamina está desregulada no cérebro.

    O que é dopamina?

    O psiquiatra Luiz Dieckmann explica que a dopamina é um neurotransmissor importantíssimo para o cérebro.

    “Todo mundo pensa que ela está ligada diretamente (e necessariamente) ao prazer, mas na verdade, ela está muito mais envolvida com a motivação e com a antecipação da recompensa que virá”.

    É importante dizer que a dopamina não atua sozinha, mas faz parte de várias vias dopaminérgicas responsáveis por motivar, antecipar recompensas, regular o humor, ajudar na atenção, nos movimentos e em decisões.

    Como a dopamina influencia decisões e hábitos

    Sinais associados a recompensas podem trazer respostas dopaminérgicas, sobretudo quando há expectativa ou surpresa.

    “Quando você vê uma comida gostosa ou quando você recebe uma notificação do celular de alguém que você gosta muito, tudo isso libera dopamina. Isso motiva você a agir, como comer, clicar, sair ou comprar. A dopamina ajuda o cérebro a calcular: ‘vale a pena ou não vale a pena fazer isso?’”, detalha a neurologista.

    Essa antecipação — que algo bom vai acontecer — gera motivação. E quando algo dá certo, o reforço dopaminérgico registra isso como algo a repetir.

    Quando o sistema dopaminérgico sai do equilíbrio

    Uma desregulação nesse sistema da dopamina pode levar a uma disfunção no sistema da recompensa e da motivação.

    “Transtorno por uso de substâncias e quadros depressivos são exemplos de condições psiquiátricas que podem estar associadas a uma disfunção do sistema dopaminérgico”, explica o psiquiatra.

    Ou seja, se há pouca dopamina ou se ela não está sendo usada direito, podemos sentir falta de motivação, desinteresse pelas coisas que antes nos davam prazer, bem como cansaço mental.

    Em outros casos, níveis muito altos ou desequilíbrio podem favorecer dependência, impulsividade ou alteração de humor.

    Confira: Autismo em adultos: sinais que você pode não saber e quando buscar diagnóstico

    Dicas práticas para manter a dopamina saudável

    Aqui vão algumas práticas simples que ajudam seu cérebro a equilibrar bem o sistema dopaminérgico:

    • Mantenha hábitos regulares de sono: uma rotina de sono consistente ajuda no humor, na atenção e na autorregulação. O sistema de recompensa é sensível à privação e ao estresse;
    • Faça exercícios físicos: caminhar, correr e praticar esportes podem modular dopamina e melhorar humor e motivação;
    • Procure atividades que você goste: como um hobby, música ou algo criativo. Recompensas naturais ajudam a manter o equilíbrio;
    • Evite estímulos extremos: como o uso excessivo de redes sociais, álcool em demasia e estimulantes, que forçam o sistema de dopamina de forma banal.

    Assista ao vídeo com a explicação dos especialistas sobre a dopamina:

    Perguntas frequentes sobre dopamina

    1. Dopamina é o mesmo que “hormônio da felicidade”?

    Não exatamente. Ela está envolvida no prazer, mas seu papel maior é motivar, dar antecipação de recompensa e induzir a ação — não apenas fazer você “se sentir feliz”.

    2. Se uma pessoa está sem vontade pra nada, isso pode estar ligado à dopamina?

    Sim. A baixa liberação ou desregulação dopaminérgica pode estar presente em quadros depressivos ou falta de motivação intensa.

    3. Comer chocolate libera dopamina?

    Sim — ver, comer ou imaginar algo prazeroso, como chocolate, pode recrutar circuitos de recompensa.

    4. Café, redes sociais e estimulação digital aumentam a dopamina?

    Sim, eles podem modular a dopamina e ativar circuitos de recompensa. Mas o uso excessivo pode levar à tolerância, em que se precisa de estímulos cada vez maiores para sentir o mesmo efeito.

    5. Dopamina está relacionada a doenças neurológicas?

    Sim. Doença de Parkinson (quando há redução na produção de dopamina), TDAH, dependência de substâncias e alguns transtornos de humor estão ligados a desequilíbrios dopaminérgicos.

    6. Dá para “testar” seus níveis de dopamina no dia a dia?

    Não de forma simples. Não existe exame de sangue cotidiano que revele exatamente o que o cérebro está fazendo. Médicos usam sinais clínicos e, em casos especiais, exames especializados.

    Leia mais: TOC não é só mania de limpeza: veja os sintomas reais do transtorno

  • TOC não é só mania de limpeza: veja os sintomas reais do transtorno 

    TOC não é só mania de limpeza: veja os sintomas reais do transtorno 

    Quando você escuta alguém dizer “acho que tenho TOC porque gosto de tudo limpinho”, provavelmente essa pessoa está usando a expressão de forma equivocada. O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um problema de saúde mental sério, que gera sofrimento intenso e vai muito além da busca por organização.

    A neurologista Paula Dieckmann explica que TOC não é apenas gostar de tudo limpinho e organizado. “Muitas vezes as pessoas sabem que os comportamentos não fazem sentido algum, mas elas não conseguem parar”, conta.

    O que é TOC?

    O TOC é um transtorno psiquiátrico caracterizado por obsessões (pensamentos recorrentes, indesejados e intrusivos) e compulsões (rituais ou comportamentos repetitivos que a pessoa sente que precisa realizar).

    Embora as compulsões tragam um alívio temporário, logo toda aquela ansiedade retorna e gera um ciclo difícil de interromper. Esse transtorno afeta o dia a dia, os relacionamentos e a qualidade de vida da pessoa.

    Exemplos de rituais do TOC

    A neurologista explica que nem sempre o TOC se apresenta da mesma forma. Os rituais e pensamentos obsessivos variam de pessoa para pessoa, mas alguns exemplos são comuns:

    • Verificação exagerada: checar se a porta está trancada 10, 20 ou até 50 vezes;
    • Lavagem compulsiva: lavar as mãos repetidamente, muito além do necessário, por medo de contaminação;
    • Contagem e simetria: tocar ou contar objetos em ordem específica;
    • Rituais mentais: repetir frases ou pensamentos para evitar que algo ruim aconteça.

    O psiquiatra Luiz Dieckmann reforça que os conteúdos das obsessões podem variar.

    “Podem ser sobre infecção, simetria, medo de agir e machucar alguém ou a si mesmo. Mas o ponto central é que tudo isso gera sofrimento importante para a pessoa”.

    TOC não é exagero

    Chamar o TOC de “mania” ou “exagero” é não reconhecer a gravidade do problema.

    “TOC não é exagero, nem mania de organização. É um transtorno que gera sofrimento real, com pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos difíceis de controlar”, explica a neurologista.

    Confira: Psicoterapia: entenda quando é hora de começar

    Tratamento do TOC

    A boa notícia é que o TOC tem tratamento. As abordagens geralmente são:

    • Psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda a reduzir obsessões e compulsões;
    • Remédios, como antidepressivos específicos, que podem equilibrar neurotransmissores e ajudar nas obsessões e compulsões;
    • Apoio familiar e social, fundamentais para acolher a pessoa e ajudar no processo de recuperação.

    Falar sobre o TOC é essencial para quebrar preconceitos e encorajar quem sofre a procurar ajuda. Quanto mais cedo o diagnóstico, menor é o sofrimento.

    Assista ao vídeo em que os especialistas contam mais sobre a condição: ver no Instagram

    Perguntas frequentes sobre TOC

    1. TOC é o mesmo que mania de limpeza?

    Não. O TOC pode até envolver comportamentos ligados à limpeza, mas é muito mais amplo. Envolve obsessões e compulsões que geram sofrimento e atrapalham a vida.

    2. Quem tem TOC percebe que algo está errado?

    Na maioria das vezes, sim. Muitas pessoas sabem que seus rituais são irracionais, mas não conseguem parar de repeti-los.

    3. O TOC tem cura?

    Não se fala em cura definitiva, mas o tratamento pode reduzir drasticamente os sintomas e melhorar muito a qualidade de vida.

    4. Crianças também podem ter TOC?

    Sim. O transtorno pode aparecer ainda na infância ou adolescência, e deve ser tratado desde cedo.

    5. O TOC é comum?

    Estima-se que entre 1% e 3% da população tenha TOC em algum momento da vida.

    6. O que acontece se o TOC não for tratado?

    Sem tratamento, os sintomas tendem a se agravar, causando maior sofrimento, prejuízo social, profissional e emocional.

    7. Quando procurar ajuda médica?

    Se obsessões e compulsões estão ocupando muito tempo do seu dia ou causando sofrimento intenso, é hora de buscar atendimento com um psiquiatra ou psicólogo.

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  • Testes genéticos para remédios contra depressão: saiba o que são e como funcionam 

    Testes genéticos para remédios contra depressão: saiba o que são e como funcionam 

    Encontrar o antidepressivo adequado costuma ser um caminho de tentativas e erros. Para muitos pacientes, o processo exige semanas até que a resposta clínica seja avaliada — período em que podem surgir efeitos colaterais, ajustes de dose e, às vezes, troca do medicamento. Com o avanço da medicina de precisão, surgiram os testes genéticos para antidepressivos, que prometem encurtar esse percurso.

    Segundo o psiquiatra Luiz Dieckmann, a ideia é analisar previamente como o organismo do paciente metaboliza e responde a diferentes remédios. “Esses testes funcionam como um mapa: mostram não só como o corpo processa o medicamento, mas também dão pistas de como o cérebro pode reagir”.

    Testes genéticos para antidepressivos: farmacocinéticos e farmacodinâmicos

    A farmacogenética estuda a relação entre genes e resposta a medicamentos. Na psiquiatria, o foco recai especialmente sobre os antidepressivos, usados em depressão, transtornos de ansiedade e outros quadros.

    Nesse contexto, avaliam-se dois conjuntos de genes:

    • Genes farmacocinéticos (metabolismo do fármaco);
    • Genes farmacodinâmicos (alvos e efeito do fármaco no sistema nervoso).

    A maior parte dos testes disponíveis hoje enfatiza os farmacocinéticos, pois analisam como o fígado “quebra” e elimina as substâncias. Os mais estudados são:

    • CYP2D6 e CYP2C19: codificam enzimas hepáticas que metabolizam muitos antidepressivos.

    Pessoas com variantes que aceleram o metabolismo podem eliminar o remédio rápido demais, reduzindo o efeito. Já variantes que lentificam o metabolismo elevam o risco de acúmulo e efeitos colaterais.

    Há também os farmacodinâmicos, que não tratam da metabolização, mas da ação no sistema nervoso, por exemplo:

    • SLC6A4 (transportador de serotonina);
    • HTR2A (receptor de serotonina).

    Esses marcadores ajudam a explicar por que algumas pessoas respondem melhor a certos fármacos ou têm maior propensão a determinados efeitos.

    Diretrizes internacionais e evidências de testes genéticos para antidepressivos

    De acordo com diretrizes do Clinical Pharmacogenetics Implementation Consortium (CPIC), já há recomendações claras para o uso clínico de resultados relacionados a genes de metabolismo (farmacocinéticos). Já os farmacodinâmicos exigem cautela porque:

    • O metabolismo se relaciona diretamente às concentrações do fármaco no sangue (mensuráveis);
    • O efeito cerebral envolve múltiplos mecanismos, ambiente e interação de vários genes simultaneamente.

    Assim, os achados farmacodinâmicos devem ser interpretados de forma complementar e sempre no contexto clínico.

    Leia mais: Tratamento da depressão em 2025: o que tem de novo

    Como funcionam os testes na prática

    Os testes genéticos para antidepressivos basicamente funcionam da seguinte forma:

    • Coleta: geralmente por saliva com swab bucal (ou sangue, quando indicado);
    • Análise: o laboratório pesquisa variantes nos genes de interesse;
    • Laudo: classifica fármacos e orienta ajustes que o médico irá interpretar.

    Relatórios comerciais costumam agrupar medicamentos em categorias:

    • Uso normal: sem variantes relevantes;
    • Uso com cautela: possível baixa eficácia ou maior risco de efeitos, exigindo ajuste de dose/monitorização;
    • Uso não recomendado: alta chance de ineficácia ou toxicidade.

    Exemplo: se um paciente é metabolizador ultrarrápido para um antidepressivo, a probabilidade de benefício é baixa — o que permite ajustar a escolha logo no início e evitar tentativas infrutíferas.

    Conclusão do especialista: “Os testes não dão uma resposta definitiva, mas encurtam o caminho até um tratamento mais eficaz, com menos tentativas frustradas e menos efeitos indesejados”.

    Perguntas e respostas sobre testes genéticos para antidepressivos

    1. O que são testes genéticos para antidepressivos?

    Exames que avaliam variações no DNA para entender como o corpo metaboliza e responde aos medicamentos. Ajudam a personalizar o tratamento e podem acelerar a escolha do antidepressivo mais eficaz.

    2. Quais genes costumam ser avaliados?

    Principalmente CYP2D6 e CYP2C19 (metabolismo) e marcadores como SLC6A4 e HTR2A (ação no sistema nervoso).

    3. Qual a diferença entre farmacocinéticos e farmacodinâmicos?

    Farmacocinéticos: mostram como e quão rápido o organismo metaboliza o fármaco.
    Farmacodinâmicos: indicam como o cérebro e os neurotransmissores reagem ao medicamento.

    4. Esses testes já são recomendados em diretrizes?

    orientações consolidadas para genes de metabolismo. Para os farmacodinâmicos, o uso é mais cauteloso e complementar.

    5. Como é feito o exame?

    Coleta simples e pouco invasiva, geralmente por saliva com cotonete estéril (ou por sangue, quando necessário).

    6. Qual o principal benefício para o paciente?

    Reduzir tentativas e erros, evitar longos períodos sem resposta, minimizar efeitos colaterais e chegar mais rápido ao tratamento adequado.

    Leia mais: Depressão não é frescura ou falta de fé: veja mitos sobre a doença

  • Café: amigo do foco ou vilão da ansiedade? Descubra os efeitos no cérebro 

    Café: amigo do foco ou vilão da ansiedade? Descubra os efeitos no cérebro 

    Amado por uns e ignorado por outros, o café é uma das bebidas mais consumidas do mundo. Para muitos, é indispensável para começar o dia ou enfrentar a fadiga da tarde. Mas afinal: o café faz bem ou mal para a saúde mental? Dois especialistas ajudam a responder.

    A neurologista Paula Dieckmann explica que a cafeína atua bloqueando os receptores de adenosina — uma molécula que induz sono e relaxamento.

    “Quando a adenosina se liga aos seus receptores, você se sente relaxado e cansado. A cafeína, por sua vez, se encaixa nesses receptores, mas não os ativa — e ainda impede que a adenosina aja. Como resultado, há redução da sensação de fadiga, aumento do estado de alerta e maior disposição”, explica a médica.

    É por isso que, depois de um café, você pode se sentir mais focado, desperto e até de melhor humor.

    Leia também: ‘Acordava com a sensação de que não conseguia respirar’: o relato de quem convive com ansiedade

    Quando o café pode virar problema

    O psiquiatra Luiz Dieckmann lembra que o excesso pode trazer efeitos indesejados.

    “O consumo excessivo de café pode levar a efeitos adversos, que chamamos de cafeinismo: ansiedade, insônia e irritabilidade. E, com o uso contínuo, o cérebro pode acabar desenvolvendo tolerância, ou seja, você vai precisar de mais e mais cafeína para sentir o mesmo efeito de antes”, explica.

    Ou seja, se o café atrapalha o sono, aumenta a ansiedade ou causa irritação, pode ser hora de rever a quantidade consumida.

    Hoje, recomenda-se não ultrapassar 400 mg/dia de cafeína, que equivale a cerca de 3–5 xícaras de café filtrado.

    Café não é a única fonte de cafeína

    Quem resolve diminuir o café para evitar efeitos negativos deve ficar atento a outras fontes de cafeína.

    “Muita gente coloca toda a culpa no cafezinho, mas a cafeína está presente em mais de 60 plantas diferentes”, afirma o psiquiatra.

    Ele reforça: “Chá preto, chá mate, chá verde e várias outras bebidas também contêm cafeína. Então, não coloque a culpa só no cafezinho”, brinca o Dr. Dieckmann.

    Ou seja, mesmo sem café, é possível ingerir cafeína em quantidades significativas por meio de chás, refrigerantes e energéticos.

    Assista ao vídeo com a explicação dos médicos.

    Equilíbrio é o melhor caminho

    O café pode ser tanto amigo quanto inimigo. Em doses moderadas, melhora foco, disposição e humor. Em excesso, prejudica o sono, aumenta a ansiedade e pode causar tolerância.

    “Tudo o que é moderado pode ser bom. O café pode melhorar o humor e a atenção”, resume o psiquiatra.

    Perguntas frequentes sobre café e saúde mental

    1. O café pode ajudar na concentração?

    Sim, a bebida pode ajudar a pessoa a se concentrar melhor. A cafeína bloqueia a adenosina e aumenta o estado de alerta e favorece o foco e a disposição.

    2. Beber muito café pode causar ansiedade?

    Sim. O consumo exagerado pode gerar sintomas como ansiedade, irritabilidade e insônia.

    3. Só o café contém cafeína?

    Não. Chás como mate, verde e preto, além de refrigerantes e energéticos, também contêm cafeína.

    4. O café vicia?

    O café pode levar à tolerância — o organismo se acostuma e precisa de doses maiores para o mesmo efeito. Mas isso não equivale à dependência de drogas ilícitas.

    Leia mais: Tratamento da depressão em 2025: o que tem de novo

  • Depressão não é frescura ou falta de fé: veja mitos sobre a doença 

    Depressão não é frescura ou falta de fé: veja mitos sobre a doença 

    Você já ouviu algo como “depressão é frescura” ou “é só ter força de vontade”? Frases assim não apenas machucam, como também não têm qualquer fundamento científico. A neurociência desmonta esses preconceitos e mostra que a depressão é uma condição real, com alterações cerebrais e biológicas bem documentadas.

    Depressão não é tristeza passageira, não é preguiça e definitivamente não é frescura”, afirma o psiquiatra Luiz Dieckmann.

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a depressão como a principal causa de incapacidade no mundo, afetando quase 300 milhões de pessoas. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que 15,5% da população terá depressão ao longo da vida.

    Por que os mitos sobre depressão fazem tanto mal

    Quando alguém diz que a depressão é “frescura” ou “falta de Deus”, ignora todos os mecanismos biológicos envolvidos e desvaloriza o sofrimento de quem passa por isso. Esse preconceito aumenta o isolamento, dificulta a busca por ajuda e atrasa o tratamento — o que pode agravar os sintomas.

    O psiquiatra Luiz Dieckmann faz uma comparação: “Você não diria para uma pessoa com asma: ‘nossa, tem tanto ar para você respirar e você está aí com falta de ar’, certo?”.

    Na depressão, há desequilíbrio em diversos neurotransmissores, como serotonina, dopamina, noradrenalina e glutamato. “Os estudos mostram que pessoas com depressão têm inflamação crônica de baixo grau no cérebro, alteração no sistema imunológico e até mudanças na expressão genética”, detalha o médico especialista.

    Por que quebrar o preconceito sobre depressão é essencial

    O preconceito faz com que muitos não procurem tratamento, o que pode agravar o quadro. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) considera a psicofobia um crime. “Temos que quebrar esse preconceito”, alerta Dieckmann.

    Quanto antes a depressão é diagnosticada e tratada, melhores os resultados: menos sofrimento, menor risco de agravamento e recuperação mais rápida. A empatia, a informação correta e o acolhimento são fundamentais desde o início.

    Veja também: Depressão adolescente: sinais e como ajudar com empatia

    Perguntas frequentes sobre depressão

    1. A depressão é só tristeza?

    Não. A tristeza pode ser um dos sintomas, mas a depressão envolve alterações bioquímicas, genéticas, imunológicas e ainda influencia o sono, o apetite e o funcionamento no dia a dia.

    2. Depressão é preguiça ou falta de força de vontade?

    Não. Esses mitos não têm base científica. A depressão é uma condição médica real, com causas neurobiológicas e fatores de risco complexos.

    3. Quantas pessoas no Brasil têm depressão?

    Segundo o Ministério da Saúde, 15,5% dos brasileiros terão depressão ao longo da vida. Isso é um número bem alto, considerando o volume da população brasileira.

    4. Por que só algumas pessoas com depressão recebem diagnóstico?

    Por causa de barreiras como estigma, falta de informação, dificuldade de reconhecer sintomas, acesso limitado a serviços de saúde e desigualdades regionais.

    5. Se a depressão tem componentes biológicos, significa que não há tratamento?

    Pelo contrário. Entender os aspectos biológicos orienta o tratamento adequado, que pode incluir medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida. A genética mostra caminhos, mas não define o destino.

    6. Vale a pena procurar ajuda médica mesmo que os sintomas pareçam leves?

    Sim. Buscar apoio desde o início ajuda a evitar agravamentos e facilita encontrar o tratamento certo.

    7. Como posso ajudar alguém que está sofrendo?

    Sem julgamentos: ouça, demonstre compreensão, incentive a busca por ajuda profissional e evite reforçar mitos como “isso é frescura” ou “é só ter força de vontade”.

    Leia também: Tratamento da depressão em 2025: o que tem de novo

  • Tratamento da depressão em 2025: o que tem de novo 

    Tratamento da depressão em 2025: o que tem de novo 

    O tratamento da depressão tem evoluído rapidamente nos últimos anos. Em 2025, novas opções surgem para pessoas que já tentaram diferentes antidepressivos sem sucesso, além de alternativas específicas para situações como a depressão pós-parto.

    Essas inovações trazem esperança, mas é importante lembrar: os pilares do tratamento continuam sendo o acompanhamento médico, em que o psiquiatra define a melhor estratégia, a psicoterapia e os cuidados com o estilo de vida.

    O psiquiatra Luiz Dieckmann explica o que há de novo no tratamento da depressão em 2025.

    Escetamina em spray nasal: agora como tratamento único

    A escetamina em spray nasal já vinha sendo usada em casos de depressão resistente, mas precisava ser associada a outro antidepressivo oral.

    A novidade é que, em janeiro de 2025, ela foi aprovada nos Estados Unidos para uso como monoterapia, ou seja, pode ser prescrita sozinha. “Antes era necessário combiná-la com outro antidepressivo oral. Essa mudança abre novas possibilidades para pacientes que já tentaram vários remédios sem melhora”, conta o médico.

    Leia mais: O que é depressão e quais são os principais sintomas

    Psilocibina: psicodélicos no radar

    A psilocibina, substância presente em alguns cogumelos, ganhou destaque em 2025. Em junho, um estudo de fase 3 mostrou que uma única sessão, associada à psicoterapia, trouxe melhora significativa em pessoas com depressão resistente.

    “A psilocibina ainda não foi aprovada, mas o resultado reforça o potencial dos psicodélicos no tratamento, desde que usados em ambiente controlado”, detalha Dieckmann.

    Zuranolona: foco na depressão pós-parto

    Para mulheres com depressão pós-parto, uma novidade importante é a zuranolona, primeira medicação oral aprovada especificamente para essa condição. Ela foi aprovada em 2023 e, em 2025, já está disponível em alguns países.

    Essa opção representa um avanço, já que até então o tratamento era feito apenas com antidepressivos convencionais, sem foco específico nesse tipo de depressão.

    Veja também: O que é ansiedade e por que ela está aumentando

    Dextrometorfano + bupropiona: antidepressivo de ação mais rápida

    Outra combinação que ganhou espaço é a de dextrometorfano com bupropiona. Trata-se de um antidepressivo oral que age mais rápido do que os tradicionais e traz melhora em menos tempo para algumas pessoas.

    Essa rapidez pode ser decisiva em quadros graves, onde esperar semanas para o efeito dos antidepressivos comuns é um desafio.

    O que muda na prática?

    As novidades de 2025 ampliam as alternativas de tratamento. Agora, quem não responde aos antidepressivos convencionais tem opções como:

    • Escetamina em spray nasal, agora aprovada como monoterapia;
    • Psilocibina, ainda em estudo, mas com resultados promissores;
    • Zuranolona, voltada à depressão pós-parto;
    • Dextrometorfano associado à bupropiona, de ação mais rápida.

    Ainda assim, Dieckmann reforça: essas inovações não substituem os pilares do cuidado — acompanhamento médico regular, psicoterapia de qualidade e atenção ao estilo de vida.

    Leia mais: ‘Acordava com a sensação de que não conseguia respirar’: o relato de quem convive com ansiedade

    Perguntas frequentes sobre o tratamento da depressão em 2025

    1. O que é depressão resistente?

    É quando o paciente não apresenta melhora mesmo após tentar diferentes antidepressivos convencionais.

    2. O que muda com a escetamina em spray nasal?

    Em 2025, ela passou a ser aprovada como monoterapia, podendo ser usada sozinha em casos de depressão resistente.

    3. A psilocibina já pode ser usada no tratamento da depressão?

    Ainda não. Apesar de estudos de fase 3 mostrarem bons resultados, a psilocibina não tem aprovação clínica.

    4. A zuranolona está disponível no Brasil?

    Por enquanto não. A zuranolona está disponível apenas em alguns países, sendo a primeira medicação oral aprovada para depressão pós-parto.

    5. O que é a combinação de dextrometorfano com bupropiona?

    É um antidepressivo oral de ação mais rápida, indicado quando a resposta imediata é importante.

    6. Esses novos medicamentos substituem a psicoterapia?

    Não. A psicoterapia segue sendo um pilar essencial do tratamento, mesmo com os avanços farmacológicos.

    7. Quem pode ter acesso a essas novidades?

    O acesso depende da aprovação em cada país e, principalmente, da indicação médica. Apenas o psiquiatra pode avaliar a melhor opção em cada caso.

    Confira: Depressão adolescente: sinais e como ajudar com empatia