Autor: Dr. Luciano Teixeira e Silva

  • Pedra nos rins: descubra como é feito o tratamento 

    Pedra nos rins: descubra como é feito o tratamento 

    Dor intensa na lateral do corpo, cólicas, náuseas e ardor para urinar são alguns dos sintomas que podem surgir num quadro de cálculo renal, também conhecido como pedra nos rins. A condição, que surge quando ocorre acúmulo de sais minerais dentro do sistema urinário, provoca cristalização e formação de pequenos fragmentos duros, que podem ficar presos no rim ou migrar pelo ureter.

    Quando uma pedra se desloca, o corpo reage com uma dor muito forte, porque o canal é estreito e fica inflamado. A dor pode surgir de forma súbita, com picos que aumentam e diminuem ao longo de minutos ou horas — e costuma ser tão intensa que o paciente perde a capacidade de ficar parado.

    Em alguns casos, fragmentos muito pequenos podem passar despercebidos sem sintomas importantes, mas o quadro ainda merece atenção e avaliação médica. O tratamento pode variar de acordo com o tamanho do cálculo, localização e intensidade dos sintomas, podendo envolver o uso de medicamentos, hidratação rigorosa ou até a necessidade de intervenção para retirada do cálculo.

    Para entender os tipos de tratamento disponíveis, conversamos com o urologista Luciano Teixeira e esclarecemos os principais detalhes, a seguir.

    O que pode causar pedra nos rins?

    As pedras nos rins se formam quando há excesso de sais e minerais na urina, combinado com baixa ingestão de líquidos, o que pode acontecer por aspectos tanto genéticos quanto por hábitos de vida, de acordo com Luciano.

    Entre os fatores mais comuns que contribuem para a formação de cálculos renais, é possível destacar:

    • Baixa ingestão de água, que concentra a urina e favorece a cristalização de sais;
    • Alimentação rica em sal e proteínas animais, que altera o equilíbrio químico urinário;
    • Fatores hereditários, com maior predisposição em pessoas com familiares que já tiveram cálculos;
    • Doenças metabólicas, como gota, obesidade, hipercalciúria, hiperoxalúria, hipocitratúria, diabetes e hiperparatireoidismo;
    • Clima quente, que aumenta o risco de desidratação.

    “Em resumo, o cálculo renal é resultado de um desequilíbrio: quando o organismo elimina mais sais do que a urina consegue diluir, os cristais se unem e formam as pedras”, complementa Luciano.

    Como é feito o tratamento de pedra nos rins?

    O tratamento depende do tamanho, localização e tipo do cálculo renal, além da intensidade dos sintomas. Mas, segundo o urologista Luciano Teixeira, atualmente a maioria dos casos pode ser resolvida com técnicas minimamente invasivas, sem necessidade de cirurgias grandes, longas cicatrizes ou internações prolongadas.

    Tratamento clínico

    O tratamento clínico costuma ser indicado quando o cálculo tem menos de 5mm, pois há alta probabilidade de eliminação espontânea. Ela envolve as seguintes medidas:

    • Aumento da ingestão de água;
    • Uso de analgésicos e anti-inflamatórios;
    • Bloqueadores alfa, como tansulosina, para relaxar o ureter e facilitar a passagem do cálculo.

    Quando exames metabólicos detectam alterações como hipercalciúria (excesso de cálcio na urina), hiperoxalúria (excreção excessiva de oxalato na urina) ou hipocitratúria (baixos níveis de nitrato na urina), Luciano explica que podem ser prescritos remédios específicos para corrigir os desequilíbrios químicos e diminuir o risco de recidiva futura.

    Litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO)

    A litotripsia extracorpórea é um tipo de tratamento que utiliza ondas de energia direcionadas ao cálculo no rim para fragmentá-lo. Após o procedimento, os pequenos pedaços formados passam pelo trato urinário ao longo de dias ou semanas, sem necessidade de cortes ou instrumentação interna.

    É uma alternativa não invasiva, eficaz em muitos casos, principalmente quando o cálculo tem até 2 cm e está localizado no rim.

    Ureterorrenolitotripsia endoscópica a laser

    A ureterorrenolitotripsia é realizada utilizando um endoscópio fino introduzido pela uretra, avançando até o ureter ou até o rim. O médico visualiza o cálculo diretamente e o fragmenta com laser, podendo retirar os pedaços no mesmo procedimento.

    Ela é indicada quando o cálculo não é eliminado espontaneamente, quando há sintomas persistentes ou para cálculos de médio porte (entre 6 mm e 2 cm), especialmente os que estão no ureter ou nos cálices renais. “É o método mais usado atualmente, com excelente taxa de sucesso e rápida recuperação”, explica Luciano.

    Nefrolitotripsia percutânea

    Quando os cálculos são grandes, acima de 2 cm, ou quando há vários fragmentos ocupando o rim, a nefrolitotripsia percutânea costuma ser a melhor alternativa de tratamento. Uma pequena incisão nas costas permite acesso direto ao rim, possibilitando fragmentação e remoção em um único procedimento, com controle visual preciso.

    Quando a cirurgia para pedra nos rins é necessária?

    De acordo com Luciano, a cirurgia é uma opção reservada para casos muito específicos, como anomalias anatômicas, cálculos gigantes ou quando é necessário tratar outro problema renal simultaneamente. A preferência atual é sempre preservar a integridade dos tecidos e priorizar alternativas que reduzam dor, sangramento e tempo de internação.

    Em situações graves, como quando o cálculo bloqueia totalmente a saída de urina ou está associado a infecção urinária significativa, a prioridade não é remover imediatamente a pedra, mas salvar o rim e controlar a infecção. Nesses casos, o procedimento indicado é o implante de um cateter duplo J, um tubo fino inserido dentro do ureter que conecta o rim à bexiga.

    “Esse cateter permite a drenagem da urina represada, alivia a pressão sobre o rim e ajuda a eliminar a infecção, evitando complicações potencialmente graves, como a sepse urinária. Somente após a estabilização clínica e o controle da infecção é que se realiza o tratamento definitivo do cálculo, que pode ser feito por litotripsia a laser ou outro método minimamente invasivo”, explica o urologista.

    O tratamento é uma abordagem em dois tempos, na qual primeiro se desobstrui o sistema urinário e depois se trata o cálculo — sendo considerada a forma mais segura de preservar a função renal e reduzir o risco de complicações sistêmicas.

    A pedra no rim pode ser eliminada sozinha?

    Pedras renais pequenas, principalmente abaixo de 5 mm e que estão localizadas no ureter inferior, têm grande chance de serem eliminadas espontaneamente pela urina. Nesses casos, o urologista costuma indicar hidratação intensa, analgésicos e anti-inflamatórios para controlar a dor e, em algumas situações, medicamentos que relaxam o ureter, facilitando a passagem do cálculo.

    Quando o cálculo é maior, ou quando os sintomas são fortes e persistentes, a eliminação espontânea se torna menos provável. O paciente pode precisar de procedimentos específicos para fragmentar ou retirar o cálculo. Por isso, mesmo quando o desconforto é suportável, a avaliação médica é recomendada para definir a estratégia de tratamento mais segura.

    Quando a intervenção médica é necessária?

    A intervenção médica deve ser considerada quando:

    • O cálculo é maior que 6mm, porque a chance de eliminação espontânea cai de forma significativa;
    • Há infecção associada, o que aumenta o risco de sepse;
    • Ocorre obstrução completa do ureter por mais de 30 dias, independente do tamanho do cálculo, devido ao risco de dano renal;
    • A dor é intensa e persistente, sem resposta adequada ao tratamento clínico.

    “Nessas situações, é fundamental agir rapidamente. O objetivo não é apenas aliviar o sofrimento, mas também proteger a função renal, que pode ser comprometida se a obstrução for prolongada”, complementa Luciano.

    Quando procurar atendimento médico?

    A recomendação é procurar atendimento quando a dor for intensa e houver febre, vômitos persistentes, ou quando a urina apresentar alteração de cor.

    Situações como dor que não melhora com analgésicos comuns, presença de sangue visível na urina, dor que impede o paciente de andar ou de permanecer sentado, além de sinais de infecção, exigem avaliação imediata.

    Quando o cálculo obstrui totalmente o ureter, a função renal pode estar ameaçada, e a demora para intervir aumenta o risco de sequelas. Portanto, diante de sintomas intensos ou persistentes, o mais seguro é buscar atendimento para confirmação diagnóstica e definição do melhor plano de tratamento.

    Como prevenir pedra nos rins após o tratamento?

    Com o fim do tratamento de pedra nos rins, alguns cuidados preventivos são importantes para prevenir a formação de novos cálculos — o que pode acontecer quando não há acompanhamento adequado. As principais medidas para reduzir o risco de novos episódios incluem:

    • Beber mais água, para manter a urina clara e produzir pelo menos dois litros de urina por dia;
    • Diminuir o consumo de sal, que, em excesso, aumenta a eliminação de cálcio pela urina, favorecendo a formação de cálculos;
    • Controlar distúrbios metabólicos com dieta e medicações quando indicado;
    • Controlar o peso e tratar doenças associadas, como diabetes, gota e hipertensão;
    • Moderar alimentos ricos em oxalato (espinafre, beterraba, nozes, chocolates) quando houver hiperoxalúria;
    • Moderar o consumo de carnes vermelhas e proteínas animais, que ajudam a reduzir o ácido úrico e a acidez da urina;
    • Realizar atividades físicas regularmente;
    • Manter consumo alimentar adequado de cálcio, sem cortes extremos;
    • Fazer acompanhamento periódico com urologista, com exames de imagem e avaliação metabólica regular.

    “Essas medidas, associadas ao acompanhamento periódico com o urologista e à correção de distúrbios metabólicos como hipocitratúria, hipercalciúria e hiperoxalúria, são a base para evitar novas crises”, finaliza Rafael.

    Confira: Por que beber água é tão importante para os rins e a bexiga?

    Perguntas frequentes

    Pedra no rim dói sempre?

    A pedra no rim (cálculo renal) nem sempre causa dor, principalmente quando é pequena e permanece parada dentro do rim. Muitas vezes, ela é descoberta por acaso em exames de imagem feitos por outro motivo.

    A dor aparece quando o cálculo se desloca do rim para o ureter, canal que leva a urina até a bexiga. Nesse momento, o trajeto é estreito, e a pedra pode obstruir a passagem da urina, provocando uma pressão interna intensa. A dor, chamada de cólica renal, costuma surgir de forma súbita e pode irradiar da região lombar até o abdome inferior ou virilha.

    Quais são os sintomas mais comuns de pedra nos rins?

    A pedra no rim pode causar sintomas como dor lombar intensa, que surge de forma súbita e irradia para o abdome inferior, náuseas, vômitos, ardor ao urinar e alteração na coloração da urina. A dor costuma vir em ondas, com períodos de alívio parcial que duram minutos, seguidos por nova piora.

    Algumas pessoas também podem ter sudorese (suor em excesso), inquietação constante, incapacidade de ficar parados e sensação de pressão na região genital. Quando há sangue microscópico na urina, a coloração pode ficar mais escura ou avermelhada.

    Como a pedra no rim se forma?

    A formação de pedra no rim acontece quando a urina fica concentrada e determinadas substâncias, como cálcio, oxalato, ácido úrico e fosfato, atingem níveis elevados. A concentração favorece a cristalização, gerando minúsculos cristais que se juntam ao longo do tempo e se transformam em cálculos.

    Alguns fatores também aumentam o risco, como alterações metabólicas, baixo consumo de água, alimentação rica em sal e proteína animal, doenças como gota ou diabetes e fatores genéticos.

    Quais os tipos de pedra nos rins?

    Os cálculos renais variam conforme a substância que os compõem, sendo eles:

    • Cálculo de oxalato de cálcio: é o mais comum e se forma quando há excesso de cálcio e oxalato na urina. Fatores como pouca ingestão de água, dieta rica em sal e proteínas animais favorecem a formação;
    • Cálculo de ácido úrico: surge em pessoas com dieta rica em carnes vermelhas, frutos do mar ou bebidas alcoólicas. O pH urinário ácido facilita a cristalização do ácido úrico;
    • Cálculo de estruvita (fosfato de amônio e magnésio): normalmente aparece após infecções urinárias recorrentes, sendo mais comum em mulheres;
    • Cálculo de cistina: causado por uma alteração genética rara (cistinúria) que leva ao acúmulo de cistina nos rins;
    • Cálculo de fosfato de cálcio: menos frequente, ocorre quando a urina está excessivamente alcalina e pode estar ligado a distúrbios hormonais ou renais.

    Como é feito o diagnóstico de cálculo renal?

    O diagnóstico de pedra nos rins é feito por nefrologista, urologista ou clínico geral, a partir da análise detalhada dos sintomas e da realização de exames laboratoriais e de imagem. A ultrassonografia e a tomografia do abdômen são os métodos mais utilizados, pois permitem visualizar os cálculos com precisão e avaliar possíveis obstruções nas vias urinárias.

    Além de confirmar a presença das pedras, os exames ajudam a determinar o tamanho, a quantidade e a localização exata de cada uma, informações que orientam a escolha do tratamento mais adequado. Em alguns casos, o médico também solicita exames de urina e sangue para identificar alterações metabólicas que possam ter contribuído para a formação dos cálculos.

    Chá ajuda a eliminar pedra nos rins?

    Os chás podem ajudar a aliviar sintomas leves e favorecer a hidratação, mas não eliminam pedras nos rins por si só. O que realmente auxilia na eliminação natural dos cálculos pequenos é o aumento da ingestão de líquidos, que estimula a produção de urina e facilita a saída das pedras.

    Alguns chás com leve ação diurética, como o de quebra-pedra, cavalinha, hibisco e dente-de-leão, podem ser usados como complemento, desde que haja orientação médica. No entanto, eles não substituem o tratamento clínico nem os procedimentos indicados pelo médico.

    Veja mais: Pedra nos rins (cálculo renal): quando os sintomas preocupam e como se prevenir

  • IST ou infecção urinária? Saiba como diferenciar os sintomas

    IST ou infecção urinária? Saiba como diferenciar os sintomas

    As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são condições causadas por vírus, bactérias ou parasitas transmitidos principalmente pelo contato sexual sem proteção, seja vaginal, anal ou oral. Elas podem atingir diferentes partes do corpo, inclusive o sistema urinário – com sintomas que muitas vezes se confundem com infecções comuns das vias urinárias.

    Nesses casos, o paciente pode acreditar estar apenas com uma cistite simples, mas, na verdade, pode ter adquirido uma IST, que também compromete uretra, bexiga ou próstata. Ardor ao urinar, desconforto pélvico, corrimento e vontade frequente de urinar são sinais que podem surgir tanto em uma infecção urinária quanto em uma IST, o que torna fundamental um diagnóstico preciso.

    Para esclarecer de que maneira as infecções podem afetar o sistema urinário e como diferenciá-las das infecções urinárias comuns, conversamos com o urologista Luciano Teixeira. Confira!

    Quais ISTs podem afetar o trato urinário (e como isso acontece)?

    Diversas infecções sexualmente transmissíveis podem atingir o trato urinário, especialmente a uretra. Entre as mais frequentes que provocam sintomas urinários, é possível destacar:

    • Clamídia;
    • Gonorreia;
    • Papilomavírus humano (HPV);
    • Herpes genital.

    “As infecções são causadas por bactérias ou vírus transmitidos principalmente pelo contato sexual desprotegido. Uma vez no organismo, elas se instalam na uretra — o canal por onde sai a urina — e podem provocar inflamação local, conhecida como uretrite”, explica.

    Em homens, a infecção pode avançar para a próstata e o epidídimo, causando dor testicular, desconforto pélvico e risco de complicações mais profundas. Já em mulheres, pode alcançar o colo do útero e as trompas, aumentando o risco de doença inflamatória pélvica e infertilidade futura se não houver diagnóstico e tratamento adequado.

    “Por isso, toda queixa de ardência ao urinar ou secreção genital deve ser avaliada por um médico. Nem sempre é uma infecção urinária simples — muitas vezes, é uma IST”, complementa Luciano.

    Quais os sintomas de IST?

    Os sintomas mais típicos das ISTs que acometem o trato urinário podem variar entre homens e mulheres, mesmo que eles sejam infectados pelos mesmos agentes. Em homens, os sinais costumam ser mais evidentes e incluem:

    • Ardência ao urinar;
    • Secreção uretral com coloração amarelada ou esbranquiçada;
    • Coceira e vermelhidão na glande;
    • Dor testicular ou no baixo ventre em quadros mais avançados.

    Nas mulheres, o quadro pode ser mais sutil e até silencioso nas primeiras semanas, o que facilita o atraso no diagnóstico. Os sintomas mais comuns são:

    • Corrimento vaginal fora do padrão habitual;
    • Ardência ao urinar;
    • Dor pélvica ou dor durante o sexo;
    • Possibilidade de ausência de sintomas nas fases iniciais.

    “Por isso, é essencial que ambos os parceiros sejam avaliados e tratados quando há suspeita de IST. O tratamento de apenas um dos dois costuma levar à reinfecção”, aponta o urologista.

    Como diferenciar os sintomas de IST de infecções do trato urinário?

    Tanto as infecções sexualmente transmissíveis quanto infecções urinárias podem causar sintomas como ardência ao urinar, desconforto na região íntima e urgência miccional — o que acaba confundindo muitos pacientes. No entanto, existem sinais que ajudam a separar os dois quadros.

    “A principal diferença em relação à infecção urinária comum está justamente no corrimento uretral, que é raro nas infecções simples da bexiga. Além disso, nas ISTs, a dor ao urinar aparece mesmo com pouca urina na bexiga — já nas infecções urinárias clássicas, o desconforto surge mais ao final da micção e vem acompanhado de vontade frequente de urinar pequenas quantidades”, explica Luciano.

    O urologista alerta que ISTs costumam surgir após sexo sem preservativo, e o parceiro pode ter sintomas parecidos. Na dúvida, o recomendado é procurar um especialista e não se automedicar. O médico pode solicitar exames que identificam o agente causador para confirmar se o quadro é uma infecção urinária simples ou uma IST.

    Diagnóstico de infecções sexualmente transmissíveis (IST)

    O diagnóstico das ISTs é feito por meio de avaliação clínica e exames laboratoriais específicos. O médico investiga sintomas como corrimento, feridas, coceira, dor ao urinar ou verrugas genitais e solicita exames conforme a suspeita, como:

    • Exame de urina tipo I e urocultura, para diferenciar infecções urinárias simples de ISTs;
    • Exames de sangue, para rastrear sífilis, HIV e hepatites;
    • Peniscopia, biópsia e captura híbrida, que auxiliam no diagnóstico do HPV;
    • Análise de secreção uretral ou vaginal, observada ao microscópio ou por técnicas moleculares, como PCR, que identifica agentes como gonorreia e clamídia com alta precisão;
    • Exames ginecológicos específicos, como o Papanicolau, são fundamentais para detectar lesões precoces causadas pelo HPV e prevenir o câncer de colo do útero.

    Os testes são simples e úteis para identificar cada agente e evitar tratamentos errados. O ideal é que sejam sempre solicitados e interpretados por um médico, que avaliará os resultados dentro do contexto clínico de cada paciente.

    Quais as complicações das ISTs?

    Quando as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) não são diagnosticadas e tratadas de forma adequada, podem causar complicações graves e, em muitos casos, permanentes à saúde, de acordo com Luciano.

    Em homens, as complicações incluem:

    • Disseminação da infecção para a próstata, epidídimo e testículos, causando inflamação, dor e febre;
    • Infertilidade, devido à obstrução dos canais que transportam os espermatozoides após infecções repetidas;
    • Estenose uretral, estreitamento da uretra que provoca dificuldade para urinar e, em alguns casos, exige cirurgia.

    Já em mulheres, a falta de tratamento adequado pode causar:

    • Progressão da infecção para o útero e trompas, resultando em doença inflamatória pélvica (DIP), condição dolorosa que pode levar à infertilidade;
    • Infecções por HPV, que em algumas cepas têm potencial oncogênico e estão diretamente associadas ao câncer de colo do útero.

    “Em ambos os sexos, infecções não tratadas também aumentam o risco de transmissão de outras ISTs, incluindo o HIV. Por isso, a abordagem deve ser sempre completa: diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento médico regular. A prevenção e a responsabilidade sexual continuam sendo os pilares para evitar complicações graves”, complementa Luciano.

    Como prevenir as infecções sexualmente transmissíveis (IST)?

    O preservativo é a principal forma de prevenção contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e deve ser utilizado em todas as relações sexuais, inclusive no sexo oral e anal. Ele reduz de forma significativa o risco de transmissão de vírus e bactérias como HIV, gonorreia, clamídia, sífilis e tricomoníase.

    Contudo, vale apontar que nenhum método oferece proteção total. No caso do HPV e do herpes genital, por exemplo, Luciano explica que o vírus pode estar presente em áreas da pele não cobertas pelo preservativo, permitindo a transmissão mesmo com o uso correto.

    Ainda assim, o preservativo continua sendo a medida mais eficaz para reduzir a disseminação das ISTs, associado a medidas como:

    • Vacinação contra HPV e hepatite B, indicada para homens e mulheres, preferencialmente antes do início da vida sexual, mas também benéfica em adultos;
    • Evitar múltiplos parceiros e relações desprotegidas, já que o risco aumenta com a exposição;
    • Realizar exames periódicos, mesmo sem sintomas, pois muitas ISTs são silenciosas;
    • Procurar atendimento médico ao primeiro sinal de ardência, corrimento, dor ou lesões genitais, evitando a automedicação.

    “O urologista deve sempre reforçar [para o paciente] que cuidar da saúde sexual não é apenas prevenir doenças, mas também preservar fertilidade, qualidade de vida e relações saudáveis baseadas em responsabilidade e confiança”, finaliza Luciano.

    Veja mais: Próstata aumentada: o que você precisa saber

    Perguntas frequentes

    H3 – 1. Quais são os sintomas mais comuns quando uma IST atinge o trato urinário?

    Os sintomas variam de acordo com o tipo de infecção, mas os sinais clássicos incluem ardência ao urinar, dor pélvica, corrimento anormal, vontade frequente de urinar, odor forte e urina turva.

    Em homens, pode haver dor nos testículos e saída de secreção pela uretra. Em mulheres, o corrimento pode vir acompanhado de coceira e sangramento leve fora do período menstrual. Nos casos de herpes, há ainda pequenas bolhas e feridas doloridas na região genital.

    É importante ressaltar que muitas ISTs podem ser assintomáticas, especialmente a clamídia e a gonorreia, o que aumenta o risco de complicações.

    H3 – 2. Como as ISTs chegam ao trato urinário?

    O ponto de entrada é normalmente a uretra, o canal por onde a urina sai do corpo. Durante o contato sexual sem proteção, vírus e bactérias presentes nas secreções podem entrar nesse canal e causar inflamação. Se não forem tratadas, essas infecções podem subir e atingir a bexiga, os ureteres e até os rins, tornando o quadro mais grave.

    Nas mulheres, a proximidade entre uretra e vagina facilita a infecção. Nos homens, o avanço da bactéria pode levar à prostatite ou epididimite, atingindo a próstata e o epidídimo.

    H3 – 3. Herpes genital pode causar dor ao urinar?

    Sim! O herpes genital, causado pelo vírus Herpes simplex tipo 1 ou 2, forma pequenas bolhas e feridas doloridas na região genital. Quando as lesões estão próximas à saída da uretra, urinar pode causar dor intensa e ardência. Além disso, o vírus pode inflamar a uretra mesmo sem feridas aparentes, resultando em uretrite herpética.

    O herpes não tem cura, mas o tratamento com antivirais controla a infecção, diminui a frequência e a gravidade dos surtos, e alivia os sintomas.

    H3 – 4. Como ocorre a transmissão de IST?

    A transmissão das ISTs acontece pelo contato direto com secreções ou mucosas infectadas durante o ato sexual. Também pode ocorrer por compartilhamento de seringas, transfusão de sangue contaminado (hoje rara) e de mãe para filho durante a gestação, parto ou amamentação.

    H3 – 5. O que é PEP e PrEP?

    A PEP (profilaxia pós-exposição) é um tratamento de emergência que deve ser iniciado até 72 horas após uma exposição de risco ao HIV. Já a PrEP (profilaxia pré-exposição) é o uso contínuo de medicamentos que previnem a infecção antes do contato com o vírus. Ambos estão disponíveis no SUS.

    H3 – 6. O uso de anticoncepcional dispensa o uso de camisinha?

    O uso de anticoncepcionais não dispensa o uso da camisinha! Pílulas, injeções, implantes, DIU e outros métodos hormonais previnem apenas a gravidez, mas não oferecem proteção contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

    A camisinha é o único método que impede o contato direto com secreções e mucosas, reduzindo de forma significativa o risco de transmissão de vírus e bactérias, como HIV, sífilis, gonorreia e clamídia.

    Por isso, mesmo que o casal utilize outro método contraceptivo, o preservativo deve continuar sendo usado em todas as relações, inclusive no sexo oral e anal.

    Leia mais: Infecção urinária: sintomas, causas e tratamento

  • Sintomas de próstata aumentada que não devem ser ignorados e quando procurar um urologista 

    Sintomas de próstata aumentada que não devem ser ignorados e quando procurar um urologista 

    A próstata é uma glândula discreta, mas sua saúde está diretamente ligada ao bem-estar masculino, especialmente após os 50 anos. Com o envelhecimento, a próstata aumentada, chamada também de hiperplasia prostática benigna (HPB), torna-se mais frequente. Embora seja uma condição benigna, pode gerar sintomas que afetam a rotina e, em casos avançados, trazer complicações para rins e bexiga.

    Segundo o urologista Luciano Teixeira, os sintomas de hiperplasia prostática benigna começam de forma sutil, mas são facilmente reconhecidos quando o paciente está atento ao próprio corpo. “Os primeiros sinais costumam ser discretos, mas bastante característicos”, fala o médico.

    A seguir, explicamos em detalhes quais sintomas de HPB merecem atenção, quando eles representam risco à saúde e em quais situações procurar um médico se torna urgente.

    Os primeiros sintomas de próstata aumentada

    Os sintomas de hiperplasia prostática benigna podem parecer apenas um desconforto no início, mas sinalizam que a próstata já está pressionando a uretra e dificultando a passagem da urina.

    “O homem percebe certa demora para iniciar a micção (hesitação), assim como jato urinário fraco e sensação de esvaziamento incompleto da bexiga”. A noctúria (necessidade de urinar várias vezes à noite), também é comum.

    Esses sintomas, embora não indiquem risco imediato, interferem diretamente na qualidade de vida. Acordar repetidamente para ir ao banheiro leva à perda de sono reparador, fadiga no dia seguinte e até impacto na memória e no humor.

    “Por isso, quanto mais cedo o urologista for procurado, mais simples tende a ser o tratamento”, enfatiza o urologista.

    Entre todos os sintomas da hiperplasia prostática benigna, o jato urinário fraco é considerado um dos mais típicos. Ele surge porque a próstata, ao crescer, comprime a uretra e cria resistência à saída da urina.

    “O paciente nota que precisa fazer esforço para urinar, que o jato perde força e, em alguns casos, se torna intermitente, parando e recomeçando”.

    Embora outras doenças possam causar sintomas semelhantes, a próstata aumentada é a causa mais comum em homens de meia-idade.

    Leia também: Hiperplasia prostática benigna (HPB): quando o aumento da próstata deixa de ser normal e exige atenção médica

    Levantar à noite para urinar: quando preocupar?

    A noctúria é um dos sintomas de hiperplasia prostática benigna mais relatados nos consultórios. “A noctúria é um dos sinais mais incômodos, pois compromete a qualidade do sono, gera cansaço e, em longo prazo, pode impactar a saúde geral”, explica Luciano.

    No entanto, o médico faz uma ressalva: nem sempre urinar à noite significa ter próstata aumentada. Outras condições podem estar envolvidas, como:

    • Diabetes mal controlado
    • Problemas neurológicos
    • Insuficiência da contração da bexiga
    • Insuficiência cardíaca
    • Uso de diuréticos

    Por isso, é fundamental que o urologista investigue a causa da noctúria para indicar o tratamento de hiperplasia prostática benigna correto.

    Dor ou sangue na urina fazem parte dos sintomas de hiperplasia prostática benigna?

    Não são sintomas de hiperplasia prostática benigna típicos, mas podem aparecer em casos mais avançados da doença:

    • Sangue na urina: geralmente é resultado da formação de pequenas varizes na próstata aumentada.
    • Dor ao urinar: normalmente está relacionada à infecção urinária, cálculos ou outras doenças.

    “Realmente esses não são os sintomas de hiperplasia prostática benigna mais comuns. A hiperplasia prostática benigna (HPB) costuma provocar dificuldade para urinar, jato fraco e aumento da frequência urinária”, enfatiza o médico. Porém, o alerta é claro: dor ou sangue nunca devem ser ignorados. Eles podem indicar complicações adicionais e exigem avaliação imediata.

    Quando os sintomas de hiperplasia prostática benigna indicam risco de complicações?

    Os sintomas iniciais de próstata aumentada podem apenas causar desconforto, mas, de acordo com o urologista, se tornam preocupantes quando começam a comprometer não apenas o conforto do paciente, mas também a saúde da bexiga e dos rins.

    Alguns sintomas de hiperplasia prostática benigna que podem indicar problemas maiores incluem:

    • Retenção urinária aguda: quando o homem simplesmente não consegue mais urinar. Nesse caso, pode ser necessária uma sonda.
    • Infecção urinária recorrente: provocada pelo esvaziamento incompleto da bexiga.
    • Formação de pedras na bexiga: consequência da estagnação da urina, pode causar a formação de cálculos e contribuir para sangramento urinário.
    • Dilatação dos rins (hidronefrose): pela obstrução prolongada, que aumenta a pressão dentro da bexiga e prejudica a drenagem renal.

    “Nesses casos, a HPB deixa de ser apenas um incômodo e passa a representar risco para a saúde geral do paciente, exigindo tratamento mais ativo”, diz o médico, que enfatiza que esses sintomas de hiperplasia prostática benigna não podem ser ignorados, pois indicam que a próstata pode estar causando complicações sérias.

    A presença de sangue visível na urina, por exemplo, deve ser investigada prontamente, assim como a dor intensa ao urinar, geralmente associada a infecções ou outros problemas.

    “Sempre que um desses sinais se manifestar, a avaliação médica deve ser imediata, pois, quanto antes for feita a intervenção, menores são as chances de complicações permanentes”.

    Quais sintomas não fazem parte da próstata aumentada?

    Nem todo desconforto urológico é causado pela próstata. Muitos homens associam problemas como disfunção erétil, queda da libido ou dor lombar à próstata aumentada, mas o especialista esclarece que esses não são sintomas de hiperplasia prostática benigna.

    Segundo o médico, essas queixas têm outras origens (hormonais, cardiovasculares ou ortopédicas) e devem ser investigadas separadamente.

    O risco é acreditar que tudo é “da próstata” e adiar a procura por ajuda médica. “A mensagem mais importante é: a avaliação médica urológica deve ser realizada periodicamente, mesmo em indivíduos que não apresentem nenhum sintoma”.

    A avaliação de rotina permite o diagnóstico precoce, o que diminui a complexidade dos tratamentos e aumenta a sua efetividade.

    Perguntas e respostas sobre próstata aumentada

    1. Quais são os primeiros sintomas de próstata aumentada?

    Os sinais iniciais incluem demora para começar a urinar (hesitação), jato fraco, sensação de bexiga cheia após urinar e necessidade de urinar várias vezes à noite (noctúria).

    2. O jato urinário fraco é sempre sinal de próstata aumentada?

    É um dos sintomas mais típicos da próstata aumentada, mas outras doenças também podem causar jato fraco. A avaliação médica é fundamental.

    3. Levantar à noite para urinar sempre significa próstata aumentada?

    Não. Apesar de ser comum na próstata aumentada, a noctúria também pode estar ligada a diabetes, insuficiência cardíaca, problemas neurológicos ou uso de diuréticos.

    4. Dor ou sangue na urina fazem parte dos sintomas de próstata aumentada?

    Não são sintomas comuns. Quando aparecem, podem indicar casos avançados ou complicações, como infecção urinária, cálculos ou varizes da próstata.

    5. Quais sintomas indicam risco de complicações sérias?

    Retenção urinária aguda, infecções recorrentes, formação de pedras na bexiga, dilatação dos rins (hidronefrose), dor intensa ao urinar ou sangue visível na urina.

    6. A próstata aumentada pode prejudicar rins e bexiga?

    Sim. A obstrução urinária prolongada pode danificar a bexiga, elevar a pressão e comprometer a função dos rins.

    7. Quais sintomas não fazem parte da próstata aumentada?

    Disfunção erétil, queda da libido e dor lombar não estão ligados à próstata aumentada. Essas queixas têm outras causas.

    Confira: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

  • Pedra nos rins (cálculo renal): quando os sintomas preocupam e como se prevenir 

    Pedra nos rins (cálculo renal): quando os sintomas preocupam e como se prevenir 

    As “pedras nos rins” estão entre as condições urológicas mais dolorosas e comuns. Estima-se que uma em cada dez pessoas terá ao menos um episódio de cálculo renal ao longo da vida. Embora em muitos casos eles sejam pequenos e eliminados sem grandes complicações, em outros podem provocar a temida cólica renal, considerada uma das dores mais intensas que o ser humano pode sentir.

    Conversamos com o urologista Luciano Teixeira, que detalha como os cálculos se formam, quais sintomas não devem ser ignorados, os fatores de risco, além de estratégias eficazes de prevenção.

    O que são cálculos renais e como eles se formam?

    Cálculos renais, popularmente chamados de “pedra nos rins”, são pequenos aglomerados de sais minerais e cristais que se acumulam dentro dos rins. “Normalmente, nossa urina contém substâncias que evitam a formação desses cristais, mas, quando há desequilíbrio, como excesso de sais, falta de líquidos ou alterações metabólicas, eles se juntam e formam as pedras”, explica Luciano.

    Essas formações podem começar microscópicas e aumentar com o tempo. Algumas permanecem no rim sem causar sintomas, mas, quando descem para os ureteres (canais que levam a urina dos rins até a bexiga), podem provocar dor intensa, conhecida como cólica renal.

    Quem tem mais risco de desenvolver cálculo renal?

    A propensão para desenvolver cálculos renais está ligada a fatores genéticos, metabólicos e de estilo de vida. Segundo o médico, algumas pessoas produzem urina mais concentrada ou rica em substâncias como cálcio, oxalato e ácido úrico, o que favorece a formação das pedras.

    Além disso, existem os fatores de risco para o cálculo renal, que incluem:

    • Baixa ingestão de água: deixa a urina mais concentrada, facilitando a formação e o acúmulo de cristais.
    • Alimentação rica em sal e proteínas animais: aumenta a eliminação de cálcio e ácido úrico, favorecendo pedra nos rins.
    • Histórico familiar de cálculos renais: fatores genéticos elevam a predisposição ao problema.
    • Doenças metabólicas: gota, obesidade e hiperparatireoidismo aumentam cálcio, oxalato e ácido úrico na urina.
    • Infecções urinárias de repetição: criam ambiente favorável para o desenvolvimento de certos tipos de cálculo.

    “Embora qualquer pessoa possa ter cálculo renal, alguns indivíduos estão mais propensos a repeti-los ao longo da vida”, explica Luciano.

    O que fazer quando um cálculo aparece em um exame de rotina

    Nem todo cálculo renal exige tratamento imediato, já que, muitas vezes, ele não está causando problemas e é descoberto por acaso em um exame de ultrassom ou tomografia.

    “Nesses casos, a conduta depende de condições como tamanho, localização, ‘dureza’ e composição provável da pedra”, fala o urologista.

    • Pedras pequenas e sem sintomas: podem exigir apenas observação, com aumento da ingestão de líquidos e acompanhamento regular.
    • Pedras maiores ou com risco de migrar: podem exigir tratamento antes que causem crises.

    “O mais importante é não ignorar a descoberta. Mesmo que a pedra não esteja causando sintomas, o acompanhamento com o urologista é essencial para evitar complicações futuras”.

    Quais são os sintomas de uma crise de cálculo renal?

    Quando um cálculo renal se desloca e obstrui os ureteres, o paciente pode apresentar uma crise aguda conhecida como cólica renal. Essa dor surge porque o rim e as vias urinárias são forçados a trabalhar contra a obstrução, provocando uma pressão intensa.

    Trata-se de um quadro súbito e incapacitante que pode causar diversos sintomas de cólica renal:

    • Dor súbita e intensa na região lombar: pode irradiar para abdome, virilha ou genitais.
    • Sangue na urina: geralmente deixa a urina rosada ou avermelhada.
    • Náuseas e vômitos: comuns devido à intensidade da dor.
    • Urgência ou ardência para urinar: ocorre quando o cálculo se aproxima da bexiga.

    “A cólica renal é considerada uma das piores dores que o ser humano pode sentir. Sempre que ela ocorre, é necessário atendimento médico imediato, não apenas para alívio da dor, mas também para avaliar o risco de complicações”, alerta Luciano.

    Como diferenciar a dor da cólica renal de outras dores?

    A dor do cálculo renal é tão característica que, em muitos casos, basta a descrição do paciente para levantar forte suspeita.

    “A dor do cálculo renal costuma começar de forma súbita, na região lombar. Diferente de outras dores abdominais, não melhora com a mudança de posição. O paciente anda de um lado para o outro, inquieto, tentando encontrar alívio, mas não consegue”, explica Luciano.

    Ele acrescenta que dores digestivas, musculares ou ginecológicas geralmente têm localização mais específica e podem aliviar em determinadas posições.

    “No entanto, como nem sempre a distinção é simples, qualquer dor lombar ou abdominal intensa deve levar o paciente a procurar atendimento médico imediato”.

    Tratamento de cálculo renal: quais as opções?

    O tratamento de cálculo renal varia de acordo com o tamanho, a localização e a composição do cálculo. Pedras pequenas, de até 5 mm, podem ser eliminadas naturalmente com hidratação abundante, além da indicação de analgésicos e, em alguns casos, medicamentos para relaxar o ureter.

    Medicamentos também podem ser usados para dissolver pedras de ácido úrico (alcalinizantes) ou prevenir a formação de novos cálculos (diuréticos tiazídicos). Quando necessário, entram os métodos cirúrgicos:

    • Litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LEOC): fragmenta pedras menores de 20 mm nos rins ou ureter superior.
    • Ureteroscopia: indicada para cálculos no ureter médio ou inferior; usa endoscópio para fragmentar e retirar a pedra.
    • Nefrolitotomia percutânea: feita por pequena incisão nas costas, indicada para cálculos maiores de 20 mm ou complexos.
    • Cirurgia aberta ou robótica: hoje rara, reservada para casos específicos.

    “O objetivo é sempre o mesmo: eliminar a pedra nos rins com o mínimo de invasividade possível, aliviar a dor e preservar a função renal”, enfatiza o médico, que lembra que ajustes de dieta e hidratação são fundamentais para reduzir o risco de novos episódios.

    Veja mais: 9 hábitos alimentares que ajudam a prevenir doenças no dia a dia

    Alimentação e hidratação para prevenir cálculos renais

    A alimentação é um dos principais fatores na prevenção dos cálculos renais. Alguns hábitos favorecem a formação das pedras, enquanto outros ajudam a evitá-las. Entre os pontos de risco, destacam-se:

    • Excesso de sal: aumenta a eliminação de cálcio pela urina, favorecendo a formação de cristais.
    • Proteínas animais em excesso: elevam o ácido úrico e deixam a urina mais ácida, o que facilita o surgimento de cálculos.
    • Baixa ingestão de cálcio: ao contrário do que muitos pensam, aumenta o risco. O cálcio da dieta neutraliza o oxalato no intestino e evita que ele chegue em excesso à urina.

    “Uma alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras, fibras e com moderação no sal e nas proteínas animais, é fundamental na prevenção”, fala Luciano, que acrescenta.

    “Lembrando que beber bastante água é a medida preventiva mais importante. A água dilui a urina, reduz a concentração de sais e dificulta que os cristais se juntem para formar pedras”.

    A recomendação é que o paciente elimine cerca de 2 litros de urina por dia, o que corresponde a 2 a 3 litros de líquidos ingeridos diariamente, variando conforme o clima e atividade física. Uma dica prática é observar a cor da urina: quanto mais clara, melhor a hidratação. Urina escura indica concentração elevada e risco maior de formação de cálculos.

    O risco da recorrência

    Um dos grandes desafios do cálculo renal é a sua alta taxa de recorrência. “Estima-se que cerca de 50% dos pacientes que tiveram uma pedra poderão formar outra em até 5 anos, se não houver prevenção adequada”, afirma Luciano.

    Por isso, após o primeiro episódio, é essencial investigar a causa com exames de sangue, urina e análise da própria pedra, quando possível. Mudanças na alimentação, hidratação adequada e, em alguns casos, uso de medicamentos são medidas fundamentais para reduzir o risco de novos episódios.

    Perguntas e respostas sobre cálculo renal

    1. O que é cálculo renal e como ele se forma?

    Os cálculos renais são aglomerados de sais e cristais nos rins, causados por desequilíbrios como excesso de sais ou pouca ingestão de líquidos.

    2. Quem tem mais risco de desenvolver pedras nos rins?

    Quem bebe pouca água, consome muito sal e proteína, tem histórico familiar, doenças metabólicas ou infecções urinárias.

    3. Quais são os sintomas de uma crise de cálculo renal?

    Cólica renal com dor intensa na lombar, sangue na urina, náuseas, vômitos e urgência para urinar.

    4. Como diferenciar a cólica renal de outras dores?

    É súbita, não melhora com posição e deixa o paciente inquieto, diferente de dores digestivas ou musculares.

    5. Quais são as opções de tratamento?

    Depende do tamanho e da localização. Cálculos pequenos podem sair naturalmente com hidratação. Para pedras maiores, além de medicamentos, usam-se técnicas como ondas de choque, ureteroscopia, cirurgia percutânea e, em situações raras, cirurgia aberta ou robótica.

    6. Qual é o papel da hidratação no cálculo renal?

    É a medida preventiva mais importante. Beber de 2 a 3 litros de líquidos por dia ajuda a eliminar cerca de 2 litros de urina. A urina clara indica boa hidratação; a escura sugere risco maior de pedras.

    7. O cálculo renal pode voltar?

    Sim. Cerca de 50% dos pacientes terão nova pedra em até 5 anos, se não houver prevenção adequada. Por isso, é essencial investigar a causa, ajustar hábitos alimentares e manter acompanhamento médico.

    Leia também: Como montar um prato saudável para todas as refeições?

  • Hiperplasia prostática benigna (HPB): quando o aumento da próstata deixa de ser normal e exige atenção médica 

    Hiperplasia prostática benigna (HPB): quando o aumento da próstata deixa de ser normal e exige atenção médica 

    O aumento da próstata é uma condição que acompanha milhões de homens ao redor do mundo, especialmente após os 50 anos. Popularmente chamada de “próstata aumentada”, a hiperplasia prostática benigna (HPB) é considerada um processo natural do envelhecimento masculino, mas pode trazer sintomas que comprometem o bem-estar e, em casos mais graves, a saúde dos rins e da bexiga.

    Embora seja um diagnóstico frequente nos consultórios, ainda gera muitas dúvidas e medos, sobretudo pela associação equivocada com o câncer. Para esclarecer os principais pontos, conversamos com o urologista Luciano Teixeira, que explica o que é a HPB, quando procurar ajuda e quais os tratamentos disponíveis.

    O que é a hiperplasia prostática benigna?

    A próstata é uma glândula pequena, localizada abaixo da bexiga, que envolve a uretra, canal por onde a urina passa. Com o avançar da idade, ela pode aumentar de tamanho e dificultar a saída da urina. “Do ponto de vista médico, trata-se de um processo benigno, ligado ao envelhecimento e a questões hormonais, especialmente da testosterona e seus derivados”, explica Luciano.

    Apesar disso, a HPB merece atenção, já que pode afetar a rotina e trazer complicações se não for monitorada. “Embora seja uma condição comum e, em geral, parte do envelhecimento masculino, merece atenção porque pode impactar a qualidade de vida e, em casos avançados, até a saúde dos rins e da bexiga.

    É importante reforçar que HPB não é câncer, como muitos pensam. “Esse crescimento não tem relação com o câncer, mas pode trazer incômodos. Por isso, a condição precisa ser acompanhada para evitar complicações e para aliviar sintomas que, muitas vezes, atrapalham o dia a dia”, destaca o médico.

    A próstata sempre aumenta com a idade?

    Assim como outros órgãos, a próstata passa por mudanças ao longo da vida. De acordo com o urologista, a partir dos 40 ou 50 anos é comum que ela comece a crescer. “Do ponto de vista científico, sabemos que quase metade dos homens acima de 50 anos já apresenta algum grau de aumento prostático. Aos 80 anos, essa proporção pode chegar a 80%”, explica.

    No entanto, nem todos terão sintomas. Muitos homens convivem com uma próstata aumentada sem perceber alterações significativas. O fator decisivo, segundo o médico, é se o aumento está comprimindo a uretra e prejudicando o esvaziamento da bexiga. “Podemos dizer que o aumento da próstata faz parte do envelhecimento masculino, e só preocupa quando causa sintomas ou traz risco de complicações”.

    Sintomas da hiperplasia prostática benigna que indicam alerta

    Segundo o urologista, a HPB começa a se tornar preocupante quando passa a interferir no ato de urinar. Os sintomas da hiperplasia prostática benigna mais comuns são:

    • Jato urinário fraco, com demora para começar a urinar;
    • Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
    • Aumento da frequência urinária, especialmente à noite;
    • Urgência para urinar, com dificuldade em segurar.

    “Esses sinais indicam que a próstata pode estar comprimindo a uretra e dificultando a saída da urina”, diz o médico, que explica que, em alguns casos, outros sintomas podem estar presentes, como sangue na urina, infecções recorrentes ou até retenção urinária aguda (quando o paciente não consegue mais urinar).

    Esses sintomas da hiperplasia prostática significam que a bexiga está trabalhando sob pressão e que pode sofrer danos ao longo do tempo. “Por isso, o acompanhamento com o urologista é fundamental. Quanto antes identificarmos o problema, mais simples e eficaz tende a ser o tratamento”.

    HPB e câncer de próstata podem ter alguma relação?

    Uma das maiores preocupações dos homens é se a próstata aumentada significa câncer. O médico é enfático: são doenças distintas. “A hiperplasia prostática benigna é um crescimento benigno da próstata, resultado do envelhecimento e da ação hormonal. Já o câncer de próstata é um tumor maligno, com comportamento completamente diferente”.

    O especialista ressalta ainda que a HPB também não aumenta o risco de câncer. Porém, como ambas as doenças afetam a mesma glândula e podem causar sintomas parecidos, a avaliação urológica é indispensável para diferenciá-las. “Ou seja, a próstata aumentada por HPB não ‘vira’ câncer. Mas só o urologista, com os exames adequados, pode dar essa segurança ao homem”.

    Quando procurar o urologista?

    A recomendação é clara: todos os homens devem procurar o urologista a partir dos 50 anos, mesmo sem sintomas. Já quem tem histórico familiar de câncer de próstata (pai ou irmão) ou faz parte de grupos de risco, como homens negros, deve iniciar aos 45. “Além da idade, é fundamental procurar o urologista sempre que houver sintomas urinários, independentemente da fase da vida”, ressalta Luciano.

    Entre os sinais que merecem atenção imediata estão: dificuldade para urinar, dor, infecção, sangue na urina e episódios de retenção urinária. “O acompanhamento regular permite identificar precocemente tanto a hiperplasia prostática benigna quanto o câncer de próstata, aumentando a eficácia dos tratamentos e permitindo opções menos agressivas”, completa o médico.

    Quais exames são usados para diagnosticar a HPB?

    O diagnóstico da hiperplasia prostática benigna envolve análise do histórico clínico do paciente, além de exame físico e testes complementares. Entre os principais:

    • Toque retal: avalia tamanho, consistência e presença de nódulos;
    • Exame de sangue PSA: mede a proteína produzida pela próstata. Pode estar alterado tanto na HPB quanto no câncer;
    • Ultrassonografia: avalia o volume prostático e repercussões na bexiga e rins;
    • Urofluxometria: mede a força e a velocidade do jato urinário;
    • Urodinâmica: avalia o comportamento da bexiga durante enchimento e esvaziamento;
    • Exames de urina e função renal: ajudam a identificar complicações.

    Com esse conjunto de informações, o urologista consegue distinguir HPB de outras doenças e indicar o tratamento mais adequado.

    Leia também: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

    Tratamento para hiperplasia prostática benigna: quais são as opções?

    O tratamento para hiperplasia prostática benigna depende da gravidade dos sintomas e do impacto na vida do paciente. Segundo o especialista, as principais abordagens incluem:

    • Acompanhamento clínico: indicado quando os sintomas são leves e não causam prejuízos; o paciente é apenas monitorado regularmente;
    • Medicamentos: que relaxam a musculatura da próstata, facilitando a passagem da urina, e que reduzem o tamanho da glândula;
    • Cirurgias minimamente invasivas: como ressecção transuretral da próstata (RTU), Laser GreenLight e técnicas de enucleação com laser (HoLEP);
    • Cirurgia aberta ou robótica: reservadas para próstatas muito volumosas.

    O objetivo de todas as opções de tratamento para hiperplasia prostática benigna acima citadas é o mesmo: aliviar os sintomas, proteger a função da bexiga e dos rins, e devolver qualidade de vida ao paciente.

    Lembrando que o tratamento é mais eficaz com o diagnóstico precoce. Por isso, a mensagem final é clara: homens devem vencer o tabu e buscar acompanhamento urológico regular, sobretudo após os 50 anos.

    Perguntas e respostas sobre hiperplasia prostática benigna

    1. O que é a hiperplasia prostática benigna (HPB)?

    É o aumento benigno da próstata, comum com o envelhecimento. Não é câncer, mas pode causar sintomas urinários e afetar rins e bexiga.

    2. Hiperplasia prostática benigna é a mesma coisa que câncer?

    Não, a HPB é benigna e não aumenta o risco de câncer. Os sintomas podem ser parecidos, por isso é importante a avaliação médica.

    3. A próstata sempre aumenta com a idade?

    É comum que cresça a partir dos 40–50 anos, mas nem todos terão sintomas; a situação preocupa apenas quando afeta a bexiga.

    4. Quais os sintomas mais comuns?

    Jato urinário fraco, demora para urinar, sensação de bexiga cheia, urinar várias vezes à noite e urgência para urinar.

    5. Quando procurar o urologista?

    Aos 50 anos (ou aos 45 se for do grupo de risco). Também sempre que surgirem sintomas como dor, sangue na urina ou retenção.

    6. Quais exames são feitos?

    Toque retal, PSA, ultrassonografia, urofluxometria, urodinâmica e exames de urina/função renal.

    7. Quais os tratamentos disponíveis?

    Acompanhamento clínico, medicamentos, cirurgias minimamente invasivas (RTU, Laser, HoLEP) ou, em casos grandes, cirurgia aberta/robótica.

    Leia também: 7 sintomas iniciais de câncer que não devem ser ignorados