Autor: Dr. André Colapietro

  • Nódulos na tireoide: quando se preocupar e como diferenciar benignos de malignos 

    Nódulos na tireoide: quando se preocupar e como diferenciar benignos de malignos 

    Os nódulos na tireoide são achados comuns na prática médica e frequentemente despertam preocupação nos pacientes, sobretudo pelo medo de câncer. Estima-se que uma parcela significativa da população adulta possa apresentar nódulos detectáveis ao longo da vida, muitas vezes de forma silenciosa.

    Embora a grande maioria seja benigna, uma pequena porcentagem pode representar risco maior, exigindo investigação detalhada.

    Para esclarecer as principais dúvidas, conversamos com o endocrinologista André Colapietro, que explica como os nódulos aparecem, quais características merecem atenção e quais exames definem se há motivo para preocupação.

    O que são nódulos na tireoide e por que aparecem?

    Os nódulos na tireoide são pequenos aglomerados de células que se formam no interior da glândula tireoide, localizada na região anterior do pescoço.

    “Podem surgir por alterações celulares benignas, processos inflamatórios ou, mais raramente, câncer”, fala o médico. Fatores como envelhecimento, predisposição genética e inflamações da tireoide aumentam a probabilidade de surgimento desses nódulos.

    Apesar de muita gente associar os nódulos ao câncer logo de cara, o médico tranquiliza e esclarece que nem sempre a presença de um nódulo é motivo imediato de alarme. “Cerca de 90% dos nódulos de tireoide são benignos”.

    No entanto, o acompanhamento médico é essencial na presença de um nódulo na tireoide. A avaliação criteriosa garante que os casos suspeitos sejam investigados de forma precoce e que os pacientes com nódulos benignos não passem por intervenções desnecessárias.

    Quais sintomas indicam investigação detalhada?

    Grande parte dos nódulos é assintomática, descoberta apenas em exames de rotina. No entanto, alguns sinais merecem atenção especial, pois aumentam a suspeita de malignidade ou de complicações locais.

    • Crescimento rápido do nódulo
    • Dor local
    • Rouquidão persistente
    • Dificuldade para engolir (disfagia) ou para respirar (dispneia)

    Além disso, fatores de risco individuais, como histórico familiar de câncer de tireoide e exposição prévia à radiação na região cervical, elevam a necessidade de investigação cuidadosa.

    Confira: 7 sintomas iniciais de câncer que não devem ser ignorados

    Como é feito o diagnóstico?

    O diagnóstico inicial pode ser feito no exame físico, por palpação do pescoço, ou como achado incidental em exames de imagem, como tomografia ou ressonância.

    “Mas o exame de primeira linha, que fornece as informações mais completas sobre as características do nódulo, é o ultrassom”, esclarece André.

    No ultrassom de tireoide, o médico não avalia apenas se há um nódulo, mas também suas características, como formato, bordas, consistência e presença de calcificações.

    Cada detalhe recebe uma pontuação e, ao final, o resultado é convertido em um escore chamado Ti-Rads, que varia de 1 a 5. Quanto maior o número, maior a chance de o nódulo ser suspeito.

    Nódulos de baixo risco geralmente só precisam de acompanhamento periódico, enquanto aqueles classificados como de risco mais alto podem exigir exames adicionais.

    “Lembrando que não existe uma idade recomendada para iniciar o rastreio. Alguns tipos raros de câncer de tireoide com determinadas mutações genéticas implicam em rastreio precoce, ainda na infância. Mas a grande maioria das indicações do exame ocorre na idade adulta”, esclarece o endocrinologista.

    Quais exames diferenciam nódulos benignos de malignos?

    Embora o ultrassom seja a principal ferramenta para avaliar os nódulos na tireoide, ele sozinho não consegue dizer com certeza se o nódulo é benigno ou maligno. O exame mostra características que ajudam a estimar o risco, mas o diagnóstico definitivo depende de uma investigação mais aprofundada.

    Para casos de maior risco, conforme características ultrassonográficas, histórico familiar ou evolução do nódulo, pode ser necessária a punção aspirativa por agulha fina (PAAF).

    Nesse procedimento simples, feito em consultório, uma agulha fina retira uma pequena amostra de células do nódulo, que depois é analisada em laboratório.

    Isso permite identificar alterações típicas de benignidade ou malignidade, auxiliando na decisão sobre o tratamento do nódulo na tireoide.

    Leia também: Exames de rotina para prevenir câncer: conheça os principais

    Quando a cirurgia de tireoide pode ser indicada?

    Nem todo nódulo precisa ser removido. Os critérios para acompanhamento ou cirurgia de tireoide dependem de características clínicas e laboratoriais:

    • Acompanhamento periódico: indicado para nódulos benignos ou para aqueles que não tiveram indicação de PAAF. O seguimento é feito com ultrassom em intervalos regulares.
    • Cirurgia: recomendada para nódulos com diagnóstico compatível com câncer ou para nódulos muito volumosos, que comprimem estruturas vizinhas, causando sintomas como dificuldade para engolir ou respirar.

    Esse equilíbrio entre observar e intervir garante que apenas pacientes que realmente necessitam passem por cirurgia, evitando procedimentos desnecessários.

    Fatores de risco associados ao câncer de tireoide

    Alguns fatores podem aumentar o risco de câncer em pacientes com nódulos, embora não estejam diretamente relacionados à formação do nódulo em si. Entre eles:

    • Tabagismo: prejudica a saúde geral e pode impactar negativamente a evolução de doenças.
    • Obesidade grave: associada a alterações hormonais e inflamatórias.
    • Estresse crônico: pode impactar a saúde como um todo.

    O médico faz questão de esclarecer que não há uma medicação ou substância específica que atue nessa proteção. “Tanto no surgimento do nódulo quanto na sua evolução para maligno, a prevenção está ligada a bons hábitos de vida”.

    Perguntas e respostas sobre nódulos na tireoide

    1. O que são nódulos na tireoide e por que aparecem?

    São aglomerados de células que se formam dentro da glândula tireoide. Podem surgir por alterações benignas, inflamações ou, mais raramente, câncer, sendo mais comuns com o envelhecimento e predisposição genética.

    2. A maioria dos nódulos na tireoide é câncer?

    Não. Cerca de 90% dos nódulos são benignos, mas o acompanhamento médico é essencial para descartar casos suspeitos e evitar intervenções desnecessárias.

    3. Quais sintomas indicam investigação imediata?

    Crescimento rápido, dor, rouquidão persistente, dificuldade para engolir ou respirar. Histórico familiar de câncer de tireoide e exposição prévia à radiação também elevam o risco.

    4. Como é feito o diagnóstico inicial?

    O exame físico pode identificar nódulos, mas o ultrassom é o principal método. Ele avalia características do nódulo e gera um escore de risco chamado Ti-Rads, que varia de 1 a 5.

    5. Quais exames diferenciam benignos de malignos?

    A punção aspirativa por agulha fina (PAAF) é usada em casos de maior risco. O material coletado é analisado em laboratório para definir se o nódulo é benigno ou maligno.

    6. Quando a cirurgia é indicada?

    É recomendada para nódulos com diagnóstico de câncer ou muito volumosos, que comprimem estruturas do pescoço e causam sintomas. Nódulos benignos geralmente só exigem acompanhamento.

    7. Quais fatores aumentam o risco de câncer de tireoide?

    Tabagismo, obesidade grave e estresse crônico podem impactar a evolução da doença, embora não causem diretamente os nódulos. Bons hábitos de vida ajudam na prevenção.

    Veja mais: Autoexame: como detectar precocemente diferentes tipos de câncer

  • Diabetes: quando usar medicamentos orais e quando a insulina se torna necessária? 

    Diabetes: quando usar medicamentos orais e quando a insulina se torna necessária? 

    O tratamento do diabetes é um dos maiores desafios da endocrinologia moderna. A doença, que afeta milhões de pessoas, exige estratégias individualizadas para manter a glicose sob controle e reduzir o risco de complicações cardiovasculares, renais e neurológicas. Entre as principais abordagens, estão os medicamentos orais e a insulina injetável, cada um com papel específico.

    Mas, afinal, qual a diferença entre insulina e medicamentos orais para diabetes? Em quais casos cada um é mais indicado? Para esclarecer essas dúvidas, conversamos com o endocrinologista André Colapietro, que detalhou os mecanismos de ação, as indicações e os avanços recentes nos dois tratamentos.

    Qual a diferença entre insulina e medicamentos orais no tratamento de diabetes?

    A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e sua função é permitir que a glicose no sangue entre nas células para ser usada como energia. “Todas as pessoas sem diabetes produzem insulina”. Quando essa produção falha ou quando as células não respondem bem à insulina, como em casos de diabetes, ocorre a hiperglicemia, ou seja, o excesso de açúcar no sangue.

    No tratamento do diabetes, a escolha entre insulina e medicamentos orais depende do tipo e da gravidade da doença:

    • Medicamentos orais para diabetes: usados principalmente no diabetes tipo 2 inicial, quando o pâncreas ainda consegue produzir insulina. Eles atuam de formas diferentes, estimulando a produção de insulina, aumentando a sensibilidade das células ou eliminando o excesso de glicose pela urina.
    • Insulina injetável: indispensável no diabetes tipo 1, já que o organismo não produz o hormônio. Também pode ser necessária no diabetes tipo 2 mais avançado, em casos de diabetes gestacional ou quando há glicotoxicidade (níveis muito altos de glicose que “inibem” temporariamente o pâncreas).

    Ou seja, enquanto os medicamentos orais ajudam a aproveitar a insulina que o corpo ainda produz, a insulina aplicada substitui ou complementa essa produção quando ela é insuficiente.

    Como agem os medicamentos orais para diabetes?

    Os medicamentos orais usados no tratamento de diabetes são variados e atuam em diferentes mecanismos do metabolismo da glicose. Eles podem ser divididos em famílias de substâncias, cada uma agindo em uma frente distinta:

    • Aumentam a secreção de insulina: como as sulfonilureias e glinidas.
    • Melhoram a sensibilidade à insulina: exemplos clássicos são a metformina e a pioglitazona.
    • Promovem a excreção de glicose pela urina: como os inibidores de SGLT2, que ajudam o corpo a eliminar o excesso de açúcar.

    Essas classes podem ser usadas de forma isolada, mas também usadas em conjunto, segundo orientação médica. “Eles podem ser combinados em diferentes estratégias de tratamento”, reforça Colapietro.

    Qual é a função da insulina aplicada no tratamento de diabetes?

    A insulina injetável tem a função de substituir ou complementar a insulina que o corpo não consegue mais produzir em quantidade suficiente ou que não está sendo utilizada corretamente por resistência insulínica.

    “A insulina se liga a um receptor específico na membrana das células e ‘abre’ o transportador que permite a passagem da glicose do sangue para dentro da célula (para ser utilizada como fonte energética). Na ausência de insulina, esse transporte não ocorre, o que leva ao acúmulo de glicose no sangue”, detalha o endocrinologista.

    Isso significa que, enquanto os comprimidos atuam ajudando o corpo a lidar melhor com a glicose, a insulina é uma substituição direta, essencial em alguns tipos de diabetes.

    Diabetes tipo 1 e tipo 2: as diferenças nos tratamentos

    No diabetes tipo 1, o sistema imunológico destrói as células do pâncreas que produzem insulina. Como o corpo praticamente não consegue produzir o hormônio, a aplicação de insulina é indispensável desde o diagnóstico. Em alguns casos, medicamentos orais podem ser usados como complemento, mas a base do tratamento sempre será a insulina aplicada diariamente.

    Já o diabetes tipo 2 é caracterizado pela resistência insulínica, quando as células não utilizam bem a insulina produzida pelo corpo. O tratamento inicial combina mudanças no estilo de vida, como dieta equilibrada, exercícios físicos e perda de peso. Em paralelo, usam-se medicamentos orais que ajudam a controlar a glicose por diferentes mecanismos. Com o avanço da doença, pode ser necessária a aplicação de insulina para manter o controle glicêmico adequado.

    Assim, enquanto o diabetes tipo 1 exige insulina desde o início, no tipo 2 geralmente é possível começar com medidas mais conservadoras, mas há risco de evolução para a necessidade de insulina em estágios mais avançados. “Isso pode acontecer devido à progressão da doença (muitos anos de diagnóstico), por predisposição genética (algumas pessoas evoluem mais rapidamente) ou por refratariedade ao tratamento oral isolado (não ser possível atingir as metas seguras de controle glicêmico)”, explica o médico.

    Existem avanços no tratamento de diabetes?

    Nos últimos anos, o tratamento do diabetes evoluiu muito, tanto com relação aos medicamentos orais quanto nas formulações de insulina.

    “Os grandes destaques para os medicamentos orais são os que, além de ajudarem no controle glicêmico, têm boa segurança contra hipoglicemia, auxiliam na perda de peso e, o mais importante, reduzem risco cardiovascular e de doença renal crônica significativamente (ou seja, ajudam a glicemia, o peso, o coração e os rins)”.

    Já em relação à insulina, o médico explica que surgiram novas versões de ação prolongada, capazes de manter níveis mais estáveis de glicose sem grandes oscilações, além de insulinas ultrarrápidas, que atuam de forma mais precisa logo após a aplicação.

    Essas melhorias tornaram o tratamento mais confortável, reduziram efeitos colaterais e facilitaram a rotina de quem convive com a doença.

    De qualquer forma, o mais importante é o acompanhamento contínuo e a personalização do tratamento para garantir não apenas o controle da glicose, mas também a prevenção de complicações graves.

    Veja mais: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Perguntas e respostas

    1. Qual a principal diferença entre insulina e medicamentos orais no tratamento de diabetes?

    Os comprimidos ajudam o corpo a usar melhor a insulina que ele ainda produz, enquanto a insulina aplicada substitui ou complementa a produção natural quando ela não é suficiente.

    2. Em quais casos os medicamentos orais são indicados?

    São usados principalmente no diabetes tipo 2 inicial, quando o pâncreas ainda produz insulina, ajudando a controlar a glicose por diferentes mecanismos.

    3. Quem precisa usar insulina desde o início do tratamento?

    Pessoas com diabetes tipo 1 precisam de insulina desde o diagnóstico, pois o corpo praticamente não produz mais o hormônio.

    4. Pessoas com diabetes tipo 2 podem precisar de insulina?

    Sim. Com a progressão da doença ou quando os comprimidos deixam de controlar a glicemia, a aplicação de insulina pode se tornar necessária.

    5. Quais os avanços recentes nos tratamentos?

    Os medicamentos orais mais modernos ajudam também no peso, no coração e nos rins. Já as insulinas novas são mais estáveis e rápidas, trazendo mais segurança e praticidade.

    Leia mais: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos

  • Hipoglicemia: saiba como reconhecer os sintomas e o que fazer na hora da crise 

    Hipoglicemia: saiba como reconhecer os sintomas e o que fazer na hora da crise 

    A hipoglicemia é um dos quadros clínicos que mais preocupam endocrinologistas e pacientes com diabetes. Popularmente chamada de “queda de açúcar no sangue”, a condição acontece quando a glicose atinge níveis abaixo do necessário para garantir energia suficiente para os órgãos vitais. Dependendo da gravidade, pode causar desde tremores e suor frio até perda de consciência e convulsões.

    Segundo o endocrinologista André Colapietro, a condição pode ocorrer tanto em pessoas com diabetes quanto em não diabéticos em situações específicas (como jejum prolongado). Com as orientações do médico, vamos entender como reconhecer os sintomas de hipoglicemia e o que fazer na hora da crise.

    O que é hipoglicemia e como identificar

    A hipoglicemia acontece quando a quantidade de glicose (açúcar) no sangue fica abaixo do normal. A glicose é o combustível principal do corpo, especialmente do cérebro. Sem energia suficiente, o organismo começa a dar sinais de alerta. Na prática clínica, considera-se:

    • Glicemia < 70 mg/dL: já caracteriza hipoglicemia.
    • Glicemia < 54 mg/dL: indica hipoglicemia grave, especialmente quando há alteração do nível de consciência.

    Mais importante do que o número isolado é o conjunto de sintomas. Muitas vezes, o paciente sente os sinais de glicemia baixa antes mesmo de confirmar no aparelho, e isso deve ser levado a sério. Afinal, é uma condição que pode se agravar rapidamente.

    Quem pode ter hipoglicemia?

    A maioria dos casos de hipoglicemia ocorre em pessoas com diabetes em tratamento com insulina ou medicamentos que aumentam o risco de quedas de glicose. No entanto, não se trata de uma condição exclusiva desse grupo.

    “Em não diabéticos, pode ocorrer em situações de jejum prolongado, prática intensa de exercícios, consumo excessivo de álcool ou, raramente, em alguns distúrbios hormonais ou tumores pancreáticos”, explica o endocrinologista.

    Em resumo, qualquer pessoa pode, em determinadas circunstâncias, apresentar uma queda de glicose e ter hipoglicemia. Por isso, conhecer os sinais e saber como agir é fundamental.

    Sintomas de hipoglicemia mais comuns

    A glicemia baixa geralmente dá sinais visíveis que podem ser reconhecidos precocemente. Esses sintomas de hipoglicemia aparecem porque o corpo tenta compensar a falta de glicose, acionando hormônios como a adrenalina.

    Os sinais mais típicos incluem:

    • Tremores
    • Sudorese (suor frio)
    • Palpitações
    • Fome intensa
    • Ansiedade
    • Tontura e fraqueza

    “Atenção, porque alguns desses sintomas de hipoglicemia podem ser semelhantes aos da pressão baixa, então é importante, sempre que possível, aferir a pressão e também a glicemia capilar para evitar confusão com a causa dos sintomas”, enfatiza André.

    Após os primeiros sinais, se a glicemia continuar caindo, o paciente pode até evoluir para sintomas neurológicos mais sérios, como dificuldade de raciocínio, alteração da fala e desmaio.

    Leia também: Diabetes gestacional: o que é, sintomas, o que causa e como evitar

    Hipoglicemia assintomática: o risco silencioso

    Nem todos percebem os sintomas de hipoglicemia. Alguns pacientes, principalmente aqueles com diabetes de longa duração, podem ter episódios sem qualquer sintoma perceptível.

    “Principalmente pacientes que apresentaram múltiplos episódios de hipoglicemia ao longo da vida podem se tornar menos sensíveis e evoluir com hipoglicemias assintomáticas”, explica Colapietro.

    Esse fenômeno, chamado de hipoglicemia inadvertida, é particularmente perigoso porque aumenta o risco de crises graves sem aviso prévio. Para esses pacientes, o monitoramento frequente da glicemia é indispensável.

    O que fazer na hora da crise de hipoglicemia

    Uma crise de hipoglicemia exige ação imediata, com medidas simples que podem salvar vidas. O protocolo inicial inclui três passos básicos:

    1. Medir a glicemia, se possível. Essa confirmação ajuda a diferenciar de outras condições.
    2. Consumir carboidratos de ação rápida. Os líquidos doces são os mais indicados, pois são rapidamente absorvidos pelo organismo. Entre as opções estão suco de fruta, refrigerante comum, água com açúcar ou mel.
    3. Ficar em local seguro. Evitar dirigir, operar máquinas ou realizar atividades que ofereçam risco até que a glicemia esteja normalizada.

    “Depois disso, deve-se repetir a medição da glicemia capilar em 15 minutos. Se não melhorar, é indicado repetir a ingestão de carboidrato e procurar um serviço de pronto-atendimento”. Na prática, recomenda-se a chamada regra dos 15: ingerir cerca de 15 g de glicose rápida. Isso pode ser feito com:

    • 3 a 4 balas de doce
    • Meio copo de suco de fruta
    • 1 colher de sopa de açúcar ou mel

    “Depois, a pessoa pode comer um lanche com carboidrato + proteína (um misto quente, por exemplo) para manter a glicemia estável”. Esse cuidado evita um novo episódio pouco tempo depois da correção inicial, garantindo que a glicemia se mantenha equilibrada.

    Veja mais: Diabetes: por que controlar é tão importante para o coração

    Hipoglicemia grave: quais os sinais?

    Algumas crises podem ser corrigidas em casa seguindo essas indicações do médico, porém, em alguns casos, a hipoglicemia se torna uma emergência médica.

    Situações que caracterizam hipoglicemia grave incluem:

    • Perda ou rebaixamento da consciência
    • Convulsões
    • Incapacidade de ingerir alimentos sozinho

    “Em casos graves, pode ser necessário glucagon injetável ou atendimento hospitalar”, afirma Colapietro. O uso de glucagon, que eleva a glicose rapidamente, deve ser prescrito e ensinado pelo médico para situações de emergência.

    Como prevenir episódios em pessoas com diabetes

    Para quem vive com diabetes, a prevenção é o pilar central do cuidado. Pequenas mudanças no dia a dia reduzem muito o risco de quedas de glicose. Entre as principais medidas estão:

    • Monitoramento regular da glicemia: ajuda a identificar quedas antes que causem sintomas.
    • Ajuste da medicação: sempre em parceria com o médico, para usar o menor número possível de fármacos de alto risco.
    • Padrão estável de atividade física: manter rotina equilibrada, evitando mudanças bruscas de intensidade.
    • Alimentação adequada: evitar jejum prolongado e manter horários regulares de refeição.
    • Reconhecimento precoce dos sintomas: agir rápido assim que aparecerem os primeiros sinais.

    Para pessoas com diabetes, a prevenção deve ser parte do cuidado diário, enquanto para a população em geral, conhecer os sinais é uma forma de evitar emergências.

    Embora seja uma condição comum, nunca deve ser banalizada. O acompanhamento médico é essencial para ajustar o tratamento, orientar condutas de emergência e reduzir os riscos a longo prazo.

    Perguntas e respostas sobre hipoglicemia

    1. O que é hipoglicemia?

    É a queda do nível de glicose no sangue abaixo de 70 mg/dL. Quando chega a menos de 54 mg/dL, já pode ser considerada grave.

    2. Quem pode ter hipoglicemia?

    É mais comum em pessoas com diabetes que usam insulina ou certos medicamentos, mas pode ocorrer em não diabéticos em casos como jejum prolongado, exercício intenso ou consumo excessivo de álcool.

    3. Quais são os sintomas mais comuns?

    Tremores, suor frio, palpitações, fome intensa, ansiedade, tontura e fraqueza. Em casos mais graves, pode causar dificuldade de raciocínio e até desmaios.

    4. Existe hipoglicemia sem sintomas?

    Sim. Pacientes com diabetes de longa duração podem perder a sensibilidade aos sinais, apresentando crises silenciosas, o que aumenta o risco de complicações.

    5. O que fazer durante uma crise?

    Consumir carboidratos de rápida absorção, como suco, refrigerante comum, açúcar ou mel. Depois, repetir a glicemia em 15 minutos e reforçar a alimentação com carboidrato e proteína.

    6. Quando a hipoglicemia é considerada grave?

    Quando causa perda de consciência, convulsões ou incapacidade de se alimentar sozinho. Nessas situações, pode ser necessário glucagon injetável ou atendimento hospitalar.

    7. Como prevenir novos episódios?

    Monitorar a glicemia com frequência, ajustar medicamentos com orientação médica, evitar jejum prolongado, manter alimentação regular e reconhecer os sintomas logo no início.

    Leia também: Sintomas silenciosos do diabetes: atenção aos sinais que podem passar despercebidos