Canetas emagrecedoras: saiba como evitar a perda de massa muscular

Mulher praticando musculação em academia, puxando barra na máquina para fortalecer costas e braços, evitando a perda de massa muscular no tratamento com canetas emagrecedoras.

A perda de massa muscular é um processo que acontece quando o corpo reduz a quantidade de músculos, normalmente por falta de proteínas e energia suficientes na alimentação. No caso do tratamento com agonistas GLP-1, popularmente conhecidos como canetas emagrecedoras, que atuam no corpo diminuindo o apetite, o organismo pode começar a usar o tecido muscular como fonte de energia — já que recebe menos calorias do que precisa.

Isso faz com que o metabolismo fique mais lento, a força diminua e o gasto calórico diário caia, dificultando a manutenção do peso a longo prazo. Para completar, a perda de massa muscular afeta a postura, o equilíbrio e até o funcionamento de órgãos vitais. Vamos entender mais, a seguir.

Por que a perda de massa muscular pode acontecer?

Os agonistas de GLP-1, como semaglutida (Ozempic, Wegovy) e tirzepatida (Mounjaro), atuam imitando a ação de um hormônio natural produzido no intestino, que regula o apetite e o metabolismo da glicose. Eles enviam sinais ao cérebro indicando saciedade e retardam o esvaziamento do estômago, fazendo com que a pessoa sinta menos fome e permaneça satisfeita por mais tempo.

Logo, com a redução significativa da ingestão de alimentos, o corpo precisa encontrar outras maneiras de produzir energia para manter as funções vitais. Quando o aporte calórico é muito baixo, o organismo passa a quebrar proteínas dos músculos para gerar energia — processo conhecido como catabolismo.

“Sem a devida ingestão das proteínas, a pessoa fica carente dos aminoácidos que são essenciais no processo de construção do músculo, e o organismo passa a usar a massa muscular como fonte de energia, resultando na perda de massa muscular. A perda dessa massa reduz o metabolismo basal, tornando mais difícil a manutenção do emagrecimento no longo prazo”, explica a nutricionista Bárbara Yared.

As proteínas são responsáveis por sustentar o tecido magro, manter a força e garantir que o corpo utilize preferencialmente a gordura como fonte de energia. Elas também ajudam na saciedade e na estabilidade glicêmica, fatores essenciais para um emagrecimento saudável.

Como evitar a perda de massa muscular?

A principal medida para evitar a perda de massa muscular durante o uso de agonistas de GLP-1 é manter uma alimentação rica em proteínas e ajustar a dieta conforme o novo ritmo alimentar. Veja algumas dicas:

Consumir proteína em todas as refeições

As proteínas fornecem os aminoácidos usados na construção e na manutenção dos músculos. O ideal é distribuí-las ao longo do dia (no café da manhã, almoço, jantar e lanches intermediários) para garantir uma absorção contínua. As melhores fontes incluem:

  • Ovos;
  • Carnes magras;
  • Frango;
  • Peixe;
  • Iogurtes;
  • Queijos brancos;
  • Tofu;
  • Leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico).

“Embora as proteínas de origem vegetal sejam ricas em aminoácidos essenciais, algumas são limitantes em alguns deles, mas quando combinadas, elas se complementam”, complementa Bárbara.

A nutricionista ainda aponta que a quantidade ideal de proteína varia conforme fatores como idade, peso, nível de atividade física e presença de condições metabólicas. Uma vez que cada organismo tem demandas diferentes, ajustar as porções de proteína sem orientação pode levar a excessos ou deficiências. Por isso, consulte um nutricionista!

Fracionar as refeições

Com o estômago esvaziando mais devagar, comer grandes quantidades de uma vez pode causar enjoo, azia ou sensação de estufamento.

O fracionamento, que consiste em fazer de cinco a seis pequenas refeições ao dia, ajuda o corpo a digerir melhor os alimentos e absorver os nutrientes de forma mais eficiente. O hábito também mantém os níveis de energia estáveis, evita longos períodos de jejum e reduz o risco de o organismo usar os músculos como fonte de energia, prevenindo o catabolismo.

Praticar exercícios de força

A prática de atividades físicas é praticamente indispensável no processo de emagrecimento, e quando o assunto é massa muscular, eles são ainda mais necessários para estimular o crescimento e a manutenção dos músculos — mesmo em períodos de restrição calórica.

Os treinos de força, como musculação e pilates, ajudam o corpo a direcionar a queima de energia para a gordura em vez de utilizar o tecido muscular, além de manter o metabolismo ativo e prevenir a perda de massa magra.

O recomendado é combinar os treinos de força com atividades aeróbicas leves a moderadas, como caminhadas, bicicleta ou natação, que favorecem a queima de gordura e melhoram a resistência física.

Priorizar o sono e o descanso

Durante o sono profundo, o organismo libera hormônios importantes, como o GH (hormônio do crescimento), que ajudam na regeneração muscular e no equilíbrio do metabolismo. Quando a pessoa dorme mal, todo o processo é prejudicado e os músculos não conseguem se recuperar direito.

Por outro lado, uma rotina de sono regular, com horários definidos e um ambiente tranquilo, ajuda o corpo a se regenerar, melhora o desempenho nos treinos e mantém o metabolismo ativo e equilibrado.

Ajustar o plano alimentar com acompanhamento nutricional

O acompanhamento com médico e nutricionista permite avaliar a evolução corporal e ajustar o cardápio de acordo com as necessidades de cada fase do tratamento. Quando a pessoa tem dificuldade para atingir as metas proteicas apenas com alimentos, podem ser recomendadas vitaminas proteicas, shakes ou sopas enriquecidas com proteína.

No geral, Bárbara explica que é possível atingir a meta diária de proteínas por meio da alimentação, mas há situações em que o uso de suplementação pode ser necessário — algo que deve ser avaliado individualmente por um nutricionista.

Confira: ‘Bebês Ozempic’: como os análogos do GLP-1 impactam a fertilidade?

Como saber se o corpo está perdendo massa muscular?

A perda de massa muscular nem sempre é perceptível de imediato, mas o corpo costuma dar sinais de que algo está errado, como:

  • Fraqueza e cansaço frequente;
  • Dificuldade para realizar atividades simples, como subir escadas;
  • Queda no desempenho nos treinos;
  • Estagnação do emagrecimento;
  • Braços, pernas e glúteos mais flácidos;
  • Recuperação lenta após o exercício;
  • Sensação de fraqueza ao acordar;
  • Metabolismo mais lento;
  • Menor disposição no dia a dia.

Ao perceber os sinais, a orientação é procurar um nutricionista ou médico para avaliar a composição corporal e ajustar o plano alimentar.

Leia também: Ozempic, Mounjaro: como evitar o efeito rebote no emagrecimento?

Perguntas frequentes sobre perda de massa muscular

1. O que é a perda de massa muscular?

A perda de massa muscular acontece quando o corpo reduz a quantidade de músculos, geralmente por falta de proteínas ou energia suficientes. Durante o emagrecimento com canetas emagrecedoras, o apetite diminui, e muitas pessoas acabam comendo pouco.

Quando o organismo não recebe combustível adequado, ele começa a quebrar o tecido muscular para produzir energia. Isso deixa o corpo mais fraco, desacelera o metabolismo e dificulta a manutenção do peso a longo prazo.

2. O que significa catabolismo?

O catabolismo é o processo em que o corpo quebra moléculas grandes, como proteínas dos músculos, para obter energia — e acontece quando há falta de nutrientes ou calorias suficientes. Durante o emagrecimento, o objetivo é que o corpo use gordura como combustível, não músculo. A presença de proteína na alimentação e a prática de exercícios evitam que o organismo entre nesse modo de economia extrema.

3. Como saber se a perda de peso é de gordura ou de músculo?

A melhor forma é acompanhar a composição corporal por meio de exames, como bioimpedância. Eles mostram quanto do peso vem de gordura, músculo e água. Se o número na balança cai rapidamente, mas há perda de força e energia, o emagrecimento provavelmente está vindo do tecido muscular. O acompanhamento com um nutricionista ajuda a ajustar o cardápio e preservar a massa magra.

4. A perda de massa muscular tem reversão?

Sim! Com a ingestão adequada de proteínas, a prática regular de exercícios de força e o descanso necessário, o corpo consegue reconstruir o tecido muscular perdido. O processo leva tempo e exige constância, mas com acompanhamento profissional e alimentação equilibrada, o organismo retoma o equilíbrio e volta a manter o metabolismo em bom funcionamento.

5. Como os agonistas de GLP-1 influenciam no metabolismo?

Os agonistas de GLP-1 tornam o metabolismo mais eficiente no controle da glicose e na saciedade, mas também o deixam um pouco mais “econômico” no gasto calórico. Como o corpo passa a receber menos alimento, ele reduz o ritmo natural de queima de energia.

Por isso, manter músculos ativos com treinos de resistência contribui para evitar que o metabolismo desacelere demais durante o tratamento.

6. A alimentação vegetariana prejudica o ganho de massa muscular?

Não, desde que ela seja bem planejada. A dieta vegetariana pode fornecer todos os aminoácidos necessários ao corpo, desde que combine diferentes fontes de proteína vegetal, como leguminosas, cereais integrais e sementes.

O nutricionista pode ajudar a equilibrar as porções e, quando necessário, indicar suplementação específica para garantir os nutrientes ausentes em maior quantidade nas proteínas vegetais.

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